A doutrina que os espíritos trouxeram para nós através do trabalho laborioso e criterioso de Allan Kardec, nos dá a informação de que tomamos a maioria de nossas ações sob a influência dos espíritos, sejam boas ou más de acordo com nossa sintonia mental. Isso quer dizer que, mesmo eles nos influenciando no campo vibratório mental, os nossos próprios pensamentos devem sintonizar com eles para que a influência possa ser posta em ação. Além dessa influência sutil, existe outra influencia mais objetiva e mais pragmática que se realiza através de nossa vontade direta. Por exemplo, beber ou não beber bebidas alcoólicas. Eu posso ter uma infinidade de influências sutis na minha mente, mas quem irá decidir se bebo ou não, será a minha vontade depois que eu fizer a devida deliberação consciente de todos os prós e contras.
Com a minha vontade, no uso do livre arbítrio, eu posso ficar sob influência do álcool ou qualquer outra droga. Posso dirigir um carro ou qualquer outro veículo que pode resultar em tragédia. Dependendo do grau de comprometimento da coordenação mental e motora, a lei prevê punições de acordo com a situação específica, sejam elas: dirigir intoxicado, incapacidade de manobrar, dirigir sob a influência de álcool e/ou outras drogas, etc. Infelizmente, todo ano milhares de pessoas morrem, são feridas ou presas devido à combinação da direção com o álcool e outras drogas.
Paulo instigou os cristãos em Éfeso, como seguidores de Jesus, a viverem sob outra influência. No livro de Efésios 5:18, o apóstolo disse: “Não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito.”
Infelizmente, assim como hoje, embriagar-se era uma prática comum entre os povos dos tempos antigos. Um bêbado não tinha mais controle sobre suas palavras e ações. Mas Paulo aconselhava para que ao invés disso se enchessem do Espírito, de ficarem em Cristo, controlados e influenciados pelo Espírito Santo. O encher-se com o Espírito gera vida e alegria interior através da adoração e agradecimento a Deus – não a destruição e morte trazidas pela embriagues.
O Baghavad Gita também aponta no mesmo sentido, no cap. 14 verso 20: “Mesmo no corpo, alguém pode permanecer em plena consciência de Krsna (Deus). Embora alguém esteja dentro deste corpo material, através do seu progresso em conhecimento espiritual, ele poderá se livrar da influência dos modos da natureza. Mesmo neste corpo, ele poderá gozar a felicidade espiritual.”
Também em Apocalipse 4:11 existe um apelo à nossa compreensão lógica para se manter em consciência de Deus, cheios do Espírito: “Tu és digno Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e a majestade, porque criaste todas as coisas, e por Tua vontade é que existem e foram criadas.”
Esse esforço para que nos enchamos do Espírito de Deus e ficarmos sob a Sua influência, ao invés de permanecer na influência dos prazeres da natureza, como o uso de álcool e outras drogas, poder, dinheiro, injustiça e outras mazelas da sociedade é uma luta constante. Há 215 anos, em 12-08-1798, as igrejas de Salvador estavam cobertas com manuscritos colados que diziam assim: “Animai-vos, povo, pois está para chegar o dia em que seremos irmãos e iguais!” As notícias dos ideais da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – e da independência norte-americana se espalhavam aqui aos poucos. A população pobre, vítimas da escravidão e do mando senhorial, rebelou-se na Capitania da Bahia, sob a liderança de alfaiates e soldados. Eles queriam independência, república, livre-comércio e fim da escravidão. A repressão do governador D. Fernando de Portugal e Castro foi brutal. 49 presos e, em novembro do ano seguinte, quatro enforcados. Quatro “Tiradentes” baianos hoje pouco lembrados: Luiz Gonzaga, João de Deus, Manoel Faustino e Lucas Dantas (Chico Alencar, Br-500, um guia para a redescoberta do Brasil, Ed. Vozes).
Assim, tudo aponta para que a vontade de Deus seja realizada, somos chamados a antecipar na terra a vida do céu centrada em Deus, a construção do Reino de Deus.
Eu posso aceitar o convite de um colega e passar a semana com ele, fazendo uso de bebidas alcoólicas e experimentando a sua influência. Agora, será que ele terá condições de passar a semana comigo, enchendo a sua alma com o Espírito de Deus e experimentar Sua influência?
Paulo sempre tem bons exemplos para nos dar. Eu sempre tento aprender as suas lições e aplicá-las em minha vida.
Atos 19 registra que uma multidão raivosa e ignorante se reunira em Éfeso exigindo a cabeça de Paulo, pois ele havia afirmado “...que os deuses feitos por mãos humanas nao são deuses de verdade. E está conseguindo convencer muita gente...” (v. 26).
Os ourives de Éfesos ganhavam a vida vendendo imagens de Ártemis, também conhecida como Diana. E a cidade toda levou a teologia “irreverente” de Paulo para o lado pessoal. Mas o resoluto apóstolo não viu a multidão ensandecida como uma ameaça; ele os viu como um campo missionário. Nos versículos 30 e 31 vemos que Paulo tentou aparecer diante do povo, mas foi impedido pelos amigos, preocupados com ele.
Por que Paulo iria querer falar com aquela gente exaltada? Mais adiante, em Atos 20, mais uma vez vemos Paulo mergulhado numa situação perigosa (vv. 22-23). Ele disse “...Agora constrangido pelo Espírito vou a Jerusalém, ignorando a sorte que ali me espera... prisões e sofrimentos estão me esperando”. Mas acrescentou triunfante: “Mas eu não dou valor a minha própria vida. O importante é que eu complete a minha missão e termine o trabalho que o Senhor Jesus me deu para fazer. E a missão é esta: anunciar a boa notícia da graça de Deus” (v. 24).
O desdém de Paulo com a sua própria vida se sustentava firmemente no reconhecimento de que continuaria correndo até completar a corrida. Se cruzasse a linha de chegada em Éfeso ou em Jerusalém, lhe era indiferente. Ele poderia falar da graça de Jesus Cristo a multidão. Paulo nao temia a opressão daquela multidão porque Jesus reinava em seu coração.
Paulo conseguiu compreender qual era a sua missão, depois de ter cometido erros graves como perseguir a cristãos e até a morte por apedrejamento de Estêvam. Foi necessário Jesus ter intervido de forma explicita para que a “ficha caisse”.
Também cheguei a compreender a minha missão depois de também ter cometido erros graves como de ter sido cumplice na morte de seres através do aborto, quando eu defendia que a mãe era senhora do seu corpo e que podia descartar o filho se assim o desejasse. Felizmente chegou a minha compreensão de forma lenta e gradativa o erro que eu estava cometendo, mas a aplicação do amor incondicional era o meu movimento correto. Compreendi que era essa a vontade de Deus, independente do ato sexual que podia estar envolvido.
Hoje tenho a compreensão dessa missão que é uma espécie de continuação daquela de Paulo, quando divulgava a Boa Nova, do Reino de Deus que se aproximava. Hoje, a maioria das pessoas conhecem o Deus único e da sua vontade de que estabeleçamos o Seu Reino na terra. É preciso agora fazer a prática do amor incondicional para o cumprimento dessa missão. Porém sofro dificuldades, da mesma forma que Paulo sofria horrores quando mostrava que imagens feitas pelo homem não podia ser um Deus infinitamente poderoso, pois isso mexia nos interesses materiais da massa. Da mesma forma acontece comigo, quando denuncio que a família da forma que está construida jamais alcançará o nível da fraternidade universal, do Reino de Deus, logo os interesses materiais, egoístas, individualistas despertam e sou bombardeado com todo tipo de agressões, desde as mais sutis, até aquelas mais explícitas.
Mas tenho que seguir o exemplo de Paulo e por cima de qualquer dificuldade tenho que ser destemindo o suficiente para o cumprimento dessa missão. Tenho que entender que a resistência que irei e que já estou sofrendo, é o meu campo missionário.
A carta que Jesus ditou a João para ser entregue à igreja de Sardes é a única que não contem nenhum elogio. Ela ficou conhecida pelas outras seis igrejas da província por sua vitalidade. Nenhuma falsa doutrina florescia entre seus membros.
As aparências, no entanto, eram enganosas e aquela congregação de alto nível social era um cemitério espiritual. Quando os olhos do Cristo observaram por debaixo das aparências, ele disse: “Não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus” (Ap 3:2). Sardes havia adquirido uma reputação diante dos homens, mas não diante de Deus. Essa distinção entre reputação e realidade, entre aquilo que os seres humanos veem e aquilo que Deus está vendo, é de grande importância. “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1Sm 16:7).
Essas considerações também fazem parte daquilo que Deus quer me falar ao me apresentar Jezabel. A conclusão que cheguei ontem era que eu devia procurar a natureza semelhante a Jezabel e que mora dentro de mim, e que tem forças para se expressar, mesmo que não seja de forma pública. Sei que nossos instintos e tendências animais fazem parte da nossa natureza biológica, não podemos evitar que subam à nossa consciência. O que não podemos é deixar que eles se expressem no nosso comportamento, mesmo que seja um comportamento isolado, longe das vista de qualquer pessoa. O mundo pode nos considerar uma pessoa perfeita ao avaliar meu comportamento público, mas Deus, que vê o coração, logo percebe a hipocrisia dos atos.
Assim, vou procurar caracterizar bem o comportamento e pensamento de Jezabel para depois fazer a comparação com todo o meu comportamento, público e privado.
Com a ajuda da Wikipédia levantei os seguintes dados. Jezabel (também Jezebel) foi uma princesa fenícia casada com o rei Acab de Israel. Jezabel era filha do rei dos Sidônios Etbaal, tendo o seu casamento com Acab sido o resultado de uma aliança que tinha como objectivo fortalecer as relações entre Israel e a Fenícia. Jezabel continuou a adorar os deuses fenícios, mas não se limitou a isso, pois combateu o Deus de Israel. Recorreu ao dinheiro do tesouro público para sustentar os 450 profetas (ou sacerdotes) do deus Baal e os 400 profetas da deusa Achera (deusa fenícia da fertilidade). No palácio real seria mesmo construído um templo dedicado a Baal. Aparentemente o seu próprio marido sentiu-se atraído pelo culto destes deuses, relegando Javé para segundo plano. Os sacerdotes e profetas israelitas foram eliminados ou então tiveram que se exilar no deserto devido à perseguição promovida pela rainha. A resistência local contra esta política religiosa foi encabeçada pelo profeta Elias. Numa espécie de concurso religioso levado a cabo no Monte Carmelo, Elias derrotou todos os profetas de Baal, que morreram, pretendendo desta forma o Livro de Reis mostrar como o Deus de Israel era a única divindade. Quando Jezabel soube disto ficou furiosa, pretendendo mandar matar Elias, que teve fugir para Judá. Mulher determinada e independente, Jezabel não olhava os meios para conquistar os seus objectivos. Acab desejava a vinha de Nabot, contígua ao palácio de Jezrael, mas este recusou-se a vendê-la. Sabendo disso, Jezabel envolveu-se na questão, enviando cartas em nome de Acab aos chefes de Jezrael. O conteúdo das cartas ordenava a detenção de Nabot por blasfémia contra Deus e contra o rei e a execução deste por apedrejamento sob denúncia de duas falsas testemunhas. Segundo a lei da época, a propriedade de alguém que tivesse cometido essas ações passaria para o rei. Nabot foi executado e Jezabel presenteou o marido com a vinha. Quando Elias soube dessa ação profetizou que cães devorariam Jezabel no campo de Jezrael. Um comandante chamado Jeú liderou uma revolta contra a família real, na qual matou o filho de Jezabel, Jorão. Quando Jezabel soube da revolta pintou os olhos e adornou a cabeça, desafiando Jeú da janela do palácio. Este ordenou aos eunucos da rainha que a atirassem da janela (defenestração): Jezabel morreu, tendo o seu sangue atingido as paredes e os cavalos. Uns cães que por ali passavam devoraram o corpo da rainha. Depois de ter feito uma refeição no palácio, Jeú ordenou que Jezabel fosse sepultada, dado que se tratava da filha de um rei. De acordo com o Segundo Livro de Reis, os servos do palácio apenas encontraram o crânio, os pés e as mãos da rainha. Por causa desta rainha o nome "Jezabel" encontra-se associado na cultura popular a uma mulher sedutora sem escrúpulos.
Como eu identifiquei que o meu comportamento é mais condizente com o comportamento da igreja de Tiatira, devo procurar dentro dos diversos aspectos psicológicos que formam o meu ego (representação do corpo) e suas relações com o meu Eu Superior (representação do Espírito), essa tendência caracterísitca do Espírito de Jezabel.
No livro “Desmascarando o espírito de JEZABEL” de John Paul, ele coloca 14 características relacionadas que servirá de forte evidência de que o indivíduo esteja debaixo de influência maligna. Uma manifestação prolongada de qualquer uma dessas características exige uma avaliaçãomais atenta do indivíduo e da situação. Colocarei logo abaixo, em negrito, a minha posição quanto a característica.
Não sinto essa ameaça, nao tenho a pretensão de controlar quem quer que seja.
Nenhuma identificação.
Nenhuma identificação.
Nenhuma identificação.
Nenhuma identificação.
Tenho essa atitude principalmente nas relações íntimas nas quais sou confrontado na questão do amor romântico x amor incondicional. Mas não sinto que me coloco na defensiva, apenas tento explicar um comportamento considerado anômalo dentro da coletividade com a interpretação coerente do meu ponto de vista na aplicação do amor incondicional em qualquer situação, sem respeitar qualquer barreira, por entender que essa é a lei maior e que emana do Criador.
Tenho essa compreensão que o Amor Incondicional é a última palavra da vontade de Deus, e quem estiver contra ela estará contra o próprio Deus, pode ser inclusive qualquer tipo de pastor. Não procuro sair falando sobre isso em detrimento da oração, mas não fujo à sua defesa se sou provocado quanto a isso.
Não vejo motivos impuros em tentar defender na prática a aplicação do Amor Incondicional em todas as relações. Gostaria muito que houvesse discípulos nesse sentido, que houvesse seguidores, pois assim estaria sendo construído o Reino de Deus. Seria muito bom ter a afirmação desses seguidores. Mas como não vejo motivos impuros a não ser o cumprimento da vontade de Deus, nao há identificação.
Não temo colocar em questionamento as “minhas revelações”, inclusive até patrocino isso, quero que a inteligência de outros me apontem os erros cognitivos que eu possa estar sofrendo.
Acredito que eu tenha que fazer isso, a compreensão que eu tenho da vontade de Deus quanto a aplicação prática do Amor Incondicional na formatação do Reino de Deus, implica na divulgação dos meus pensamentos e comportamento. Mas procuro ver com toda a coerência essa fundamentação da Lei, da palavra de Deus.
É isso que eu temo que aconteça, que os meus desejos carnais influenciem a minha capacidade cognitiva e tente distorcer a palavra de Deus para o cumprimento desses desejos. Por isso toda a essência do meu pensamento é colocada em público para que eu receba a crítica de inteligências que não tenham nenhum compromisso com a minha forma de pensar, para ver se existe algum argumento lógico que desautorize a minha forma de pensar e agir.
Procuro sempre que faço a imposição de mãos, pedir para que seja auxiliado pelos bons espíritos e que me auxiliem através do meu magnetismo animal a levar benefício às pessoas.
Não tenho essa pretenção de mostrar em público minhas virtudes para que seja assim beneficiado. Pelo contrário, sinto que sou mal compreendido, pois a cultura humana local vai de encontro a Lei de Deus a qual eu defendo em todos os níveis.
Posso identificar essa turbulência em minha vida familiar, mas sempre vejo na razão disso, a motivação do amor romântico com toda sua carga de ciúme e exclusividade em choque com o Amor Incondicional que defendo e pratico, através da fraternidade com todos, o amor que inclui a todos. Tenho parceiras espiritualmente fortes e não desejo conquistar pela “força” nenhum dos meus parentes ou companheiras. Espero sim, que o senso de justiça prevaleça e que sejam colocados em meu lugar para ver a vida com os óculos que eu possuo e avaliar assim com maior propriedade a verdade ou mentira daquilo que eu tento praticar.
Com essas considerações ponto a ponto, não vejo nenhuma identificação do meu comportamento com o espirito maligno de Jezabel. Mas acredito que John Paul deixou de registrar a 15ª caracteristica e nessa eu me enquadraria amplamente. Seria mais ou menos assim:
Pronto, essa é a Jezabel que existe dentro de mim e que o Pai com todo o carinho e sabedoria fez com que assomasse a minha consciência. Aquilo que eu fazia até ontem, sozinho, sem a presença de ninguem, no campo da imaginação, mas que estava na sintonia com o perverso, não posso deixar mais que essas ações particulares me sintonizem com o mal na obtenção de prazer. Deus não permite que isso aconteça, Ele quer que tenhamos ações íntegras em todos os níveis, publicos ou privados. Fazer o contrário é ser hipócrita, mesmo que ninguem venha a identificar isso, pois está a nível dos meus pensamentos e da minha intimidade individual, exclusiva. Posso até ser perdoado, pois antes eu não tinha essa compreensão, mas agora com esta lição que o Pai me deu, eu não posso mais voltar a essas práticas solitárias, pois aí sim, eu seria um verdadeiro hipócrita!
Novamente pressinto que Deus quer me falar algo sobre relacionamentos, mulheres, intenções e ações. Em curto espaço de tempo convergiram muitas leituras e informações sobre Jezabel (ou Jezebel). Primeiro foi um DVD que encontrei num sebo com esse título: Jezebel. Depois adquiri o livro “LUNÁTICOS POR DEUS – Lendas, Mitos e Fatos” , de Michael Largo, e encontrei logo no começo a história de Acab e Jezabel como exemplo do primeiro casamento problemático. Em seguida, na leitura diária que faço do livro “A BÍBLIA TODA, O ANO TODO”, de John Stott, encontrei referência à igreja de Tiatira. Jesus faz caloroso elogio a essa igreja, afirmando conhecer suas obras conforme está escrito em Apocalipse 2: 18-29
18 “Ao anjo da igreja de Tiatira, escreve: Eis o que diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chamas de fogo e os pés semelhantes ao fino bronze. 19 Conheço tuas obras, teu amor, tua fidelidade, tua generosidade, tua paciência e persistência; e as tuas obras, que excedem as primeiras. 20 Mas tenho contra ti que permites a Jezabel, mulher que se diz profetiza, seduzir meus servos e ensinar-lhes a praticar imundícies e comer carne imolada aos ídolos. 21 Eu lhe dei tempo para arrepender-se, mas não quer arrepender-se de suas imundícies. 22 Desta vez a lançarei num leito, e com ela os cúmplices de seus adultérios para aí sofrerem muito, se não se arrependerem de suas obras. 23 Farei perecer pela peste os seus filhos, e todas as igrejas hão de saber que eu sou aquele que sonda os rins e os corações, porque darei a cada um de vós segundo as suas obras. 24 A vós, porém, e aos demais de Tiatira que não seguis esta doutrina e não conheceis (como dizem) “as profundezas de Satanás”, não imporei outro fardo. 25 Mas guardai o que tendes até que eu venha. 26 Então ao vencedor, ao que praticar minhas obras até o fim, dar-lhe-ei poder sobre as nações pagãs. 27 Ele as regerá com cetro de ferro, como se quebra um vaso de argila, 28 assim como eu mesmo recebi o poder de meu Pai; e dar-lhe-ei a Estrela da manhã (Jesus Cristo). 29 Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz as igrejas.”
John Stott esclarece que ao mesmo tempo em que a igreja de Tiatira apresenta excelentes qualidades, ela é culpada por fazer concessões morais. A igreja tolerava em seu meio uma mulher que se dizia profetiza, simbolicamente chamada de Jezabel, a rainha má de Acab. Ela estava desviando alguns membros da igreja de Tiatira, tentando convencê-los de que a liberdade cristã permitia a prática da imoralidade. Jesus chama-a ao arrependimento, mas ela não parece disposta a se arrepender. Assim o seu juízo inevitavelmente deverá cair sobre ela e também sobre seus seguidores, a menos que se arrependam de seus maus caminhos. A santidade do domínio próprio e a semelhança com Cristo são também características essenciais de uma igreja-modelo. A tolerância em relação ao mal não é uma virtude. Deus continua dizendo ao seu povo: “Sejam santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1:16; e Lv 19:2).
Michael Largo diz que o termo Jezabel define uma mulher que controla o marido e usa o sexo como arma mais poderosa.
No início fiquei preocupado, imaginei logo que o Senhor estaria me comparando a Jezabel devido o meu comportamento anômalo no seio da coletividade. Mas cada vez que eu lia e transcrevia para este diário, eu percebia que o meu comportamento se adequava mais aquele da igreja de Tiatira, principalmente com as obras de amor, fidelidade, generosidade, paciência e persistência. Mas existe uma Jezabel “no ar” e que o Senhor quer me ensinar. Minha primeira tendência foi tentar identificar nas pessoas do meu relacionamento, companheiros, amigos, namoradas, parentes, colegas... Não consegui fazer a devida conexão, mesmo que eu tolere a convivência com pessoas que tem um pensamento diferente do meu no sentido de não aplicar a Lei do Amor com o rigor que ela exige, mas isso é quase a totalidade das pessoas, todas fazem concessões e praticam atos contrários a Lei do Amor, inclusive eu.
Eureca! Aqui está a chave! Não é fora de mim, nos meus relacionamentos externos que devo procurar Jezabel, e sim dentro de mim, pois como todos os outros, ainda sou falho na aplicação da Lei do Amor. Apesar da compreensão que tenho de que devo aplicar o Amor Incondicional sem qualquer barreira, existem fatores, principalmente internos, que ninguém pode observar, nem mesmo imaginar, que tem muito a ver com Jezabel.
Tenho que procurar caracterizar essa Jezabel dentro de mim. Como o tempo e o espaço agora já não são suficientes deixarei para amanhã.
Michael Largo, em seu livro LUNÁTICOS POR DEUS (Lafonte, 2011) conta a história de Absalão.
Absalão era o terceiro filho do rei Davi. Bonito como um ídolo de revista de celebridades, capaz de arrasar corações, orgulhava-se dos longos e belos cabelos e prezava a moda elegante. Cabeça quente, aspirava ser mais do um playboy bíblico. Apareceu pela primeira vez com destaque nas Escrituras ao tramar o assassinato do meio-irmão Amnon, que, segundo os boatos, fizera sexo com sua irmã mais nova, Tamar. Por dois anos Absalão escondeu o ódio pelo irmão mais velho – e herdeiro do trono de Davi -, até convencê-lo a participar de uma de suas mal afamadas festas na época da tosquia das ovelhas. Quando Amnon estava embriagado, Absalão mandou seus criados matarem-no. Quatro anos depois, quando era o próximo na linha de sucessão, ficou impaciente para tomar as rédeas do reino e organizou uma bem-sucedida revolta. No início o povo de Israel e Judá apoiou sua tomada de poder, muitos influenciados por seu carisma e promessas de bons tempos para todos. Davi viu-se forçado a fugir, atravessando o rio Jordão. Um servo da corte, ainda leal ao rei deposto, persuadiu Absalão a não perseguir o pai – o que teria sido o fim de Davi -, mas esperar para desferir o golpe final depois de reunir seu próprio, e mais poderoso, exército.
Nos últimos anos do século XI aC, as forças de pai e filho se confrontaram na floresta de Efraim. Os longos cabelos de Absalão foram sua ruína. Ao separar-se de seus soldados e bater em retirada, a galope, acabou suspenso da sela quando seus cabelos se enroscaram na folhagem espessa de um carvalho. Davi ordenara aos homens tratar seu jovem filho gentilmente, caso o capturassem. Todavia o veterano general Joab, ao chegar ao local onde Absalão jazia suspenso pelos cabelos, cravou-lhe três lanças no coração. A despeito da traição do filho, Davi ficou desolado. Anos depois, em seu leito de morte, dirigiu suas últimas palavras àquele que logo seria rei, Salomão, instruindo-o a matar o general Joab (sobrinho de Davi) em retaliação ao assassinato de seu filho.
A Bíblia lista sete pecados capitais e considera a soberba ou vaidade o mais maléfico, argumentando ser a causa de todos os outros. O egocentrismo conduz às transgressões da luxúria, gula, avareza, ira, preguiça e inveja. Absalão não precisava participar da batalha, todavia gostava da própria aparência quando envergava a armadura. Sabia que ao galopar sua cabeleira ao vento proporcionava um espetáculo e tanto. Ele negligenciou conselhos militares referentes a diversas questões na campanha contra o pai, e a mais séria foi sua recusa em usar um elmo ou prender os cabelos num rabo de cavalo.
Antes da ruína vem o orgulho, e antes da queda a arrogância (Provérbios).
O exemplo de Absalão é uma constante em nossos dias. Mesmo em pessoas que procuram uma evolução espiritual, sempre podemos observar aspectos do orgulho e arrogância. Na minha relação com o meu filho, tenho a tendência de colocar a minha autoridade de pai dentro do orgulho e arrogância e obrigar que ele faça aquilo que eu acho correto, sem entrar um pouco dentro das suas justificativas e limitações. Até mesmo no convívio diário com meus amigos e colegas, tenho a tendência de colocar os meus argumentos contaminados do orgulho e arrogância que se reflete na minha forma contundente de colocar minhas razões. Percebo que isso é uma das causa de provocar reações negativas nos outros, e mesmo eu sentindo que estou com fortes razões, termino por ficar isolado na discussão. A minha atitude orgulhosa e arrogante termina por provocar o isolamento das minhas ideias, a rejeição para serem avaliadas à luz da razão e da coerência. Tenho que combater essa tendência intrínseca, com o desenvolvimento da humildade. Tenho que colocar a minha compreensão dos fatos e da lei da vida, como se eu não tivesse tanta certeza, que eu posso estar errado nas minhas conclusões, e pedir ajuda para o esclarecimento fraterno. Absalão se orgulhava da sua bela cabeleira, do seu porte atlético e isso foi sua ruína. Eu me orgulho da minha inteligência, da capacidade de fazer conexões diversas e tirar novas conclusões, às vezes contrárias ao senso comum. Não tenho ainda a devida prudência de ser humilde quando for conveniente colocar a minha opinião. Não sei nem como fazer assim. Tenho que praticar, mesmo que seja sozinho, a forma de colocar os meus pontos de vista sem a contaminação da arrogância. O estudo da terça feira será um bom campo de prática para essa minha nova necessidade, que o comportamento de Absalão escancarou à minha consciência.