Sióstio de Lapa
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DIABO OU SATÃ
O episódio da tentação de Jesus no deserto representa um ponto culminante na história da humanidade segundo o seu simbolizado espiritual e cósmico.
Nos questionamentos e tentações que o Diabo fazia usando as Escrituras, Jesus dava as devidas respostas usando as palavras das mesmas Escrituras.
Isso mostra a verdade do dito do apóstolo Paulo no que tange a interpretação dos livros inspirados: “A letra mata, mas o espírito dá a vida”.
Interessante, podíamos pensar: o Diabo vem tentar Jesus no deserto da judéia, será que ele deixou o inferno onde foi jogado e estava preso? Será que ele estava de férias e ao encontrar aquele misterioso eremita no deserto aproveitou o ensejo para entrevistá-lo? Já que há poucas semanas fora dito às margens do Jordão que ele era o “Filho de Deus”?
Também posso imaginar que não há nada de férias para o Diabo, que o inferno está dentro dele em qualquer momento ou local que ele se apresente. Pois, como poderia explicar que o Diabo mora ou está preso no inferno e ele excursiona constantemente pelo mundo da humanidade a fim de recrutar adeptos para seu reino?
Melhor compreender o Diabo, Satã ou Belzebu, segundo e texto bíblico do Gênesis, não como um determinado indivíduo, mas sim uma mentalidade, um modo de pensar, sentir e agir, como foi registrado pela alegoria da serpente.
Simão Pedro, o ex-pescador, foi chamado de Satã (palavra hebraica que significa adversário) porque o seu modo de agir, segundo Jesus, estava de acordo com o homem e não de acordo com Deus, uma vez que esse apóstolo se oponha a idéia do sofrimento redentor do Cristo. Nenhum egoísta simpatiza com o sofrimento, mas o altruísta, o homem penetrado de compreensão e amor universal, aceita espontaneamente qualquer sacrifício em nome de Deus, pela vontade do Pai.
Judas Iscariotes foi invadido pelo pensamento diabólico (do equivalente grego Diábolos, isto é opositor), pois não tinha fé no reino de Deus prometido por Jesus e queria provocá-Lo com o sofrimento da prisão e crucificação para que Ele se revoltasse e construisse Seu reino aqui mesmo no mundo material, destronando Roma, Herodes e os sacerdotes do Templo.
Esses dois indivíduo humanos (Pedro e João) não se deixaram guiar pelo elemento divino dentro deles, pelo espírito, pelo Cristo interno, pelo divino Lógos (que ilumina a todo homem que vem a este mundo e dá àqueles que o recebem o poder de se tornarem filhos de Deus). É por essa razão que esses homens são chamados Diabo ou Satã, embora continuassem a ser eles mesmos, indivíduos humanos.
A mentalidade egoística e antiespiritual de Satã pode apoderar-se de todo e qualquer indivíduo consciente e livre, humano ou angélico. Por isto, Satã pode aparecer tanto na forma de homem como de anjo. Todo homem e todo anjo pode satanizar-se, e pode também des-satanizar-se, conforme o uso ou abuso de sua liberdade.
A parte físico-mental do homem, o seu ego sensorial e intelectivo, é essencialmente egoísta, e, portanto, pecador. O que peca não é a alma, esse sopro de Deus; o que peca é a inteligência associada aos sentidos. A inteligência é também chamada “Lúcifer”, isto é, “porta-luz”, mas não é a luz.
Enquanto a inteligência não se opõe à razão (espírito/alma) ela não é Satã, Diabo, mas tão somente lúcifer; só quando o intelecto se opõe à razão, ao divino Lógos, ao Cristo, é que ele se torna Satã (adversário) ou Diabo (opositor).
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 14/07/2024
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