Estou vivendo em época bem avançada no tempo. A ciência e tecnologia se desenvolveram a ponto de criarmos máquinas suficiente eficazes no alcance da dimensão espiritual que por muito tempo era inacessível. Só tínhamos acesso a ela por ocasião da morte do corpo físico. Mas a nossa comunicação com as pessoas que passaram para o mundo espiritual na condição espiritual, continuava a evoluir satisfatoriamente, através de médiuns cada vez mais sensíveis às energias vibracionais do mundo transcendental. Sabíamos das condições boas ou precárias que cada espirito assumia quando retornava ao seu lar original. Sabíamos das diversas cidades espirituais, da sua hierarquia e dos diversos campos de aprendizagem.
O grande salto tecnológico que obtivemos foi quando desenvolvemos uma nave ampla, poderosa, de complexidade computacional capaz de se manter em curso espacial conduzindo centenas de passageiros em direção ao mundo espiritual.
Esta viagem de colonização do mundo espiritual com nossos corpos carnais, extrapolou em importância todas as outras conquistas que alcançamos, até mesmo a longínqua conquista da lua. Agora, com o sucesso dessas viagens, estávamos alcançando a eternidade, pois quando houvesse a morte do corpo físico, já estaríamos dentro do mundo espiritual, não haveria nenhum choque emocional pelo sentido da perda.
Já tinha ocorrido outras viagens com sucesso e as pessoas encarnadas já haviam construído cidades, tanto na proximidade da Terra quanto na proximidade de outros mundos.
O inconveniente dessas viagens era a duração, pois para vencer a barreira vibracional para chegarmos no além com integridade do corpo físico, era necessário um tempo de cerca de 100 anos. Por isso foi desenvolvida a tecnologia para suspender a atividade biológica dos nossos corpos e preparar todo um ambiente dentro da nave para a devida adaptação ao novo mundo.
A viagem era muito cara, para cobrir os custos de tal empreitada. Gastei todas minhas economias, mas estava convicto de valer a pena. Inclusive eu podia voltar à Terra na dimensão material após 200 anos e encontrar pessoas totalmente novas. Seria muito interessante as entrevistas que eu iria dar aos vários veículos de comunicação, que queria saber como foi a experiência e se valeu a pena dentro das minhas perspectivas existenciais.
A minha nave levava 300 passageiros e era totalmente dirigida por comandos automáticos, computadorizados, com robôs funcionando por Inteligência Artificial, com uma programação bem próxima ao comportamento humano. Todas as capsulas de hibernação possuíam tampa de vidro e todos os registros da pessoa numa espécie de prontuário digital. eram equipadas com todos os insumos de ressuscitação.
Dessa forma ingressei na nave, sendo recebido cordialmente por um exército de funcionários robotizados, cada um com uma missão de orientação para cada situação prevista no plano de voo. Não sentia medo a minha curiosidade do que eu iria encontrar, de como iria me comportar, era maior que os temores que vez por outra passavam por minha mente. Fui colocado para a hibernação antes da nave decolar. E assim comecei a grande aventura da minha vida.
Estamos em período de eleições municipais para prefeitos e vereadores. Cada candidato desenvolve suas estratégias para conquistar o máximo possível de eleitores. Estamos numa posição privilegiada, segundo eles, pois administramos uma Associação de Moradores acoplada a uma Cooperativa de Resíduos Sólidos, ambas com as mesmas características: trabalhar dentro da comunidade seguindo as lições do Cristo, principalmente aquela lição onde Ele diz aos seus discípulos, que se mostravam irritados por causa de Salomé, mãe de João e Tiago, e que queria para eles uma posição de destaque no Reino dos Céus, um ao lado direito e outro ao lado esquerdo do Pai – Ele aplacou a irritação dos discípulos dizendo que o Reino de Deus era diferente dos reinos seculares, onde as pessoas lutam por privilégios, honrarias, altos salários e ser servido por todos. No Reino de Deus vocês terão a oportunidade de experimentar da mesma taça de fel que irei beber, mas quanto a posição de cada um junto ao Pai, depende dEle e do trabalho abnegado que possamos realizar, sabendo que nossa maior proximidade dEle depende de quanto mais servirmos ao próximo, e não ser servidos.
Com esta filosofia em mente, estamos fazendo convite a muitas pessoas que podem colaborar conosco, principalmente os candidatos a um cargo público.
Interessante que neste caso, de recebermos a visita de um candidato, ele pode ter em mente quantos votos irá obter com este trabalho conosco. Infelizmente ele não tem a consciência que está sendo sondado pelo Espírito Santo, enquanto conversamos, se ele tem condições de assumir a condição de cidadão do Reino de Deus e se está disposto a alcançar o cargo mais alto nesta hierarquia divina
Durante a nossa conversa o candidato faz perguntas na intimidade do seu pensamento e o Espírito Santo responde:
- Que filosofia é essa que essas pessoas praticam?
- A escola do Céu, cujo mestre é Jesus.
- Quem realmente preside essa organização?
- Nosso Pai celestial.
- Em que base será aceita a minha ajuda?
- No respeito e auxílio mútuo.
- Se eu for perseguido por ajudar, como deverei proceder?
- Desculpando a ignorância quantas vezes for necessário.
- Qual o direito que terei quando ajudar?
- O direito de servir, sem exigências.
- Em que consistirá minha recompensa?
- Na alegria de praticar a bondade.
- Estarei fazendo parte de um grande partido?
- Serão em todos os lugares uma assembleia de trabalhadores atentos a vontade divina.
- Qual será o programa?
- Permanecer nos ensinamentos novos de amor, trabalho, esperança, concórdia e perdão.
- Quem tem a voz imediata de comando?
- A consciência.
- E os cofres para manter esse movimento?
- Está na nossa capacidade de produzir o bem.
- Com quem contaremos de imediato?
- Acima de tudo, com o Pai, e na estrada, com nossas próprias forças.
- Quem terá a melhor posição nesse ministério?
- Aquele que mais servir.
- Que objetivo fundamental será o nosso?
- O mundo regenerado, enobrecido e feliz.
- Quanto tempo irei gastar?
- O tempo necessário.
- De quantos companheiros seguros dispomos para fazer essa obra?
- Dos que puderem compreender e quiser ajudar.
- Mas não iremos constranger as pessoas para a colaboração ativa?
- No Reino Divino não há violência.
- Quantos doutores, sacerdotes, pastores, políticos, irão nos acompanhar?
- Neste trabalho, a condição transitória de qualquer profissão ou cargo não interessa, pois a qualidade permanece acima do número.
- Esta missão se limita a Praia do Meio?
- Tem como base a Praia do Meio, mas seu exemplo pode atingir todos os bairros, cidades e países.
- Existirá diferença entre patrão e empregado, entre chefe e chefiado?
- Obedecerá a hierarquia administrativa saudável, dentro da fraternidade universal de que todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai.
- Quais são os principais prédios que teremos como sede?
- No coração de cada trabalhador, mesmo que se construa um espaço físico.
- Já existem os livros de registros? Quais são?
- Já existem as atas, mas principalmente as nossas vidas.
O candidato pode se sentir confuso com essas respostas fora dos cursos de oratória. O Espírito Santo acalenta a sua alma e pede para ele refletir e voltar quando estiver disposto a colaborar. E olhando para nós, Ele diz: esses homens e mulheres continuarão a trabalhar com o rústicos e humildes, mas prontos a servir com alegria, com amor, sem perguntar, seguindo as lições do Cristo.
O candidato nos agradeceu a acolhida e saiu pensando no quanto seu trabalho nesta seara iria lhe dar retorno em votos suficientes para garantir sua eleição. Talvez não tenha percebido que tinha acabado de passar por um teste superior ao teste das urnas, pois o cargo que poderá adquirir aqui, hoje, de cidadão do Reino de Deus, não terá prazo de validade aqui na Terra e ainda levará consigo para a eternidade.
Depois que o Cristianismo foi instalado na Terra, conduzido pelos 12 primeiros apóstolos educados pelo Cristo, e formaram a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, houve uma série de sacrifícios iniciais. Mas conseguimos alcançar o nível de religião oficial do Império Romano e com a ajuda do Imperador Constantino foi criado uma hierarquia associada ao poder do Estado, criando os diversos reinados católicos na Europa.
Mesmo com esse apoio estatal obtido pela nova e Santa Igreja Católica, as dificuldades não cessaram de existir. Tanto dentro da Igreja como fora dela, existiam pessoas movidas pela ganância de poder e bens materiais, querendo destruir a Igreja, dispersar ou matar os seus integrantes.
Foi necessária a criação de uma Ordem Militar chamada Os Templários para proteger com o poder da espada os crentes que viviam na Europa, principalmente aqueles que se deslocavam para Jerusalém, em visita aos locais sagrados.
A inveja atacou a integridade moral e eclesiástica dos Templários, com falsas narrativas, conseguindo o poder das Trevas desarticular a Ordem e seus dirigentes serem mortos na fogueira.
Uma parte dos cavaleiros templários se refugiou em Portugal onde foram acolhidos pelo rei que pediu a permissão para eles permanecer no solo português. O Papa assentiu na condição que eles trocassem o nome, dessa forma surgiu a Ordem de Cristo.
Os recursos que os cavaleiros conseguiram trazer para Portugal e foram investidos nas navegações. Por esse motivo, Pedro Álvares Cabral, Mestre da Ordem de Cristo, chefiou as caravelas que ostentavam o símbolo da Ordem de Cristo em suas velas, com o objetivo principal de catequisar os novos povos descobertos.
Assim aconteceu no Brasil, os jesuítas chegaram, rezaram a primeira missa na presença dos índios e partiram para a sua catequização e procura de integração na nova civilização que acabara de chegar, no ano de 1500 dC.
A missão da Ordem de Cristo parece ter se dissolvido no trabalho da colonização e evangelização das novas terras, e não se ouviu mais falar do confronto deles em defesa da fé.
Mas observamos que as Trevas estão investindo com peso na destruição dos valores cristãos, surgindo em muitas ocasiões pelo mundo, verdadeiros suplício, como acontecia nas arenas romanas. Agora o suplício é um pouco mais civilizado, as pessoas não seguem acorrentadas para serem devoradas pelas feras ou queimadas como postes vivos. Hoje as pessoas são convidadas a subirem num ônibus e serem dirigidas para um encarceramento injusto, perverso, maligno, onde as pessoas morrerem longe dos seus familiares com falsas acusações, da mesma forma que acontecia no império romano.
Mais uma vez se torna necessária a ressuscitação da ordem militar, dos cavaleiros cristãos combatentes em defesa da fé, desta vez, não mais com o uso da espada física. Dessa vez a arma será a palavra da verdade na destruição das masmorras das mentiras onde deixam aprisionados os nossos irmãos. Mais uma vez como aconteceu no passado, Deus desperta a consciência de algumas pessoas para assumirem essa Ordem Militar com uma mais pura consciência cristã.
Eis aqui, Senhor, o seu servo, que faça em mim conforme a Sua vontade!
Uma das partes mais difíceis de uma construção ou mera narrativa no campo cosmogônico é quanto a criação de Deus, já que a Sua própria existência não tenho dificuldade cognitiva em incluir.
Mas não consigo entender porque Deus em Sua sabedoria, onipotência, não criou os anjos perfeitos, incorruptíveis. Por que existia entres eles, um anjo de alta hierarquia, mas imperfeito. Aqui está a incoerência. Quanto mais alta a hierarquia dos anjos, maior não seria a sua perfeição? Por que o coitado do Lúcifer saiu com imperfeição o que justificou sua rebelião contra o Criador?
Não consigo fazer um encaixe coerente dessa cosmogonia divina. Na minha narrativa, para não ficar o espaço vazio, vou aceitar essa argumentação, mas sempre atento a nova interpretação sobre essa questão. Algo que justifique a queda na tentação demoníaca que Lúcifer sofreu, um anjo tão perfeito que vivia na Luz ao lado do Criador.
Deus é onipotente, pode criar tudo que quer com um ato de Sua vontade. Deus é sabedoria infinita, tudo que faz é perfeito, mesmo que, com nossa ignorância consigamos imaginar imperfeição na obra de Deus, como é o caso de Lúcifer.
Tanto é verdade essa suspeita de imperfeição na obra de Deus, que Lúcifer conseguiu arrastar consigo a terça parte dos anjos.
Agora fico a imaginar a minha própria situação, eu como todos os irmãos humanos fomos criados simples e ignorantes. Dessa forma, cheios de defeitos dos quais tenho que me livrar por meus próprios esforços, usando a inteligência para discernir o caminho certo e o errado e ter a sabedoria de decidir pelo caminho certo.
Deus, na Sua onipotência e sabedoria divina percebeu que necessitávamos de uma ajuda consciencial, senão jamais iríamos sair da circularidade dos desejos animais em busca de satisfação para a mísera vida carnal, que imaginávamos ser a definitiva.
Foi enviado o Mestre Jesus para mostrar com Suas lições e exemplos práticos, ultrapassando os limites naturais e mostrando com os milagres a Sua intimidade com Deus. Não era preciso usar dos recursos materiais, bens físicos, poder financeiro e militar. Bastava mostrar com coerência a existência do Pai criador de tudo que existe e que espera que nós façamos a Sua vontade, aplicando o amor incondicional, fraternalmente, mostrando ser este o Caminho da Verdade que nos conduzirá a intimidade com o Criador na dimensão espiritual.
É esta narrativa que considero a mais coerente e racional dentre todas as que tenho tido conhecimento, e procuro seguir por esse Caminho, apesar de todas as dificuldades, todos os obstáculos que o mundo material procura impedir o avanço.
A vida tem semelhança com um rio, está sempre fluindo.
O rio tem sua nascente em algum lugar alto, privilegiado, longe das impurezas provocadas por nossas ações humanas. Vai descendo e se desenvolvendo, crescendo a cada momento com os afluentes que desaguam nele até chegar à imensidade do mar, de onde pode voltar a fazer novo percurso, adquirir novas experiências depois de voltar ao ambiente etéreo dos ares através da evaporação.
Assim é o nosso fluxo de vida. Nascemos em determinado útero e logo somos jogados à luz pelo processo do parto. Cada dia, cada episódio, a pessoa é mais hoje do que foi ontem e será menor do que virá amanhã. Ela vai crescendo, tomando forma. Cada parcela de conhecimento adquirido vai aperfeiçoando suas habilidades, sendo útil ao seu entorno.
Existe uma diferença. O rio não pode recusar à sua integridade, os afluentes que chegam até ele, quer sejam benéficos ou maléficos. A pessoa, por outro lado, pode aceitar ou recusar os afluentes de informações, experiências, que chegam até o seu aparelho mental e que pode formar uma opinião, crença, ou distorcer outras. Podemos discernir que nem todo afluente de informações que chega até nós é positivo, que está de acordo com o Caminho da Verdade que o Cristo ensinou.
Quando colocamos a nossa consciência sintonizada com os princípios cristãos, com este ponto de vista, passamos a encontrar um significado para a nossa existência que pode seguir por diversos caminhos, não obrigatoriamente pelo caminho da Verdade, pela porta estreita que o Cristo ensinou. É mais fácil caminhar pelas portas largas dos prazeres do mundo, mesmo que adiante no deparemos com redemoinhos, turbulências, corredeiras e cascatas.
É importante a consciência do Pai, do Criador universal, pois nos dá o sentimento de pertencimento a algo divino e de uma obrigação de agir com o mesmo amor com o qual Ele nos criou.
Este sentido existencial nos deixa fluir dia após dia com a compreensão de que estamos fazendo o que o Pai deseja, mesmo que tenhamos dificuldades, pois não somos perfeitos, mas Ele sabe disso e quando acha oportuno nos dá alguma ajuda, colocando algo no entorno com esse objetivo.
Vou perceber que tudo está entrelaçado segundo a vontade do Pai. Alguém ou alguma coisa pode em algum momento trazer uma mensagem, uma providência divina; em outro momento, eu mesmo posso ser um agente para levar Sua mensagem para outra pessoa ou situação permitida pela vontade de Deus.
Essa experiência de fluxo de vida como minha consciência corretamente absorveu, proporciona duas coisas que são vitais para a sensação de felicidade: estar dentro de um propósito de vida e ter um autoconhecimento, do que eu sou, das minhas limitações dos meus defeitos e virtudes, mas que estou indo no caminho correto, e que a cada dia estou me aperfeiçoando, estou burilando a minha alma com o cinzel da Verdade oferecida pelo Cristo e respaldada por minha consciência.
Tenho um renovado entendimento de como estou encaixado no mundo e nos meus relacionamentos, no entorno. A pressão da passagem do tempo, o medo do envelhecimento é aliviado quando percebo que estou no fluxo da vida e na qual o corpo, instrumento do meu espírito, passa pelas alterações necessárias para o meu aprendizado, pois um jovem jamais irá aprender as experiências das idades se não passar por elas.