Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
16/06/2015 23h59
SINAIS DAS CHAGAS

            Juliano de Espira, ao escrever a biografia de Francisco de Assis (Fontes Franciscanas e Clareanas, cap. VII), citou o fato de ele ter enfrentado muitas e graves agressões e ofensas, antes de chegar ao próprio Sultão, na viagem que fez à Síria, época em que se travavam combates diários entre cristãos e infiéis. Com eloquência ele rebateu as palavras que ladravam contra a fé cristã. O sultão, porém, recebeu-o com a máxima honra e ofereceu-lhe muitos e preciosos presentes. O Santo de Deus, no entanto, considerava tudo aquilo um desprezível esterco. Por isso, o sultão ficou ainda mais admirado diante de um homem tão diferente dos outros e o ouviu com a maior atenção. Mas nem por isso o ditoso homem viu cumprido o seu desejo; por uma graça especial, o Senhor lhe reservou o privilégio de carregar, de forma admirável, os sinais das chagas.

            Eis aqui o que me chamou a atenção, o que liga o meu nome a Francisco de Assis, por uma característica especial: as chagas. São Francisco procurava seguir com o maior rigor o exemplo do Cristo, na pobreza, no amor e até no padecimento; ansiava sofrer as mesmas chagas da crucificação, como um marco espiritual importante para a sua alma. Com esse propósito é que ele viajou para a Síria, em pleno cenário de guerra, para falar com o chefe do exército contrário, imaginando que poderia sofrer suplício em defesa do nome do Cristo.

            Não tenho a ambição espiritual de Francisco de Assis, de ficar mais próximo de Deus através da mortificação do meu corpo de nenhuma maneira, a não ser com os jejuns que faço esporadicamente. Mesmo assim não é para castigá-lo por ele desejar o prazer da comida, e sim para disciplinar e não provocar doenças que sei que a obesidade provoca. Então não é uma mortificação corporal em busca da aproximação de Deus ou sofrer um pouco parecido com aquilo que Jesus sofreu. O meu objetivo com o jejum pode até também ter uma conotação espiritual, de manter saudável o templo de Deus, como pode ser considerado o corpo. Mas essas chagas corporais eu não procuro, e no entanto o meu nome tem essa sinalização. Com certeza existe um propósito, como tudo que Deus coloca em nossas vidas. Não fui eu que me batizei e escolhi o nome, mas as circunstâncias do meu nascimento assim favoreceu a colocação deste nome: Francisco das Chagas.

            Ao fazer uma procura mental para justificar o nome, imagino o seguinte. Pode ser que não tenha nenhum significado, como tantas pessoas que têm este mesmo nome que tenho e não têm essas preocupações. Acontece que eu estou sempre sintonizado com aquilo que Deus está fazendo ou fez na minha vida, para explicar a minha conduta atual e os meus projetos e expectativas futuras. Se Ele proporcionou que o meu nome tivesse essa partícula de “Chagas”, que implica em sofrimento, relacionado a Francisco de Assis que assim procurava por ele para fazer a Sua vontade, como ele imaginava, será que não tenho também nesse caso um mesmo paralelismo? Eu procuro fazer a vontade do Pai seguindo as lições do Mestre Jesus, assim como Francisco de Assis. Agora, o meu foco é diferente. Enquanto Francisco elegeu a Pobreza como o foco principal e a mortificação dos desejos do corpo como um caminho a seguir, eu elegi o Amor Incondicional como o foco principal e o uso dos desejos corporais como alavanca ou motivação para essa realização; para tirar o corpo da ociosidade da preguiça ou do repouso, em busca da ação solidária, fraterna, mesmo que isso implique em relacionamentos íntimos. O caminho escolhido por Francisco de Assis incluía como consequência o surgimento das chagas corporais; o caminho que escolhi inclui como consequência o surgimento de chagas emocionais.

            Assim pode se justificar o meu nome dentro dos projetos de Deus. Também tenho a preocupação de Francisco, de manter ocultas essas chagas. Para ele era mais difícil, pois eram chagas expostas no corpo. Para mim é mais fácil, pois são chagas expostas na alma, longe dos olhares curiosos, a não ser quando as lágrimas indiscretas denunciam o meu padecimento.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/06/2015 às 23h59
 
15/06/2015 00h01
SOFRIMENTO, POSITIVO OU NEGATIVO?

            Na sexta feira, dia 12-06-15, durante a reunião no Centro Cruzada dos Militares Espíritas, surgiu uma temática que terminei envolvido profundamente. Uma jovem participante relatava o sofrimento que vivenciava ao sair com o seu namorado e este apenas lhe acusa nos seus defeitos. Ela não se sentia bem com essa atitude dele e sofria bastante quando estava ao seu lado. No entanto, quando ele a convidava para sair ela aceitava, pois tinha um amor por ele. Todos os presentes consideravam que esse tipo de amor era doentio, pois estava gerando sofrimento, ela não se sentia bem ao lado dele.

            Foi nesse ponto que eu fiz uma reflexão íntima e disse que tinha um exemplo parecido com esse, comigo mesmo. Todos ficaram surpresos, principalmente a jovem, que me via como terapeuta acima dessas questões grosseiras de um afeto doentio.

            Eu disse que tinha duas companheiras que sofriam por permanecer dentro de um relacionamento comigo, eu que tenho uma perspectiva do amor diferente da perspectiva que elas têm. Enquanto eu penso e pratico o amor inclusivo, onde podem permanecer duas ou mais pessoas num relacionamento íntimo comigo, elas pensam que o amor deve ser praticado de forma exclusiva, que somente um par deve se manter com extrema fidelidade. Quando qualquer uma delas está comigo, se sentem bem, são respeitadas, consideradas, seus defeitos não são colocados acima de suas virtudes. Quando estão longe de mim sofrem, por imaginar que eu esteja com outra proporcionando o mesmo bem estar que elas usufruíram, o que na maioria das vezes é verdade. Dessa forma, o tempo de bem estar comigo é sempre menor que o tempo de sofrimento que elas têm com a minha ausência.

            Então, é nesse ponto que eu pergunto: esse amor que elas sentem por mim também é doentio? Sabendo que o tempo de sofrimento é sempre maior que o tempo de prazer? Vamos imaginar que o veredicto de todos nesta sala é de que sim, esse amor também é doentio. E da mesma forma que foi orientado para a jovem deixar o seu amor doentio, também seria orientado para essas pessoas que se relacionam comigo. Agora, diferente da jovem que está nesta sala, que já decidiu aceitar a sugestão dada e acabar o seu relacionamento e amor doentio, as minhas companheiras não estão dispostas a fazer isso. Então, seria justo eu tomar a iniciativa e acabar o relacionamento com todas e não voltar a me relacionar intimamente com mais ninguém, pois todas pensam de igual forma? Sabendo que ao fazer isso eu vou aumentar o sofrimento de cada uma delas? E esse sofrimento que minhas companheiras têm é da mesma natureza do sofrimento dessa jovem da sala? Será que o sofrimento dela é negativo e o sofrimento de minhas companheiras é positivo? A minha consciência tende a acatar essa possibilidade. O sofrimento dessa jovem que está na sala é negativo, pois é decorrente da baixa autoestima que alguém imprime sobre ela. O sofrimento das minhas companheiras é positivo, pois é decorrente dos impulsos egoístas, animais, que desejam a pessoa amada exclusivamente para si e se veem forçadas a acatar outras pessoas dentro do círculo íntimo da afetividade.

            Os argumentos negativos que são levantados, que se sentem desprezadas e os filhos abandonados, pois eu estou com envolvimentos afetivos com outras pessoas, não se sustentam. Digo assim porque quando estou de plantão nos hospitais e passo dias fora de casa, essa argumentação não surge, pois sabem da importância desse trabalho para o abastecimento material da família. Então, quando eu passo dias fora de casa visando o meu abastecimento emocional que exige a participação de outras pessoas, eu não posso realizar porque minha companheira não permite? Mesmo sabendo que a mesma necessidade de abastecimento emocional com outra pessoa, se necessário, também a minha companheira é permitida?

            Devido a isso permaneço mantendo a situação, pois considero o sofrimento de minhas companheiras como positivo, um sofrimento que leva à correção do egoísmo íntimo que cada uma possui. Quando esse egoísmo for vencido, com certeza o sofrimento desaparecerá, a harmonia tão procurada será encontrada e estaremos todos dando o primeiro passo para a construção do Reino do Pai.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/06/2015 às 00h01
 
14/06/2015 00h01
AO TOTAL SERVIÇO DE DEUS

            Será possível que eu possa ficar ao total serviço de Deus? Mesmo com tantos compromissos de trabalho no mundo material, que visa a sobrevivência do corpo com dignidade? Principalmente na juventude quando se é robusto e existe toda uma gama de hormônios que vitalizam o corpo e motivam à vontade em busca da reprodução e da perpetuação da espécie ao longo do tempo, reproduzindo os gametas que são responsáveis pela formação do novo corpo? Sabemos que quando o rei Davi ficou velho escreveu os Salmos; que o rei Salomão escreveu os Provérbios já ancião. Isso que dizer que quando a energia biológica de um homem declina, a sabedoria floresce.

            Sinto que isso já acontece comigo, o declínio da potência do corpo físico, isso é um fenômeno automático, que funciona independente da nossa vontade. É diferente do uso da potência do corpo, pois eu posso suprimir o desejo sexual, por exemplo, mas não posso suprimir o declínio da potência do corpo. O mesmo não acontece com o advento da sabedoria, não é automático como a degeneração do corpo pela ação do tempo. Tenho que me esforçar para adquirir sabedoria. Se Davi e Salomão não tivessem se esforçado para adquirir a sabedoria, eles não teriam produzido nem Salmos, nem Provérbios.

            Existe também o envolvimento afetivo com uma mulher e a geração de filhos. São eventos importantes para a manutenção da vida e com isso um grande gasto de tempo e energia. Os grandes profetas não se envolveram com mulheres, não geraram filhos. Quando isso acontece parece que nos desviamos da vontade de Deus, fazemos apenas a nossa vontade, atendemos os nossos desejos. Acontece que o Pai também assim determinou, que nos reproduzíssemos, e dessa forma também fazemos Sua vontade, pois caso contrário a vida terminaria.

            Isso conclui que tanto as ações mundanas no mundo material, quanto as ações éticas do mundo espiritual podem servir à vontade de Deus. Se eu me comportar convenientemente, estarei ao total serviço de Deus, tanto namorando uma mulher com o objetivo de obter o prazer, com ou sem filhos, quanto orando a Deus ou fazendo o bem ao próximo como a mim mesmo.

            Nesse ponto estou preparado para ficar ao total serviço de Deus. Quando estou me relacionando dentro do mundo material, influenciado pelos diversos instintos criados por Deus dentro de mim, sempre estou vigilante para que minhas ações não prejudiquem ao meu próximo, por ação ou omissão. O fato mais emblemático dessa condição, é quando surge dentro de um relacionamento que inicia a possibilidade da interação sexual. Duas opções surgem na minha consciência e tenho que analisá-las com cuidado, aplicando o amor incondicional e a bússola que Jesus ensinou: “não fazer ao próximo o que não queres para ti”, e também o seu inverso, “não deixar de fazer ao próximo o que não queres que deixem de fazer para ti”.

            Assim, frente a essas opções, eu tenho que considerar em primeiro plano as intenções e motivações desse próximo, o que ele espera como consequência desse relacionamento íntimo. Para isso eu tenho que me tornar transparente, tudo que sou, que fui e que pretendo ser, deve ficar explícito. Toda minha motivação em ter ou não relação sexual com ela deve ser bem esclarecida. Todas as vantagens e desvantagens desse ato para cada um de nós deve ser bem discutida. Ao mesmo tempo que eu faço essa descarga franca e honesta de tudo que sou e do que quero ser, também devo ouvir desse meu próximo igual revelação. Essa é a condição “sine qua non” para que seja efetivada ou não a relação sexual e absorção de suas consequências por cada um dos parceiros.  

            Fazendo assim tenho a compreensão que estou seguindo a orientação de Jesus e fazendo a vontade do Pai, integralmente.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/06/2015 às 00h01
 
13/06/2015 01h15
FOCO DE LUZ (57)

            Em 11-06-15 teve início as 19h mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz. Presentes as seguintes pessoas: 1. Paulo; 2. Edinólia; 3. Davi; 4. Ana Paula; 5. Radha; 6. Nivaldo; 7. Silvana; 8. Francisca; 9. Ronaldo (1ª vez); 10. Francisco; 11. Ezequiel; 12. Marise; 13. Da Luz; 14. Miriam; 15; Francisca Felipe; 16. Marli; 17. Netinha; 18. Sued; 19. José João; 20. Luci; e 21. Damares. Foi lido o registro das reuniões anteriores e aprovado por unanimidade. Paulo informa que a audiência pública na Câmara Municipal ainda não foi agilizada, devido os encaminhamentos do São João. Disse que foi entregue os ofícios referentes a reforma da quadra de esportes, que solicitou dois técnicos para o esporte, que está aguardando uma audiência com o secretário, que foram solicitados 6 troféus, e convidado o secretário para o evento. Disse também que as bolas e coletes já estão disponíveis. Com relação ao São João: foi aprovada a contratação de um som por 600,00 reais, que deverá ser coberto por doações, mas caso falhe, a associação assumirá a despesa, da mesma forma com qualquer fonte de despesa realizada para a festa. O vereador Ubaldo se comprometeu com uma tenda. Netinha ficou responsável pela organização da decoração. Foi formada uma comissão para ir até os comerciantes em busca de apoio: Paulo, Davi e Ezequiel. Davi ficou de fazer cartazes para divulgação da festa dentro da comunidade. Nivaldo ficou responsável pelas palhas do coqueiro. A secretaria de Turismo ficou responsável pelas bancas e palco. As barracas diversas serão organizadas dentro da comunidade. Ficou definido uma reunião na 5ª feira as l7h para discutir as providências da festa, antes da reunião ordinária. Ronaldo se coloca como voluntário dentro da AMA-PM e que pode conduzir a escola de Jiu-Jítsu e Box dentro da comunidade. Inicialmente pode ser no espaço de Rogério e posteriormente no espaço da escola Olda Marinho, depois de acerto com a diretora. Para isso Serpa necessário um suporte no teto para o saco de treinamento. José João informa a inconveniência de jogos que acontecem na quadra de esportes até as duas horas da madrugada, perturbando o repouso dos moradores. Ficou decidido que a AMA-PM fará uma reunião na quadra quando ela for inaugurada e será disciplinada a sua utilização até a meia noite. Francisco coloca a necessidade da entrega da cópia da identidade e CPF dos diretores da AMA-PM para ser levada a documentação ao cartório. Até agora entregaram os documentos: Paulo, Damares, Edinólia, Cíntia e Davi. Falta entregar: Luzimar, Costa, Ezequiel, Nivaldo, Tarcisio, Aninha e Francinete. As 20:30h todos ficamos em roda com mãos dadas e fizemos a oração do Pai Nosso conduzida por Davi. Encerramos com a foto oficial.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/06/2015 às 01h15
 
12/06/2015 23h59
FELIZ DIA DOS NAMORADOS

            O tempo é o administrador da vida, o que ontem era flores, hoje pode ser espinhos... e vice-versa.

            Ontem eu estava festejando este dia com muita felicidade, meu peito inundado de paixão encantava a minha amada com fogos de artifícios emocionais, meus beijos, bandeirantes do prazer, seguia a coreografia dos abraços numa viagem mágica pelos caminhos do coração.

            Hoje, depois de meses sem fitar os seus olhos, ela estava à minha frente. Dentro da sala de audiência da justiça, na providência do divórcio, para separar por direito o que de fato ela rompeu. Não digo que foi sem motivos, pois a qualidade do meu amor, e principalmente, os cuidados de pai, não foram suficientes para ela, e pior, foram inaceitáveis!

            Mas, por que estranho feitiço do destino isso teria que acontecer justamente neste dia? Dia dos namorados? Logo que ela chegou reconheci sua silhueta ao longe, meu coração como sentinela foi quem logo advertiu com um baticum mais rápido e forte. Estava diferente, não era aquela moça, mais menina que mulher, que me encantara pela primeira vez; que fez ninhos em meus sonhos e promessas de utopia romântica... eu ria dos meus sonhos pecaminosos, quase pedófilos... mas fui castigado! Da mesma forma que Sara riu da impossibilidade quando os anjos disseram que ela iria ser mãe com idade avançada, eu também ri daquele idílio impossível de acontecer com aquela criança. Pois ela chegou na minha frente transformada em mulher e a paixão foi inevitável. Nem o calor das piscinas térmicas, nem o sol causticante das praias de areias brancas, conseguiam derreter tais emoções; nem a distância que separava nossos olhos conseguia separar nossos corações; nem os preconceitos, críticas e compromissos alhures conseguiam frear a atração de nossos corações um para o outro.

            Foi a vez dos anjos rirem quando eu passei a morar com ela e a utopia se tornar realidade. Foi a vez dos anjos cobrarem uma multa pela descrença, pela ironia, como fez com Sara que deu o nome de “Isaac” ao seu filho, que significa riso. Comigo a multa foi mais severa. A minha utopia estava condenada a “destruição”, pois o meu coração não era compatível com o coração da minha amada.

            Deus, como sofri para manter a utopia! Tentei amordaçar o meu coração, mas vi que me tornava um robô, o coração tem que ser livre para colorir a vida; tentei viver apenas como amigo, abrindo mão das delícias da intimidade que ela podia me proporcionar, queria pelo menos ter o seu contato físico, ouvir sua voz ao meu lado nas coisas mais corriqueiras, um simples sorriso para mim era uma grande recompensa. Mas nem isso os anjos permitiram!

            Chegou o momento fatídico da minha expulsão. Assim como Sara exigiu a expulsão de Ismael e sua mãe devido o nascimento de Isaac, a minha amada exigiu a minha expulsão devido também o nascimento de uma criança e minha relação com sua mãe. Ismael e sua mãe foram para o deserto, apenas com um bornal com mantimentos; eu também fui para o deserto, apenas com minha roupa e livros.

            Agora eu estava ali, frente a frente com ela. Lembrava que a ida de Ismael para o deserto deu origem aos muçulmanos e ao profeta Maomé; Isaac deu origem aos cristãos e ao profeta Jesus. Até hoje se digladiam com um ódio que não conseguem eliminar. Será isso mais um planejamento de vingança dos anjos por uma simples ironia? Será isso que eles querem ver também entre eu e minha amada?

            Mas não permitirei isso. Eles podem ter uma vitória sim, ao nos separar, pois não depende só de mim. Mas não conseguirão nos ver digladiando com ódio, pois eu não permitirei. O meu amor por ela jamais deixará de existir no meu coração. Eles podem ter roubado a paixão que nos incendiou na juventude e fez acontecer a utopia que achávamos impossível, mas não conseguirão desalojar o amor que eu tenho. Somente Deus conseguiria fazer isso, mas o amor que eu tenho faz parte da Sua essência. Podem me bombardear com críticas, acusações, multas, penalidades... jamais deixarei entrar ódio no meu coração por aquela que aprendi a amar, o amor da mais alta qualidade e profundidade que eu já experimentei... se isso satisfaz a sanha de vingança desses anjos tão mesquinhos, sim, eu direi para eles: vocês não conseguem implantar o ódio no meu coração, mas ele já está impregnado de saudade, doída, angustiosa, como uma marca do amor que fica quando o ser amado se esfumaça nos distantes túneis do tempo.

            Olho para ela naquela sala, ladeada pelo juiz, advogados, estudantes de direito, e a vejo explodir em lágrimas, lamentações, reclamações, desamparo, medo... Meu Deus, que fiz com aquela criança?!! Meus olhos também denunciam a amargura em meu coração... sinto o calor das lagrimas deslizarem pelo meu rosto impassível. Meu Deus, quanto sofrimento! E pior de tudo, tenho que ser honesto. Se o Pai permitisse que eu voltasse no tempo, sabendo a consequência de ironizar os anjos, eu voltaria a rir deles, pois sabia que iria saborear um amor sublime que jamais encontrei, nem que fosse por um minuto sequer.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/06/2015 às 23h59
Página 698 de 949