Não importa de onde vem o conselho, qual o meio que é utilizado para chegar até mim. Basta eu ter a intuição que aquela informação é mais uma das que o Pai quer que eu escute e reflita sobre ela, como forma de amadurecer o caminho que Ele destinou para mim. Então, hoje começa uma série de conselhos que devem vir mesmo nesta ordem, semanalmente, como forma de reafirmar a minha missão. Chega com o objetivo de diluir os medos que surgem na minha alma, mesmo que sejam inconscientes, mas servem para retardar aquilo que devo fazer. São os medos que surgem do deslocamento radical do mundo material, da família, do emprego, dos projetos – sem ter a certeza que eu me encontrarei no final de tudo isso, de resgatar a mesma situação confortável que eu vivo hoje, de perder tudo que eu consegui até agora, inclusive as pessoas que amo. Então os conselhos chegam...
“Espero que voce não retorne a vida medíocre que vivias antes. Voce tem medo de perder o que? Um homem só tem a sua alma para ser ganha ou perdida. Além da vida, ele não possui mais nada. Não vês quando a morte chega? Nada levas dessa vida, até o teu corpo inerte que teus amigos conduzem com cerimônia, será jogado numa cova para ser decomposto de volta a Natureza, ao meu seio. O que levas contigo são as obras que fizesses no teu caminhar. Não importa o que fizestes de tuas vidas anteriores, agora o que importa é que voce está vivendo esta, e deve fazê-lo com compreensão silenciosa, alegria e entusiasmo. O Amor nunca impediu o homem de seguir seus sonhos, o seu caminho. Se as pessoas realmente lhe amam, vão querer o melhor para você, e não para elas. Além do mais voce não tem nem ao menos uma mulher que ama; a mulher não é sua. O que é seu é a energia do Amor que voce dirige para ela, e voce pode fazer isso de qualquer lugar por mais distante que seja.
“Vou falar quatro coisas importantes para você: 1) Viaje para um lugar especial; viajar é sagrado e a humanidade viaja desde a noite dos tempos em busca de caça, de pasto, de clima mais ameno. Você está em um lugar diferente e se acostuma, passa a entender quanta coisa interessante além dos muros do seu jardim; 2) Mantenha a paz junto com a solidão, pois na alma do homem de bem ela é uma boa conselheira; 3) não se envergonhe em depender dos outros em muitas coisas, a fraternidade e humildade se alimentam do quanto estou receptivo para receber aquilo que podem me oferecer; e 4) Aprenda novas formas de raciocinar, de ver o mundo com outros óculos. Viajar por essas experiências é uma forma de deixar de ser quem voce se esforça para ser, e se transforma naquilo que você é.”
Assim recebi a primeira lição, orientações para deixar o medo de perder bens materiais na prática do caminhar segundo o que Deus me determinou. Não é que eu vá fazer tudo isso de imediato. Sei que os hábitos que possuo e o medo do novo e do desconhecido ainda são muito fortes dentro de mim, mesmo que eu saiba que todas essas ordens saem da inteligência divina. A pressão que o meu corpo exerce sobre a minha mente e consciência ainda é forte o suficiente para que eu não me lance completamente na estrada que Deus me determinou.
Quando assumimos qualquer missão é importante que seja prestado contas com aquele que determinou a missão, um tipo de análise do que foi, está sendo e será realizado.
Assumi pela força da convicção a missão determinada por Deus de colaborar na construção de uma família ampliada como a base da realização do Seu Reino, a iniciar pela transformação do meu coração. Isso implica na limpeza do egoísmo e na aplicação do Amor Incondicional em todos os relacionamentos, principalmente os íntimos. No relacionamento externo a aplicação do Amor leva a formação de associações comunitárias com base evangélica.
Essa missão da forma que está descrita é suficiente para ocupar a maior parte do meu tempo útil e mesmo dentro do meu trabalho tradicional de rotina, eu posso aplicar também a Lei do Amor.
Mas tudo não é tão simples assim. Existem barreiras fortes o suficiente para que a implementação da missão não seja realizada em todos os momentos do dia. São as forças ligadas ao interesse do corpo, de natureza egoísta, que está sempre querendo realizar um desejo que se contrapõe à vontade do Pai. É a essa força contrária que devo focar a minha atenção dentro desta análise que fui intuído a fazer hoje. É ao controle dessa força que deverei atribuir o sucesso ou fracasso da missão.
No campo da estratégia eu estou indo bem. O forte das minhas ações eu reconheço que é no campo das estratégias, de como planejar e realizar a missão. Daí que todas as atividades necessárias já estão colocadas no contexto da realização. O que se torna necessário agora é a sua prática. Aqui surge a dificuldade, pois a gula e a preguiça sempre se interpõe na frente da missão e deixo de aproveitar os espaços que tenho para avançar. Troco momentos de implementação da missão por brincadeiras e jogos, por passeios e outras atividades tipo passatempo, e é o tempo que não posso deixar passar sem o utilizar plenamente. Sei que faço tudo isso dentro da harmonia dos relacionamentos, que todos ficam satisfeitos dentro daquele momento. Isso não pode ser considerado como algo negativo, todas as pessoas de bem podem fazer isso sem nenhuma culpa na consciência. Eu poderia também ficar satisfeito com isso, se a minha missão não implicasse num esforço maior de transformação da sociedade. Se eu fico atuando dentro dessa condição atual do que faço hoje, a minha missão fica ameaçada, pois eu termino entrando no caminho comum de todas as pessoas, mesmo que sejam pessoas de bem e que procurem fazer a vontade de Deus. Tenho que reconhecer o peso da minha cruz e fazer o necessário, e isso depende exclusivamente de mim, mesmo que eu tenha a disposição de ajuda das minhas companheiras, mas mesmo elas têm necessidade de se aprimorarem dentro do contexto da missão.
Concluindo essa análise e sendo instigado a colocar uma nota no meu desempenho até o momento, eu coloco a nota 6. Acredito que tenha passado um pouquinho da média dos meus irmãos na realização do trabalho a ser realizado, por isso justifico ter ficado acima do 5 que é a média. No entanto estou muito distante ainda da nota 10 que é o ápice do comportamento ideal. Para melhorar essa nota tenho que trabalhar mais focado na minha missão, para ocupar com mais eficiência os espaços e as pessoas que o Pai coloca no meu caminho. Não posso procrastinar o trabalho tradicional, deixar acumular as tarefas que assumi como minha responsabilidade. Devo melhorar também o nível de comunicação, tanto com o Pai através da oração e meditação, quanto com os irmãos, encarnados e desencarnados.
Sei que é até fácil fazer essa análise e apontar os pontos fracos e negativos do meu comportamento, comparado a disposição de realmente mudar o que já está estabelecido em mim como um hábito, pois sei como é difícil a mudança de um hábito. Mas esse é o pré-requisito básico para a implementação eficaz da missão.
Ao começar a leitura do livro “Sob a luz do luar”, de Robson Pinheiro, encontrei esses conselhos que ela dá na condição de desencarnada, ao filho que está encarnado. Achei interessante e fiz a correção ao trabalho que estamos realizando na Praia do Meio, pois o que eu fiz foi adaptar o pensamento dela ao meu, usando na maioria das vezes as suas próprias palavras, como uma forma de eu me dirigir aos companheiros e que será o texto do próximo editorial do Boletim Informativo da AMA-PM.
A sociedade brasileira, incluindo com destaque a natalense, e especialmente a comunidade da Praia do Meio, passa por momentos graves no que diz respeito ao futuro das crianças, de nossos filhos. A escalada da violência, do uso de drogas e da prostituição, parece ter alcançados níveis de total descontrole pelas autoridades constituídas. É importante manter a calma, a serenidade da alma e o equilíbrio íntimo. O Espírito Santo que nos dirige espera de cada um de nós uma posição definida em favor do bem. Lutas, dificuldades, e provações fazem parte da jornada daquele que se propõe seguir ao Cristo. Jesus nunca nos prometeu facilidades na tarefa que temos a desempenhar. Mas os resultados no futuro compensam os esforços que empreendemos no presente.
Continuemos amando. O Amor ainda é e continuará sendo a única maneira de crescermos espiritualmente. A força do exemplo é capaz de impulsionar a humanidade, a começar pelo nosso próximo, rumo às estrelas. Procuremos a dedicação à tarefa do Alto, amando, servindo e passando. Deixemos os resultados nas mãos do Senhor da Vida. Amemos sempre. Amemos mesmo que o Amor signifique sofrer. Amemos ainda que o sofrimento nos leve ao sacrifício de nossas vidas. Amemos, ainda que o nosso Amor seja incompreendido. Amemos trabalhando. Trabalhemos e nos mantenhamos no anonimato. Continuemos semeando Amor – sem esperar respostas, recompensas. A vida doa-se em tributos de Amor sem esperar colheitas ou remunerações. A hora é de sementeiras. Outros regarão a plantação do Amor, e ainda outros colherão os frutos. Todo resultado pertence a Deus, que tudo administra em favor de seus filhos.
Nossa visão é ainda muito estreita para que possamos aquilatar a grandeza da tarefa que o Senhor nos confiou. Ainda trazemos em nós muitos apegos terrenos que impedem uma visão mais ampla da vida.
Nunca desista, companheiro!
Não detemos em nós o direito de retroceder, de estacionar ou de decepcionar a confiança de Deus. Não podemos nem devemos deter a marcha do progresso que deve se fazer através de nós.
A pequena semente que hoje lançamos no solo dos corações haverá de germinar e, conforme a intensidade do Amor com que amarmos, essa sementinha crescerá até se transformar numa árvore frondosa e frutífera, produzindo conforme a vontade do Senhor.
Companheiro, não desanime, não desista da sua convocação por Deus! Sejam as suas mãos a extensão das mãos dEle, para amparar, servir e socorrer a quem quer que delas precise. Dedique seus dias, sua juventude, suas forças e sua vida a servir em nome do Mestre. Nunca o comova o aplauso enganador dos homens nem te mova o brilho das moedas. Continue dedicando-se incondicionalmente à tarefa do Senhor. Não espere reconhecimento nem mesmo dos companheiros de trabalho, pois, se tal coisa se der, não deverá fazer parte de suas expectativas. A dedicação deve ser espontânea e sem objetivar recompensas. Tenhamos a certeza de que Deus conduzirá ao trabalho as pessoas certas, que compartilham o sentimento do amor ao próximo e estão sintonizados com a tarefa que abraçamos em nome do Mestre Jesus.
Não tenha a pretensão de agradar a todos. Nem Jesus o conseguiu! Basta ser fiel ao Espírito do Senhor e à sua consciência. Trabalhe, ore e confie!
Acontece neste dia, nas imediações da Praça Cívica às 19h, mais um Festival Radhastami, promovido pelo movimento Harekrishna, referente ao aniversário de Radharani, a companheira de Krishna. Convidei com permissão de Lúcia, uma das organizadoras, a todo o grupo da Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio, além de Salatiel, Gilvan, Márcio Tassino, Arnaldo, Luciana, Diana e Mônica. Também convidei Ana Carla, de Caicó, pois ela viria comigo e voltaria logo cedo no dia seguinte, no domingo.
Chegamos cedo, Radha, Adriana, Navegante, Fábio e eu, pois nosso intuito era pegar logo uma mesa bem situada, perto do salão onde se processava as músicas e as danças. Juntamos três mesas em local estratégico e reservamos as cadeiras que acreditamos seriam suficientes.
Logo chegou Geíza com o marido, Ricardo, que havia sido convidada por Radha, e sentaram conosco. Chegaram em seguida Paulo Henrique com sua esposa, que não lembro o nome, e os dois filhos, Ana Paula e Luís; Diana, acompanhada do seu marido, que não lembro agora do nome. Também chegou Sued acompanhado da esposa e um filho. Finalmente chegaram Flávio, Gerlane, Carlinhos Laura e Paula. Ficamos todos acomodados, mas como o número de cadeiras foi insuficiente, ficamos fazendo rodízio, enquanto uns sentavam outros ficavam em pé. Veio me cumprimentar o marido de Ana Cláudia, que faleceu recentemente e ele mudou de Natal para um local do Harekrishna, mas que não sei dos detalhes. Também cumprimentei Atarama, o professor de música que substituiu Govinda na última aula de espiritualidade. Também compareceu Zoraide acompanhada de duas filhas, mas ficaram em outra mesa, assim como Aninha que veio com um companheiro. Além dessas pessoas ainda fui cumprimentado por mais três que não consegui saber de onde, mas acredito que sejam do consultório.
Ficamos todos em uma grande mesa que compomos juntando quatro mesas menores. Acredito que era a maior mesa da festa. Logo ficamos num joguinho de charadas envolvendo a família de Paulo e quem estava por perto. Foi um momento bem divertido e gratificante. Poderei organizar, fiquei pensando, nos próximos festivais a vinda bem cedo como fizemos neste Festival e vir preparado para fazer joguinhos educativos antes de começar os eventos.
Logo escutamos um som mais alto no salão e o pessoal se concentrando em volta dos músicos. Havia também no centro do salão várias mudas de plantas com um devoto ao lado de cada uma, com uma aparelhagem junto, colher de chá, depósito com água e um defumador queimando uma essência agradável. O objetivo era chegarmos perto, recebermos da colher um pouco d’água na palma da mão e jogar no chão. Depois pegar a colher, tirar um pouco da água do depósito e regar a planta. Tem o simbolismo de harmonia com a Natureza e de nós, como os seres mais inteligentes da criação, termos a responsabilidade de cuidarmos de cada ser vivo, inclusive de não matar nenhum deles, nem para nos alimentar.
A música ia ficando cada vez mais alegre e o grupo mais animado. Entramos na roda e seguimos a dança e a música, cantando e batendo palmas. Cada vez o ritmo ia ficando mais contagiante até pararmos pelo cansaço. Voltamos à mesa e já era chegada a hora da alimentação. Pegamos com paciência uma grande fila, mas com bastante comida. Apesar de não ter o sabor adaptado ao meu gosto, fiz um grande prato e saboreei por inteiro, com direito a levar o excedente, com o estímulo dos organizadores, para que levássemos o que quiséssemos, inclusive as plantas que ornamentavam as mesas. Ao final a minha amiga Lucia, uma das organizadoras do evento, veio nos cumprimentar e fazer o convite a todos para comparecer aos encontros todos os domingos, na casa de Rua Maria Auxiliadora, que tem o mesmo perfil do Festival.
Finalmente, nos despedirmos com alegria, agradecendo a Deus ter sido servido por seus devotos, um exemplo que o Pai nos dá de que devemos fazer o mesmo por onde andarmos, fazer o bem e servir ao nosso próximo, ao nosso irmão, a qualquer ser vivo que hoje caminha conosco neste planeta.
Cada pessoa tem uma missão a desenvolver em sua vida, qualquer que seja ela, em qualquer ponto do planeta. Às vezes a missão é de pagar um débito contraído no passado, através de uma existência simplória, marcada pelo sofrimento, pela incapacidade física e/ou mental. Muitos estão nesse processo e nem tem a consciência do que está acontecendo ou o que deve acontecer em sua vida. É importante que alcancemos essa conscientização, pois a partir daí podemos usar o livre arbítrio para implementar o que Deus quer de nós, de forma individual ou coletiva.
O nosso modelo de conduta, Jesus Cristo, também tinha a sua missão e a deixou clara quando entrou pela primeira vez no templo de sua cidade, ao ler um trecho do livro do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para ensinar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para por em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.”
Este foi o início das atividades de Jesus junto ao seu povo, acontecido na sinagoga de Nazaré, com esse discurso significativo porque constitui a síntese programática de sua missão. Era uma missão ampla que abria as portas para quem tivesse a sensibilidade para ouvi-lo e segui-lo, apesar da porta ser estreita. Até hoje a missão dEle continua a reverberar em nossos ouvidos pela voz de milhares de pessoas que se deixaram levar por sua fé.
Comigo não foi diferente. Mesmo sem ter ainda a consciência da importância do mundo espiritual, eu já desenvolvia ações dentro da ética e moral cristã. Quando essa consciência foi chegando foi que percebi a minha filiação divina e que Deus estava me dando uma missão colocando nessa trilha do Amor Incondicional: construir uma família ampliada como protótipo da família universal. As lições do Mestre ficaram logo utilizadas para atingir esse propósito e a minha missão terminou sendo a dEle, de certa forma. Jesus disse que veio para anunciar a Boa Nova e logo se formaram diversos grupos para dar continuidade a esse anúncio. Fato que se observa até hoje.
A minha missão que deve ser harmonizada com a missão dos meus irmãos, pretende dar um salto na questão prática, na formação do Reino de Deus como meta principal, tendo como meta secundária o anúncio desse Reino.
Isso parece ter um sentido semelhante ao que Jesus fez, e é verdade. Só que naquela época Jesus estava pregando para pessoas que nem sabiam que existia tal forma de amar, o Amor Incondicional. Hoje é diferente. A maioria das pessoas conhecem Jesus e agora a prática se impõe.
Acabo de vir de uma atividade na comunidade da Praia do Meio onde os princípios cristãos iriam ser colocados em prática para o enfrentamento da violência. Os companheiros já estavam aparelhados para mais uma divulgação do Evangelho, através da pregação e de hinos cantados de forma moderna por cantores especializados nesse ofício. Claro que eu devo me integrar a essas atividades, pois servem para levar a mensagem do Cristo. Mas a minha preocupação é a de fazer a construção do Reino de Deus. Devo encontrar uma forma de fazer o engajamento dessas pessoas numa ação prática, comunitária, que não seja exclusiva de um ministério de igreja, mas que esteja envolvida principalmente na vida cotidiana da comunidade. Não tenho o interesse de tirar as pessoas de suas casas para seguir evangelizando outras pessoas pelo mundo todo, como Jesus fez com seus apóstolos. Agora eu sinto que devo aplicar na comunidade os princípios espirituais e que todos os atingidos sejam envolvidos no trabalho do comunitarismo cristão, que é a forma de ser construído o Reino de Deus na prática, dentro da comunidade.
Acredito que seja isso o que Deus quer de mim e de todas as pessoas que Ele envia para o projeto, cada qual com uma missão dentro de sua consciência, mas cada um harmonizado com o outro.