Este é o terceiro dia de jejum, o dia está acabando e considero que venci a meta que havia proposta. Considero que não foi nem tão difícil assim. Três dias sem alimentação regular e estou aqui sem nenhuma alteração perceptível em minha fisiologia. Não sinto fome. Porem quando coloco a minha imaginação na lembrança ou possibilidade de comer algum tipo de comida, então sinto o apetite surgir. Tenho que voltar a atenção para o propósito do jejum e logo o apetite também desaparece.
Recebi uma advertência de uma amiga que leu este blog, que o jejum devia se estender para todo tipo de pecado, não só evitar o alimento, mas sim todo tipo de carne, que devemos nos abster do pecado também. Acredito que ela tenha querido me advertir quanto o pecado do sexo irresponsável, libidinoso, libertino. Respondi que considero que esses aspectos também estão incluídos no jejum que faço, pois mesmo sem estar fazendo o jejum de alimentos, eu já procuro fazer abstinência de todos esses aspectos. Sei que nosso corpo tem suas necessidades e procuro cumpri-las da melhor forma possível, isto é, dentro dos limites da normalidade. Pecado é todo excesso que praticamos, todos atos que levam prejuízo a mim ou a terceiros. E quanto a isso procuro os evitar dentro ou não de regimes, jejuns.
Falhei domingo em iniciar o jejum como forma de compensar o exagero de alimentação que fiz no sábado, dia 20. Terminei por não querer ofuscar a harmonia do encontro familiar, onde a alimentação é um ponto forte. Transferi o propósito de iniciar os três dias de jejum a partir de ontem. Permiti apenas a ingestão de líquidos, suco de laranja e dindins. Quando fui pegar Adriana na escola, ela estava comendo umas bolotinhas de chocolate e me ofereceu. Peguei três, sem perceber, e comi na hora. Depois foi que fui avaliar a situação e vi que poderia ter evitado. Mas como foram somente três pequenas bolotas, considerei que não foi quebrado o meu propósito. A noite na janta tomei apenas um copo de laranja, sem nenhum acompanhamento. Ao chegar em casa fiquei tentado em ir à geladeira ou pegar castanhas. Resisti as duas tentações peguei apena dindins. Bem, venci o primeiro dia. Acredito que poderei vencer o segundo.
Fiz a promessa de não comer ontem e iniciar um jejum de três dias. Necessitava corrigir o exagero do dia anterior. Falei para todos que estavam ao meu redor e logo veio a reação na forma de tentações. Minha irmã mostrava o peixe que havia trazido e perguntava se eu iria resistir de não comer pelo menos um pouco do que trouxe. Reconheço que sem grane resistência, lá estava eu a aceitar o convite de comer um pouquinho com eles, mesmo sabendo que ao começar a comer eu não teria esse controle. Não comi exagerado como na noite anterior, mas não fiz nenhum esforço para limitar a alimentação. O que estava limitado era o comportamento de meus parentes, pois todos tinham também exagerado. Só que eu, devido o grau de minha espiritualização e da minha vontade, devia estar no controle mais eficaz da situação. São essas situações que mostram o quanto somos frágeis frente as exigências que o nosso corpo faz ao espírito. Hoje voltarei às minhas atividades com a consciência de que o compromisso de fazer o jejum de pelo menos três dias é crucial para determinar o grau de meu controle sobre as necessidades instintivas do corpo. Terei que vencer o desejo do meu corpo e também as opiniões e tentações de terceiros.
Mesmo que tenhamos toda a liberdade para conduzir a nossa vida, mesmo assim em algum aspecto temos que obedecer a limites. Sei que tenho um bom nível de liberdade, mas sei também que devo respeitar muitos limites de aceite consciencial. São geralmente limites que dizem respeito aos desejos do corpo. São desejos que cumprem até uma função necessária à manutenção da minha vida, mas que devem ser podados para não entrar nos excessos e passar a prejudicar o próximo ou a mim mesmo. Um desses limites diz respeito ao meu corpo, à minha alimentação. Sei que devo me alimentar diariamente de forma suficiente a manter a estabilidade e salubridade do meu corpo. Sei que o ato de alimentação traz o sentimento do prazer, uma espécie de pagamento que a Natureza me proporciona para que eu realize com motivação esse ato necessário a sobrevivência. Devido a esse prazer existe a tendência de nos alimentarmos mais do que o necessário, gerando depósitos de gordura desnecessários, obesidade e uma condição insalubre. Ontem rompi este limite. Fui jantar na casa do meu irmão e como sempre a mesa é farta e apetitosa. Comi diversas vezes e em grande quantidade. Sai de lá sem conseguir mais beber a água que eu precisava para matar a sede. Ao chegar em casa não conseguia deitar na cama para dormir. Logo que eu fazia isso, a alimentação entupida no estomago e demais câmaras digestivas forçava a saída, uma condição chamada de regurgitação esofágica. Fiquei grande parte da noite em pé ou sentado, esperando que a comida tomasse o seu trânsito e aliviasse a pressão. Fiquei a meditar o grau de ultrapassagem que fiz nos meus limites. Isso merece que eu me esforce para fazer o contraponto, ficar no mínimo três dias de jejum e aliviar toda a carga, tanto no trânsito intestinal, como em todo o resto do organismo. Isso me levará a paz da consciência que hoje me acusa de ter quebrado os limites, de não ter tido força para resistir ao desejo inadequado de comer em demasia.
A nossa tendência é fazer amizade com quantos chegam próximos de nós. A discordância de pensamentos, sentimentos e ações são aspectos que provocam o afastamento e dificulta o desenvolvimento da amizade. Este é o plano geral no desenvolvimento dos relacionamentos. A partir dele existe uma infinidade de possibilidades de desenvolvimento da amizade ou não. O mais interessante é o que se realiza nos contatos entre homens e mulheres, na relação de gênero e que leva à formação do par. O processo é o mesmo. Inicia com a amizade, amor e pode chegar até a paixão. Surge o interesse de formação do par, é feita a ligação social com todos os atributos legais de formação da família dentro da cultura que vivemos. Acontece que duas pessoas nunca são iguais e para que o relacionamento persista no tempo, é necessário que exista uma boa dose de tolerância. Quando é insuficiente o casal tende à separação e o pior a relação de amizade se perde, aparece a relação de raiva, até de ódio. O segredo então é prevenir essa situação fortalecendo a tolerância o máximo que seja possível e também desenvolver a compreensão de nossas diferenças intrínsecas, que não somos capazes de mudar, e que caso se torne inviável a convivência, que seja feito a separação sem perda da amizade. Tenho sempre esse cuidado nos meus relacionamentos, mas a recíproca não é verdadeira. Quando minhas companheiras percebem que não é possível mais a nossa convivência como elas desejam, acabam o relacionamento e também a amizade. Eu tenho a disposição de continuar a amizade, mesmo porque entendo que o amor é eterno e se ele realmente existiu alguma vez jamais morrerá. Fico então com outra preocupação. Se acontece isso com minhas parceiras, então é porque o amor que elas diziam ter, não é realmente o amor puro. Deve ser uma forma de amor contaminado com algum outro sentimento, que o deixa fraco e qualquer frustração já o está dissolvendo e atraindo para o seu lugar a raiva. Mas mesmo eu sendo vítima dessas circunstâncias com minhas parceiras, jamais deixarei de amar com toda a pureza do meu coração, desenvolverei o máximo de tolerância, de capacidade de perdoar, e caso seja abandonado como até agora sempre fui, não deixarei de amar, de ser amigo até o fim.