Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/03/2015 23h59
POBRES PELO ESPÍRITO

            No mundo de relacionamentos em que vivo todos em algum momento devem servir a algum ser ou coisa.

            Ser pobre na visão cotidiana é não possuir bens materiais, que não tem recursos familiares, profissionais ou políticos de garantir a sobrevivência. No entanto, quando Jesus diz: “Bem-aventurados os pobres pelo espírito porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3), Ele não quer se referir a esse pobre que nossa visão materialista conceitua. Não quer colocar o rico como defeituoso ou o pobre como virtuoso, como a frase leva a pensar dentro do mundo profano.

            Pobres no sentido mais elevado do termo são aqueles que se fizeram materialmente pobres, voluntariamente pobres, mesmo possuindo recursos materiais, porque se sentem espiritualmente ricos, tão ricos que só necessitam de um mínimo, em termos materiais e psicológicos, para viverem alegres, com decência e com dignidade. Possuindo ou não bens materiais, desapegaram-se deles livremente, em razão de uma profunda convicção interna.

            Sigo o conselho de Jesus, “não acumulo para mim tesouros na terra, mas procuro acumular tesouros nos céus.” Resolvi não servir a riqueza e sim a Deus. Sei que nessa condição eu sou servo de Deus, mas é bem melhor, acredito. E tenho convicção que é melhor que ser servo da riqueza. Isso porque, qualquer que seja a riqueza ela é inferior à minha essência, ao meu espírito. Então, se eu sirvo a algo que é inferior a mim corro o risco de me degradar, de me tornar menor do que sou, abaixo de minha natureza, da minha dignidade.

            Devo servir sim, para isso vim ao mundo, mas somente a Deus... A Deus em Deus, a Deus no homem, a Deus na Natureza. Servir desinteressadamente é algo que amadureço cada vez mais em minha consciência.

            Então, a minha compreensão dessa primeira bem-aventurança ensinada pelo Cristo, ser pobre pelo espírito é desapegar-me subjetivamente dos bens e das circunstâncias, sejam materiais ou psicológicas, pois todas são quantidades superficiais ou externas. São coisas do mundo que se desintegram e ficam no mundo, são como acidentes de percurso na longa jornada que tenho de fazer em direção ao meu Criador.

            Não basta para eu ter algo, ainda que esse algo seja o mundo inteiro. É necessário que eu seja Eu, o que o Pai espera de mim no aconchego da transcendência.

            Deus não me pertence. Não O possuo, eu vou ao encontro dEle sem nada nas mãos. Quando estou desapegado das coisas materiais, Deus vem ao meu encontro, torna-se um comigo. Eu não posso segurá-Lo quando quero fechá-Lo em minhas mãos, porque Ele escapa do meu alcance. Somente quando eu me aproximo de mãos abertas e vazias posso experimentá-Lo como a grande felicidade.

            Sinto que sou eu que pertenço a Deus, eu e tudo que existe no Universo!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/03/2015 às 23h59
 
19/03/2015 23h59
FOCO DE LUZ (45)

            Reunião em 19-03-15 com a presença das seguintes pessoas: 1. Rawllinson 2. Radha 3. Edinólia 4. Juliano 5. Nivaldo 6. Juciê (1ª vez – condomínio) 7. Ana Paula 8. Netinha 9. Paulo Henrique 10. Luzimar 11. Francisco Rodrigues 12. Marcelo (1ª vez – Médico Brasília Teimosa) 13. Edson (1ª vez – Médico Praia do Meio) 14. Davi 15. Carlos 16. Ezequiel (passou na reunião) 17. Sílvia 18. Severino e 19. Costa. Iniciamos com a leitura espiritual “O Primeiro desafio” e em seguida o registro da reunião anterior que foi aprovado sem alterações. Feito um resumo das atividades do Projeto Foco de Luz e da AMA-PM para esclarecimento aos médicos residentes do programa da família que vieram conhecer nosso trabalho e se colocarem a disposição no atendimento à comunidade, inclusive com a possibilidade da visita domiciliar. Edinólia ficou de retomar os contatos com o senhor Zezito, proprietário do Hotel Reis Magos quanto a sua vinda a Natal. Damares ficou de retomar os contatos com o Secretário de Esportes de Estado para viabilizar nossa entrevista. Foram discutidos os próximos eventos que devemos realizar na comunidade, como a Páscoa, dia das mães e o São João. Foi criada uma comissão formada por Edinólia, Damares, Ana Paula, Netinha, Silvia e Radha para fazerem a proposta de atividades para apresentar na próxima reunião. Quanto ao São João, Luzimar sugere que seja feita uma comissão composta por ele, Paulo Henrique e Radha para irem à Secretaria de Eventos da Prefeitura para ser feito uma parceria com o município. Nivaldo ficou com a responsabilidade de viabilizar o carro de som utilizando o som de Costa que está a nossa disposição na escola Olda Marinho. A Associação cobrirá os custos com o técnico para fazer essa instalação. Luzimar falou da urgência em oficializar a AMA-PM e que trará na próxima semana um modelo de Edital para ser aprovado, divulgado e com 15 dias fazermos a eleição. Davi voltou a falar da importância da carteira de sócio da AMA-PM e que pode colaborar nessa confecção, depende da oficialização da Associação. Juciê diz que veio informar de postes que estão apagados na área da farmácia e diz que o proprietário do terreno baldio no qual a associação quer viabilizar trabalhos comunitários está viajando. Costa diz que espera o seu regresso para fazer o contato. Rawllinson coloca as dificuldades que existem no trabalho com as crianças na quadra de esportes. Carlos se dispõe a ajudar, desde que o trabalho seja feito com as crianças de menor idade. Paulo ficou de ver a possibilidade de integrar o trabalho da Guarda Municipal nessa atividade. Costa fala da dificuldade de implantar o trabalho de Guarda Mirim nas escolas por resistência de alguns professores quanto a presença de policiais dentro da escola com foco na disciplina. Quanto a alimentação foi conseguido apoio com a doação de batgut. Às 20:30h encerramos a reunião, Costa conduziu a oração do Pai Nosso e todos posamos para a foto coletiva. Finalizamos com os parabéns de aniversário de Edinólia e todos participaram de bolos, sucos e refrigerantes.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/03/2015 às 23h59
 
18/03/2015 23h59
EIXO ESPIRITUAL

            O Sermão da Montanha é o coração do Evangelho, a sua alma, e o eixo espiritual para a minha vida. Não foi à toa que o meu aniversário dos 60 anos eu o colocasse no centro da minha fala, dos meus cumprimentos aos amigos, concluindo no final com a epifania da oração de São Francisco.

            O Sermão da Montanha é a constituição cósmica do universo, a Carta Magna, a síntese, a excelência e o espírito de toda a mensagem do Cristo.

            Na noite que antecedeu o Sermão da Montanha Jesus a passou em meditação, com a alma mergulhada no infinito. Naquela oportunidade Jesus era uma antena receptiva e transmissora, delicada, sutil e fiel; fidelíssima, totalmente afinada com Deus, com a fonte do Amor Absoluto, da Sabedoria Perfeita, da Verdade Libertadora.

            De manhãzinha, ainda todo resplandecente e aureolado dessas harmonias e belezas celestiais, o Mestre permitiu que simplesmente se transbordasse, de forma natural e espontânea, a mais autêntica e sublime mensagem do infinito que o mundo já vira. Naquele momento glorioso, no alto de uma colina, Jesus era a mais fiel e poderosa antena de captação e, ao mesmo tempo de retransmissão inteiramente desinteressada, em benefício de todos os finitos.

            Ele inicia o Sermão da Montanha com as magníficas Bem-aventuranças, que não são propriamente ensinamentos. São antes de tudo raios finitos, coloridos, de uma luz incolor e infinita, que foge à nossa coerência incipiente e se derrama graciosamente por todas as latitudes e longitudes de nossa casa planetária. Não são palavras elaboradas pela cognição, são experiências crísticas, explosões de uma gigantesca implosão, a exteriorização visível do Cristo interno invisível.

            Dessa forma não posso compreender pela via comum dos sentidos, nem mesmo pelos canais intelectivos da mente, essas beatitudes ou bem-aventuranças, seja em seu conjunto, seja em qualquer uma delas isoladamente. Para isso eu preciso de uma profunda meditação, parecida com aquela que o próprio Jesus experimentou, vivenciou e nos deu testemunho.

            Depois disso acontecer na mente, devo viver na prática, em todo o alcance e plenitude, o espírito do grande Sermão. Esta é uma exigência explicitada pelo próprio Jesus: “Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína”. (Mt 7,24-27).

            As Bem-aventuranças contidas no Sermão da Montanha são expressões da mais pura, autêntica e perfeita felicidade, e nada tem a ver com qualquer espécie de prazer material, biológico, instintivo.

            Então fico a perguntar... Que é então uma bem-aventurança? Que é felicidade? Não é uma satisfação íntima, livre de qualquer forma de sofrimento moral? Felicidade é uma serenidade imperturbável da alma, é uma divina paz interior, inexplicável pela cognição, e na maioria das vezes, incompreendida. Não é apenas ausência de dor, mas que pode ser, mas sempre com a mistura da fé e esperança correndo nos trilhos do Amor Incondicional.

            Felicidade é o conforto sublime que procuro aperfeiçoar durante a minha caminhada, seguindo o eixo espiritual do Sermão da Montanha, em busca do bom êxito na mais nobre e difícil de todas as artes, que é a arte de viver. Ser perfeito como “o Pai é perfeito” deverá ser o infinitamente feliz.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/03/2015 às 23h59
 
17/03/2015 23h59
ADEUS, BABY!...

            Não é algo tão trágico assim, não chega a ser mesmo um adeus definitivo. Nem se trata de um ser humano, é simplesmente um objeto, metálico, móvel, um automóvel, um QQ 1.1, carro popular de fabricação chinesa. Um carro importado para o Brasil. Mas parece uma criança, de rosto sorridente. Comprei para me servir no dia a dia, por ser um carro econômico e pequeno, que posso estacionar em qualquer espaço desse transito super congestionado.

            Interessante como os sentimentos afetivos podem se derramar por tudo ao meu redor, não somente com pessoas, com humanos. Descobri que sentimentos também podem ser direcionados para objetos inanimados, ou melhor, animados com a nossa participação. Assim percebi com a despedida do meu QQ. Descobri aspectos agora no momento final, coisas que antes não haviam surgido na minha consciência.

            Descobri que o QQ estava sempre me ensinando humildade. Ele não se incomodava de me levar de segunda a sexta de um lugar para outro da cidade, muitas vezes sujinho por dentro e por fora devido a minha falta de tempo crônica. Ele não ligava, simplesmente jogava água no para-brisa e lá íamos nós para os diversos compromissos do trabalho.

            Não ligava quando eu pegava o outro carro no fim de semana e ia para passeios mais alegres para me divertir com os parentes e amigos. Ele ficava guardado no estacionamento do apartamento e nem sequer tinha uma cobertura para protegê-lo da constante maresia. Nunca protestou quando na segunda feira eu colocava a chave na ignição e dava o comando para sairmos para mais um dia de labuta, mais uma semana de trabalho. 

            Chegou a me ensinar lições espirituais do mais alto gabarito. Lembro que no ano que o adquiri eu entrei numa espécie de teste dos meus valores morais e espirituais. Eu tinha certa pretensão de que estava muito acima de meus irmãos que jornadeiam comigo nesta vida. Pois bem, no primeiro sinal de trânsito que parei ao sair do trabalho, logo senti que algo bateu na traseira do meu QQ novinho. Era uma carroça conduzida por dois meninos que não conseguiram controlar o burro e ele fez com que amassasse a carroceria do QQ. Desci do carro bravo, vestido ainda com o jaleco branco que uso no trabalho e disposto a ter alguma compensação pelo ocorrido, ou mesmo uma vingança pela irresponsabilidade do desastre. Como vi que as crianças nem seus pais poderiam pagar pelo estrago feito, nem mesmo que eu chamasse os guardas para registrarem a ocorrência, pensei em cotar as cordas que prendiam o burro à carroça e o deixar correr pela pista deixando os meninos atarantados. Finalmente minha consciência conseguiu o controle das emoções e voltei ao QQ só com os protestos de tal coisa poder acontecer numa via asfaltada tão usada pelos motoristas. Hoje eu sei que aquele amassado que ainda hoje existe no QQ é um sinal que mostra o quanto ainda estou longe de ser a pessoa tolerante, compreensiva que eu imaginava ser.

            Também ele me ensinou uma das grande lições do Cristo, de ser simples como as pombas e prudentes como as serpentes. Na última revisão que fiz no QQ, aceitei com educação todos os itens de despesa que me foram ditos sem que a moça responsável me tivesse mostrado o que estava sendo cobrado. Depois que foi dado o valor e que o cartão foi passado, pequei os documentos fui verificar o que eu havia acabado de pagar. Descobri que o item mão de obra havia sido cobrado duas vezes. Chamei a atenção da secretária e ela teve que refazer o pagamento. O Baby dessa vez ficou orgulhoso comigo.

            Lembro-me de uma noite ao voltar para casa e passar por uma lombada, o QQ tropeçou e quase que eu perdia sua direção. Mas ele evitou bater em outro carro ou no meio fio e mesmo machucado me levou em passo lento até o meu apartamento.

            Por tudo isso o QQ se tornou meu amigão, me devotava um amor incondicional, parecido com aquele que o Mestre ensinou e que eu procuro aplicar. Portanto, é justificável que na hora da partida o meu coração tenha marejado.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/03/2015 às 23h59
 
16/03/2015 23h59
SOCIEDADE SITIADA

            Existe no universo um movimento constante para evolução da Natureza, principalmente dos seres conscientes, como é o caso da humanidade. Devemos sair de um estágio simples e ignorante e com a determinação de corrigir os erros cometidos devido a ignorância, e nos aproximar da essência do Criador, que é o Amor Incondicional. Esse embate pode ser visto como uma luta do Bem contra o Mal, que nada mais é que o confronto entre pessoas mais evoluídas espiritualmente e aquelas ainda presas nas algemas do egoísmo, algemas essas que foram necessárias em algum momento da evolução, mas nunca no estágio de amadurecimento espiritual.

            Assim, como ontem as forças do bem se organizaram aqui em Natal, principalmente, considerando a comparação entre os estados do Nordeste, para ser feita uma demonstração pública em defesa da honestidade, da verdade e da justiça, as forças do mal encontraram uma forma de mostrar também a sua força logo no dia seguinte.

            Dessa forma, a sociedade natalense hoje anoiteceu sob o clima da barbárie. Os presos da grande Natal se organizaram para protestar, quebrar e queimar as instalações dos diversos presídios e orientar aos seus comparsas que estão soltos pelas ruas para depredar, queimar e matar. As pessoas ficaram apavoradas, principalmente os estudantes, que pegos de surpresa nas escolas e faculdades se sentiram dentro de uma cidade sitiada pelos marginais.

            O estado parece um gigante inoperante que só tem habilidade para tirar o dinheiro do cidadão através de uma infinidade de impostos os quais são em grande parte desviados para o bolso dos corruptos. Esse foi o principal motivo do movimento nas ruas do dia anterior. A falta de presídios frente a uma demanda sempre crescente, mostra que temos de encontrar uma solução o mais rápido possível. O Brasil é um país de dimensões continentais e isso pode colaborar nessa questão.

            Imagino que uma lei deveria ser criada para ser aplicada de imediato. Qualquer pessoa que tenha sido presa, julgada e condenada, seria levada para a região amazônica, principalmente na área de fronteira. A família desses criminosos teria direito a acompanhar o seu deslocamento e seria instalada nas proximidades do cumprimento da pena. Os presos trabalhariam regularmente como um profissional à serviço do Estado, de acordo com sua pena. Enquanto isso seus familiares teriam direito a apoio governamental, saúde, educação e emprego para a manutenção digna dentro do processo evolutivo em qualquer faixa etária. Qualquer cidadão livre também poderia vir morar nessas comunidades, usando o mesmo benefício dado as famílias dos apenados. Somente os presos teriam um comportamento diferenciado, pois os seu trabalho seria compulsório e o salário correspondente seria usado para o ressarcimento ao Estado das despesas que esse tivesse com o cumprimento de sua pena. Nessa comunidade não poderia existir o recurso do celular, deveria ser caracterizado como uma unidade prisional de interação doméstica/comunitária. O telefone usado seria somente o fixo e de uso exclusivo pelas autoridades com a responsabilidade de administrar a comunidade.

            Essa é uma ideia embrionária, mas acredito que o esforço para amadurecê-la em seus princípios fundamentais traria mais viabilidade social dentro dos recursos despendidos e a justiça a ser realizada.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/03/2015 às 23h59
Página 707 de 941