Sei que a âncora é um dispositivo fundamental para barcos de qualquer calibre. Serve para os manter estabilizado em algum lugar sem o risco de sair à deriva e se perder pelo mar adentro. Assim também precisa nossa alma de algum elemento que a estabilize no mar da vida e não a deixe vagar ao sabor dos ventos e correntezas. Desde o início de minha educação, venho tentando encontrar essa âncora que me deixe estabilizado e pronto para seguir meus paradigmas quando isso for conveniente. Encontrei os valores da comunidade, da cultura, a ética, a moral, todos são elementos importantes, mas correm o risco de serem violados na sua integridade pelos interesses mesquinhos do homem. Assim a âncora perde o seu valor, o barco corre o risco de entrar na deriva. Encontrei uma âncora mais confiável, mais segura e coerente com os princípios morais universais. Essa âncora foi disponibilizada por um homem há mais de dois mil anos, chamado Jesus o Nazareno e que se dizia ser filho de Deus. Nasceu com humildade entre os animais, mas se mostrou capacitado em discutir com os doutores da Lei em seus templos. Nunca escreveu nada, mas seus discípulos escreveram o que Ele ensinava e testemunharam o que viram dos seus exemplos. Até o fim da sua vida manteve a coerência com o que pregava e numa extrema prova de fidelidade aos desígnios do Pai em sua vida, deixou que o levassem ao sacrifico máximo da crucificação. Dessa forma Ele formatou uma âncora poderosíssima com a qual posso atracar a minha alma frente a qualquer tempestade em minha vida. Agora sei que tenho um Pai amantíssimo que me criou do seio da ignorância, me dotou do livre arbítrio para que eu possa evoluir com o meu próprio esforço e que está sempre disposto a me ajudar nas minhas dificuldades. Tenho o exemplo de Jesus, meu irmão maior, como o representante dessa âncora espiritual a qual posso lançar mão com a fé raciocinada e assim me sinto seguro em qualquer nível de tempestade que me atinja.
A temperança é a virtude que modera a atração pelos prazeres e equilibra o uso dos bens. Procuro exercer a temperança, dar direção aos instintos e manter os desejos dentro daquilo que é honesto. Busco o justo equilíbrio evitando os excessos. Tenho relativo sucesso nesse campo, mas tem um setor sempre me provoca o desequilíbrio e perco a temperança. É na alimentação. Sofro o pecado da gula e tenho que fazer frente a esse adversário com bastante energia, com o jejum. Os cidadãos do Reino do Deus devem ser virtuosos e exercer a temperança em todos os setores. A temperança traz o gosto pela vida, a alegria de viver, pois estarei equilibrado com a natureza. Equilibra as energias que possuo. A temperança exercida com naturalidade irá superar os desequilíbrios que funcionam como destemperos. Sou como o cavaleiro que montado nos desejos e impulsos uso o cabresto, o freio e as rédeas. Sei que ao mantê-lo sob domínio posso viajar sem tropeço ou quedas. Procuro atingir esse nível, de exercer a temperança com naturalidade, pois no momento que a exerço, no caso da alimentação, é sob um regime de força, de não me alimentar com nada, porque ao ingerir a primeira colher perco o controle. É ainda um primarismo selvagem esse tipo de correção e mesmo assim o tempo passa e continua a falta de controle. O ideal seria esse controle ser mantido sem a restrição alimentar, o jejum. Enquanto não atinjo esse nível, ofereço todo esse esforço do jejum ao Pai e peço a Ele a força para que eu possa superar o adversário interno e assim limpar o meu perispírito dessa mancha e ficar dessa forma capacitado para exercer a cidadania no Reino de Deus. Também não deixarei que essa fragilidade no campo da gula, interfira com minha capacidade já reconhecida de temperança em diversas outras áreas, principalmente no uso de drogas, seja lícita ou ilícita, medicamentosa ou recreativa.
Deus me deu a vida e continua a dá proteção e segurança. Também me dá a exortação para assumir uma tarefa, uma missão no contexto da vida. Essa missão surge de um momento para outro, como se de repente tudo ficasse claro na consciência. Meu comportamento passou a ficar diferenciado do padrão cultural quando eu me encontrava leal a um conjunto de pensamentos e limitações dentro da estrutura do casamento. A força do amor incondicional associado ao sentido de liberdade e de justiça levou para que eu levasse ao rompimento com o amor exclusivo, a base do amor romântico que justificou o casamento. Resolvi praticar o amor inclusivo (não-exclusivo) e isso quebrou as bases do romantismo e também das estruturas culturais que me traziam fiel aos critérios do casamento. O casamento deixou de fazer sentido, com todas as limitações que ele fazia ao exercício do amor. Percebi depois com mais clareza, a exortação de Deus para que eu continuasse a praticar esse comportamento com base no amor incondicional e construísse um novo tipo de família, mais solidária e vacinada contra a prática perversa do egoísmo que tanto mal causa à sociedade. Caminho agora à margem da cultura de minha comunidade, mas sintonizado com a vontade do Criador, cuja Lei se encontra em minha consciência e tenho convicção de que a estou cumprindo fielmente, apesar de estar em conflito com as leis culturais. Também sinto que essa exortação que recebo para motivar o meu comportamento para o amor inclusivo, também é aplicado em diversas pessoas na comunidade e que já chegam para o grande púbico na arte, na literatura, no cinema, nas novelas. Também nas comunidades de menor nível sócio-cultural verificamos a aplicação desse comportamento de amor inclusivo, mesmo que seja contaminado por forte egoísmo, com o sentimento de posse, de ciúme... é necessário que essa exortação ao amor inclusivo, incondicional, seja trabalhado de forma acadêmica, racional e mostrar com precisão os benefícios que pode trazer na construção de uma sociedade mais solidária e justa, com base na família ampliada que caminha sua evolução para a família universal.
Preciso esclarecer a luta desses dois gigantes dentro de nossa mente e que chegam a influenciar e decidir o comportamento. O motor que os impulsiona é a necessidade, seja real ou artificial. A necessidade no campo material tem o objetivo de manter e reproduzir os corpos e assim perpetuar a vida ao longo do tempo. A necessidade no campo espiritual diz respeito a destinação de evolução moral do espírito. Essa necessidade assim dicotomizada, surge na mente como desejo e vai direcionar a vontade para que seja ou não realizado os comportamentos. Nascemos com as necessidades profunda de alimentação e proteção, sob pena de não sobrevivermos se não cumprir. Com a educação aprendi que devo manter sob controle os desejos que não são convenientes, que são perversos, egoístas ao extremo. Os desejos surgem continuamente e clamam por satisfação, por atender a necessidade, qualquer que seja ela. Mas devo preponderar a vontade daquilo que é necessário para a minha sobrevivência e que não prejudique terceiros.
A mente é uma condição abstrata proveniente das funções cerebrais, mas originada nas funções espirituais. Isso quer dizer que o espírito é quem determina os pensamentos que se expressam na mente, mas que para isso surgir na consciência, no campo material, é necessário que haja a integridade da biologia cerebral, que os neurônios dispostos em seus diversos núcleos e vias estejam íntegros. Existem também dois outros fatores que devem ser considerados: os interesses da matéria, do ser vivo, mortal, da biologia e por outro lado os interesses do espírito, do ser imaterial e eterno. Os interesses da matéria são expressos na consciência, na mente, através dos instintos; os interesses do espírito, do ser eterno, é expresso na consciência através da Lei de Deus, da evolução moral. A mente que é o campo onde se digladiam esses fatores, pode estar associado a um ou a outro. Caso a mente esteja sintonizada com os interesses materiais, podemos dizer que ela atua negativamente com relação aos interesses do espírito. O espírito sem capacidade de controlar a mente para que resista aos impulsos biológicos que não tem interesse na evolução, pode considerar conviver com um inimigo e assim arruína sua vida quanto a sua missão espiritual, que é o seu projeto na eternidade. Enquanto a mente continuar associada aos interesses da biologia/matéria, ela continuará como um inimigo imbatível, ela terá sempre de servir aos ditames da luxúria, ira, avareza, ilusão, ciúme, inveja, etc. Quando conseguimos vencer no campo mental os impulsos dos instintos, passa a prevalecer os interesses do espírito que é obedecer e seguir os interesses de Deus que estão depositados em nossos corações e que cada um pode colocá-los para funcionar. Tenho o maior empenho em procurar fazer a triagem mental cotidianamente do que se apresenta em minha consciência, no meu campo mental, se é algo que atende aos meus instintos ou a vontade de Deus. Sei que minha mente começa a se tornar minha amiga, já corrigi diversos sentimentos que não tinham nada a ver com a vontade do Pai, e sim com a minha em particular.