A política sofre muito com o desvio de função provocado pelo clientelismo. A política deve ser voltada para o bem comum e não patrocinar benefícios a indivíduos ou grupos que prejudiquem a coletividade. Esse clientelismo é gerado a partir da campanha eleitoral, quando o candidato promete benefícios a seus eleitores que são inconvenientes para a comunidade. O poder executivo e o poder legislativo é formado geralmente nessa base de interesses. Como o candidato pode ser eleito nas atuais condições do Brasil, se não prometer ou der, antes ou depois do voto, significativos presentes? Como um candidato pode se eleger e exercer a verdadeira política se está totalmente comprometido com essa “policagem” que parece mais uma molecagem do “toma lá, dá cá”? Se muito do que ele diz ou defende na praça pública, ele sabe que jamais poderá cumprir se não fizer parceria com o ilícito?
Com essa forma de procedimento a atividade política se torna corrompida no seu nascedouro: a campanha eleitoral. A verdade do que irá acontecer depois das eleições fica sempre encoberta pela omissão ou pela mentira. Quem pode desmascarar esse ato ardiloso, enganoso, de má-fé, feito com o intuito de lesar ou ludibriar os eleitores, ou de não cumprir o seu dever de político?
Quem pode dirimir essas dúvidas é o diálogo racional, a dialética dos conflitos originado pela contradição entre princípios teóricos ou fenômenos empíricos. Esse diálogo deve ser feito entre os interlocutores comprometidos com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou ideias. De acordo com o aristotelismo, a dialética é um raciocínio lógico que, embora coerente em seu encadeamento interno, está fundamentado em ideias apenas prováveis, e por essa razão traz em seu âmago a possibilidade de ser refutado.
Porém, como o objetivo final é a busca da verdade, cada interlocutor não terá oportunidade de colocar argumentos falaciosos sob pena de ser desmascarado pela verdade que surge do lado oposto.
Dessa forma, quem sabe que está usando a mentira para corromper a verdade e ludibriar quem o ouve, terá medo de participar desse diálogo especial. Poderíamos imaginar que esse diálogo esteja ocorrendo nos debates no período eleitoral, onde cada um coloca seus argumentos para conquistar o voto do eleitor. Porém, como os contendores usam dos mesmos critérios de obstruir a verdade, principalmente nas doações eleitorais, a real consequência dos votos conquistados não é explorada à luz da verdade.
Necessário que a sociedade consiga criar esses espaços privilegiados onde o diálogo aconteça em busca da verdade, e o debate não possua mais o tom de violência e agressividade que acontece hoje em todos os níveis, do acadêmico ao eclesiástico.
O céu e o inferno estão dentro de nossas consciências, conforme o bem ou o mal que fizermos em qualquer dimensão de nossas vidas. Existe o umbral, conhecido por alguns como purgatório, um estágio intermediário entre o céu e o inferno.
Nossos espíritos estão encarnados aqui na Terra com o objetivo de aprender ou purgar algumas dívidas pelo mal que fizemos. Portanto, aqui é onde está a grande oportunidade de refazermos as nossas consciências. Temos oportunidade de nos esforçar para ficar no céu ou obedecer aos instintos corporais e permanecer estacionado no inferno.
Esta condição é muito instável, podemos passar do céu para o inferno num piscar de olhos. Lembro de uma história oriental onde um famoso samurai foi procurar um sábio em aldeia distante, pois ele queria saber sobre o céu e o inferno. Depois de muito caminhar ele chegou ao seu destino, encontrou o sábio, e perguntou se ele poderia lhe ensinar sobre o céu e o inferno. O sábio olhou-o de alto à baixo e respondeu com ironia: tú, uma pessoa simplória, malvestida, fedorenta, querer aprender conceitos tão importantes? O samurai sentiu a raiva ferver em sua mente, sacou da espada, levantou-a no ar pronto para decepar a cabeça do insolente sábio. Foi neste momento que o sábio, sem se alterar, apontou o dedo em sua direção e disse: eis aí o inferno! O samurai caiu em si, percebeu que o velho sábio, correndo o risco da própria vida, lhe deu uma excelente lição sobre o que era o inferno: um estado de consciência tomado pelo ódio, raiva, ira, intolerância, conflito, capacidade de destruição, dor e sofrimento moral. Mudou rapidamente de atitude, agradeceu com lágrimas nos olhos tão importante lição que recebera de uma pessoa que não o conhecia e que arriscou a vida para o servir. O sábio com a mesma serenidade, abriu os braços de forma conclusiva e disse simplesmente: eis aí o céu! O samurai percebeu que nesse momento sua espada não estava mais ameaçadora, sentia respeito, compaixão, amor, compreensão, tolerância, harmonia, capacidade de construção e felicidade moral.
Eis um bom exemplo de como nossas atitudes em reação a algum incidente em nossas vidas podem nos jogar de forma rápida e às vezes compulsiva, dentro do inferno. Saber permanecer sempre dentro do céu, qualquer que seja o incidente que estejamos vivenciando no momento, é uma das grandes lições que temos que aprender aqui na Terra. É como disse Jesus, transformando o nosso coração, iremos nos sentir como cidadãos do Reino de Deus, mesmo que ao nosso redor exista o inferno.
Foi o que aconteceu hoje, segunda feira de Carnaval. Fui visitar os bonecos de Olinda, município de Recife-PE, por volta das 13 horas. Os bonecos ficavam no alto, próximo da igreja, mas como existia a folia do Carnaval, não havia como chegar lá de carro. Imaginei que iria enfrentar apenas um longo percurso a pé, mas valeria a pena ter essa oportunidade de ver in loco uma realidade da cultura nacional. Quando comecei a subir com meus companheiros, percebi a quantidade de gente que caminhava, principalmente no mesmo sentido que nós. Não percebemos que a cada momento que subíamos, a quantidade de gente aumentava e chegou um momento que era impossível voltar, pois a massa, pulando e cantando as marchas carnavalescas, era quem impunha o ritmo e a direção do caminhar. Observei nesse momento que estava numa região que poderia ser considerado com toda a propriedade o umbral. As pessoas que estavam ali, a grande maioria, se consideram religiosas e pretendem obedecer algumas regras morais de convivência. Mas nesse momento essas regras eram totalmente esquecidas. As atitudes sensuais eram as mais corriqueiras, regadas ao uso do álcool na forma de cervejas geladas para aliviar o calor, e do roubo de objetos de valor por grande número de pessoas que estavam ali para perpetrar seus ataques. Era como se fosse o tridente dos cães a pinicar a pele dos foliões na forma de perda material. Tudo isso era compensado pela maioria que estava ali nos mais diversos disfarces: padres, freiras, caveiras, piratas, comandantes, anjinhos, mas também tinham os próprios demônios. Não tinha outra saída, não poderia ficar parado ou voltar. Teria que seguir a direção do movimento, arrochado entre as pessoas, andando ou pulando. Resolvi me identificar o máximo possível com aqueles foliões para não deixar parecer uma ovelhinha inofensiva, pois poderia me tornar facilmente o alvo das feras que estavam a nos espreitar.
Foi assim que de pulo em pulo, de passo em passo, consegui chegar a uma ruela pouco movimentada e voltar para onde cheguei. Faço esses comentários para refletir que, mesmo em meio a tanta volúpia sensual e alcoólica, a minha mente se manteve sintonizada nos princípios espirituais. Não agi de forma sensual, não falei palavras indecentes, não provoquei conflitos, não ingeri drogas de nenhum tipo. A experiência foi de ter passado pelo umbral de forma inesperada, e sem poder auxiliar a nenhum dos que estavam ali, não conseguiriam ouvir nenhuma palavra da espiritualidade maior, mesmo porque o som alto não deixava e se chegasse a ouvir e consciência contaminada não deixava escutar e refletir.
Vivemos dias de intensa militância por algumas pessoas mais esclarecidas ou engajadas em diversos grupos. Uma militância chamada de Direita e Esquerda com relação ao exercício do Poder dentro da sociedade. O Brasil que foi administrado nos últimos 13 anos por partido de esquerda, e deixou graves problemas financeiros, trabalhistas, éticos e administrativos, com forte aparelhamento nas instituições educativas, em todos os níveis, gerou textos como este que reproduzo abaixo e que pode ser encontrado na net.
O pai chega em casa vestido numa novíssima camisa do PT, entra no quarto do filho e beija o retrato de Che Guevara na parede.
O rapaz espantado pergunta:
- Que é isso pai? Ficou maluco? Logo você que é o maior “coxinha”, “reaça” de primeira, vestindo a camisa do PT?
- Que nada, filho! Agora sou petista! Conversamos tanto sobre o Partido que você me convenceu! PT! PT! VIVA O PT! – grita o velho.
O rapaz, membro do DCE da universidade onde faz um curso de quatro anos há oito anos, e fiel colaborador da JPT não se aguenta de tanta alegria!
- Senta aí companheiro! Vamos conversar! O que foi que te levou a essa decisão?
O pai senta ao lado do filho e explica:
- Pois é... cansei de discutir contigo e passei a achar que você tem razão. Por falar nisso, lembra do Luíz, aquele que te pediu dois mil reais da tua poupança emprestado para dar entrada numa moto?
- O que tem ele? Pergunta o filho...
- Pois é... Liguei pra casa dele e perdoei a dívida. E fiz mais! Falei que ele não precisa se preocupar com as prestações, pois vou usar oitenta por cento da sua mesada para pagar o financiamento!
- Pai!!!!!! Você ficou louco? Pirou?
- Filho, lembre-se que agora nós somos petistas. Perdoar dívidas e financiar o que não é nosso com o que não é nosso, é a nossa especialidade! Temos que dar o exemplo! E tem mais! Agora 49% do seu carro eu passei para sua irmã. Vendi pra ela quase a metade do seu carro! Dessa forma você continua majoritário, mas só podendo usá-lo em 51% do tempo!
- Mas o carro é meu, papai! Não podia fazer isso! Não pode vender o que não é seu!
- Podia sim! Nossa presidenta fez isso com a Petrobrás e você foi o primeiro a apoiar! Só estamos seguindo o caminho dela!
O garoto, incrédulo e desolado entra em desespero, mas o pai continua:
- Outra coisa! Doei seu computador, seu notebook e seu tablete para os carentes do morro. Agora eles vão poder se conectar!
- Pai! Que sacanagem é essa?
- Não é sacanagem não, filho! Nós petistas defendemos a doação do que não é nosso, lembra? Doamos aviões, helicópteros, tanques... O que é um computador, um tablete e um note, diante disso?
Prestes a entrar em colapso, o garoto recebe a última notícia:
- Filho, lembra daquele assaltante que te ameaçou de morte, te espancou e roubou teu celular? Vou agora mesmo retirar a queixa e depois para a porta da penitenciária exigir a soltura dele, dizendo que ele é inocente!
- Pai... pelo amor de Deus... Você não pode fazer isso... O cara é perigoso!
- Perigoso nada! É direitos humanos que nós pregamos, filho! Somos petistas com muito orgulho!
- Mas o cara me espancou! Me roubou, pai!
- Alto lá! Não há provas disso! Isso é estado de exceção! O rapaz é inocente! Nós fizemos a mesma coisa com os companheiros acusados no mensalão!
- Mas ele estava armado quando a polícia chegou!
- E daí?????? Ele estava armado, mas quem prova que a arma era dele? A revista Veja? Isso é coisa de reaça, filho!
- Papai, você ficou doido!
E o pai finaliza:
- Fiquei doido, ó seu filho da puta? Na hora de defender bandido que roubou uma nação você é petista, mas se roubarem você, deixa de ser. Na hora de doar, perdoar dívidas e fazer financiamentos com o que é dos outros, você é petista. Mas se fizer o mesmo com você, deixa de ser. Na hora de dilapidar o patrimônio nacional, vendendo o que é mais precioso e não pertence ao PT e sim ao povo, você é petista, mas se vender metade do que é seu, deixa de ser! Dito isso, tirou o cinto de couro grosso e mandou a cinturada no moleque! TO-MA IS-SO SEU FILHO DA PU-TA, CRE-TI-NO PRA APRENDER A SER HOMEM E ASSUMIR SUAS IDEIAS! VAGABUNDO ORDINÁRIO! SALAFRÁRIO! PEGA SUAS COISAS E SUMA DAQUI!
- Vou para onde, papai?
Perguntou chorando...
- FODA-SE! Agora você é um dos sem-teto que você defende, seu moleque cagão! E vai se consultar com o médico cubano, porque eu cancelei teu plano de saúde!
Dois dias depois o moleque bateu na porta curado. Não era mais petista e não havia mais DCE ou JPT. E nem chamava o pai de “reaça”.
E o milagre da educação aconteceu.
Tem alguns exageros no meu modo de ver, a linguagem usada com o filho, ter sido usado a força bruta para lhe dar uma surra... acredito que essa metáfora poderia ter surtido o mesmo efeito simplesmente com a expulsão desse filho incoerente da casa dos pais, para ele sentir na própria pele o que ele defende para os outros.
Sei que o pensamento de esquerda tem certa lógica no enfrentamento do capitalismo selvagem, que usa o trabalho do povo para alimentar o lucro ganancioso de alguns empresários perversos, mas não podemos ir para o polo contrário, de condenar indiscriminadamente quem trabalha e pode trazer a riqueza para a nação. É este caminho do meio que deveremos perseguir, e hoje cada vez mais fico convicto, que a Monarquia, onde uma só família é educada desde cedo para cuidar e proteger cada cidadão de sua nação é o mais apropriado. Um regime político mais parecido com o Reino de Deus que Jesus apregoou.
Podemos observar ao longo da história da humanidade, o relacionamento homem-mulher que leva à convivência e geração dos filhos. Inicialmente se imagina que era baseado exclusivamente na força física, o homem era atraído por determinada mulher, esperava uma oportunidade, a arrastava pelos cabelos e a levava para sua caverna. A moral cristã ensinada há dois mil anos colocou uma série de observações no sentido de controlar a selvageria que existe neste ato instintivo de aproximação de um homem a uma mulher, e vice-versa. Colocou o amor como o sentimento mais importante para consolidar uma série de compromissos que eram feitos e deveriam ser cumpridos pelo casal por toda a vida. Esse tipo de algema que prende o homem e mulher no relacionamento conjugal, começa a ser melhor compreendido quando os conceitos do Amor Incondicional mostram a incoerência de muitas ações que praticamos.
Dessa forma o imaginário popular começa a fazer críticas ao processo do casamento e a obrigação do Amor que deveria ser o motor principal. Irei transcrever abaixo a fala de um colega da internet falando sobre o assunto com outra colega:
Querida KP, esse é um assunto que merece profunda reflexão. É importante que atentemos bem para essa frase: “Não separe o que Deus juntou.” É muito comum os homens interpretarem essa colocação como sendo a cerimônia que é feita por ocasião do matrimônio, e isso não é a referência que o Evangelho se reporta, mas sim, a união pelo amor. Quando o verdadeiro amor está presente em uma união, ela é por toda a existência, sem que isso tenha a presença de um sacerdote ou juiz de qualquer procedência.
Casar significa unir-se. Desde que duas pessoas se unam com o propósito de convivência e que nessa relação exista amor e respeito, para Deus elas estão casadas, com ou sem cerimônia, com a presença ou não de uma pessoa para falar em nome de Deus. Se a cerimônia fosse importante no casamento, Jesus teria dado exemplo disso, e teria feito muitos casamentos.
Em verdade, a cerimônia não passa de uma satisfação e registro para a sociedade, que muitas vezes são cheias de pompa e vaidades, sem nenhum valor para Deus. Quantos casamentos são abençoados com festas suntuosas para em alguns dias serem desfeitos? É porque não havia a presença do amor verdadeiro.
Perguntado a Jesus porque Moisés permitia o divórcio, ele respondeu que era pela dureza de nossos corações, isto é, pela falta de amor.
Quando a Igreja instituiu o celibato, obrigou todos os padres, bispos e cardeais a abandonarem suas famílias para se dedicarem somente à Igreja, e dessa forma contrariou o que ela mesma prega.
Posso observar que o Amor como sentimento mais importante na relação conjugal começa a se mostrar no imaginário popular. Mesmo que o Evangelho não faça com clareza essa distinção, mas quando ele defende o Amor Incondicional como a principal força do Universo, sinônimo do próprio Deus, raciocinando com coerência iremos chegar a essa conclusão, que ele é o motivo da relação com respeito e liberdade por toda a existência.
O fato intrigante é, porque Jesus conhecedor de toda essa importância do verdadeiro Amor nas diversas relações, principalmente na conjugal, não ensinou como deveria ser o verdadeiro comportamento de quem quisesse se unir para a geração da família e educação dos filhos? Preferiu falar sobre Amor de forma mais genérica, baseado na caridade, exemplificar com curas milagrosas, mas sem dizer como deveria ser o comportamento do homem e mulher que aplicassem o Amor Incondicional em suas relações? Certamente esse assunto era explosivo demais para ser colocado naquela época com a devida clareza. Preferiu deixar para o advento da terceira revelação, o espiritismo, onde cada um reconhece a necessidade de aprender a amar e de construir com ensaios repetidos de erros e acertos a sua própria evolução em direção ao Criador.
A frase citada, “não separe o que Deus juntou” pode ser dita de forma mais prática, “não separe o que o Amor juntou”. Nesse sentido, todo relacionamento que envolva o Amor, e que chegue ao nível mais profundo do relacionamento que é a intimidade sexual, não pode ser separado. Infelizmente, a força do amor romântico associado aos diversos sentimentos egoístas, forçam às pessoas que ainda não tem a firmeza do verdadeiro amor, a rejeição, intolerância, raiva, ira, desarmonia, conflitos e culminam na separação.
Com um partido de esquerda no poder, o Brasil viu suas escolas serem aparelhadas para a disseminação na mente dos jovens, de todos os níveis educacionais, do mais básico ao mais superior, da ideologia política dos professores militantes. Isso chegou ao cúmulo de contaminar a responsabilidade plural da Universidade pública, que passou a defender majoritariamente a ideologia dominante, com intolerância ao contraditório.
Porém, a sociedade que não se deixou contaminar com as benesses do poder corruptor da ética e da moralidade, parte da população que ainda podia usar o senso crítico para a avaliação do que estava acontecendo, desenvolveu ações para se contrapor a essa conduta perniciosa à mente dos jovens e futuro da nação. Uma dessas ações foi o programa que se denominou “Escola sem Partido”
O que é o Programa “Escola sem Partido”? É um projeto de lei que torna obrigatória a afixação em todas as salas de aula do ensino fundamental de escolas públicas e particulares de um cartaz com 6 deveres. Basicamente, na sua essência, é disso que se trata. E o que dizem esses deveres? Abaixo são colocados esses deveres e em negrito, os itens da Constituição Federal (CF) pertinentes ao assunto. Em itálico as considerações do expositor do Programa, professor Miguel Nagib.
1º DEVER
“O professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos, para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias.”
CF, art, 5º, VI: é inviolável a liberdade de consciência e de crença...
Não é dito aqui quais são as preferências morais, religiosas ou partidárias. Quaisquer que sejam. O professor não pode se aproveitar da presença obrigatória do aluno em sala de aula, daquela criança, daquele jovem, que é obrigado a escutar o discurso do professor, para tentar incutir nas suas mentes as suas próprias preferências, sejas elas quais forem.
2º DEVER
“O professor não favorecerá, não prejudicará e não constrangerá os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.”
CF, art. 5º, VIII: ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política...
O aluno tem o direito de ser avaliado pelos seus professores, e ser tratados por seus professores, em função exclusivamente de critérios acadêmicos. Um professor cristão não pode discriminar um aluno por ser ateu; um professor ateu não pode discriminar um aluno por ser cristão. É disso que se trata. Este dever já existe. Nenhum professor pode fazer isso. O Projeto Escola sem Partido apenas propõe que o dever seja explicitado para que ambas as partes da relação ensino-aprendizagem, professor-estudante, conheçam, saibam disso, e possam eventualmente se defender se houver abusos.
3º DEVER
“O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.”
CF, arts. 1º, V; 5º, caput; 14, caput; 17, caput; 19, 34 VII, ‘a’ e 37, caput
Como foi visto no vídeo aqui apresentado, o professor de Belo Horizonte fazer. Que o professor não pode fazer propaganda político-partidária em sala de aula, eu acho que ninguém discute, ninguém questiona. Mas, a coisa mais comum, e todos que passaram por uma Universidade e pelo sistema de ensino sabem disso. A coisa mais comum em época de eleição é professores virem vestidos com a camiseta do partido, com o broche do partido, com boné do partido... isto é propaganda político-partidária; isto constrange os alunos, que repito, são obrigados a ter presença nas aulas daquele professor, e tem medo das notas, e quer agradar ao professor, e portanto está a mercê daquele militante que eventualmente se aproveita dessa circunstância para fazer a cabeça do aluno.
4º DEVER
“Ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade -, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria.”
CF, art. 206, II e III
O nome disso é pluralismo. Respeito à liberdade de aprender do estudante. Então, não venham por favor, mentir e dizer que o Escola sem Partido quer proibir o debate. Não existe isso. Pelo contrário, ele quer um debate qualificado pela honestidade intelectual. É isso que o Escola sem Partido defende. Esse dever já existe. O escola sem Partido apenas quer informar ao estudante que esse dever existe. Não há dúvidas, não há nenhuma novidade. O Escola sem Partido não cria para os professores nenhuma obrigação que já não exista hoje, ele apenas explicita. Mesmo porquê, o projeto foi inspirado no Código de Defesa do Consumidor. O consumidor, no caso o consumidor dos serviços educacionais prestados pelas escolas do Estado ou pelas escolas particulares, ele tem o direito de conhecer os seus direitos. Isso é cidadania. É o direito de conhecer os próprios direitos. É disso que se trata. Se esses direitos existem, se esses deveres existem, o estudante tem o direito de saber.
5º DEVER
“O professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.”
CADH (Convenção Americana sobre Direitos Humanos), artigo 12: “Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acorde com suas próprias convicções.
Este dever, foi o único do Projeto que nós praticamos não redigimos. Nós copiamos da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos. É a cópia quase literal do artigo 12, item IV da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Eu chamo a atenção para o verbo que é usado, o verbo receber. Ele não usou o verbo dar. Ele não diz: os pais tem o direito de dar aos seus filhos educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções. Não! Os pais têm direito que os seus filhos recebam essa educação. A educação que esteja de acordo com suas próprias convicções. Mas como é que o professor em sala de aula pode adivinhar o pensamento dos pais dos seus alunos? É claro que não pode! Evidente que não pode! Então, como é que se faz para que este dever, que é um direito humano, está previsto no tratado internacional sobre Direitos Humanos, ao qual o Brasil faz parte, como é que o professor respeita essa obrigação que consta da Convenção Americana sobre Direitos Humanos? Ele simplesmente se abstém de tentar transmitir aos seus alunos os seus próprios valores morais, as suas próprias convicções religiosas, sejam elas do professor católico, evangélico, ateu... não interessa! Os pais têm direito que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções. Meus filhos, minha regra! Um professor cristão não pode discriminar os seus alunos e não pode tentar transmitir aos filhos dos outros os seus próprios valores. Ele não tem esse direito. Aquela criança tem liberdade religiosa e a presença dela em sala de aula é obrigatória.
6º DEVER
“O professor não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ação de estudantes ou terceiros, dentro da sala de aula.”
Evidentemente, aquilo que o professor não possa fazer, ele não pode permitir que seja feito por terceiros ou pelos alunos. Esses deveres se baseiam em princípios constitucionais. O primeiro deles, Neutralidade política e ideológica do Estado. O estado deve manter uma posição de neutralidade em relação a todos os partidos, todas as correntes que disputam o poder na sociedade. Vejam bem, a máquina do Estado, as suas instalações, o seu pessoal, os seus equipamentos, não podem estar a serviço de um determinado partido, de uma determinada corrente que disputa o poder na sociedade. Laicidade do Estado. Isso é muito importante, o princípio da Laicidade, porque muitas vezes é invocado para justificar o uso do sistema de ensino para promover, por exemplo, coisas como a Ideologia de Gênero. Dizem: o Estado é laico, então não venham tentar impedir que os professores transmitam aos seus alunos esses conceitos. Mas vejam bem, as religiões não são formadas apenas de narrativas e ritos. Elas também possuem a sua moralidade. Liberdade de consciência de crença. O cristianismo, por exemplo, possui a sua moralidade. Não existe cristianismo sem moral cristã. Se o Estado puser a sua máquina para promover uma moralidade que seja hostil a moralidade cristã, ele estará violando justamente o princípio da laicidade do Estado. Ele estará deixando de ser neutro em relação àquela religião que ele está hostilizando. A moral da religião que ele está hostilizando. E os cristãos brasileiros, a imensa maioria deles, é obrigada a manter os seus filhos na escola. Se um professor ateu, militante, ativista, puder se valer da presença obrigatória dos alunos, para impor aos alunos uma moralidade contrastante com a moralidade cristã, ele estará perseguindo a moralidade cristã, estará ferindo o princípio da laicidade do Estado. Liberdade de aprender e de ensinar. O estudante tem direito que o seu conhecimento da realidade não seja manipulado pela ação dos seus professores. Isto consiste a liberdade de aprender, para que seu conhecimento da realidade não seja manipulado. E a liberdade de ensinar, significa que a liberdade de ensinar do professor, de ensinar alguma coisa, um determinado conteúdo para o qual ele está habilitado. Ele fez um curso de matemática, está habilitado a ensinar matemática. É disso que se trata. Esta é a liberdade do professor. É liberdade de ensinar alguma coisa para a qual ele se preparou. Pluralismo de ideias. Aquilo que está no ítem IV do cartaz do professor. O dever que o professor tem de apresentar aos alunos as principais correntes, as principais opiniões e pontos de vista cobre uma posição controvertida. E mais, a proibição do Estado brasileiro de adotar uma doutrina, uma ideologia oficial, como se tentou fazer com a Ideologia de Gênero. Seria adotar uma doutrina oficial, uma ideologia, uma teoria científica, e o Estado não pode fazer isso. A ciência é que tem de fazer isso. O Estado não, e isso decorre do princípio do pluralismo de ideias.
Caso esses deveres não sejam exigidos pelo Estado nem respeitados pelos professores, estes estarão praticando os seguintes “direitos”:
1º O professor PODERÁ se aproveitar da audiência cativa dos alunos para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias.
2º O professor PODERÁ favorecer, prejudicar ou constranger os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.
3º O professor PODERÁ fazer propaganda político-partidária em sala de aula, bem como incitar seus alunos a participar de manifestações atos públicos e passeatas.
4º Ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor PODERÁ omitir ou distorcer as teorias, opiniões e pontos de vista discordantes dos seus.
5º O professor PODERÁ transmitir aos filhos dos outros as suas próprias convicções religiosas e morais.
6º O professor PODERÁ permitir que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam exercidos por estudantes ou terceiros dentro da sala de aula.
Estes são conceitos que a minha consciência aprova sem restrições e fico a perguntar, como membro da academia, porque tantos colegas na Universidade, nos diversos níveis de ensino, não percebem essa distorção ética da responsabilidade de ensinar. Até mesmo professores e gestores formados em filosofia não conseguem perceber o mal de introduzirem os seus pontos de vista e concepções ideológicas como verdades incontestes, evitando o pluralismo honesto das demais correntes existentes ou que existiram na sociedade.
Para não incorrer no mesmo erro, coloco aqui a minha posição, mas respeito a opinião contrária de quem assim pensar. Apenas advirto que é necessário a racionalização honesta, sem distorções, das consequências práticas de cada caminho que o nosso livre arbítrio decide aceitar como correto. Este deve ser sempre o nosso processo de evolução, no constante fluir do ensinar e aprender, mas sem querer obter no caminho vantagens pessoais em detrimento da coletividade.