Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
03/07/2016 12h34
AUTODESCOBRIMENTO (15) – BUSCA DA UNIDADE

            A busca da Unidade significa que devemos ter a consciência que pertencemos ao Cosmo e que temos que caminhar para a união com ele, ultrapassando as nossas limitações individualistas.

            À primeira vista, parece que tudo está dentro de um caos e que precisamos colocar uma ordem dentro da desordem. Surgiu assim a Teoria do Caos, e nesse sentido a religião e mais tarde a filosofia foram as que tentaram internalizar uma ordem, das formas de vida consideradas adequadas, dos preceitos morais necessários para a manutenção da ordem social, pois fora da cidade não poderia haver civilização, não existiria a moral. Mas se olharmos para o Universo, para o pontilhado de estrelas ao alcance da nossa vista, tudo parece em desordem. Se no entanto investigamos a fundo essas miríades de globos, veremos determinada hierarquia se instalando dentro da desordem. Vamos observar que o nosso planeta faz parte de um sistema regido pelo sol, que está dentro de uma galáxia chamada Via Láctea, e que por sua vez participa de um grupo de galáxias mais próximas... enfim, iremos percebemos a ordem onde primeiro vislumbramos a desordem.

            Por outro lado, a física mostra que os sistemas tendem à desorganização, um efeito que é chamado de entropia. Todo o universo material está sujeito a essa lei da termodinâmica (2ª lei), representada pela entropia (S), que é a medida de desordem de um sistema. Não ocorrem processos nos quais a entropia do sistema isolado decresça em qualquer processo que tenha lugar em um sistema isolado. A entropia do sistema aumenta ou permanece constante. Em outras palavras, um sistema isolado, sem nenhuma ajuda exterior, é incapaz de se auto estruturar.

            Quando verificamos a natureza humana, constatamos que existe uma dualidade no seu contexto. Um lado animal, que sofre os efeitos da entropia, e um lado espiritual, que, pelo contrário, não sofre o efeito da entropia e tende a evoluir cada vez mais no caminho da perfeição. Alan Kardec já dizia que “toda paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual. E dizia também, “nascer, morrer, voltar a nascer e progredir sempre; é esta a lei”.

            Portanto, verificamos que apesar da ignorância humana, cada pessoa possui dentro de seu psiquismo a centelha de Deus que proporciona o tropismo divino. A pessoa experimenta a atração espiritual assim como o girassol experimenta a atração pela luz solar. Obedecendo a esse tropismo, a pessoa vai saindo da obscuridade, da perturbação, e experimenta um novo renascer a cada contribuição que recebe e interioriza. Isso aperfeiçoa o seu nível vibracional, da grosseria para a sutileza.

            A Lei de Causa e Efeito é um imperativo da evolução. Cada pessoa deve ressarcir os erros, corrigir os enganos e ser punido pelos delitos com a retificação de tendências. Compreender que todo que é emanado volta, quer seja o mal ou o bem.

            Estudamos tanto no ocidente quanto no oriente a dualidade que também existe me nossa fisiologia e psiquismo. No ocidente é observada a polaridade neurovegetativa, corresponde ao sistema simpático e parassimpático. O primeiro, mais ligado ao consciente, é responsável pelas reações emergenciais de fuga ou luta; o segundo, mais ligado ao inconsciente, é responsável pelas ações de repouso e digestão.

            No oriente a filosofia chinesa ensina a polaridade Yang – Yin. O Yang sendo o lado positivo, masculino, racional, extrovertido e alegre; o Yin é o lado negativo, feminino, emocional, introvertido e melancólico.

            Todos esses estudos servem para aproximar o ser humano da compreensão da unidade, apesar de haver estruturas biológicas e psicológicas em polos diferentes, mas que devem se harmonizar. Compreender que o ser humano é um organismo dentro do Universo do qual faz parte, que o seu organismo celular é uma miniaturização do Cosmo, e que devemos atingir um nível de compreensão individual que leve à harmonia da Unidade Universal.

            É necessário que estejamos prontos para dar esse salto evolutivo, da ignorância para a lucidez. Saber que temos dentro de nós a centelha divina, mesmo que esteja presa na carne. Isso nos dará um choque no primeiro momento, pois podemos entender que somos filhos diretos de Deus e no entanto nos enlameamos nos charcos do egoísmo. Podemos ser atingidos pela depressão pelo motivo no qual vivemos tão deteriorados e ao mesmo tempo desenvolver a ansiedade pelo que passamos a pretender e que devemos alcançar.

            Esse desequilíbrio momentâneo, a falta de harmonia no psiquismo se reflete no organismo, os trilhões de células que estão sob a administração do espírito passa a sofrer os efeitos da desarmonia, ocorre os dilaceramentos orgânicos, as infecções bacteriológicas, a baixa das defesas imunológicas, e sobrevém os distúrbios emocionais.  

            O espírito tem a responsabilidade de comandar o consciente para a mudança moral, deixar os interesses egoístas e se filiar ao Evangelho do Cristo, na prática do Amor Incondicional. Deve entender que é responsável pela integridade e harmonia dos trilhões de células sob sua responsabilidade, não usar qualquer droga que mesmo trazendo sensação de prazer e bem estar no momento, leva a destruição de células e órgãos por todo o corpo. O alcance do bem estar-psicofísico deve ser uma metra a ser alcançada, que leva a harmonia íntima, à integridade cósmica e à Unidade Universal.

            Observamos que já existe uma hierarquia orgânica dentro do nosso corpo, cada órgão representa um conjunto somático, interdependente com os outros. A célula constitui um ser próprio, com uma função específica, que trabalha em função do todo. Da mesma forma, quando olhamos profundamente para a célula, vamos observar a também uma hierarquia molecular na organização de suas organelas.

            O controle e o equilíbrio passa a ser uma preocupação constante do espírito na administração do corpo, a partir do controle da mitose celular, que é o mecanismo de reprodução celular e que se não estiver harmonizado pode desviar para processos cancerígenos. A mudança moral do egoísmo para a solidariedade é o primeiro passo que devemos providenciar na nossa jornada espiritual. Esse direcionamento mental leva a uma conscientização cada vez maior, uma responsabilidade com os relacionamentos, um desenvolvimento dos potencias dados por Deus e que estão latentes dentro de nós. Enfim, estamos praticando a marcha ascensional.

            Não devemos esquecer que a Lei do Amor, ensinada pelo Mestre Jesus, é a grande ferramenta para essa marcha ascensional se realizar, com a harmonização das polaridades, com a identificação fraterna uns com os outros, com o afeto com os órgãos e células orgânicas, com o respeito pela vida, qualquer forma que ela tiver, da mais ínfima a mais complexa. Com essa consciência da evolução, estamos aptos para avançar para a Unidade, pessoal, coletiva e cósmica. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/07/2016 às 12h34
 
02/07/2016 00h58
ORAÇÃO DE JUNHO 2016

            Pai, fortalecei o meu espírito com inteligência e sabedoria, com energias necessárias para colocar em prática aquilo que a consciência acusa como correta.

            Sou ainda um animal sujeito às forças instintivas da qual quero me libertar, por reconhecer a Tua existência, que És o meu Criador, Pai, eterno, sempre presente e bondoso.

            Sou como uma planta rasteira que precisa de um muro forte para se elevar, e precisa se espalhar para se encontrar.

            Pai, és os meus pés e minhas mãos para eu conseguir me elevar.

            Pai, tenho de forte comigo somente as intenções, as convicções da Tua existência, pois Te reconheço em tudo ao meu redor...

            As plantas verdejantes ou ressequidas cobrem os montes e montanhas, que se cobrem de gelo e deixam pingar as gotas que se transformam em rios em direção ao mar...

            Te reconheço no movimento das nuvens que pairam sobre minha cabeça, que desfilam com pompa aveludada e transformista no espetáculo anil de um céu que mais tarde se torna estrelado... nuvens que também sabem chorar com muito mais energia do que eu, cujos soluços atordoam os ouvidos e cujos relâmpagos chegam a iluminar as trevas da noite e a melancolia da minha alma...

            Te reconheço, Pai, no desabrochar lento e perfumado de uma flor que se eleva acima do charco imundo...

            Te reconheço nas incontáveis formas de seres vivos, que comigo coabitam neste belo planeta azul...

            Te reconheço na imensidão do Universo, no qual os meus sentidos se tornam escassos e a imaginação insuficiente...

            Te reconheço, Pai, enfim, no espelho que reflete a minha imagem onde procuro no fundo dos meus olhos onde está a centelha que deixastes plantada.

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em 02/07/2016 às 00h58
 
01/07/2016 23h57
AARÃO

            É um dos santos relembrados hoje pela igreja católica, como primeiro sumo-sacerdote, no século XIII antes de Cristo. Aarão é o irmão mais velho de Moisés e tinha uma irmã mais jovem, Miriam. Ele foi enviado pelo Senhor para se reunir com Moisés no Monte Horeb. Os dois conversaram sobre a volta ao Egito a fim de efetuar a libertação do seu povo do cativeiro. Deus já havia aparecido a Moisés, indicando que Aarão seria seu porta-voz na nova missão. A partir daí os dois irmãos trabalharam lado a lado para garantir a liberdade para o seu povo oprimido. Mesmo depois da saída do Egito, Aarão continuou, pelo menos algumas vezes, como porta voz de Moisés para os filhos de Israel. Em Refidim, a pouca distância do deserto de Sin, Aarão e Hur sustentaram os braços levantados de Moisés na batalha vitoriosa com um grupo de amalequitas. Durante a estadia junto ao Monte Sinai, a Aarão e aos seus filhos Nadab e Abiú, juntamente com 70 anciãos de Israel, foi dado o privilégio especial de acompanharem Moisés além do limite na base da montanha do qual o povo normalmente não deveria transpor. Durante a ausência prolongada de Moisés do acampamento, Aarão condescendeu com a exigência do povo de terem “deuses” visíveis ao fazer um bezerro de ouro e liderou a sua adoração.

            Essa história traz muitas reflexões. Primeiro, sobre a Natureza de Deus, que é claramente a favor de um povo em desfavor de outro, diferente daquele Deus ensinado por Jesus, cuja essência é o Amor, que não se arbitra de juiz para condenar ninguém. Cada um é condenado de acordo com a corte da própria consciência que o julga culpado e a desarmonia íntima leva à geração do sofrimento.

            Segundo, é sobre a natureza dos homens escolhidos por Deus para serem seus profetas. São homens rudes, cheios de defeitos e fragilidades. Aaron, após pouco tempo que ficou sem a presença de Moisés, logo deixou-se abater pela opinião da turba e deixou acontecer a construção de um ídolo de adoração na forma de um bezerro de ouro, e passou a ser o sacerdote desse símbolo.

            Para mim parece tudo isso algo muito distante do divino. Serve apenas mais como uma simbologia que sirva para a orientação de nossas ações. Reconhecer que todos somos imperfeitos, mas que devemos obedecer ao chamado de Deus, que deve acontecer na intimidade da consciência. Isso acontecendo, devemos nos pôr na trilha que Deus nos oferece, e sentir a segurança de que Ele sempre vai estar por perto quando por acaso viermos a precisar.

            O objetivo que devemos alcançar pode ficar comprometido devido aos nossos próprios erros de interpretação, de voltar a nossa atenção para outros objetivos, outros deuses, e esquecer que o Deus principal nunca deixará de existir.

            Acredito que o verdadeiro Deus, aquele cuja essência é o Amor, continua a recrutar consciências mais sintonizadas com o divino, mesmo que essa pessoa seja frágil e cheia de defeitos. O que mais importa é a honestidade de sentimentos e o esforço que é feito cotidianamente para se tornar melhor e diminuir a carga da ignorância.

            Pode ser que não exista sobre essa pessoa a aura de um “profeta de Deus”, que está sendo portador de Sua palavra. Mas certamente essa pessoa possuirá a aura da fraternidade e sempre está engajada em ações sociais que visem a compreensão do mundo espiritual e da prevalência de Deus sobre tudo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 01/07/2016 às 23h57
 
30/06/2016 23h01
COMENTÁRIOS DA FESTA JUNINA

            Após ter feito e publicado a resenha da Festa Junina na comunidade, vi uma série de comentários que achei por bem publicar mais uma vez neste espaço.

            SL – Gostei do texto, FR, imaginei tudo o que você falou pela grandeza dos detalhes e tempo real dos fatos. O senhor é um ótimo roteirista. Parabéns! E em relação ao evento ontem! O que tenho a dizer é que também senti falta da sintonia entre as pessoas, que não só na festa ontem, mas esta propaganda nas ruas, nos lares e nas festas, pois está dentro do coração das pessoas “modernas” e para isso tem uma bela frase de um poeta sertanejo pra meditarmos: “Nesse sertão de gente, nesse mar de vaidade, quem tem ouvidos para ouvir com o coração????” Ela me trouxe várias respostas e espero que traga algo de bom para quem a lê! Pois só quem entender vai saber do que estou falando.

                        FR – Pois é SL... Por mais que tenhamos títulos acadêmicos, quando somos testados quanto à vontade de Deus, somos reprovados vergonhosamente. Tanto esforço feito por nossos irmãos, no trabalho, na organização, e nos perdemos dentro das motivações egoístas que sintonizam mais com o dinheiro ou o sexo e esquecemos a nossa carência espiritual. Mas não vamos desistir, o Pai nos chamou para trabalhar nesta seara e o Mestre nos deu o Evangelho para nos orientar. Vamos estudar e orar, e tentar mais uma vez praticar a vontade dEle. Felizmente estamos cheios de companheiros com boas intenções, e se não conseguimos ainda fazer a vontade do Pai, não é porque somos maus, e sim muito ignorantes.

            RM – Positivo, SL, podemos perceber no texto sentimentos, melancolia, vindos de um ser especial... Sem hipocrisia, lutando com um monstro que está lá dentro de cada um nós, que muitas vezes nem percebemos. Ontem quando eu retornava a casa por volta das duas da madrugada, lembrei que eu tinha sacos de leite e não fui capaz de oferecer aquele moço; portanto, H, não é só você que tem dificuldades...

                        FR – Sim, precisamos orar mais ao Pai, pois nossas dificuldades são imensas.

            JV – Percebi muita coisa nesse arraiá que teria sido muito melhor se fosse organizado e elaborado com mais calma e pensando na integração de todos. Fica a experiência para o próximo ano. Deveria ter sido v=feita reuniões com todos os participantes e ambulantes, uma divulgação melhor para atrair até a atenção de turistas, ter sido explicado melhor sobre nossa associação, enfim, tem muitos pontos que servirão como experiência.

                        FR – É mesmo Jaqueline, talvez tenhamos que fazer isso da próxima vez. Vou falar com o Paulo, ver se é possível reunirmos o pessoal da festa para fazermos uma avaliação global.

            MST – Hoje estavam mostrando um morador de rua em Sampa. Porque você não está na tenda armada para amenizar o frio?

            - “Tem pessoas que precisam mais do que eu.”

            Uma lição!

            Essa reflexão coletiva graças a essa experiência. Sempre perguntei-me por que? Essas pessoas passam a ser o que chamo “os invisíveis”! Quantas vezes eu passo por essas pessoas, tropeço nas suas chagas, aí eu paro para pedir desculpas. Desculpas pelo que mesmo? Por minha insensibilidade, incoerente com o que prego! Será que sou o que você pensa? Ou simplesmente um ego inflado na multidão? Precisamos estar atentos. Pensamentos... tem muita força! Transformam-se em ações e palavras. Tenho que vigiar as palavras para não machucar tanto. A quem pensávamos que estava indolor ou invisível.

            WM – Grande noite. Abraços.

                        MST – Pegue lição para mim criatura.

                        WM – Cada um precisa fazer a sua parte.

            GD – Muito bem, FR, a festa foi mais pagã que cristã. E por ser uma festa onde Cristo foi esquecido, o inimigo fez a festa, até com a gente que tem um conhecimento da vida espiritual. Caímos na armadilha, nos estressando.

                        FR – Talvez tenhamos ficado dispersos e confusos nesta festa junina, mas o Mestre ao nosso lado já está atuando, intuindo em várias mentes o que fazer para melhorar as ações evangélicas no meio de uma festa, mesmo que tenha alguns aspectos pagãos, mas o principal, não pode deixar de ser cristão. VAMOS NOS ORGANIZAR PARA O NATAL!

            FR – Isso mesmo, FR, vamos sim. O Natal vai ser ainda melhor!! Temos que nos organizar para que tudo se saia bem. Tudo serve de aprendizado para quem quer aprender, principalmente os erros, né mesmo? Mas com amor e união com certeza teremos êxito na nossa missão de vida! Que tem que ser honrada por prazer e não por obrigação! E vamos que vamos. Abração e até mais focos de luz.

            Enfim, parece que todos os companheiros tem essa mesma percepção, de que devemos nos esforçar mais para dar o destaque evangélico em nossas ações. Ainda bem!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 30/06/2016 às 23h01
 
29/06/2016 08h24
AI, MEU DEUS... SOCORRO!!!

            Tudo corria em paz naquele pequeno hospital geral, de uma pequena cidade do interior. O tempo estava frio e a ameaça de chuva fazia pouca gente adoecer, um fenômeno que até hoje a ciência médica não conseguiu resolver.

            Os técnicos de plantão bem que gostavam daquela situação, nenhum paciente chegando e poucos para atender, somente aqueles que o médico tinha avaliado e que havia deixado em observação. Se resumia em quatro pacientes, um idoso que chegara com pressão arterial elevada, uma mulher jovem com ameaça de aborto, um alcoólico de quarenta e poucos anos que se recuperava dos excessos das bebidas com comidas de milho, e uma freguesa do Pronto Socorro, diabética, que não conseguia obedecer a dieta.

            Já se aproximava da meia noite e todos os técnicos já estavam recolhidos nos seus respectivos repousos, sem saberem que o tempo estava fechando cada vez mais, com nuvens tão pesadas que se aproximavam cada vez mais da terra.

            Foi justamente no toque da meia, depois que muitos foram repousar, depois de assistirem a novela dos Dez Mandamentos, cujo episódio relatava os tremores de terra pelo qual Deus castigava seus filhos teimosos, que o inesperado aconteceu.

            As nuvens que já descarregavam os seus conteúdos aquosos, se chocaram com forte descarga de energia, luminosa e auditiva. O clarão do relâmpago não foi percebido por muitos que já estavam de olhos fechados em seus leitos, mas o barulho ensurdecedor do trovão foi inevitável. Ainda bem que não tinha nenhum cadáver no necrotério, pois seria capaz dele ter se levantado atordoado. Mas os viventes não escaparam... a jovem assistente social que fora repousar impressionada com a novela, foi a primeira a chutar a porta de seu repouso e sair gritando pelo corredor em roupas mínimas: AI, MEU DEUS... SOCORRO!!!!

            Esta foi a senha para o hospital entrar em desespero. O médico, ateu, logo imaginou um ataque terrorista onde um avião tinha sido jogado na caixa d’agua do prédio; o idoso que além de hipertenso era surdo, ficou apenas impressionado com tanta correria no hospital, altas horas da noite; a garota que esperava o seu primeiro filho e era muito católica, logo pensou que o brilho era da estrela de Belém e que os anjos com suas trompas exageravam no anúncio do nascimento do seu filho; o alcoólico, acostumado com seus delírios nas mesas do bar, já estava correndo para embarcar no brilhante disco voador que tinha freado na forma de corisco no telhado do hospital; e a diabética jurava que dessa vez iria cumprir a promessa de não comer açúcar para jamais voltar a esse endiabrado hospital.

            Antes que todo mundo se acomodasse, e a bateria dos corações diminuíssem seus ritmos, ainda se podia ouvir o som estridente de uma ambulância que se afastava velozmente do hospital, cuja vítima era o próprio motorista, tentando escapar de um terremoto que vinha lhe pegar...

            Depois que tudo passou e horror se transformou em piadas, jamais essas pessoas iriam olhar para esse hospital da mesma forma! 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/06/2016 às 08h24
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