Este dito popular “Diga-me com quem andas que eu te direi quem és” encerra uma grande verdade. Sempre nós procuramos sintonizar com aquelas pessoas que tem uma vibração próxima da nossa ou das nossas aspirações. Daí temos os diversos grupos que se formam, tanto do lado do bem como o oposto. Ficamos dentro de qualquer um desses grupos quando nos sentimos bem dentro dele. Quando por algum motivo, reconhecemos que esse grupo nos causa mal, então a tendência é que saiamos de dentro dele e procuremos outro. É o caso de pessoas que usam drogas, que têm o seu grupo com esse objetivo. No momento que a pessoa reconhece o mal que existe no uso de drogas, resolve procurar outro grupo que não usa drogas, pois aquele não sintoniza mais com ele. Mesmo que essa pessoa não encontre de imediato esse grupo, ela prefere ficar sozinha e obedecer a outro ditado popular: “Melhor só do que mal acompanhado”.
Pois bem... Sempre tive dificuldades de fazer parte de um grupo, sempre percebia motivos que não me deixava satisfeito e logo deixava esse grupo, ficava sozinho, até fazer outra tentativa num novo grupo. Foi assim com a religião. Iniciei na religião católica por influência dos meus pais (minha avó e mãe, principalmente) e cheguei a ser escoteiro, auxiliar na igreja e organizar procissões. Logo fiquei insatisfeito com os dogmas católicos que tinha de cumprir e que iam de encontro ao meu racional. Entrei no grupo evangélico da Assembleia de Deus, e mais uma vez não fiquei satisfeito com a defesa dos princípios deles e com o que queriam que eu acreditasse. Fiquei muito tempo procurando uma religião que atendesse à minha lógica interna, até que encontrei a doutrina dos espíritos e achei uma forte concordância com aquilo que eu penso e pratico. O que é cobrado não tem a figura de um pastor, padre ou dirigente, e sim é a minha própria consciência que tem o papel de ser o meu acusador, juiz e carrasco, e devo procurar ser apenas melhor a cada dia como condição de ser espírita. Tenho a liberdade de entrar e sair em cada templo, participar de seus rituais e respeitar o modo de pensar de cada um, mas sem um rigor metodológico em seguir nenhuma agremiação. Assim me considero hoje um espiritualista cristão universal. Quer dizer que reconheço a existência do mundo espiritual, a posição de Jesus Cristo como o meu Mestre e que tudo que aplico aqui na Terra deve ter respaldo em qualquer ponto do Universo.
Esse mesmo dilema que encontrei no campo religioso, também encontrei no campo político. Os partidos que participei e cheguei a desenvolver militância se mostravam sempre distantes do meu modo de pensar, até que desisti da filiação em qualquer um deles. Apesar de considerar a política uma das ações mais nobres do homem, vejo que sua prática está contaminada em todos os níveis pelas mais escandalosas formas de egoísmo.
Lembro que o Mestre Jesus ensinava que devíamos sempre pedir, buscar e bater que seríamos atendidos, pois o Pai misericordioso e repleto de Amor para com Seus filhos, jamais deixará de atender um pedido que seja necessário. Jesus também ensinou que ele iria sair da vida material, mas que continuaria ao nosso dispor, e quando duas ou três pessoas estivessem reunidas em Seu nome, Ele estaria presente. Pois é esta companhia que eu quero. Mesmo estando sozinho, como vivo a maior parte do meu tempo. Sei que Ele falou que estaria presente quando duas ou mais pessoas estivesse reunidas, e não uma só como me encontro na maioria das vezes. Mas, como Ele próprio ensinou, eu posso pedir ao Pai essa permissão, de me sentir ao lado de Jesus assim que eu tenha necessidade e invoque-O para ficar comigo. Aí sim, estarei ao lado do meu Mestre, andarei com Ele por todos os lugares, ficarei com Ele até no banheiro, sentado no bojo e digitando, como estou fazendo agora. Sei que Ele não vai me censurar nem exigir nenhuma formalidade, que o mais importante além da limpeza do corpo, é a limpeza da alma, e isso Ele sabe que me esforço por fazer.
Agora, eu só não posso ir falando por aí que eu ando com Jesus e me relaciono de forma tão íntima com Ele, para as pessoas saberem quem eu sou. Passaria uma ideia de arrogância e prepotência, ou mesmo de loucura. Por isso, Ele que está agora ao meu lado concorda comigo e diz que não é preciso nem que Ele ande comigo, pois se eu consigo guardá-lo no coração, as minhas ações lembram de imediato o que Ele ensinou e a Sua imagem se confundirá com a minha. Disse também que nem precisaria orar para Ele, pois sempre Ele está conversando comigo na consciência, todas as vezes que se levanta uma dúvida se estou correto naquilo que quero fazer. Disse também que não me preocupasse quando eu quisesse orar ao Pai e não lembrasse as palavras necessárias para expressar os meus pensamentos e sentimentos, até mesmo se eu esquecesse o Pai Nosso que Ele ensinou. Bastaria balbuciar as palavras de desamparo, tal qual uma criança indefesa ao chamar pelo Pai, assim como Ele fez no Horto das Oliveiras:
Abbá!... Abbá... Abbá...
São Francisco de Assis era devoto da Santa Cruz do Cristo, por isso adotou o “Tau” e recomendava o seu uso. O “Tau” é uma cruz estilizada com a forma da letra grega Tau (T). Além de ser um símbolo bíblico é a última letra do alfabeto hebraico e a 19ª do grego, derivada dos fenícios e correspondente ao “T” em português. O Tau é a mais antiga grafia em forma de cruz e significa Verdade, Palavra, Luz Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. O Tau é a convergência das duas linhas: verticalidade e horizontalidade, significam o encontro entre o Céu e a Terra, entre o Divino e o Humano. Em 1215 o Papa Inocêncio III prega a criação de um novo símbolo cristão e São Francisco, estando presente nesta reunião, assume o Tau como símbolo de sua Ordem Religiosa: a Ordem dos Frades Menores. Santa Clara tratava dos doentes com a imposição do Tau, invocava a Deus para que curasse aqueles que padeciam.
Os três nós que se encontram no cordão do Tau significam três votos: Castidade, Obediência e Pobreza. Esses três votos tinham um sentido na Idade Média quando foram construídos: não sexo; não autonomia; e não bens materiais. Mas hoje, na Idade Moderna, em plena Era Tecnológica, do mundo informatizado e globalizado, será que o sentido continua sendo o mesmo? Vou verificar esses três termos com os óculos da visão moderna e associados com o Amor Incondicional que deve ser aplicado nos relacionamentos mais diversos, como forma de contribuirmos para a construção do Reino de Deus.
Castidade é considerada simplesmente a abstinência sexual, mas podemos aplicar o conceito dentro da lei do Amor Incondicional, como deve ser feito em qualquer tipo de relacionamento humano. A Natureza feita por Deus, inclusive os impulsos sexuais associados ao prazer que visa a reprodução e a permanência da vida, não podem simplesmente ser abolidos como forma de atingir a pureza. Se todos fizessem isso a humanidade desapareceria dentro de 100 anos. Tanto o homem como a mulher são necessários na interação sexual para que a vida prossiga, e assim a vontade de Deus. Então, é da vontade de Deus que façamos o sexo; a Castidade como sinônimo de abstinência sexual é um desvio da Natureza, da lei de Deus. O que podemos observar com cuidado é o bem estar do parceiro. Para o sexo natural ser realizado é necessária a interação de dois parceiros. A orientação do Cristo agora é da máxima importância para que o sexo não se desvie do caminho divino: “Não fazer ao próximo o que eu não quero que façam a mim”, ou “Fazer ao próximo o que gostaria que fizessem a mim”. Esta é a bússola comportamental perfeita que o Mestre nos ensinou para que não me perca na incoerência com o Amor. O ponto de partida é “amar ao próximo como eu amo a mim mesmo”, portanto tenho que me amar para poder amar a quem quer que seja. Não posso ficar amarrado a nenhuma instância legal, cultural ou preconceituosa que impeça esses movimentos. Portanto o casamento com suas regras de exclusividade fica definitivamente abolido, pois implica em cercear minha liberdade e evitar que a existência desses relacionamentos afetivos e amorosos cheguem até mim. A Castidade dentro dessa conotação do Amor Incondicional vai existir como sendo a abstinência do sexo que não obedeça a essa lei e não de uma abstinência completa do sexo.
Resolvendo essa questão da Castidade, os outros dois aspectos dos nós do Tau, Obediência e Pobreza, ficam resolvidos. A Obediência maior é seguir a Lei de Deus colocada na minha consciência e exposta na Natureza. A Pobreza implica em não acumular bens de qualquer espécie em detrimento do meu bem estar ou do bem estar do próximo.
Assim, o uso do Tau adquire uma significância bem mais ampla, dentro da força principal da Natureza, que é a força dos instintos sexuais que passam a ser melhor entendidos e controlados na obediência do Amor Incondicional, mesmo que em algum momento se forme na relação sentimentos do amor romântico.
Qual é o exemplo cristão que posso assegurar, considerando tudo que já aprendi sobre a vida, sobre a espiritualidade? Primeiro, que fui criado como um espírito simples e ignorante e que posso aprender com a vivência da carne através dos séculos. Em cada vivência eu adquiro um pouco mais de consciência até atingir o nível da humanidade onde eu já tenho condições de incorporar o livre arbítrio. Nesse momento tenho capacidade de ouvir as mensagens do Evangelho e decidir aceitar ou não. Se aceitar eu entro no caminho de livrar de minha consciência os séculos de atavismo animal que existe na consciência e inconsciência. Estou agora neste estágio, de ter recebido a mensagem evangélica, crer nela e procurar praticar a vontade do Pai conforme Ele colocou em minha consciência.
Agora tenho a responsabilidade de conduzir a minha vida neste caminho apontado por Deus. Tenho ao meu lado pessoas que Deus também tocou no coração para fazer uma simbiose das suas vidas com a minha, da forma mais profunda possível, construindo uma família com novo perfil. Ao tentar fazer isso vou encontrar, junto com minhas companheiras, principalmente, uma série de resistências, tanto internas quanto externas. Mas da mesma forma que os primeiros cristãos deram um forte exemplo de fé, chegando até os circos romanos para serem queimados nas fogueiras ou trucidados nas garras dos leões sob os cânticos de louvores a Deus e ao Mestre Jesus, também devo ser forte e resistir aos perseguidores. Foi este o exemplo que o Cristo ensinou quando não deu atenção, não perdeu tempo com seus perseguidores. Pelo contrário, desprezou os seus ataques e continuou na Sua missão.
Às vezes é necessário até partir para regiões distantes, como aconteceu com o Mestre, pois o importante é perseverar no caminho do bem e da vontade do Pai. Devo ser firme com todos que estão ao meu lado, que conhecem com clareza a natureza da minha missão e querem que eu viva a vida que eles acham que é mais honrada ou mais interessante, do ponto de vista deles. Não posso viver em desarmonia com ninguém, pois isto está nos princípios dos relacionamentos que o Pai quer que eu construa por onde andar. Portanto, se alguém não concorda com o meu modo de agir, mesmo sabendo que esta é a vontade de Deus, pois o que faço obedece com rigor à lei do Amor Incondicional que é a essência do Pai, eu devo me afastar e ir para lugar distante, evitar o convívio dessas pessoas que irá com certeza trazer desarmonia.
Não devo ter medo de ficar sozinho ou ao relento ao tomar essa decisão, de perder a proteção de pessoas que exigem que eu me afaste da vontade de Deus. Com certeza, Ele que cuida das aves e das plantas com tanto cuidado e amor, mais cuidará de mim por sofrer ao querer fazer a Sua vontade. E se por acaso eu vir a sofrer privações por causa disso, entenderei que é também da vontade dEle, entenderei que isso será uma forma dele me testar assim como testou a Abraão quando mandou sacrificar o seu filho.
Este é o exemplo cristão que o Pai exigiu do Seu filho mais perfeito, Jesus de Nazaré, quanto mais exigirá de mim que sou tão mais cheio de defeitos. Não posso ser hipócrita, reconhecer na minha consciência o que Deus quer de mim e agir como todos agem, dentro do egoísmo, da vaidade e do orgulho, mesmo paramentados com as vestes sacerdotais ou carregando impolutos os livros sagrados. Não! Por mais que eu seja combatido, execrado, humilhado, injuriado, escorçado por defender e aplicar o que Deus quer de mim, não me afastarei um só milímetro dessa condição. Rezo ao Pai que todos os meus companheiros que também decidiram fazer de sua vida um instrumento da vontade de Deus, que cada um receba dEle a coragem necessária para fazer frente a tão diversos, maliciosos e perversos adversários, que podem se esconder dentro do próprio sangue.
Estou digitando este texto no domingo, dia 05-10-14, dia das eleições. Já tinha rascunhado três textos na sexta feira dia do feriado dos mártires de Cunhaú, aqui no Rio Grande do Norte, era somente agora fazer a digitação e agendar no Recanto das Letras. No entanto, por um aspecto misterioso, não consegui encontrar esses textos rascunhados que acabara de colocar sobre a mesa. Não tenho explicação para esse desaparecimento. Então fui votar, frustrado por não ter encontrado esses rascunhos e enquanto estava esperando minha vez de entrar na cabine de votação, fiquei atualizando a leitura dos textos bíblicos da agenda que uso. Dizia assim o texto que li:
Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaída! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido feitos os prodígios que foram realizados em vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, cobrindo-se de saco e cinza. Por isso, haverá no dia do juízo menos rigor para Tiro e Sidônia do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te elevas até o céu, serás precipitada até os infernos. Quem vos ouve a mim ouve; e quem vos rejeita a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
Aos poucos fui compreendendo a lição política que existe na essência do texto e talvez tenha sido esse o objetivo de não ter achado meus rascunhos. Corozaim, Betsaída e Cafarnaum eram cidades próximas que formavam o triângulo evangélico onde Jesus desempenhou parte significativa de Sua vida pública, dos prodígios, mas se insurgem dentro da incredulidade. Mesmo tendo sido em Betsaída que Jesus multiplicou os pães e os peixes e alimentou cerca de cinco mil pessoas e também se localizar nessa região o monte das bem-aventuranças. Poderiam até fazer marketing como se faz hoje com algumas cidades, como por exemplo: “Cafarnaum, campeã mundial dos milagres”, “Betsaída, Terra da Bênção” e “Corozaim, Lugar de Prodígios” da mesma forma que se faz de Natal (Cidade do Sol) e Rio de Janeiro (Cidade Maravilhosa). A propaganda não seria mentirosa, pois foram nessas três cidades, Cafarnaum, Betsaída e Corozaim onde Jesus operou a maior parte de seus milagres. Mas pelo seu grau de incredulidade eram piores que as cidades pagãs de Tiro e Sidônia, semelhantes à Sodoma e Gomorra.
Então entendi porque Jesus falou assim, pois Ele foi pessoalmente a essas cidades, ensinou, fez milagres e, no entanto, não acreditaram e isso foi um sério agravante. Ora, se o propósito do milagre é confirmar a mensagem do Cristo e produzir o reconhecimento no espírito grato, que tendo recebido o milagre é a quem mais deverá ser cobrado. E infelizes daqueles que dependem de um milagre para crer, e pior ainda quando recebem o milagre e não creem. Feliz daquele que não viu, mas acreditou; não recebeu milagres, mas assim mesmo acreditou, como disse Jesus ao repreender Tomé.
Entendi porque Jesus foi tão rígido com o conhecedor insensível, que considerou pior do que o ignorante nativo que adora o sol e a lua, pior do que o tarado sodomita que queria fazer sexo com o anjo. Esse conhecedor insensível recebe milagres em sua igreja, fala com anjo, vê anjo, passeia com anjo, e nem assim se arrepende do mal que praticou nem se lamenta por suas tortuosidades diante de Deus. Permanece dentro do seu pecado do orgulho e vaidade, apesar de todo esforço feito para lhe levar a Verdade.
Então entramos na ação política de Jesus quando Ele repreende com vigor às cidades do triângulo evangélico à beira do lago e enviou os setenta e dois discípulos em missão junto aos pecadores com toda Sua autoridade: Quem vos ouve a mim ouve; e quem vos rejeita a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
Estou agora em pleno trabalho comunitário de natureza cristã. Como aquelas cidades do triângulo evangélico, eu vou encontrar pessoas que já conhecem o Evangelho e muitas já foram beneficiadas por milagres em suas igrejas ou no ambiente do lar ou do trabalho. Agora é tempo de aplicar esse conhecimento na prática dos relacionamentos comunitários como forma de construir a sociedade fraterna como modelo para o Reino de Deus. Como aconteceu há 2000 anos quando Jesus escolheu doze pessoas para ser o núcleo do trabalho e disseminou de forma mais ampla os 72 para levar o Evangelho a todo o mundo, assim também Deus tocou no coração de pessoas que estão formando o núcleo de trabalho na comunidade de Praia do Meio e com certeza mais adiante teremos os 72 que irão atingir a comunidade como um todo.
Esta é a política que Deus quer que façamos, sem a preocupação de alcançarmos cargos políticos mundanos, mas com a autoridade de levar a luz para os ambientes mais diversos possíveis, mesmo que esses ambientes pensem que já estão iluminados, como pensava Cafarnaum.
Ser escolhido por Deus é uma bênção e ao mesmo tempo uma prova. Eu vivia tão confortável com esposa e filhos, e de repente Deus coloca na minha mente, no início de forma sutil, que eu deveria sair dessa situação, deveria deixar a “manada” e procurar novos pastos, a terra prometida, o Reino dos Céus. Deixou em minha mente um forte senso de justiça e despertou no meu corpo os instintos biológicos que Ele criou para a reprodução da espécie. A consequência disso foi que eu quebrei os paradigmas sociais do casamento tradicional e deixei livre o Amor Incondicional com base nas lições do Cristo. Somente mais adiante, quando a minha ignorância foi um pouco diluída, à força de tanto ensinamentos espirituais, que reconheci ter sido escolhido por Deus para colocar avante esse projeto de Família Universal e quebrar os paradigmas da família tradicional.
Posso considerar uma bênção ser reconhecido pelo Pai para levar adiante tão importante projeto, mas por outro lado sei que estou em constante prova para garantir a fé que tenho nEle, assim como Ele exigiu provação à Abraão. Mas sei também que Ele sabe do forte senso de Justiça que eu possuo e que num teste de matar o próprio filho eu acredito que não passaria. Mas o Senhor é sábio e não vai me dar uma prova como esta, uma prova que se eu for reprovado estarei ressaltando valores de Justiça que está associada ao Amor e que esta é a Sua essência. Então comigo a prova seria diferente. A minha prova consiste em sair da zona de conforto e deixar a preguiça e o ócio, e fazer o trabalho que é necessário para o estabelecimento do Reino de Deus.
Mas... eu penso assim, que pela Justiça sou mais perfeito que Abraão? Mas, ele pela fé se mostrou mais próximo de Deus. O meu argumento de que a Justiça é derivada do Amor, e que o Amor é a essência do próprio Deus tem alguma falha? Pois, quando Deus impede que o sacrifício do filho de Abraão seja consumado no último segundo, Ele preservou Abraão de cometer um crime e deixou-o sair ileso. Quando eu não obedeço a ordem do Senhor, amparado na Justiça que tenho na consciência, não poderia estar errado? Já que eu sou falho e Deus é perfeito? Abraão não estaria correto ao obedecer ao ser “perfeito” e ignorar a vontade dele por ser “imperfeito”? Por outro lado, isso tudo não seria um delírio? E se a voz e a visão não tivessem salvado o meu filho? Chego então a uma conclusão: para que eu tenha fé é necessário que eu tenha o meu psiquismo íntegro para não correr riscos de cometer graves erros seguindo ilusões ou alucinações.