As reflexões evangélicas que são conduzidas nas noites de sábado em reunião familiar, sempre lembrava que as lições estudadas ali, em teoria, deviam ser colocadas em prática no cotidiano. Eram usados os textos mais diversos, mas sempre com o foco na lições evangélicas. Porém, refletimos de forma mais clara, e verificamos que a maneira predileta de Jesus ensinar era pelo uso de parábolas. Ele sabia que as pessoas gostavam de ouvir uma boa estória e ele introduzia suas lições dentro das parábolas. Ele não dizia nada ao povo sem ser por meio de parábolas, para explicar coisas desconhecidas desde a criação do mundo (Mateus, 12:34-35)
Por esse motivo foi combinado que criaríamos um espaço virtual a partir da reflexão evangélica que denominaríamos de “Escola do Evangelho” para conduzir o estudo semanal na base das 40 parábolas que Jesus ensinou e que está escrito no Novo Testamento. Iremos obedecer a seguinte ordem:
Nesta primeira reunião foi ensinada a parábola do “Filho pródigo” com a leitura direta da Bíblia, mas nas próximas será elaborada a leitura da parábola com a reflexão a seguir que será distribuída após todos fazerem suas respectiva reflexões.
Temos que ter cuidado com o nosso comportamento para a devida prevenção aos males que podem nos atingir. Até mesmo as companhias podem nos trazer dificuldades em nosso projeto de vida, na evolução ascensional que é o que mais desejamos. Até mesmo espíritos fortes e combativos como o apóstolo Paulo, podem ser envolvidos em pensamentos malsãos e comprometer sua vida espiritual, que é a mais importante para todos nós.
Paulo era um doutor da Lei, um dos fariseus que defendiam ardentemente as leis que Moisés entregou em nome de Deus. A sua companhia de sacerdotes não possuíam um pensar saudável sobre a realidade, tinha uma preocupação maior com os lucros comerciais do que com a salvação da alma. Por causa dessa companhia e porque queria ser bem visto aos olhos dessa turma de pessoas eclesiásticas, Paulo passou a ser um cruel perseguidor dos primeiros cristãos, chegando a provocar a morte por apedrejamento de Estêvão (Jeziel). Foi necessária a intervenção direta do Mestre para ele sair desse caminho errado.
A mente é a fonte onde as diversas tendências se organizam para produzir as condutas. O aparelho biológico de posse dos recursos instintivos, da herança atávica, promove uma forte impressão sobre a conduta a ser tomada em qualquer momento. É importante que o Espírito tenha a força suficiente para fazer o devido controle dos desejos que chegam na mente. É a mente a fonte das más conversações, da exteriorização de ondas de animosidade que desarmoniza a biologia. As cargas magnéticas negativas são capazes de desajustar os controles nervosos, de provocar distonias da percepção, que identifica somente o lado negativo das pessoas e coisas. Não podemos deixar a mente nos usar, e sim, que sejamos capazes de usa-la de acordo com os interesses espirituais.
Caso deixássemos a nossa mente agir sem controle, logo ela estaria cercada de vícios, como conversações vulgares e licenciosidades, que levam ao desequilíbrio na saúde, como podemos observar na forma de gastrites, hepatites, fixações mentais e alterações do humor (pessimismo, derrotismo, depressão).
A terapia do amor é o recurso por excelência para fugir ou controlar o atavismo mental. Consiste na preservação ético moral, discernimento do que deve e pode fazer (não fazer o que agrada, mas não deve; não fazer o que deve mas não convém.), e promover a ação tranquila sem choques de emoção descontrolada.
A preservação da realidade é outro aspecto que deve ser observado. A pessoa deve se reconhecer como um espírito eterno, resguardar-se de sofrer altas tensões, sensações desgastantes e emoções violentas. A conduta deve sempre estar fiscalizada pelo espírito, para manter os desejos com freio, ter paciência, perseverança no bem e principalmente, prestar serviços ao próximo.
Os cuidados com o corpo devem fazer parte da rotina que devemos empreender para formar os hábitos saudáveis: evitar uso abusivo de bebidas alcoólicas, intoxicação pelo tabaco, drogas alucinógenas, drogas recreativas de quaisquer espécies, que alterem o delicado funcionamento dos neurônios cerebrais. Da mesma forma, não abusar dos alimentos, mesmo que sejam necessários à nossa sobrevivência. Evitar alimentos gordurosos, de difícil digestão e os industrializados. Habituar-se a limpar e hidratar a pele diariamente, beber cerca de dois litros de água todos os dias, e ter uma alimentação equilibrada com a participação de verduras, frutas e fibras.
Seguindo essas orientações de acordo com os princípios espirituais, logo estaremos em uso de uma segunda natureza, diferente daquela natureza animal. Entraremos na harmonia do pensamento com a ação, por pensar de forma salutar, gerando otimismo e paz ao redor, com ações corretas e hábitos responsáveis. Podemos assim ser o criador de nosso próprio destino.
Nesse programa cuidadoso que iremos realizar, é importante pensar antes de fazer, estabelecer roteiros, seguir o que foi planejado e assim evitar a culpa por agir sem retidão. Não devemos esquecer que o amor próprio é o primeiro de todos os amores, é ele que nos coloca no caminho correto em direção ao Pai.
Iremos observar, agindo dessa forma, uma confiança e alegria que tem início no lar, com a irradiação de simpatia e esperança, com uma conversação nobre, uma condução do corpo com moderação, superando a preguiça e desenvolvendo o hábito da oração.
Alcançaremos a verdadeira saúde que é encontrada na harmonia dos órgãos, na serenidade íntima, no equilíbrio emocional, no pensar bem e correto, e no desenvolvimento de aspirações, estéticas, artísticas, culturais e religiosas.
Pai, muitas vezes me queixo ou me defendo de não saber falar Contigo. As palavras certas não me vem à mente quando estou preparado para orar. Muitas vezes repito a oração que nosso Mestre ensinou, a oração do Pai Nosso, para sair da dificuldade.
Portanto, Pai, hoje peço um favor especial. Quero usar as palavras que muitos irmãos meus usaram para falar Contigo e que sintonizam com aquilo que penso e sinto. Sei que eu devo encontrar as palavras sintonizadas com meu coração, mas eu sou ainda como aquele estudante ignorante que está sentado no banco escolar querendo aprender e tem que copiar as palavras escritas, passando muitas vezes o seu lápis por sobre um traço previamente desenhado.
Assim sou eu, Pai, preciso usar as palavras que foram publicadas por alguns dos meus irmãos e que representam também o meu pensamento, para falar Contigo. Peço licença a esses irmãos para usar suas palavras como se fossem minhas, e a Ti, meu Pai, peço paciência por ser ainda tão ignorante.
Pai, permite que o Espírito Santo habite em meu coração e que remova qualquer tipo de mágoa, ressentimento, raiva, ou qualquer sentimento negativo que haja se formado contra qualquer um dos meus irmãos, sem o consentimento do meu espírito, pois minha vontade é a de disseminar o amor por onde eu andar.
Concede-me, Pai a graça de nunca reclamar do que me falta, e de sempre lutar pelo que me é possível; dá-me forças de caminhar sempre ao lado da Verdade, mesmo que isso me cause desconforto pelos interesses externos contrariados.
Pai, preciso de coragem para romper com tantos comportamentos hipócritas dentro da cultura da sociedade humana, preciso evitar que eu não me contamine com eles. Sim, Pai, sei que coragem não é a ausência de medo, e que as vezes ele chega na minha alma, mas sim, a capacidade de avançar apesar do medo; caminhar para frente, vencendo as adversidades, vencendo os medos...
Sei que o mal atávico está incrustado no meu ser, mais sei também que Tu me criastes colocando na minha alma o perfume da Tua essência, e com ele eu posso vencer os obstáculos que dificultam a minha caminhada em Tua direção.
Pai, sei que seu apelido é Amor, e por isso quero receber, nutrir e distribuir o mais puro sentimento que eu puder alcançar de Ti; que eu tenha a inteligência suficiente para não contaminá-lo por nenhum tipo de condicionamento.
Sei que é na oração a grande oportunidade de discernir a Tua vontade e de obter perseverança para cumpri-la, por isso estou aqui, aproveitando esta ocasião. A intuição me diz que eu estou trilhando o caminho certo, apesar de tantas adversidades, medos e sofrimentos que são gerados no caminhar. Mas a lógica e inteligência que permitistes que eu recebesse como herança, dizem que estou correto, que eu devo continuar a avançar na prática do Amor Incondicional, na formação da família ampliada, na disseminação do Amor a Deus e ao próximo por onde eu andar, sem a obrigação de cumprir rituais, mas sim de fazer a vontade do Pai onde eu me encontrar, com quem quer que seja. O sofrimento que por acaso venha a ser infligido a alguém, nessas bases do Amor, da Verdade e da Justiça, certamente servirão para o aperfeiçoamento moral de quem assim se sentir frente a esse comportamento. E se por acaso eu falhar, Pai, em qualquer ponto dessa declaração de intenções, por favor perdoe-me e faça com que meus entes queridos também perdoem a minha ainda ignorância.
Mais uma vez tenho a intuição que Deus fala comigo, me orienta no que devo fazer. Já disse mais de uma vez a Ele da minha dificuldade em colocar na prática os princípios evangélicos dentro dos eventos da comunidade. Mesmo sendo um evento de natureza evangélica, como São João e Natal, sempre as ações de cunho mundano terminam por predominar frente ao evangélico. E sempre fico incomodado por não ter condições de evitar isso.
Então, por “coincidência”, resolvi assistir a um filme na NETFLIX que sempre ficava curioso com ele, mas nunca me destinava a assisti-lo. Pois dessa vez eu resolvi ver e tive uma grata surpresa. Não era um filme de natureza mundana com rótulo evangélico, como cheguei a pensar. Era sobre um evento que se passou em Los Angeles, Estados Unidos. Não era um filme, musical, teatro ou poderia ser tudo isso.
Foi um evento parecido com um show conduzido por cantores. Foi montado um palco bem direcionado numa praça pública, com um apresentador que orientava todos os passos do espetáculo. Dizia que iria reproduzir os momentos da paixão do Cristo, na voz de cantores jovens que interpretavam nas ruas os passos que Jesus deu em Jerusalém. Essas cenas eram filmadas, as reuniões de Jesus com seus apóstolos, em momentos significativos, como a última ceia, a oração no Jardim do Getsemani, o julgamento, a prisão, a ressureição. Todas as cenas eram filmadas e passadas no telão que foi montado por trás dos local onde os cantores se apresentavam.
Enquanto isso acontecia no palco, os cantores cantavam os momentos significativos da Paixão, sob os comentários do apresentador, existia uma paixão que se arrastava pelos arredores, conduzido uma grande cruz iluminada, seguida por uma multidão de pessoas, entre moradores da cidade ou turistas. Existia uma apresentadora no meio da multidão que caminhava em direção ao palco conduzindo essa cruz iluminada, que fazia entrevista aos participantes da caminhada. Finalmente a cruz chega no local do evento e fica colocada entre os dois palcos, significando o momento da crucificação. A cantora que se portava como a mãe de Jesus, ficou ao lado da cruz cantando as canções pertinentes ao momento da crucificação, da dor da perda, do sacrifício por testemunhar tanto suplício para seu filho.
Finalmente o momento apoteótico, o cantor que representa Jesus ressuscitado aparece sobre um dos prédios mais altos do entorno, cabelos esvoaçantes pelo vento forte que lhe atingia o corpo, assim como uma luz incandescente que resplandecia suas vestes brancas. Cantava de forma intensa sobre o Amor Incondicional.
Finalmente todos os atores chegaram no palco para cumprimentar e receber o aplauso dos presentes.
Fiquei maravilhado com a beleza do espetáculo, e mais ainda, por ter se desenvolvido totalmente sobre a luz do evangelho, mesmo que ambientado na modernidade.
Acredito que possamos fazer algo parecido na Praia do Meio, com a participação da AMA-PM junto às diversas igrejas. Talvez para o próximo ano, durante a época da paixão não seja mais possível, pois um evento da envergadura desse, deve gastar no mínimo um ano para a sua programação. Mas pelo menos uma espécie de balão de ensaio nós podemos fazer para ver como se comportará nossos moradores e voluntários organizadores do evento.
Os pais de G voltaram ao consultório sem a filha, pediram um encaixe e foram ambos até lá. Disseram que a filha vai bem, que ela segue tomando a medicação que eu prescrevi sem que ela tenha conhecimento disso, toma dentro da alimentação.
Perguntam se esse procedimento está correto, se eles podem continuar a agir assim, pois sentem que ela vai bem, assumiu todas as suas responsabilidades profissionais, viaja sozinha de um município a outro, distando 280 km, sem problemas durante a viagem ou durante o período que fica nesse município sem tomar a medicação.
Eu respondo que isso não é o correto, que o paciente deve ter conhecimento da doença que tem e do remédio que toma, e de outras providências, no caso dela, a psicoterapia. Mas como ela não aceita que tem nenhum transtorno mental, que suas dificuldades são de ordem física ou sócio profissional. Se eu fosse seguir com rigor a técnica terapêutica, não iria permitir que o paciente tomasse remédio escondido. Iria dizer que ela faz uso do remédio na alimentação, que os seus pais é quem tomam essa atitude para proteger do risco da exacerbação dos sintomas e talvez com uma evolução patológica que implicasse na necessidade de uma internação.
Expliquei tudo isso aos pais da paciente, e confirmei que não tomo a atitude técnica, porque considero que na comparação de um esclarecimento da situação que implique no estresse de uma internação psiquiátrica, prefiro ficar mantendo um tratamento clandestino para a paciente, desde que ela se encontra estabilizada emocionalmente.
Apesar de tudo, sei que essa é uma prática muito comum, de orientarmos a família de nosso pacientes para administrarem o remédio na alimentação quando houver a rejeição. Mas geralmente os pacientes sabem que estão indo à consulta médica, sabem que está sendo prescrita a medicação, sabem que as pessoas ao redor compreendem que eles tem um problema mental. Essa paciente foge desse perfil, pois compreende que não está em tratamento psiquiátrico, que está desenvolvendo a sua vida sem necessidade de nenhuma medicação. Esse é o aspecto mais complicado, pois não existe a possibilidade de indicar outros procedimentos necessários, como é o caso da psicoterapia, pois a paciente se considera livre dessa necessidade, por ser uma pessoa psiquicamente saudável.
Com esse perfil de G eu considero apenas uma outra paciente, idosa, que sofre de distimia, também não se considera portadora de transtorno mental e faz uso da medicação necessária porque algumas das filhas aplicam, um remédios que ela toma pensando ser útil para outra dificuldade de natureza física.
Essas pessoas sempre irão depender de outras que convivam consigo para conter os seus sintomas e nada é feito no sentido de melhorar a doença de forma mais global, principalmente com o uso da psicoterapia.