Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
22/08/2012 00h15
RENÚNCIA

            Sei que no meu processo evolutivo tive que renunciar a muitas coisas, algumas de enorme significado para mim. Por exemplo, a mulher pela qual desenvolvi uma forte paixão, que casei com ela, que convivi durante 18 anos, tive que renunciar. Mesmo que eu tenha sido expulso de sua casa por ela, num momento de extrema frustração, eu considero que foi por causa do meu comportamento, do meu paradigma do amor inclusivo que ela não aceitava, e dessa forma a conclusão teria que ser essa, e assim eu renunciava a essa mulher, a essa paixão, a esse amor tão intenso em função dos meus paradigmas de vida, de meus objetivos. Assim aconteceu com diversos outras pessoas que exigiam um amor exclusivo e em função do meu paradigma eu renunciava a elas. Hoje tenho uma firmeza cada vez mais profunda de que estou no caminho correto e qualquer pessoa ou situação que destoe desse objetivo, estarei pronto para a renúncia, tenha o peso emocional que tiver para mim. Hoje tenho uma sintonia com o Pai e sinto que ele deseja que eu faça justamente o que estou fazendo. Os livros sagrados de todas as correntes no que têm de mais essencial, sempre estão de acordo com o meu pensamento e o aperfeiçoando cada vez mais.

Jesus dizia que devemos tomar a sua cruz e segui-lo para sermos dignos dEle. Isso implica em renunciar aos meus maus hábitos e à minha vontade egoísta para desenvolver os valores do Reino de Deus em minha vida. Como cristão devo demonstrar amor e respeito a todas as pessoas e não usá-las como meios de obter o que desejo. Devo ter a coragem de enfrentar as críticas, os diversos perigos em reconhecer essa verdade e a praticar. Assim, quando eu reconheci a importância do amor inclusivo, passeia a pratica-lo, com todo o carinho e respeito pela pessoa que comigo trocou amor e fluidos. Percebi que o amor exclusivo próprio do romantismo era um mau hábito, principalmente quando dissociado do amor incondicional.

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em 22/08/2012 às 00h15
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21/08/2012 23h28
OUTROS EUS

            Quando amadurecemos nossa forma de pensar, concluímos que o nosso Eu sofre transformações físicas e psicológicas ao longo do tempo: recém-nascido, criança, adolescente, jovem, adulto, idoso, ancião... cada uma dessas fases apresenta características distintas e o físico é o que mais visível se torna. Muitos ficam preocupados com essa evolução biológica e procuram retardar por vários mecanismo a chegada na fase de idoso, de ancião. Não percebem que cada uma fase tem suas características e sua beleza própria, mesmo que a face seja sulcada pelas rugas, que a musculatura não responda a vontade, que os diversos órgãos comecem a falhar. Mas o que quero destacar com esse titulo de OUTROS EUS são os paradigmas psicológicos que vamos estruturando ao longo do tempo e que direciona o comportamento, qualquer que seja a fase biológica do desenvolvimento. Eu posso citar três fases bem distintas no meu desenvolvimento e que divido em 30 anos cada uma delas.

            Os primeiros 30 anos da minha vida foram caracterizados por um extremo romantismo que foi construído pelo universo de minhas leituras, principalmente de gibis onde os mocinhos vitoriosos sempre defendiam a ordem e a justiça com pitadas de amor romântico como o tempero emocional das aventuras. Incorporei ao meu primeiro paradigma de vida essa promessa de amor romântico, exclusivo, para todo o sempre, “até que a morte nos separe”.

            Na fase dos 30 aos 60 anos comecei a verificar que o amor inclusivo, aquele que não exclui ninguém, que pode aprofundar até mesmo na esfera sexual com essa proposta de inclusão. Claro que isso entra em confronto direto com a cultura instalada. Apesar de todo o meu esforço de tentar mostrar a beleza desse tipo de relacionamento, não consegui êxito com minha primeira esposa que me expulsou de casa por esse motivo. Casei a segunda vez e mostrei desde o início a minha forma de pensar do meu paradigma de amor inclusivo. Também não tive êxito e para tentar segurar o relacionamento até me propus a morar como amigo com minha segunda esposa. Mesmo assim ela não consegui acompanhar a minha forma de pensar e também me expulsou da sua casa.

            Agora que entro na terceira e última fase da vida, 60 anos em diante, tenho cada vez mais consolidada a importância do amor inclusivo e que está atrelada ao Amor Incondicional, ao amor divino, com muito mais coerência. Em função disso desenvolvi o senso de responsabilidade comigo, com o próximo (principalmente minhas parceiras e companheiras) e com a comunidade. Compreendo que essa forma de agir vai de encontro a cultura egoísta em que vivemos, mas que tem o potencial de se aproximar do Reino de Deus que o Cristo nos ensinou a construir dentro da gente e em seguida na comunidade. Assim hoje é o meu último Eu, sabedor que não tenho perfil para conviver com ninguém em regime de casamento onde o amor exclusivo é a tônica; que todos que se aproximam de mim e que mostram sintonia suficiente para um aprofundamento sexual, fazem parte de minha família com o potencial de se ampliar diretamente proporcional a capacidade de amar; e que fazendo assim estou fazendo a vontade do Pai que deseja uma sociedade fraterna, justa e solidária, com o amor fluindo entre todos e sem encontrar nenhum tipo de barreira para sua expressão.

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em 21/08/2012 às 23h28
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20/08/2012 11h40
PELO AMOR DE DEUS

            É uma frase muito usada pelos mendigos na tentativa de despertar a caridade a quem se dirige. De tão usada termina por perder o seu sentido, é apenas um refrão para quem fala e para quem ouve. Também poucos sabem qual a dimensão desse amor de Deus, inclusive nós, acadêmicos, conhecedores dos livros sagrados, das tecnologias modernas, dos avanços das ciências. Eu, particularmente, tenho a ideia de que esse amor de Deus é o Amor Incondicional, é o que minha consciência aceita como mais próxima da verdade, mas não tenho absoluta certeza. Sei que ainda sou muito ignorante e uma conceituação mais apropriada pode existir. Mas, para orientar a minha conduta frente aos diversos relacionamentos que a vida me oferece, sinto que essa conceituação, no atual contexto dos meus conhecimentos, é a mais apropriada.

            Na tentativa de me comportar pelo amor de Deus, procuro aplicar o amor inclusivo (não-exclusivo) em todos meus relacionamentos como a forma mais coerente de me relacionar também com Deus. Dessa forma os interesses materiais, quaisquer que sejam eles, ficam em segundo plano. Acredito que eu esteja com um bom desempenho nesse caminho, mas as parceiras que decidem caminhar ao meu lado com esse mesmo objetivo, sempre estão a fraquejar quando percebem que não tem a exclusividade que desejam, que outra pessoa ocupa o meu tempo, interesse e amor. Quando percebo essa situação de sofrimento do outro por meu comportamento, por um mecanismo de empatia, tendo a sofrer também. Avalio que não tenho culpa nesse sofrimento, pois todo o meu comportamento foi previamente esclarecido. Cada uma que decide caminhar comigo não deveria se preparar para suportar toda a pressão que um relacionamento de amor inclusivo exerce sobre o tradicional amor exclusivo? Por que não evitar a sensação de coitadinha ou de raiva por um comportamento que já é previsto e esperado? Tenho ímpetos de pedir aos meus relacionamentos como fazem os mendigos: PELO AMOR DE DEUS! Nos momentos difíceis tenham bom ânimo e vençam a tendência natural de autopiedade, raiva ou esmorecimento.

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em 20/08/2012 às 11h40
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19/08/2012 00h47
FOME DE AMOR

            Madre Tereza de Calcutá dizia que a doença mais terrível do Ocidente não é a tuberculose, nem a lepra, é a sensação de ser indesejado, de não ser amado, de ser abandonado. Dizia que tratamos as doenças do corpo por meio da medicina, mas que o único remédio para a solidão, para a confusão e para o desespero é o amor. Dizia ainda que são muitas as pessoas que morrem neste mundo por falta de um pedaço de pão, mas são muito mais as que morrem por falta de um pouco de amor.

            Sou testemunha da verdade de suas palavras. Vi pessoas do meu relacionamento próximo morrerem por falta desse amor, sufocadas pela sensação da solidão, do abandono, acicatada pelo monstro do ciúme. Vi tudo isso acontecer e não pude evitar o seu desespero e a busca do alivio na morte. Até hoje tenho culpa em minha consciência, se eu não poderia oferecer mais amor do que o pouco que ofereci, se não poderia ter sido mais ousado nessa oferta de amor...

            Hoje me sinto bem alimentado de amor, dos meus semelhantes e principalmente do amor de Deus. Tenho também a consciência de que devo transmitir esse amor que recebo, devo alimentar a tantos irmãos que padecem dessa inanição. Mas existe uma barreira que atrapalha essa doação de amor, é a forma distorcida de amar como romantismo, como posse de um ser pelo outro. Quando o nível do amor atinge a intimidade do ato sexual, desperta de forma vigorosa essa forma de amar, romântica, possessiva. O monstro do ciúme é despertado e com ele todo um séquito dos seus comparsas: a raiva, o desprezo, o isolamento, a mágoa, o ressentimento, etc.

            Estou aprendendo mais um detalhe importante nessa doação de amor incondicional. Deve ser advertido ao ser que fica em condições de aprofundamento do amor para uma intimidade sexual, que o despertar do romantismo não pode contaminar a natureza do amor incondicional, que é livre, fraterna, solidária com um e com todos! Que se isso não for possível, que o aprofundamento sexual do amor seja contido, contanto que a capacidade de ofertar o amor que recebemos do Pai não seja bloqueado por nenhum argumento, por mais prazer que esses argumentos possam nos trazer.

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em 19/08/2012 às 00h47
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18/08/2012 00h18
SOZINHO COM DEUS

 

            Quem acredita ter um Pai acima e além, muito além do biológico, que apesar de estar nos confins do Universo está sempre presente em nossa consciência e na imanência de cada criação da Natureza, JAMAIS ESTARÁ SOZINHO!

            Posso estar constantemente ocupado com minhas tarefas materiais, posso até esquecer nesse momento da existência do meu Pai, mas logo que algo quer me atingir, quer me fazer sofrer, vem logo a consciência que tenho um Pai e que Ele está ao meu lado. Isso pode ser em qualquer local ou condição, no meu apartamento, no cinema, na caminhada, no banho de mar... e até num restaurante cheio de gente, mas sem ninguém ao meu lado. Caso queira me atingir a sensação melancólica de solidão, chega logo na minha compreensão que estou na companhia de Deus. Posso até entrar no clima da melancolia, mesmo porque eu tenho uma essência melancólica, mas entro nesse clima acompanhado por Deus. Existem técnicas de concentração em Deus, manter a mente focalizada de preferência em local isolado sem a perturbação de objetos externos. É uma forma! Mas eu tenho uma outra maneira de fazer essa sintonia com Deus. Vejo em cada aspecto da Natureza uma obra da Sua criação, desde um por de sol até a exuberância de uma flor e seu perfume, mas o mais importante é a interação com outro ser humano. Vejo em cada um a presença de um irmão, pois é filho do mesmo Pai. Compreendo as suas virtudes e limitações como alunos em gradações diferentes na escola da vida, cada um em busca de aperfeiçoamento. Procuro me aproximar de quem sabe mais amar e assim aprender um pouco mais; também me aproximo de quem não sabe amar, quando isso é permitido e conveniente, para ensinar o que sei da arte de amar. Fazendo isso, mesmo em pensamento, sinto que estou totalmente sintonizado com o Pai, pois é isso mesmo que Ele desejo, que toda sua criação evolua, principalmente os humanos, Sua imagem e semelhança, como nos foi ensinado. Fazendo assim, também não me apego a nada, tudo pertence a Deus e o que tenho comigo é permissão dEle para que eu administra com a maior parcimônia, justiça e equidade. Antes quando eu não tinha essa compreensão o sofrimento me atingia duramente a alma. Hoje, com esta compreensão, a solidão nunca me pega sozinho, pois ao meu lado sempre está o Pai!

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em 18/08/2012 às 00h18
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