Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
18/01/2025 00h01
DUELO: DIABO X JESUS

            O episódio da tentação no deserto é o maior drama que já se desenrolou no cenário cósmico da humanidade.



            É indiferente decidirmos se esse drama teve uma projeção externa, no plano objetivo do mundo material, ou se se realizou simplesmente no mundo interno, na Cidade da Alma Humana do Cristo. Isso porque, esse mundo interno é infinitamente mais real do que todos os mundos externos.



            A projeção desse drama interno entre Lúcifer e Lógus no cenário externo nada de real acrescentaria ao fato, assim como as sombras projetadas por um corpo não adicionam novo elemento à realidade desse corpo. O Real é o simbolizado, o pseudo-real é o símbolo.



            O certo é que entraram em conflito em Jesus, como entram em conflito na alma de cada um de seus discípulos, as duas maiores potências sobre a face da Terra: o intelecto e a razão, diabo e Jesus, o egoísmo e o amor.



            Esse é o problema central da humanidade, de todos os seres conscientes e livres. Trata-se do problema máximo de decidir em que consiste a redenção do homem: se o homem pode redimir-se a si mesmo pela luz da sua inteligência humana, idealizando movimentos revolucionários, ou se deve ser redimido pelo poder divino do Criador, pelo Cristo (Alma Humana impecável) que nele habita.



            Através de três estágios, dramaticamente descritos pelo Evangelho, se desenrola esse duelo entre o Diabo do Intelecto Egoísta e o Cristo da Razão Espiritual.



            O Intelecto satanizado está convencido de que a redenção consiste unicamente na potencialização máxima das luzes e forças intelectuais, que o homem pode redimir-se a si mesmo pela ciência e técnica elevadas ao mais alto grau, a ponto de isentarem o homem de todos os males e cumularem-no de todos os prazeres da vida terrestre. Redenção é, para o intelecto, essencial e unicamente, uma questão de bem-estar no aqui e agora, sem nenhuma relação com um possível mundo no além.



            “Se tu és filho de Deus”, diz cautelosamente o Intelecto satanizado à Razão crística, “manda que estas pedras se convertam em pão”.



            Redenção, segundo a filosofia intelectualista, consiste no conforto máximo da vida material. Se o homem chegar a conquistar o maravilhoso poder de converter pedras em pão, sem nenhum esforço físico, mas tão somente pelo poder mágico das forças mentais, é ele um redento e pode ser um redentor para seus semelhantes, irredentos, ensinando-lhes a magia de crear o conforto universal da vida terrestre, a plenitude do estômago, a plena satisfação dos sentidos. Eis o que para o Intelecto divorciado da Razão é a redenção do homem.



            “Nem só de pão vive o homem”, replica o Lógus, “mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Nem só de matéria física, mas também de energias espirituais vive o homem, porquanto a essência de todas as coisas é espírito. A matéria é apenas um derivado do espírito. O espírito causa, a matéria é causada.



            O homem no seu estágio de filho pródigo e pastor de suínos, julgava poder fartar-se com as grosseiras vagens que os porcos comiam, mas verificou que era ilusão, que nem só de alimento material ele podia viver, e foi em busca da iguaria espiritual.



            O Diabo tentador pretende convencer Jesus de que isto é que é ser “filho de Deus”, viver com fartura nesse horizontalismo material.



            Derrotado nesse terreno primitivo do materialismo, o Intelecto diabólico muda de tática e passa a tentar a Razão crística com a miragem da magia mental, sugerindo a Jesus a ideia de se jogar do alto do pináculo do templo ao átrio do santuário, à vista de grande multidão de devotos, a fim de ser por eles aplaudido como um herói descido do céu e miraculosamente preservado ileso. Essa acrobacia de magia mental a serviço da vaidade pessoal, é que o Diabo tentador considera como redenção.



            Jesus replica com a escritura, que “não deve ser tentado o Senhor”; não aceita esse outro conceito de redenção que não passa de outra forma de egoísmo, a tentação do orgulho e vaidade.



            Derrotado nas duas investidas, passa o Intelecto luciferino à terceira e mais alta esfera dos seus domínios. Tenta o Cristo com a suprema fascinação da ambição, do  poder político, da inebriante ânsia da autoridade sobre “todos os reinos do mundo e sua glória”. Afirma o tentador que tudo isto é dele e que ele dá a quem entende. Afirmação essa perfeitamente exata quando se sabe que é a Inteligência que está falando, ela, que de fato tudo criou, todas as maravilhas da ciência e técnica, e, não raro, as oferece como preço da apostasia do Cristo e da deificação de Lúcifer.



            Nestas alturas, o tentador põe uma condição precisa e definida, que revela a sua íntima natureza: “Tudo isto te darei se, prostrando-te em terra, me adorares”. O Intelecto satanizado vive eternamente obcecado pela ideia de ser ele Deus, a suprema e última realidade do Universo. O seu credo é “Eu sou o senhor meu deus, e não terás deuses alheios ao lado de mim”.



            É este o pecado dos pecados, o pecado supremo e máximo: a auto deificação do Intelecto, a audácia satânica de querer usurpar o trono da Divindade e “sentar-se no templo de Deus como sendo Deus”.



            O Intelecto exige que a Razão o adore!



            Lúcifer não reconhece o Cristo como seu senhor e soberano. Exige dele que se prostre em terra, que se reduza a adorador da Inteligência anti crística e antidivina!



            “Vai para trás, Satã!” – é a resposta categórica de Jesus – “porque está escrito: só a Deus adorarás, e só a ele servirás!”.



            A razão divina do Cristo dá ordem ao Intelecto do Diabo para se submeter, ocupar o lugar que lhe compete, não na vanguarda do espírito, mas na retaguarda, não como mandante, mas como servente.



            O Diabo não atendeu ao convite do Cristo de se tornar discípulo dele. Outras inteligências, porém, apareceram no cenário, os “anjos”, e executaram a ordem, servindo a Jesus, consoante a reta ordem das coisas.



            O tentador, como podemos ver ainda hoje, continua na sua impenitência anti crística, procurando redenção pelo egoísmo aureolado de todos os fulgores da inteligência. E os seus sequazes são legião, aqui na Terra e talvez em outros mundos.



            Esta é a missão do Cristo, habilitado com sua vitória sobre o tentador luciferino, mostrar o Caminho onde a Inteligência humana possa se associas às Inteligências angélicas e, espontaneamente, servir ao divino Lógus. Assim, a cidade da Alma Humana será libertada do jugo diabólico, e despontará sobre a face da Terra o reino da Verdade, da Paz e da Felicidade...


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em 18/01/2025 às 00h01
 
17/01/2025 00h01
LIBERTAÇÃO DO HOMEM

            O trabalho que Jesus iria iniciar após os 40 dias e 40 noites passados no deserto, era de redenção, de libertação da alma humana. Em que consistia iniciar publicamente essa obra redentora? Como se realiza?



            Redimir quer dizer resgatar, libertar. De que modo Jesus iria redimir a humanidade? De que iria Ele libertar o homem?



            Libertar da mentalidade egoísta dominada pelo Diabo, o adversário antiespiritual de Deus, que se apoderou do Seu Templo na cidade da Alma Humana, que antes fora criado consciente do Pai e livre na sua natureza humana angelical.



            A fim de libertar o homem desse Diabo vingativo e seus asseclas, era preciso reverter o processo de satanização que a Alma Humana sofreu com indução mentirosa da importância de desobedecer ao Criador. Da mesma forma que a Alma Humana foi satanizada pela inteligência associada a Lúcifer (portador da Luz) e aos sentidos, também pode des-satanizar-se conforme o uso ou abuso da sua liberdade, do seu livre arbítrio.



            A parte físico-mental do homem, o seu ego sensorial e intelectivo é essencialmente egoísta, construído na evolução da natureza animal, e, portanto, pecador. O que peca não é a alma humana, essa cidade de Deus criada pelo Seu sopro divino, mas sim a inteligência associada aos sentidos que querem preservar o corpo.



            Por isso, o trabalho de libertação da Alma Humana que Jesus tinha como missão era o de evocar os poderes superiores criados por Deus dentro da cidade divina criada como alma eterna para gerenciar cada corpo humano efêmero.



            Das profundezas do corpo humano, no centro da cidadela da Alma, uma força maior que esse egoísmo, um poder capaz de esmagar a cabeça da serpente, segundo está escrito no livro de Gênesis, na Bíblia. Era preciso erguer às alturas da luz da Verdade essa serpente mentirosa, falsa, que infligia mordeduras fingidas e mortíferas ao homem que tinha sua Alma dominada.



            Quando essa mesma serpente rastejante, falsa e mortífera fosse sublimada às alturas pelo espírito crístico, nasceria vida e saúde mais fortalecida do que antes, pois a Alma Humana estaria suplantando as trevas da Mentira seguindo o Caminho da Verdade ensinada pelo Cristo.



            Jesus estava disposto a mostrar à humanidade o Caminho da redenção, isto é, a abolição do egoísmo físico-mental creado pelo Diabo intelectual e mentiroso, e a proclamação do amor universal, baseado na razão espiritual do Cristo interno (cidade da Alma Humana pura creada por Deus).



            Em Jesus, esse Cristo (Alma Humana sem pecados) estava plenamente acordado e cônscio da sua identidade com o Pai, ao passo que nos outros homens esse Cristo continuava a dormir o sono da ignorância e do aparente dualismo separatista entre Deus criador e homem criatura, tudo isso causado pela tentação sofrida que deixou o homem acorrentado as mentiras funestas do Diabo.



            Foi nesse momento no deserto que Jesus enfrenta o Diabo. Estabelece-se a grande tentação ou tensão, entre as duas maiores potências sobre a face da Terra: o intelecto e a inteligência de Lúcifer versus o Lógus da razão (enunciação encarnada de Deus). Diabo, o anticristo em conflito com o Cristo.



            E até o presente dia não foi resolvida essa tensão no planeta. As relações entre o Lúcifer do intelecto e o Lógus da razão continuam tensas, e até hoje o Diabo está levando vantagem sobre o Cristo. A humanidade continua a guiar-se antes pelo intelecto egoísta do que pela razão altruísta. Nada de redenção!...


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em 17/01/2025 às 00h01
 
16/01/2025 00h01
A MISSÃO DE JESUS

            Todos nós, espíritos, temos uma missão aqui na Terra, apesar de muitos ainda não despertaram para essa meta espiritual e viverem pelos instintos, como animais brutos.

            Lucas resume em seu Evangelho os dezoito anos que não são citados nos demais evangelhos: “Foi crescendo em sabedoria e graça perante Deus e os homens”.

            Os nazarenos o viam todos os dias e estranham sua sabedoria superior, pois, se nem frequentava escola... aos 30 anos começa a revelar-se como um profeta e iniciado.

            Quem o iniciou nos mistérios do Reino dos Céus? Quem foi o seu guru?

            É provável que nesses 18 anos de silêncio nas montanhas da Galiléia o jovem carpinteiro tenha realizado sua auto iniciação. A profissão de seu ego humano era de carpinteiro, mas a vocação do seu Eu divino era outra. Certamente, o Verbo não se fizera carne para ser carpinteiro, mas para realizar alguma missão cósmica aqui na Terra.

            A Sua missão era de retirar o homem de sua barbárie animal, mostrando o Caminho da Verdade que conduz à Vida eterna na sintonia com o Divino. Para se capacitar, Jesus teve que evoluir tanto na pessoa humana, como também no Eu divino.

            Cristo é Deus, mas não é a divindade. Ele mesmo insiste nessa diferença entre o Cristo-Deus e o Pai-Divindade: “Eu e o Pai somos um, mas o Pai é maior do que eu”. A Divindade é maior que Deus.

            Paulo de Tarso afirma que o Cristo é o “primogênito de todas as creaturas”, e toda creatura está sob a lei da evolução. Por isso Ele afirmava que nós também somos “deuses” e que podemos seguir o Caminho que Ele ensinou até a sintonia com a Divindade.

            A encarnação do Cristo cósmico na pessoa humana de Jesus de Nazaré não visava apenas à sublimação máxima de uma creatura humana, mas também a evolução do próprio Cristo, que estava na glória de Deus, mas obedeceu ao Pai, se esvaziando dos esplendores da Divindade e se revestiu de forma humana, aparecendo por fora como homem, servo, vítima e crucificado. E por isso a Divindade O exaltou e lhe deu um nome que está acima de todos os nomes.

            A voluntária infra-cristificação aparente produziu uma super-cristificação verdadeira. Essa ação voluntária rumo às profundezas produziu uma subida às alturas, o Cristo pré-encarnado se tornou um super-Cristo pós-encarnado.

            Este é o grande paradoxo do mundo superior: quando o homem sacrifica voluntariamente a sua liberdade e se escraviza por amor, então eleva ele até o máximo a sua liberdade. O homem é plenamente livre só depois de se tornar voluntariamente escravo – por amor.

            Se o Cristo fosse a Divindade, não teria sido possível essa evolução. Mas, como o Cristo é Deus, o primogênito de todas as creaturas, nada há de paradoxal nessa evolução.

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em 16/01/2025 às 00h01
 
15/01/2025 00h01
NASCER DE NOVO

            A principal tarefa do discípulo de Jesus é reproduzir os ensinamentos que fizeram a nossa conversão, saindo do meio dos animais, egoístas selvagens, reconhecendo o Pai divino e procurando fazer a Sua vontade, que é a de trazer os irmãos perdidos na ignorância, no emaranhado das mentiras e falsas narrativas, para o Caminho da Verdade.



            Observamos no encontro do Mestre com Nicodemos, um venerando rabino da sinagoga de Israel, esta lição que leva à transformação individual.



            Nicodemos estava impressionado com os prodígios que Jesus realizava no meio do povo, e abre sua conversa da seguinte forma: - Mestre, nós sabemos que vieste da parte de Deus para ensinar, porque ninguém pode fazer os prodígios que tu fazes a não ser que Deus esteja com ele.



            Nicodemos se mostra como discípulo, mesmo ele sendo mestre em Israel, e Jesus não era rabino como ele. Mesmo assim, ele se senta humildemente como discípulo aos pés de um verdadeiro Mestre, que talvez tivesse a metade de sua idade.



            Mas, apesar dessa humildade, o pensamento de Nicodemos se move ainda no plano horizontal do “fazer algo”. Parece nada saber do conhecimento vertical do “ser alguém”. Prodígios, milagres, fenômenos – é isto que impressiona Nicodemos, como impressiona todos nós que somos dominados pelo ego, mesmo os de boa vontade: fazer algo, dizer algo, ter algo...



            Jesus, porém, não reage com uma só palavra a essa mania fenomenológica do visitante. Silenciosamente, passa a conversa para outra dimensão. E inicia a sua resposta com um duplo “amen”, como todas as vezes que procura dar grande ênfase às suas palavras – “Em verdade, em verdade (amen, amen) te digo: quem não nascer de novo pelo espírito não pode ver o reino de Deus”.



            Nascer de novo? Nicodemos acha tão impossível esse processo de renascimento que reage com uma pergunta meio pilhérica: - “Como pode um homem nascer de novo, quando é velho? Será que pode outra vez entrar no ventre de sua mãe e tornar a nascer?”.



            Certamente, Nicodemos só pensa em renascimento material, numa reencarnação física. Jesus não nega a possibilidade desse fato, mas não está interessado em fatos, e sim em valores. Da mesma forma que Einstein escreveu séculos mais tarde: “Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores, porque estes vêm de outra região”. Que aconteceria se o homem reencarnasse fisicamente 100 ou mais vezes? Seria apenas um acontecimento objetivo, produzido por outras pessoas, mas não seria uma creação de valores subjetivos, única condição válida para ver o reino de Deus.



            Fatos físicos não interessam a Jesus, somente valores metafísicos. O reino de Deus não é algo que acontece ao homem por obra e mercê de terceiros, é algo que ele mesmo produz dentro de si, pelo poder do livre-arbítrio, pela íntima substância do seu ser, e não é algo que lhe aconteça pelas circunstâncias da natureza ou dos outros homens. O reino de Deus é uma autêntica creação do Eu espiritual, e não uma fortuita produção de egos alheios.



            Mas, Nicodemos está confuso. Mergulha num longo silêncio, meditando, afagando pensativamente a sua barba branca e por fim murmura: - Como pode ser isto?”...



            Responde-lhe Jesus: - “Como? Tu és mestre em Israel e ignoras isto?”.



            Fica na pergunta que Jesus faz o que vai no seu íntimo, sem querer ofender ao idoso Nicodemos... Que é que um mestre espiritual deve ensinar senão o caminho para esse nascimento espiritual? E como pode ele mostrar o caminho aos outros, se ele mesmo ignora? E Jesus repete, com grande ênfase o que dissera, acrescentando mais uma palavrinha: - “Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer pela água e pelo espírito não pode entrar no reino de Deus”.



            Este binômio água-espírito que Jesus reforça é mais complexo. Pode ser entendido como o batismo feito pela água como uma fórmula sacramental. Mas, a água é o líquido que envolve o corpo do nascituro que relaciona as palavras do Mestre com um renascimento físico. Na Grécia antiga a água era considerada como a matéria-prima de todos os elementos físicos, que constituem o mundo e o nosso corpo. E o homem é bipolar, alma e corpo. O renascimento pela água e pelo espírito significa o renascimento do homem total, a transformação do seu Eu espiritual e do seu ego material.



            Essa transformação não pode ser operada por agentes externos ao ser individual, mas por sua própria individualidade, pela onipotência do seu livre-arbítrio, pelo despertamento da centelha divina que está dentro de nós.



            Esse despertamento não depende da matéria, mas sim do espírito. Quer o homem tenha um corpo material ou não, o seu livre arbítrio pode realizar esse renascimento “pela água e pelo espírito”, aqui na Terra ou em qualquer outra morada da casa do Pai.



            Enquanto Jesus e Nicodemos estavam num profundo silêncio, sentados na varanda da casa, passou uma ligeira brisa pelas folhas de uma palmeira em frente à varanda se ouvindo ligeiro sussurro. Jesus, contemplando a árvore, disse, vagarosamente: - O sopro sopra onde quer, bem lhe ouves a voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim, também acontece com todo homem que nasceu pelo espírito”.



            Jesus se refere ao sopro ou vento material que agita as folhas da palmeira e produz ligeiro ruído. Vê-se o movimento, e ouve-se o ruído, mas não se percebe a causa invisível desses efeitos visíveis. Quer mostrar que a causa do nascimento espiritual do homem é tão misteriosa como a do movimento e do ruído da palmeira. Ninguém sabe da origem desse renascimento, nem sabe o seu fim. Ninguém sabe por que um homem renasce pelo espírito, e ninguém sabe do que é capaz esse homem. Para ele são possíveis as coisas mais impossíveis – ele é capaz até de fazer be aos que lhe fazem mal e amar aqueles que o odeiam. Ninguém sabe donde vem esse sopro espiritual e para onde vai esse sopro... visível é a ética do homem que sentiu o sopro da mística – mas que é esse sopro místico? Donde vem? Para onde vai?...



            Quando Nicodemos se retirou, passava da meia-noite. Nos horizontes de sua alma clareava um novo dia, ainda agora tênue luz de alvorada, mais tarde o zênite do sol do meio-dia.



            Três anos mais tarde encontramos esse tímido rabino transformado em corajoso discípulo do Mestre divino. Esse mesmo Nicodemos que se escondia para falar com Jesus, mais tarde tem a coragem de se professar publicamente amigo do crucificado, um homem execrado como blasfemo pela autoridade religiosa de Israel, e sentenciado como um criminoso pela autoridade civil do Império Romano.



            Houve um renascimento espiritual, sem que houvesse nenhum renascimento material. Esse renascimento começou nas trevas da noite, em Jerusalém, e culminou em plena luz do sol, nas alturas do Gólgota, onde reaparece Nicodemos e se oferece junto a José de Arimatéia para oferecer sepultura digna ao corpo do crucificado.



            O sopro sopra onde quer...  


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em 15/01/2025 às 00h01
 
14/01/2025 00h01
ORDEM MORAL

            A razão cristã defende que a ordem moral é interior antes que exterior. É encontrada na pessoa singular, antes que seja vista no meio social, onde a pessoa desenvolve a sua personalidade.



            Ao nascermos trazemos uma predominância das forças instintivas, herança ancestral de nossa evolução biológica. Isso favorece o egoísmo, a inclinação para o mal na procura sem pudor do que seja bom para a sobrevivência material.



            O espelho político dessa realidade biológica é a subversão interior da ordem moral com reflexos dentro da comunidade. Essa desordem é manifestada toda vez que o mais digno aparece subordinado ao menos digno, isto é, quando os inferiores usurpam o lugar do superior.



            Verificamos esse fato no Brasil, quando um sindicalista medíocre, mas mestre da oratória e da distorção de dados mentiras e falsas narrativas chegou ao cargo mais alto da nação. Logo passou a subverter pessoas conhecidas como mais ilustres, como acadêmicos, juízes e até o clero. Contaminou com suas ideias todas as instituições da pátria que não conseguem exercer a missão confiada pela população, ficando todos a mercê da barbárie fantasiada de justiça e democracia.



            Existe ordem em nossa conduta pessoal quando ela é regida pela razão cristã, pois a razão humana sem o devido freio espiritual pode está desordenada, mesmo entre pessoas ilustres e com boas intenções, quanto mais com pessoas menos dignas e de más intenções.



            Esta ordem moral também existe no Estado quando governam as superioridades legítimas, seja qual for a sua designação, tenham ou não o consenso popular.



            Ninguém é superior legítimo por ter sido eleito, senão pode dar-se o caso de que a maioria eleja alguém que não seja o melhor, que essa pessoa conseguiu benefícios imediatos, geralmente por meios iníquos, para direcionar a vontade dos eleitores.



            A superioridade procede dos talentos recebidos de Deus e do esforço pessoal para faze-los frutificar.



            A democracia verdadeira é aquela em que os pares em qualquer ordem de atividades sociais elegem um dentre eles para representa-los. É razoável supor que, normalmente, os pares não irão eleger o pior, mas aquele que está entre os melhores, tanto em uma fábrica, escola, igreja, academia, comunidade ou nação.



            O conhecimento daqueles que podem ser eleitos por parte dos que elegem é um pré-requisito essencial. Temos que usar nossa capacidade de discernimento para perceber as manobras da mídia, dos marqueteiros, que tentam ocultar os defeitos e criar virtudes inexistentes nos candidatos.



            Com esses cuidados, observamos que é mais prudente pesar os votos do que conta-los, pois a qualidade sempre deve preceder à quantidade.



            A democracia que exercemos é fictícia, viciada, fundamentada na soberania popular que não passa de demagogia. A soberania é algo pessoal e não pode ser exercida pela multidão.



            A soberania popular exercida através do voto é uma subversão da ordem natural porque consagra a primazia da quantidade acima da qualidade, ou seja, a onipotência do número.



            O cristão deve rechaçar como errônea e funesta a soberania popular que usurpa a real Soberania de Deus, fundamento último de toda soberania humana legítima.



            Reconhecemos a Soberania de Deus na Pessoa de Cristo, o Verbo de Deus encarnado como Filho sob o poder do Espírito Santo, a quem “todo o poder foi dado no Céu e sobre a Terra”.  


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em 14/01/2025 às 00h01
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