Oficial – Foi uma boa mensagem.
H – Queremos que o enviado fique corado com ela. É isso, Milorde. ...que possa encorajar nossa expedição, porque agora não temos mais pensamentos, senão na França, exceto aqueles que Deus antepõem a nossos assuntos. Portanto, que cada homem, agora, dedique sua mente a essa nobre ação, para que tenha um bom fim!
Agora, todo jovem da Inglaterra está com o coração em chamas. Seus devaneios, coloquem no armário, ... coroas imperiais, condados e ducados, prometidos a Harry e aos seus seguidores.
Bem falado, cabo Nym.
Bom dia, Tenente Bardolph.
Por que você e o velho Pistol são amigos ainda?
Da minha parte, não me importo. Falo pouco, mas quando chegar a hora, haverá sorrisos. Ou será o que há de ser.
Vamos lá, ofereço um almoço para que continuemos amigos, e nós três juraremos ser irmãos na França. Consentido com ele, cabo Nym. O que posso fazer!
É verdade, afinal, que Pistol está casado com Nell e, certamente, ela o tem traído pois ambos estavam prometidos.
Entrada de mais pessoas no ambiente
Como vai você, meu anfitrião Pistol?
Vil cão! Me chamou de seu anfitrião? Por esta mão, eu juro que o farei engolir o que disse a Nell e não terá hóspedes!
Nell – Não, por lealdade a mim! Não demorarão. Porque não podemos alojar, nem alimentar patifes ou damas que vivem honestamente do seu trabalho, sem o que se pensem que esta casa seja um bordel.
Ouça!
Ouça você! Cão da Irlanda!
Num bom lugar par mostrar o seu valor e meter sua espada na bainha.
Antes de atravessar a ti
Pistol, os atravessaria as tripas que já estão ruins, como sei.
Isso é sua melhor piada! Fanfarrão, vil!
Ouçam o que digo, quem der o primeiro golpe, lhe meto esta espada como soldado que sou.
Um juramento de grande valor. Há de aplacar a ira.
Meu patrão Pistol! Deve ver meu amo! E você, também, patroa! Está muito doente e gostaria de deitar-se. Bom Bardolph... Coloque seu rosto entre lençóis para servir de cobertor.
Fora, malandro!
Acredite... ele está muito doente.
Acredito... que o rei tenha matado seu coração. Bom marido, venha imediatamente.
Vamos lá, continuemos amigos? Temos de ir para a França juntos. Por que diabos estamos levantando adagas para matar uns aos outros?
Você me deve oito xelins que tinha ganhado da aposta?
Vil, é o escravo que paga.
Por minha espada, quem der o primeiro passo, eu mato. Juro por minha espada que vou fazer!
Se sois nascido de uma mulher, venham logo por Sir John. Treme muito e está ardente em febre, que é o mais lamentável de se ver. Bons homens, venham até ele.
Pobre Sir John. Um homem corpulento assim.
Sim, e alegre. Agradável aos olhos e da mais nobre estirpe.
Mas não posso diminuir? Minha pele flácida como uma roupa solta de uma velha. Companhias! As más companhias tem-me estragado. Eu era tão virtuoso como deve ser um cavalheiro. O virtuoso já basta! Jurou, um pouco, não jogou mais do que sete dias por semana, não estava indo para um bordel, mais de uma vez em cada quarto... e agora! Pagou a quem devia! Três ou quatro vezes. Ele viveu bem e em bom rumo.
Você é tão gordo, Sir John, que será necessário mais de uma bússola para lhe mostrar o curso.
Quando você ajeitar sua cara eu ajeitarei minha vida. Se a vida não é tão doce; então, que Deus ajude os ímpios. Se ser um velho e estar contente é um pecado... se ser um gordo é ser odiado... mas não, meu caro senhor. Caso você seja o rei, degredado Pistol, degredado Bardolph, degredado Nym, mas para o doce Jack Falstaff, o valente Jack Falstaff, e, por mais valoroso, por ser tão velho, Jack Falstaff, o retirar da companhia de Harry. Abandone o gordo Jack e abandonará todo o mundo. Sim. Eu vou. Mas nós ouvimos os sinos à meia-noite, meu senhor Harry. Jesus, os dias que temos visto. Não te conheço, velho.
O rei tem tratado mal o cavaleiro.
Nym, você disse a verdade. O seu coração está despedaçado e corroído.
O rei é um bom rei, mas as coisas são como são: excede um pouco as formas e os limites.
Deixe-nos compadecer do cavaleiro, porque os cordeiros... viverão.
Essas conversas entre brincadeiras e bebidas, com uma pitada de sexualidade, mostra o foco dessas pessoas no prazer e ao mesmo tempo no sentido de serem súditos de um rei ao qual podem julgar, e até sentir a sua presença no meio deles.
Eis a história de William Shakespeare adaptada para o cinema por Kenneth Branagh e transcrita como visto nas legendas para este trabalho.
Relator: Oh, como uma musa de fogo, que se eleva a mais brilhante imaginação de céu. Um reino para um palco, príncipes como atores e monarcas como espectadores de uma cena sublime! Em seguida, os Harry bélicos, como são, iriam adotar a atitude de Marte, e em seus calcanhares, atrelados como cães, fome, a espada e o fogo, agachados estão para serem empregados. Mas perdão, senhores, por me atrever a trazê-los a esse indigno cadafalso, um tema tão grande. Poderia conter esta bodega os vastos campos da França? Ou, então, poderiam conter esta sala de madeira todos os cavalos que assombraram o céu de Agincourt? Ah, desculpe! Deixo os números relativos a este grande espetáculo, ao trabalho de sua imaginação, porque são os seus pensamentos que devem adornar nosso rei, e conduzir aqui e ali, saltando no tempo, despejando a realização de muitos anos em uma ampulheta. Para tal plateia, permita-me ser o coro desta história, que, a título de prefácio, pergunto-lhe em sua humilde paciência, escute atentamente e julgue com gentileza...A nossa peça!
Diálogo secreto
Milorde, vos digo: é o mesmo projeto que, no reinado do último rei, quase foi usado contra nós. Mas como, Milorde, resistiremos agora?
Temos de refletir. Se aprovado, podemos perder a metade de nossa possessão.
Mas como evita-la?
O rei está cheio de graça e de boa vontade.
É um amigo sincero da Santa Igreja.
Durante sua juventude não prometia isso, e sua predileção por banalidades. Seu tempo ocupado com agitação, banquetes, esportes; e nunca percebi nele qualquer estudo.
Mas, Milorde, como pode mitigar tais projetos reclamados pela Câmara? E Sua Majestade, estará de acordo ou não?
Parece-me indiferente, ou melhor, se inclina em direção ao nosso lado, porque eu tenho feito uma oferta de Sua Majestade, tão atraente quanto a França...
Henrique V – Onde está vossa graça, Lorde de Canterbury?
Chegam atrasados e apressados – Deus e seus anjos guardem vosso trono sagrado e faça-o reinar por um longo tempo.
Agradeço-vos. Sábio Senhor, pelo que expliqueis, justa e religiosamente, se a lei que existe na França, exclui ou não, meus direitos e minhas reivindicações. Faça-o cuidadosamente, com o penhor de minha pessoa, senão, despertarás a dormente espada da guerra. Exorto-vos, em nome de Deus, faça-o cuidadosamente, porque esses dois reinos jamais lutaram sem grande derramamento de sangue.
Então, ouça, gracioso Soberano. Nada impede vossa pretensão sobre a França! Exceto isso, atribuída a Faramond: “Em Terram Salicam mulieres ne sucedant.” “Nenhuma mulher herdará terras, em Salice”. O Estado francês defende, injustamente, que as terras em Salice pertençam ao reino da França. No entanto, seus autores dizem que as terras em Salice estão na Alemanha, entre os rios Elba e Câmara. Assim, é evidente que a lei sobre Salice não foi concebida para o reino da França. E que as terras em Salice não pertencem aos franceses. Até 420 anos após a morte do Rei Faramond, alegado autor desta lei. Rei Pepino, que destronou Childerico, reclamou para sua descendência com Blitilda, filha de Clotario, a herança da coroa da França. Também Hugo Carpeto que usurpou a coroa de Carlos, Duque de Lorena, único herdeiro masculino descendente direto de Carlos Magno, não acalmou sua consciência, levando a coroa da França para garantir que a bela Rainha Elizabeth, sua avó, descendia de dona Ermengara, filha de Carlos, acima do Duque de Lorena, por cujo casamento, na linha de Carlos Magno aderiram à coroa da França. Desta forma, é tão claro como o sol do verão. Tudo coincide em sustentar seu direito a este título de herança, como fazem os reis de França até este dia. Contudo, defendem o direito sobre Salice para privar vossa Alteza dos direitos, a partir de sua linhagem feminina.
Posso, na lei e na consciência, fazer esta afirmação?
Que o pecado caia na minha cabeça, temido Soberano. Defenda vossos direitos, mostre sua bandeira com seu sangue!
Esperam que a levanteis, assim como fizeram os primeiros leões de vosso sangue.
Nunca, um rei da Inglaterra ou nobre por mais rico, nem mais leais súditos, cujos corações têm seus corpos aqui deixados, plantou sua bandeira nos campos da França.
Ah, se seus corpos o seguissem, meu caro senhor, com sangue, fogo e espada para conquistar vosso direito. Um montante tão elevado como nunca ofereceu o Clero a qualquer um dos seus antecessores.
H – Chama os mensageiros enviados por Dauphin. Agora, estamos determinados, e com ajuda de Deus e de Sua vontade, nobres tendões do nosso poder, a ser nossa a França, a vergar-se à nossa vontade, ou parti-la em pedaços. / Estamos dispostos a ouvir o que tem a dizer nosso primo Dauphin.
Mensageiro – Sua Alteza alegou à França possessão de alguns Ducados, pelo direito de seu grande antecessor, o rei Eduardo III. Em resposta a ela, meu mestre disse que: saboreias vossa juventude demasiadamente. Portanto, vos envia, em acordo com vosso espírito, esse tesouro. E a mudança que pretende dos ducados não são para vós. Isso é o que disse Dauphin.
Que tesouro, tio?
Bolas de tênis, meu senhor.
H – Estamos contentes que Dauphin seja tão complacente conosco. Esses presentes e seu desconforto, nós o agradecemos. Quando adaptarmos nossas raquetes a essas bolas, jogaremos na França, uma partida, com a ajuda de Deus, para azar da coroa do seu pai. E nós compreendemos bem a recriminação, hoje dissipada, sem medir o uso que delas fizemos. Mas diga ao Dauphin para manter a minha pontuação, atuando como rei e mostrarei a minha grandeza, quando eu fincar meu trono na França! E diga ao bom príncipe, que esse seu escárnio, transformou essas bolas em balas de canhão, e que sua alma será cobrada pela terrível vingança que irá voar com elas, pois milhares de viúvas chorarão por seus amados, mães por seus filhos, castelos por seus muros, e que estão ainda por vir e nascer, alguns ainda, com motivos para praguejar o insulto de Dauphin. Assim, vá em paz e diga a Dauphin que seu ato parece brincadeira de mau gosto. Milhares hão de chorar por aquilo que estavas a rir. Conduza-o com segurança sob escolta. Vá com Deus.
Para entender um pouco melhor o pensamento da realeza, em tempos de tanto malefício trazido pela República ao Brasil, vou transcrever a adaptação para o cinema feita por Kenneth Branagh da obra de William Shakespeare, Henrique V. Irei usar os dados históricos como estão colocados na Wikipédia, nesta data.
Henrique V (Monmouth, 16 de setembro de 1386 – Vincennes, 31 de agosto de 1422) foi o Rei da Inglaterra de 1413 até sua morte. Era filho do rei Henrique IV e sua primeira esposa Maria de Bohun, sendo o segundo monarca inglês da Casa de Lencastre.
Henrique de Monmouth (assim conhecido por ter nascido no castelo de Gales com o mesmo nome) foi criado longe da corte, uma vez que não era descendente de um pretendente à coroa. Em 1399, o seu pai revoltou-se contra o primo Ricardo II de Inglaterra, acabando por depô-lo e subir ao trono. Esta mudança conferiu um novo estatuto a Henrique, agora herdeiro da coroa e como tal Duque da Cornualha e Príncipe de Gales. Estes títulos não eram só nominais. Henrique encarregou-se desde muito cedo da administração de Gales e em 1403, com apenas 16 anos, liderou os ingleses na batalha de Shrewsbury, que pôs fim à revolta organizada por Henry Percy. Apesar de seriamente ferido em batalha, Henrique sobreviveu e continuou no terreno, lutando até 1408 contra Owain Glyndwr, outro rebelde galês. A partir de 1410, Henrique assumiu o controle da administração, devido ao estado de saúde do pai, cada vez mais débil.
Finalmente em 20 de março de 1413, Henrique de Monmouth sucede a seu pai como Henrique V. As suas primeiras medidas foram no sentido de pacificar os conflitos internos derivados da violenta subida ao poder do seu pai. Foram emitidas anistias e reinstituídos como herdeiros os filhos de homens que se opuseram a Henrique IV e morreram por isso. Livre de pressões internas, Henrique dedicou-se à política externa, nomeadamente à sua pretensão à coroa de França e a resolução da guerra dos cem anos que durava já desde 1337. A campanha de 1415 foi marcada pelo sucesso da batalha de Azincourt (25 de outubro), onde as suas reduzidas tropas derrotaram o grosso do exército francês e dos seus aliados. Em 1417, Henrique renova as hostilidades e conquista a Normandia, enquanto os franceses se encontravam divididos pelas disputas entre armagnacs e borgonheses. Ruão cai em janeiro de 1419 e em agosto Henrique acampa com o seu exército sob as muralhas de Paris. Em setembro, João o Temerário, Duque de Borgonha é assassinado e a capital perde qualquer esperança de salvamento. Depois de seis longos meses de negociações, Henrique é declarado herdeiro e regente de França pelo tratado de Troyes e casa com a princesa Catarina de Valois a 2 de junho de 1420.
Tudo parecia apontar para a união pessoal com a França e Henrique retirou-se, no auge do seu poder, para a Inglaterra. A visita a casa durou pouco tempo. Em 1421, o seu irmão Tomás, Duque de Clarence, morreu na batalha de Baugé e obrigou Henrique a regressar ao teatro de operações. O inverno passado em campanha, no cerco de Meaux, enfraqueceu-lhe a saúde e o rei acabou por morrer de disenteria em agosto de 1422. O corpo foi transladado para Londres e encontra-se sepultado na Abadia de Westminster.
Henrique V foi sucedido pelo filho homônimo, então um bebê de oito meses, longe de representar o líder forte que se desejava para manter os princípios do tratado de Troyes. Assim, quando Carlos VI de França morreu poucos meses depois, o seu filho ficou à vontade para ignorar os acordos e, apesar de deserdado, reclamar a coroa francesa. Só em 1801 os reis ingleses abdicaram dessa pretensão.
Esse texto mostra que os reis se guiavam por suas pretensões, legítimas ou ilegítimas, e que poderia levar toda a nação à guerra. O importante é que eles se mantinham dentro delas, não é como hoje que o chefe fica na retaguarda enquanto os seus comandados vão para a linha de frente. Apesar de tudo, nota-se uma maior afetividade do rei com seus súditos, diferente daquela que se ver do presidente com seus eleitores, onde geralmente são eleitos por benefícios trocados ou prometidos, e daí surge toda discrepância do poder, que ao invés de auxiliar a coletividade, se volta para os benefícios pessoais, se conquistou o poder dessa forma. Mas teremos oportunidade de fazer diversas reflexões na forma do rei Henrique V se comportar pela visão do grande William Shakespeare.
Sempre neste dia dedicado à memória do santo de Assis, Francisco, não deixo de lembrar do meu nome que está relacionado com os milagres que ele tanto operou pelo mundo afora. Fui o primeiro filho de minha mãe e no dia do parto, com ajuda de uma parteira da comunidade do interior em que eu iria morar, na própria casa que eles viviam, ocorreu a dificuldade desse primeiro parto de minha mãe, com extrema ameaça de morte, tanto para ela como para mim.
Como último recurso para salvar a nossa vida, foi recorrido ao Santo do mês de outubro que oferecia maior proximidade com o Cristo. Depois que o milagre foi feito, com os estudos adquiri a consciência crítica associada aos conhecimentos espirituais, que antes de ser ofertado a São Francisco, eu já pertencia a Deus, na condição de primogênito.
O tempo passou, não senti o peso do nome nem a responsabilidade que meus parentes fizeram eu ter frente a São Francisco ou a minha primogenitura. Nos dias atuais, com maior acúmulo dos conhecimentos extrafísicos, fui percebendo cada vez mais essa responsabilidade, principalmente com o Criador, cuja “voz” passei a perceber intuitivamente em minha consciência.
Antes de adquirir um melhor nível de consciência espiritual, eu já apresentava comportamentos sintonizados com a missão que eu viria a entender que Deus queria de mim. Claro, não era perfeito, alguns erros ainda cometi, mas nada tão drástico que não pudesse ser corrigido, ou que atrapalhasse a coerência do que eu viria a entender como “a minha missão”.
Agora, tenho uma melhor compreensão de todos esses fatos que acompanharam minha vida e a minha resposta comportamental a cada um deles. Sei que muito do que fiz de correto não posso justificar como sorte do acaso, certamente são recursos adquiridos por meu espírito em vivências anteriores, talvez até em outras moradas do Pai, como algumas pessoas chegam a dizer na forma de ironia.
Tenho uma compreensão mais clara das minhas fragilidades espirituais, dos erros, dos vícios que ainda atrapalham a minha caminhada, mas tenho também uma sintonia melhor com Deus, sei com mais precisão quando estou caminhando na trilha correta, quando faço algumas paradas... Consigo ouvir o que Ele quer me dizer nas diversas formas de comunicação e vou procurando colocar em prática dentro de minhas possibilidades cognitivas e motivacionais. A preguiça e a gula continuam a ser meus principais adversários, sempre estou tendo recaídas na disputa com eles, mas sinto que tenho o potencial do enfrentamento, que ainda não estou derrotado frente a eles.
Reconheço São Francisco como um modelo comportamental de motivação quanto seguir o modelo ideal que o Cristo ofereceu, dentro de suas perspectivas emocionais dos aprendizados em outras vivências. Não posso fazer o que ele fazia, casar com a pobreza e viver em plena pobreza, a mercê da caridade dos outros. Meu perfil comportamental tem outra dimensão, que respeita todos os exemplos de comportamentos dos que praticaram com prioridade a Lei do Amor, quaisquer que sejam as formas e os caminhos que eles seguiram. Também tenho o meu caminho e devo seguir a vontade do Pai que, acredito, cada um dos meus antecessores seguiram dentro de seus diversos talentos.
Consideramos Jesus como o maior terapeuta que já veio ao mundo, cumprindo uma missão do Pai de todos nós, Deus em qualquer terminologia que empreendamos, para nos ensinar sobre a prática do Amor, como forma de caminharmos na trilha evolutiva. Portanto, como essa lição tem uma aplicação prática dentro dos relacionamentos afetivos e na geração de desarmonias que redundam em doenças, é interessante fazermos uma viagem em busca dessa força Universal que pode ser confundida com o próprio Deus.
Dentro da comunidade científica a ideia preponderante é que tudo teve início a partir de uma grande explosão (Big Bang) que produziu a força criativa e expansiva que até hoje observamos no Universo. Mas continua a interrogação que a ciência não consegue responder e a espiritualidade responde com facilidade: Deus!
O resultado do Big Bang foi a formação das quatro forças básicas do Universo: eletromagnetismo, força nuclear forte, força nuclear fraca e gravidade.
O eletromagnetismo é a força que mantém a coesão atômica, por exemplo: as reações químicas, os fenômenos elétricos e os fenômenos magnéticos; a força nuclear forte mantém a coesão nuclear. Como exemplo temos o desenvolvimento da fusão nuclear com a produção de bombas termonucleares; a força nuclear fraca cria o decaimento radioativo. Como exemplo temos a fissão nuclear e as bombas atômicas; e a força da gravidade que mantém a coesão universal. Como exemplo temos o movimento dos corpos celestes que podem ser observados a olho nu.
Do ponto de vista da Filosofia, existe a busca pelo Arché, que é o princípio organizador de todas as coisas, organizador do mundo. Os Filósofos pré-socráticos desenvolveram seu pensamento em busca dessa compreensão: Tales elegeu a água; Anaxímenes a água; Heráclito, o fogo; Empédocles, o ar, a terra, água e fogo. Somente a partir do século XVII as ciências foram se particularizando como a Psicologia, a Biologia e a Sociologia.
Tales de Mileto (640 – 548 a.C.) é considerado o primeiro filósofo, devido a sua busca pelo princípio natural de todas as coisas (Arché). Ele descobre na água o princípio de todas as coisas. Para ele as coisas nada mais são que alteração, condensação e dilatação da água. É a água a vitalidade dos seres vivos.
A busca pela Arché, que significa literalmente “o que está na frente, a origem do começo.” Também pode ser entendida como: Realidade Primeira: que deu origem a tudo que existe. Substrato: fundamental que compõe as coisas. Força ou Princípio: que determina todas as transformações que ocorrem nas coisas.
Nada é permanente, já dizia Heráclito, exceto a mudança. Afirmava que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez, tanto o rio, como nós estaremos mudados. Estudava com afinco a Natureza, o Eterno Fluxo, o Perene Devir, o Fogo, o movimento (transformação), a guerra entre os opostos, a harmonia entre os contrários, e a Dialética.
Assim, Heráclito é o pensador do “tudo flui” e do fogo, que seria o elemento do qual deriva todo que nos circunda. Inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários, a guerra entre os opostos.
Podemos fazer então a pergunta básica: qual a substância básica do universo conforme Heráclito? Para Heráclito a substância básica do universos era o fogo.
Essa imagem que justifica o pensamento de Heráclito e invade o pensamento humano que é expresso nas palavra dos poetas, de todos os níveis, mundanos e eclesiásticos. Vejamos o que escreveu Camões:
AMOR
Amor é um fogo que arde sem se ver
É ferida que dói, e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer
É um andar solitário entre a gente
É um nunca contentar se de contente
É um cuidar que ganha em se perder
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata, lealdade
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Observamos com nitidez que o poeta encara essa Arché do fogo na simbologia do Amor que arde dentro da gente e faz os nossos valores materiais se submeterem de forma inevitável.
Outro poeta, Vinícius de Morais, também de cunho mundano, coloca a força abrasadora do amor capaz de destruir a própria vida do amante:
SONETO DO AMOR TOTAL
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante,
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade,
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente,
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Encontramos outro autor, Paulo de Tarso, este de cunho espiritual que fala da natureza do Amor em seus escritos aos coríntios, e de como podemos identifica-lo ou pratica-lo.
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine...
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”
Esse fogo do amor que sentimos com grande ou pequena intensidade, pode ser mal compreendido e cheio de preconceitos e condicionamentos. Podemos classificar o amor como dentro de três grandes grupos: Eros, o amor erótico; Philo, o amor amigo; e Ágape, o amor sublime.
Esses três níveis de amor podem ainda estar mais fracionados dentro de nossa condição humana, que começa por um amor material, muito associado aos bens materiais e relacionamentos humanos na forma da posse. Daí seguimos um tipo de escadaria onde podemos ir aperfeiçoando a forma de amar: lúdico, generoso, fraternal, sexual, familiar e, enfim, o incondicional, associado ao Poder Superior, à essência de Deus.
Alguns autores formatam pensamentos que ajudam a burilar como sentir e exercer esse amor, como Inácio Dantas que escreveu: “Não pretenda condicionar uma relação com exigências de qualquer ordem. Quem ama não impõe condições no seu amor. Ama incondicionalmente!
Também personalidades famosas do mundo acadêmico, como Sigmund Freud, afirmava que: “Nossa cultura impõe a ideia de que o amor romântico é mais importante que as outras formas de amor.” Muita gente considera este Amor Romântico como o ápice do desenvolvimento evolutivo do amor, e muitos nem sabem do Amor Incondicional e da importância dele em nossas vidas.
Finalmente, encontramos as palavras do Mestre Jesus que veio nos ensinar sobre o Amor Incondicional e dizia quanto a importância, da principal lei: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, e de todo o entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”
Assim, podemos concluir que o Amor é força primordial do Universo, fogo transformador, invisível, essência da criação/Criador/Deus, pleno de energia e sabedoria para manter infinitamente a evolução constante e harmônica da Natureza.
E nós? Seres criados e co-criadores pelo uso do livre arbítrio, devemos sintonizar com a centelha (fogo) divina para exercer à nível de nossos relacionamentos a mesma harmonia que o Criador exerce no Cosmo.
Assim conquistaremos à saúde plena!