Quando algo acontece e interrompe algo prazeroso que iríamos fazer ou receber, vem logo a frustração. Em decorrência disso podemos ter raiva, paciência, compreensão, impaciência, enfim uma série de variáveis. Depende do nosso grau evolutivo escolhermos a variável mais conveniente para nossa qualidade de vida. Para fazer essa escolha de forma positiva é importante a compreensão de que tudo pertence a Deus, que não somos mais de que uma das suas criaturas, colocadas no espaço e tempo que Ele determinou e que temos uma missão a cumprir de acordo com nossa vontade e a dEle. É a nossa vontade que vai direcionar o nosso comportamento na direção que queremos, usando todos os recursos que Deus nos proporciona. Então, se algo acontece e frustra os nossos planos, é porque Deus permitiu e muitas vezes provocou para testar ou aprimorar o nosso aperfeiçoamento espiritual. Afinal, os desejos da carne, os interesses do mundo material, não são os nossos objetivos nessa vida. Tudo isso pode acontecer e até nos trazer alegria, mas sempre lembrando de que tudo deve ser feito para atender os planos do Senhor, que podem muito bem ser diferentes dos nossos naquela ocasião, os motivos da frustração. Com essa consciência, a raiva não se instala. Recebemos bem a frustração e procuramos com curiosidade saber o que ela quer nos ensinar ou testar.
Decidi que seria caridoso. Não iria mais ver o irmão que estende mão para mim como um preguiçoso, um viciado, um explorado ou um explorador. Poderia até ser tudo isso, mas eu faria a minha parte enquanto um seu irmão que o que pode fazer na ocasião é dar uma moeda, é dar uma palavra, um pedaço de pão. É mais fácil dar a moeda ou o pedaço de pão. Basta estender a mão, posso nem mesmo olhar para a pessoa. Sinto no coração e leio nos livros, nas mensagens dos avatares, que a palavra, o compartilhar a dor do outro é a maior forma de caridade. Mas aí reside a dificuldade. Não encontro palavras para abordar o outro de forma caridosa, tudo parece tão forçado e artificial. A motivação deve partir do coração, e não da minha racionalização, mas porque o meu coração é tão duro, inflexível? A minha mente não aceita como positivo o exercício pleno da caridade? Então porque minha inteligência não encontra os caminhos para vencer esse bloqueio? Tenho a impressão que fazendo a caridade integral, obedecendo completamente as instruções dos avatares, eu me transportarei desse mundo material para o espiritual, estarei divorciado por completo das ligações que me atam aos interesses mundanos. Isso é apavorante! Tudo que fiz até hoje deixará de ter sentido, os bens materiais, os títulos acadêmicos, o status social, tudo se transformará! Será esse o meu medo? Será realmente a caridade a porta de entrada para outra dimensão? Ficarei mais perto de Deus dessa forma? Mas não é isso que desejo? Então, por que vacilo tanto? Será isso outra manifestação da covardia em minha vida? Não tenho resposta firme até esse ponto. Sei apenas da importância da caridade e que já dei um pequeno passo nessa direção, mesmo que seja com uma caridade capenga.
Li um provérbio chinês que dizia o seguinte:
“Se você quer um ano de prosperidade, cultive trigo; se voce quer 10 anos de prosperidade, cultive árvores; se você quer 100 anos de prosperidade, cultive pessoas.”
Há muita sabedoria nesse provérbio. As pessoas são os seres mais importantes que se relacionam conosco. Portanto é importante e prioritário saber cultivá-las. Mas como fazer isso? O adubo mais importante Jesus nos ensinou: amar a cada uma delas, independente de quem seja, como se fosse a nós mesmo. Sei que existem dificuldades, há pessoas que por mais que queiramos amar, por motivos diferentes dos nossos, elas não se permitem a isso, não deixa que o nosso amor chegue até elas. Levantam uma barreira poderosa ao nosso afeto, às vezes chegam a nos agredir de forma dolorosa. Mais uma vez as lições de Jesus são de grande utilidade. Quando essas agressões nos atingirem, quando nosso comportamento é sempre no sentido de amar, quando percebemos a injustiça do que estamos sofrendo, podemos levantar o escudo do perdão para nos proteger, avaliar as razões que existem para aquela pessoa agir de forma tão perversa com nossos sentimentos, e manter a conduta amorosa até o limite de nossas forças. Jamais agir ou nem menos pensar em agir da mesma forma, com ódio, com agressividade. Nossas armas enquanto discípulos de Jesus sempre deverá ser o amor, o perdão, a tolerância, a solidariedade, a compreensão, a justiça... com este arsenal não temerei nenhuma represália que venha de qualquer lugar, de qualquer pessoa, e sempre estarei disposto a dar a flor apesar de receber os espinhos.
Esta é a melhor forma de cultivar pessoas de qualquer forma de pensar e agir. Aquelas que recebem os benéficos do bem estão sendo cultivadas no coração e existem até aquelas que sintonizam com mais profundidade conosco e podem se tornar nossas companheiras pela estrada da vida.
Ainda lembrando a Fraqueza de Caráter que demonstrei na festa de aniversário de minha amiga, chego a conclusão que o fator que venceu naquele momento foi a covardia. Essa é uma adversária do nosso crescimento espiritual e que devemos vencer para mudar nosso padrão vibratório. Mas isso também serviu de lição para que eu desenvolva a humildade um pouco melhor da que eu possuo. Isso mostra que eu não tenho ainda o grau de perfeição imaginada. Também serve para que eu compreenda com mais simpatia as dificuldades de quem passa por dilema semelhante.
Tenho um colega que participa semanalmente de uma reunião de cunho evangélico que fazemos com os dependentes químicos. Acontece que fui informado que ele faz uso de bebidas alcoólicas de forma abusiva e que também é caracterizado como dependente. Acontece que ele é um dos melhores verbos a falar sobre o mal da dependência na vida de cada um. No entanto, ele nunca disse nada a respeito do seu próprio problema e abrir a questão para o grupo, como todos costumam fazer. Eu tive essa informação como um segredo e agora não posso divulgar ou pressioná-lo no sentido de se revelar também. Costumava fazer críticas ao lado de pessoas que como eu conheciam a situação e não entendiam porque ele não falava sobre a usa própria dependência. Agora experimentei da mesma covardia, também deixei de fazer uma ação com medo de alguma coisa. Mas também aprendi uma coisa que tem me servido muito. Esses monstros internos que possuem tanta força no direcionamento de nosso comportamento perdem muito das suas energias quando são descobertos e colocados á luz do dia, ao conhecimento de outras pessoas. Espero que a colocação dessa experiência neste blog, que está aberto para o mundo, sirva para que eu atinja esse objetivo, de diminuir a força da minha covardia.
O caráter é uma característica que nos identifica diante da sociedade, diante da vida. É formado por diversos aspectos de nossa personalidade a qual é construída ao longo de nossa vida e que se adapta as diversas situações que podemos encontrar pelo caminho. Tanto o caráter quanto a personalidade, possuem uma certa flexibilidade de acordo com os conhecimentos que vamos obtendo e descobrindo formas de agir tanto para evitar erros quanto para corrigir os que cometemos. Assim, se nossa consciência percebe os caminhos mais favoráveis da vida, aciona a vontade para fazer com que o comportamento executado imprima uma personalidade e caráter mais adequado ao que queremos.
A minha característica marcante, que exprime minha personalidade, é a curiosidade, a busca do desconhecido, a procura pela verdade. Nesse ponto a ciência é a minha principal aliada e tanto é verdade que direcionei minha vida durante a maior parte do tempo em busca desse objetivo. O caminho mais eficaz para isso é na carreira acadêmica. Fiz meu curso de graduação e pós-graduação, especialidade, mestrado, doutorado, tudo em busca de descobrir coisas novas, situações, conceitos, intervenções, etc. Nessa busca constante terminei por encontrar evidências de um mundo espiritual o qual eu não tinha encontrado até o momento. Percebi a sua dimensão, sua importância e a sua posição hierárquica na vida. Percebi que a minha ferramenta científica não tinha como dominar esse mundo espiritual assim como procura dominar o mundo material, com todos os seus instrumentos de pesquisa, observação e precisão. No mundo espiritual prevalece o poder da lógica, da razão para entender a verdade que ele encerra. Outro problema é a aplicação dos seus princípios, pois muitos deles são incompatíveis ou inconvenientes com os interesses que regem o mundo material.
Foi ai que percebi a fraqueza do meu caráter, nessa circunstância de mudança da hierarquia dos mundos, de privilegiar agora mais o espiritual de que o material. Em reuniões sociais entre amigos e familiares temos condições de mostrar o nosso caráter até em maior profundidade. No último domingo participei de um aniversário de pessoa amiga. Todos brincavam, bebiam e comiam. Percebi que no final, pouca gente restava na festa, eu teria oportunidade de aplicar uma ação de cunho espiritual com os presentes. Sei que seria aceito por meu anfitrião cuja esposa aniversariava. Mas temia que o resto das pessoas se incomodassem e percebessem nessa ação uma interrupção a sua forma de brincar. Eu sabia dos bons resultados que essa ação teria, pois no aniversário da minha irmã eu a apliquei e foi positivo, não atrapalhou a festa, pelo contrário, trouxe para nós mais harmonia. Mas agora eu não tive coragem! O meu caráter ainda em processo de consolidação para o mundo espiritual, não conseguiu arranjar forças para vencer o medo da censura que eu poderia sofrer. E minha consciência estava convicta de que o pensamento estava correto, eu deveria aplicar uma ação espiritual naquela festa exclusivamente material, pois eu não me considero o Monitor de Jesus? Não me considero o filho de Deus que quer seguir os passos do irmão maior, Jesus, no estabelecimento do Reino de Amor na terra material? Então, numa prova dessa tão pequena, eu falhei desastrosamente.
Fico agora a pensar no sucedido, reconhecer minha fraqueza de caráter e pedir a Deus as forças necessárias para que eu possa em outra ocasião ser digno daquilo que Ele me confiou: a missão de trabalhar pelo seu Reino.