Em nenhuma eleição, como esta, nesta data, do segundo turno para eleger o presidente do Brasil para os próximos quatro anos, eu fiquei tão convicto da necessidade de uma mudança da gestão nacional. Pelo que eu avaliei da corrupção quase generalizada aos cofres da nação, da compra de parlamentares, do aparelhamento político das instituições públicas, da truculência para com o pensamento crítico, do atrelamento com regimes ditatoriais ao redor do mundo, eu senti a necessidade urgente de uma mudança, fosse para quem fosse dos candidatos apresentados. Eu só não poderia dar o meu voto como aval a esse partido que estava cometendo todas essas atrocidades.
Este é um aspecto da questão. A formação da minha consciência e a decisão do meu voto. O outro ponto da questão é a formação da consciência do meu próximo, seja quem for, e principalmente dos meus amigos, que podem formar uma consciência contrária a minha de acordo com as informações obtidas ou interesses pessoais. Seria interessante que todos pensassem no interesse coletivo e deixassem os benefícios pessoais, familiares, grupais ou corporativos em segundo plano, mas o comum é justamente o contrário. A quase totalidade das pessoas se guia pelos interesses que obtiveram ou que foram prometidos no campo individual, não importa o prejuízo coletivo que for cometido para se obter e cumprir essas promessas. Mas não sou juiz para dizer quem está certo ou errado. O que devo cuidar é da minha consciência, pois acima desses interesses materiais eu estou subordinado a um interesse divino que ensina que eu não julgue o irmão, apenas ajude-o a sair da ignorância quando isso for conveniente e aceito, tendo sempre a humildade de reconhecer que a minha verdade pode ser mais incompleta do que a verdade daquele que eu quero ensinar alguma coisa.
Essa posição me deixa confortável em respeitar a opinião contrária do meu próximo quando ele formar sua convicção. Espero apenas que ele respeite a minha principalmente na relação entre amigos.
Esta eleição me trouxe lições doces e amargas com relação aos amigos. Sentia uma certa amargura no meu coração ao dizer aos meus amigos a razão do meu voto no candidato da oposição e ele mantinha a sua posição sustentada no voto da candidata da situação, sem apresentar argumentos suficientes para se contrapor aos meus, apenas uma defesa de que o novo poderia ser pior que o velho. Mas, o que mais me atingiu os sentimentos foram dois exemplos com duas amigas bem próximas: uma residente em Brasília e outra em Natal, ambas eleitoras da situação e com as quais me relacionei antes da eleição.
A primeira mora em Brasília e tive o prazer de ser ciceroneado por ela durante o Congresso que participei em sua cidade. Ela me levou gentilmente em seu carro adesivado para conhecer a noite brasiliense e apenas tocamos em nossos candidatos de leve, colocando cada um os motivos dos nossos votos. Não houve nenhuma tentativa nem dela nem minha, de mudança de nossas convicções frente ao voto contrário. Na quinta feira, eu já estava em Natal, e ela manda pelo whatsapp uma foto dela empunhando a bandeira do seu partido, numa caminhada política pela Esplanada dos Ministérios em Brasília, e dizia logo abaixo: “Oia eu!!! Na Esplanada!!! Abraço em tu, meu amigo.” Eu respondia em seguida: “Abração, minha amiga. Viva a alegria!” No dia da eleição, hoje, ela voltou a mandar outra mensagem: “Poeta, bom voto! No Amor!” Respondi: “Sim, querida, votarei no Amor. Por mais que eles pareçam diferentes nós sabemos que são exatamente iguais: são votos de Amor. Te amo!” Ela respondeu: “É isso aí. O governo precisará de atenção nossa. Seja ele 13 ou 45. Atenção idônea! Também.”
Para a outra minha amiga que mora em Natal eu enviei para ela um vídeo que fala da importância de ser feliz. Ela logo que vê liga para mim e eu atendo o telefone. Começa a colocar uma série de argumentos para provar que ela está certa e eu errado. Eu fico incomodado com a situação, pois já estou com minha convicção formada e para não ser deselegante com ela nem injusto comigo, para ficar ouvindo todos aqueles argumentos que já sei todos e que não abalam minha convicção, pedi licença e desliguei, informando antes que coloque o que deseja através de mensagens, pois eu lerei quando tiver oportunidade sem estar preso ao telefone deixando de fazer o que considero mais importante naquele momento. Mando em seguida uma mensagem que acabara de enviar ao meu grupo comunitário de orientação cristã com o seguinte conteúdo: “Viver, meus irmãos, e não ter vergonha de ser feliz. Hoje é um dia em que seremos provados. Por mais que pensemos que estamos corretos com relação a um candidato, o irmão que pensa o contrário pode estar mais perto da verdade. Vamos deixar que cada um exprima com liberdade e respeito a sua consciência nas urnas, pois é na consciência que está escrita a lei de Deus. Bom domingo para todos, irmãos... Que Deus esteja sempre conosco”! Em seguida fiz a mensagem a seguir dirigida mesmo para ela: “Mandei essa mensagem para meus grupos. Acima dos interesses mundanos está o interesse de Deus em nos querer como irmãos e que sigamos nossa consciência. Paz e bem!” Ela responde com a mensagem: “É... Mas seu tom grosseiro ao telefone é uma exclusividade que deve ser dirigida só para mim, não é?! Responda-me apenas uma coisa... A que se deve tanta grosseria? Grosseria gratuita?” Colocou em seguida um áudio defendendo seu candidato. Eu respondi da seguinte forma: “Desculpe se pareceu grosseria. É que eu me senti angustiado por me sentir forçado a ir contra minha consciência. Quero que você faça justamente isso, seguir sua consciência. Jamais deixarei de lhe amar por causa disso. Vou mandar as mensagens que troquei com uma amiga de Brasília que vota em sua candidata.” E mandei para ela todas as mensagens acima que troquei com minha amiga de Brasília para mostrar a ela que podíamos ser amigos sem querer nenhum de nós forçar a consciência do outro. Em seguida expliquei com a seguinte mensagem: “Veja só. Somos pessoas que nos amamos e uma opinião diferente não é motivo para nos afastarmos ou obrigar ao outro ter uma opinião semelhante. O que Deus quer de nós é que respeitemos nossas consciências e que continuemos a nos amar como irmãos.” E conclui enviando três beijinhos com bonequinhos. Ela respondeu: “Grosseria não remete a respeito...” Eu repliquei: “Voce queria me forçar a ouvir o que acho errado? Pedi licença e desliguei. Eu tentei fazer isso alguma vez com você? Fazei ao próximo o que queira que o próximo faça a ti.” Ela respondeu: “Estou na fila par votar consciente... na minha candidata.” E voltou a colocar o mesmo áudio que ataca o meu candidato. Eu respondo: “Ok. Respeito a sua consciência de votar no 13 como voce deve respeitar a minha de votar no 45. É o que manda as lições do Mestre Jesus.” E encaminho uma imagem com as mãos formando um coração e no centro a frase: “A eleição passa, os amigos ficam.” Ela responde da seguinte forma: “Amigos não existem. Isso é coisa de um passado muuuuito remoto... O que existem são conveniências. Eu pelo menos só tenho um amigo: DEUS.”
Acima de tudo que esta eleição me ensinou, estes dois casos com minhas amigas me trouxe grande ensinamento. De que são feitas as amizades? Tem como base o Amor ou algum tipo de conveniência? Sei que o meu básico é amar ao próximo como a mim mesmo, sigo as lições de Jesus. Sei que continuarei a amar minhas duas amigas, mas esse termo “amigo” pode ser aplicado às duas? A de Natal parece que explicitamente desistiu da amizade comigo... Tenho culpa? Minha consciência não acusa. Parece que uma lição está entrando forçada em minha consciência: eu posso amar, mas sem ser amigo, porque o outro não quer. Porque o outro só me tolera se eu pensar e agir como ele. A amizade depende da reciprocidade, já o Amor não. O meu Amor sendo incondicional eu continuo a Amar, quer a pessoa pense ou não como eu, que seja ou não minha amiga. Aprendi que o Amor é realmente forte, é capaz de resistir a qualquer tipo de intempérie causada por nossas imperfeições e que depende apenas de um coração disposto a Amar; já a amizade é uma situação mais frágil e que depende da correspondência dos dois entes que se relacionam. Sei que continuo a amar minha amiga de Brasília e permanecemos com a amizade recíproca; sei que continuo a amar minha amiga de Natal, mas não temos mais a amizade, pois ela depende da reciprocidade. Agora, outra questão se impõe: eu sei que a minha amiga de Brasília tem amor por mim, mas a minha amiga de Natal também tem? Ela pode ter amor por mim sem querer a minha amizade, é justo. Posso ser má influência para ela de alguma forma. Mas acredito que ela continue a me amar, pois se deixar de amar é porque o amor nunca existiu, pois o Amor é forte, indestrutível, eterno!
Estas foram as lições doce e amarga, respectivamente, que tirei desta campanha eleitoral: a confirmação de uma amizade que tem como base o Amor Incondicional e a destruição de uma amizade que se apoiava no amor condicional.
Fui convidado a dar uma entrevista ontem sobre pedofilia à Televisão Tropical, que deve ter ido ao ar, no meio dia ou à noite. Não consegui assistir devido o trabalho. Mas vou tecer algumas considerações sobre esse assunto, pois deixei sair apenas uma pequena parcela do conhecimento nessa entrevista. Primeiro, a Pedofilia é um diagnóstico psiquiátrico que está enquadrado dentro das Parafilias, uma classe de transtornos caracterizados por desvio da finalidade biológica da pulsão sexual. Por algum motivo, o foco do desejo sexual da pessoa em algum momento se desvia do seu objetivo biológico, da reprodução, para algo inapropriado, que inclusive pode ser uma criança. É defendido que, geralmente na adolescência, puberdade principalmente, a pessoa possa por acaso ou por algum motivo implícito ou explícito, de origem nesta vivência ou em outras, desenvolver atração por uma criança. Se a isso for seguido uma recompensa de prazer, por exemplo, a masturbação seguida do orgasmo, com a imaginação ou a visão centrada nessa criança, isso gera uma memória que tende a se repetir ao longo da vida. Cada vez que essa experiência se repete, mais fortalece essa memória e a tendência é dela sair do campo virtual da imaginação para a realidade.
A pessoa saudável pode até desenvolver desejos dessa natureza que perpassam a mente como possibilidades aleatórias do pensamento que tudo avalia e tudo coloca como opção. A pessoa saudável de imediato coloca esses pensamentos fora de cogitação e não permite que eles criem força dentro da imaginação. As pessoas que por algum motivo tenham alguma deficiência ou traumas reminiscentes do passado, não têm constrangimento em avaliar essas possibilidades na imaginação e assim podem fazer o encontro delas com o prazer por elas evocado. Quanto menor o grau de tendência ética que a pessoa possua dentro dos seus paradigmas existenciais, mais forte é o apelo para ela se aprofundar nessas imaginações até chegar à prática real.
Quando o abuso acontece temos a caracterização de dois doentes: por um lado, aquele que estava sendo encubado na consciência até esse momento, o protagonista, algoz e violador, o pedófilo; por outro lado temos a vítima que de repente foi arrastada pela violência e abusada, violada sem compaixão e se torna uma pessoa traumatizada a partir desse momento para toda a vida. Ambos precisam de tratamento, o primeiro as vezes de coerção policial, de prisão, para pagar os erros cometidos ou prevenir o futuro. O segundo muitas vezes não tem consciência da doença que lhe atingiu, pois sua pouca maturidade não consegue fazer essa distinção e muito menos denunciar de forma adequada, superando os medos que lhe foram incutidos. Somente na fase de vida adulta, quando os relacionamentos interpessoais no campo sexual mostram reações negativas com forte componente emocional negativo, que torna impositivo a psicoterapia. Nesse momento é resgatada a memória do que aconteceu e trabalhado a sua diluição no atual campo de motivações emocionais.
O recado que procuro deixar com esse texto que tem características mais acadêmicas que íntimas, é que devemos ter cuidado com os nossos pensamentos. Por mais que eles sejam íntimos e que ninguém tenha acesso a eles, se nós assim não confessá-los, eles tem a força de um dia vir à realidade, mesmo de encontro a nossa vontade. Portanto, enquanto eles são pequenos e de pouca força, não devemos alimentá-los com imaginações fora da ética. Tudo que fizermos no campo da imaginação deve seguir os mesmos princípios básicos que o Cristo nos ensinou: não fazer ao outro o que não queremos para nós. Acredito que uma criança, na vida adulta, jamais iria aceitar ser violentada para dar prazer aos outros à custa do seu sofrimento.
Em 23-10-14 foi feita mais uma reunião da AMA-PM, as 19h, na escola Olda Marinho, com a presença das seguintes pessoas: 1) Edinólia, 2) Radha, 3) Cíntia; 4) Marília, 5) Ana Paula, 6) Francinete, 7) Costa, 8) Marcelo, 9) Ivanaldo, 10) Ezequiel, 11) Nivaldo, 12) João Batista, 13) Paulo Henrique, e 14) Francisco. Inicialmente foi lido o preâmbulo de fé intitulado “Viver pela fé”. Em seguida foi lido o registro da reunião anterior. Foi discutida a questão do Hotel Reis Magos e ficou decidido que Cíntia irá procurar ver na Prefeitura qual o órgão responsável pelo projeto e o responsável pelo seu acompanhamento, com o objetivo de ficarmos ciente da real situação desse imóvel. Em função disso reuniremos com o proprietário no início de novembro quando o mesmo estar chegando em Natal para ajustarmos nossas posições. Se necessário entraremos na comunidade para assinatura de um abaixo-assinado defendendo os nossos interesses. Em seguida discutimos sobre o evento do mês de dezembro. Ficou decidido que ao invés de uma atividade recreativa durante o dia seria realizado um jantar fraterno para os moradores na Rua 25 de Dezembro, por trás do Hotel Reis Magos, com a base na Escola Olda Marinho. Ficou constituída uma comissão composta por Costa, Paulo Henrique e Ezequiel para organizarem como será feita essa atividade, convocando as pessoas que se interessarem por sua realização. Na próxima semana será dado uma posição na reunião ordinária. Edinólia e Cíntia falaram da organização do Bazar que deverá ser realizado no primeiro domingo de dezembro, dia 07-12-14, na Rua do Motor. Já está sendo recolhido o material para esse evento e por enquanto será guardado no apartamento de Francisco, no Condomínio Don Luigi, na Av. Presidente Café Filho, ao lado do Hotel Reis Magos. Paulo Henrique ficou de organizar uma comissão para falar com a direção da escola Olda Marinho no sentido de ser cedido uma sala para a guarda de material da Associação, tanto do bazar quanto dos cursos que estão sendo realizados na escola. Marcelo Cantagalo entregou os Panfletos do Bairro do mês de outubro e solicitou até a próxima semana o novo informe a ser veiculado no Panfleto de novembro, solicitando material para o bazar. Ezequiel mostrou documento onde solicita a Semsur/Prefeitura aumento do potencial das luzes na Rua do Motor. Francisco coloca a proposta de confecção de material promocional da AMA-PM e apresentou como sugestão um modelo de decalque da seguinte forma: “EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA. Jesus Cristo. AMA Praia do Meio”. As 20:30h a reunião foi encerrada. Costa puxou a canção religiosa “Como Zaqueu”, seguida da oração do Pai-Nosso. Finalmente todos ficamos reunidos para a foto a ser publicada no Whatsapp.
Jesus dizia a seus discípulos que viera para lançar fogo sobre a Terra. Não pensassem que Ele viera para trazer a paz sobre a Terra, e sim a divisão. Pois daí em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.
Parece uma incoerência essas palavras ter vindo da boca de Jesus, Ele que era considerado o príncipe da paz, o embaixador do Amor. Mas eu entendo e de certa forma sou vítima ou algoz desse tipo de fogo, de divisão que ele lançou, principalmente no meio familiar.
Esse é um fogo que vem do alto, da essência de Deus, do Amor Incondicional. É um fogo que queima por dentro e por fora, queima os meus erros e equívocos, vícios e desejos inadequados ao Amor. Ao mesmo tempo incendeia a minha alma e o meu coração para que eu tenha um novo gosto pelas coisas e pessoas de Deus, por toda a criação. Um gosto por Sua palavra que encontro de diversas formas, nos lugares mais imprevisíveis; de fazer o bem ao próximo, de ajudar ao irmão, de ser generoso no servir e corajoso na luta contra os preconceitos, mesmo que estejam dentro de minha casa, no coração e na mente dos meus parentes.
Fiquei incendiado pela vontade de Deus dentro da minha consciência e agora por onde ando me torno causa de divisão, por não ficar do lado apagado do fogo. Sinto a cada dia ser fortalecido com esse fogo e nada me intimida, ameaças, agressões, injúrias, solidão... Tudo consigo resistir, principalmente quando lembro de Jesus e do suplício que Ele sofreu, que não chega nem a 1% do que eu venha a sofrer, por ser também portador dessa chama por onde andava.
Interessante que a essência dessa chama é a Paz, o Amor, no entanto provoca ao redor de quem a conduz a revolta, a divisão, a agressão. Entendo que o Amor não é conivente com o mal, por isso tanta resistência naqueles que de alguma forma, conscientes ou inconscientes, estão sintonizados com o pecado.
Jesus deu o exemplo na família, mas nos dias atuais, nesta semana de definição política de quem será o próximo presidente do Brasil, vejo o mesmo exemplo ser aplicado. Os atuais gestores do poder federal se envolveram em tantos escândalos, cometeram tantos pecados contra o bem, que se torna necessário a substituição desses dirigentes. No entanto, essa voz carregada da vontade de corrigir as atitudes erradas encontra uma forte reação, inclusive com ameaças e agressões para se manter no poder continuar praticando os pecados. A voz do Amor não pode usar as mesmas armas do erro, não pode praticar a violência, a mentira ou agressão. Deve seguir de acordo com a orientação de Gandhi da não violência. Assim observamos uma divisão acirrada nas ruas onde a vontade de mudar é atropelada muitas vezes pela truculência do poder político, financeiro e muitas vezes físico.
Tenho comigo a chama desse fogo que Jesus identificou com muita clareza como divisor nos relacionamentos incongruentes. Sei que ficarei sempre desconfortável onde eu sentir que existe injustiça, que o Amor não está sendo obedecido, seja por qualquer motivo.
Fundamentado na ética do Amor, devo ter um comportamento sexual com higiene moral e respeito indispensável ao exercício dessa função dentro de padrões equilibrados. Dessa forma constituo a atividade sexual como um elemento proporcionador de saúde e bem estar, desde que consiga evitar o seu atrelamento a qualquer outra força, romântica, financeira, cultural, etc. A atividade sexual deve obediência exclusiva ao Amor Incondicional e a nenhuma outra força deve se dobrar, nem mesmo aos atavismos milenares que controlam o comportamento humano desde o tempo das cavernas. Sabemos através de Freud da existência de dois impulsos básicos que controlam a existência biológica os quais denominou de Eros e Tânatos. O primeiro defende a conservação da vida que através da libido garante o impositivo da procriação; o segundo atua no inconsciente como força dominadora que reconhece a necessidade da morte física para que a engenharia mecânica dos corpos funcione dentro de um caminho evolutivo que engloba todos os seres.
Melanie Klein descobriu algo surpreendente com o recém-nascido. Desde o ato inicial da alimentação ele demonstra também ter ciúme do peito materno, sua fonte de vida, num comportamento destrutivo, confirmando as duas pulsões descritas por Freud. O seio que sustenta a existência proporciona, ao mesmo tempo, o medo de perdê-lo, num conflito que se prolongará por toda vida e que vai contribuir mais tarde para as dificuldades de adaptação e equilíbrio.
Jung, no entanto, procurando penetrar no inconsciente humano para tentar encontrar as formas de sair desse conflito e atingir um estado de plenitude, onde sejamos autossuficientes sem sofrer os efeitos do medo da perda, do ciúme, da raiva, da agressividade, vai identificar os arquétipos. São as heranças primitivas mais remotas nos quais estão incrustados os fenômenos conflitivos, as aspirações e lutas pela sobrevivência; a ânsia de libertação na busca do estado numinoso, de respeito frente ao Universo, um estado religioso da alma. Era a isto que Jesus Cristo se referia quando dizia que “A Verdade vos libertará”. Quando passamos a conhecer essas forças, observamos que elas são poderosas no sentido de garantir a sobrevivência do corpo físico, mas acima do corpo físico existe a alma, instância imortal, que não tem a necessidade dessa sobrevivência, e sim de aprendizado moral. Não devo deixar que essas forças atávicas dominem a minha consciência e eu esqueça do principal, da educação da minha alma. Não posso deixar que predominem em mim os instintos agressivos, segundo Alfred Adler, que estabelecia como fundamentais o meio social e a tensão contínua do individuo em alcançar os objetivos essências para a sua vida corporal mediante a conquista do poder, do aparecer, do triunfar.
A função sexual é um elemento central nessa disputa de forças e é essencial para a aquisição de uma existência harmônica ou entorpecida pelos desassossegos e transtornos que chegam a ser neuróticos ou psicóticos.
Vou buscar no espiritismo que é preocupado com a evolução moral, uma visão tríplice para a minha existência: Espírito, perispírito e corpo físico. Vou concentrar minha atenção no Espírito que é o ente imortal que necessita de instruções para a evolução moral em direção a Deus. O perispírito é apenas uma ferramenta de acoplamento ao corpo físico, e este é o instrumento que foi colocado à minha disposição para que eu receba as lições necessárias ao meu grau de instrução. É como se fosse uma escola onde a cada dia recebo lições e tenho oportunidade de comprovar o meu aprendizado de acordo com minhas ações práticas.
Compreendo assim a função sexual dentro de um planejamento moral superior, comandado pelo Amor Incondicional. Reconheço a sua importância como fonte da vida pelo “milagre” da reprodução. Vem acompanhada pelo prazer intenso do orgasmo e suas variáveis e por esse motivo se torna necessário uma ética-moral para evitar os exageros motivados pelos instintos biológicos. O uso da razão e do discernimento são os grandes aliados da consciência, que me capacita a viver com a função sexual, mas não exclusivamente para ela ou sem ela.