Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
02/01/2016 00h59
MÃE DE DEUS

            Hoje é o dia consagrado pela igreja católica à memória de Maria, a mãe de Deus. Começa assim uma polêmica que até hoje divide os cristãos, aqueles que acreditam nessa informação, de que Maria é a mãe de Deus, e aqueles que não acreditam que Deus tenha tido necessidade de ser gerido por uma mulher, por mais perfeita que ela tenha sido. Mesmo dentro de suas argumentações, a igreja não consegue escapar das incoerências que gerou.

            A igreja diz que Maria recebeu a missão de Deus e acatou para si, conceber através do Espírito Santo. A Anunciação aconteceu em 25 de março, que Maria iria carregar em seu seio o Filho Unigênito de Deus.

            Depois a igreja ensina que Deus se fez carne por meio de Maria, que Ele é o ponto de união entre o céu e a Terra.

            Formou-se assim a confusão entre o Pai (que mandou), o Filho (que nasceu) e o Espírito Santo (que engendrou). A melhor forma encontrada para sair desse labirinto de incoerências foi dar uma personalidade única aos três: Pai-Filho-Espírito Santo.

            Quando falamos assim, “Mãe de Deus”, quem possui uma compreensão de Deus acima dos preconceitos e dogmas religiosos, percebe logo a incoerência. Como uma mulher, por mais perfeita que seja, é capaz de gerar Deus?

            Procuro evitar todo esse malabarismo religioso, dogmático, e compreender todo esse relato dentro de uma perspectiva natural, mesmo que tenha pitadas de misticismo, justificada pela minha fé no mundo espiritual e na ignorância do muito que ainda não sei.

            Maria nasceu de pais muito religiosos, que pediram a Deus, já em idade avançada, para terem um filho, uma vez que um casal estéril era muito criticado e discriminado na sociedade em que viviam. Deus atendeu os seus pedidos e como uma compensação para a divindade, foi oferecida ao Senhor e foi morar no templo. Mas logo que chegou a menarca os sacerdotes a tiraram do templo, pois entendiam que uma mulher menstruada era impura e Maria poderia contaminar a casa de Deus.

            Observo mais uma vez a força dos preconceitos e dogmas direcionando comportamentos, mesmo dentro de uma casa de Deus. Como uma mulher que obedece a natureza criada por Deus com a menstruação, pode ser considerada impura? São esses pensamentos e comportamentos que ainda hoje existem dentro de igrejas que me afastam delas e me aproximo da Natureza.

            Então, Maria sai do templo e é oferecida a José, bem mais velho, viúvo, com filhos. Maria aceita e logo em seguida aceita também a proposta do anjo de ser a mãe do filho de Deus. Ficou confusa com a suspeita de traição que José certamente iria ter a respeito dela. Mas o anjo ajudou, entrando no sonho de José e explicando a situação. A fé dos dois conseguiram suportar a situação anômala.  

            O que importa é que hoje sabemos que ela foi a mãe de Jesus, o Mestre do Amor, que nos deixou o Evangelho como bússola e medicamento, e por esse motivo merece ser reconhecida no primeiro dia do ano, dia também consagrado à paz, a confraternização universal.

            É bastante aceitável que ela permaneça com esse destaque da paz e da solidariedade e que represente as mães de todo o planeta, uma vez que o seu filho é considerado o Governador espiritual do planeta.

            Enquanto isso, Deus, inteligência suprema do universo, energia sublime do Amor, continua integrando cada minúscula ou maiúscula parte de sua criação, expressa na Natureza visível ou invisível aos nossos olhos ou artefatos tecnológicos.  

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em 02/01/2016 às 00h59
 
31/12/2015 12h59
PERSPECTIVAS 2016

          Tenho um pastor que adotou o meu nome, que por outro lado o recebi devido a favores recebido do seu verdadeiro dono: Francisco, da cidade de Assis. O novo papa, de nacionalidade argentina, adotou esse nome com o objetivo de deixar bem claro suas intenções de seguir a Cristo e administrar a igreja católica com base na humildade e no encontro com os pobres, com as comunidades.

            Com essa identificação com o novo papa, de seguir os mesmos caminhos que o Cristo nos indicou, sinto-me mais fortalecido, pois sinto o eco de meus pensamentos, sentimentos e ações, no discurso e no comportamento do Papa Francisco.

            Com essa base espiritual tenho três campos de atuação em perspectivas para ser realizado ou incrementado neste ano que irá começar: campo comunitário, acadêmico e familiar.

            No campo comunitário devo incrementar as ações na comunidade da Praia do Meio, através da Associação de Moradores e do Projeto Foco de Luz. Até agora as ações se realizam principalmente na Escola Olda Marinho, com a realização de algumas atividades para as crianças e organização de eventos sociais em datas significativas. É necessário que seja explicitado a missão evangélica da Associação com o foco na geração de trabalho associado ao compromisso social com a Associação, na capacidade de reproduzir a ajuda recebida para outros moradores do bairro. Também vai ser preciso a criação de um grupo na internet onde possamos nos comunicar com textos administrativos mas de prática evangélica. Existem as páginas no facebook onde já são colocadas as atividades, mas com um cunho mais informativo. Precisamos atingir um nível formativo.

            No campo acadêmico tenho a perspectiva de realizar um seminário dirigido aos profissionais da saúde, com base no material que recebi do Mednesp 2015. Esse seminário servirá de atividade amplificador do congresso, levando à compreensão do Evangelho do Cristo como importante ferramenta na atividade terapêutica, qualquer que seja o tipo de profissional que o realize.

            E, finalmente, no campo familiar, reforçar os relacionamentos com base no modelo da Família Universal, como o Cristo ensinou que deveria formar os cidadãos para o Reino de Deus. O maior adversário a ser enfrentado nesse campo é o egoísmo na forma de ciúme que impede a solidariedade como construtora de harmonia. Sei que terei o problema de não poder estar em todos os locais a todo momento, como seria o ideal. Deverei ser guiado pelos impulsos do coração e rogar a Deus para ajudar a todos a compreenderem as ausências.

            O pastor Francisco adverte que o nosso lema deve ser o servir a todos, cada vez com maior intensidade, dentro das famílias e da comunidade. Ele mesmo dá o exemplo de como isso pode ser realizado, não se deixando corromper pela tendência vaidosa do importância do cargo.

            Finalmente, considero que as perspectivas para o próximo ano sejam alvissareiras em todas as áreas. O Trabalho deve ser a virtude mais requisitada a fim de implementar todas as outras.

           

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em 31/12/2015 às 12h59
 
31/12/2015 00h59
FORÇA INTERIOR

     

            A filósofa Ruth Change fala sobre a Força Interior necessária para tomar decisões que podem mudar nossa vida e a importância de encarar as escolhas de maneira correta.

            Como tenho interesse nesse assunto, pois enfrentei uma decisão radical de pautar o meu comportamento dentro da ideologia cristã, aquela que considero correta de acordo com os princípios da minha consciência, e não aquela que é ensinada de acordo com os ditames eclesiásticos, passei a viver o que entendi ser coerente com o Amor Incondicional. Passei a praticar esse paradigma com a maior pureza possível, dentro de todos os meus relacionamentos, principalmente os afetivos: passados, presentes e futuros. Entendo que assim estarei construindo uma nova forma de família diferente, saindo do padrão nuclear, do amor exclusivo, para o padrão ampliado ou universal, do amor inclusivo.

            Necessito a todo momento dessa força interior para me manter dentro desse caminho que escolhi como o correto e como uma missão, uma vez que estou cercado de pessoas que pensam de forma contrária, que, mesmo desenvolvendo sentimento de amor por mim, não conseguem fazer a distinção do amor romântico para o incondicional. Em decorrência, sou atacado implícita ou explicitamente por todos, por isso é que preciso da Força Interior para me manter no caminho.

            Não imaginava a princípio que a escolha que fiz fosse necessitar de tanta Força Interior. Tudo me parecia tão natural, parecia que a maior dificuldade que eu iria encontrar seria vencer as minhas próprias resistências, o machismo que impedia dar a mesma liberdade que eu tinha à minha companheira. O tempo veio mostrar que eu estava equivocado. Sei que foi difícil, realmente, vencer meus preconceitos machistas, mas venci-os a todos! Porém os preconceitos da família nuclear, do amor exclusivo, das minhas diversas companheiras, constantes ou eventuais, isso eu não consegui. Mesmo porque não depende da minha Força Interior, e sim da Força Interior de cada uma delas. Por mais inteligente, espiritualizada ou autônoma que sejam, sempre se envolvem com os critérios do amor romântico e esquecem dos princípios do amor incondicional.

            O outro cuidado que devo ter é o de escolher o caminho de maneira correta. Nesse ponto eu observo uma incoerência constante em todas as minhas companheiras, que parece muito com injustiça na melhor das hipóteses, e de hipocrisia na pior.

            O caminho que escolhi de acordo com os princípios da consciência, do que ela avaliou como sendo amor incondicional, implicou em abrir o meu relacionamento para a prática do amor inclusivo. A inclusão de outra pessoa dentro do meu relacionamento afetivo implica no afastamento temporal e espacial com a primeira companheira. Essa primeira companheira sente o impacto negativo desse afastamento, mas a nova companheira que foi incluída sente o impacto positivo da aproximação. Compreendo que, se ambas estivessem sentindo e se comportando dentro do amor incondicional, esses impactos emocionais, negativo e positivo, seriam atenuados. A Força Interior delas está sintonizada com o amor romântico e isso faz potenciar a força emocional do impacto negativo e positivo. A primeira sente a dor pungente de uma separação, mesmo que seja temporária. Não existe Força Interior que conduza as emoções em outra direção, para compreender e sentir como positivo o prazer que o seu companheiro tem com outra companheira. A segunda sente o prazer inusitado do amor ao seu lado, com harmonia, com tolerância, com fraternidade, e não existe uma Força Interior que advirta que esse é um momento que não pode ser eterno, que um dia irá terminar, mesmo que seja temporariamente.

            A incoerência surge quando a terceira companheira acontece e a segunda, sem nenhuma Força Interior que ajude a harmonizar, passa a sentir sentimentos de raiva e despeito pela situação que ela um dia proporcionou. Daí eu considerar essa condição emocional ser um sentimento de injustiça ou de hipocrisia, pois mesmo agindo dentro dos princípios do amor romântico, devia saber que ela mesma proporcionou tais sentimentos em outra pessoa, poderia ficar no mínimo compensada psicologicamente.

            Enfim, cada pessoa que faça os seus devidos diagnósticos e procure encontrar a Força Interior necessária para realizar as escolhas que sua consciência tiver aprovado.

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em 31/12/2015 às 00h59
 
30/12/2015 00h59
TRABALHO

        

            De todas as virtudes parece que aquela que é o motor, que impulsiona todas as outras, é o trabalho. Tenho cada vez mais convicção dessa intuição, pois vejo que tenho ao meu redor uma série de atividades bem intencionadas, recheadas de amor, de obediência à vontade do Pai, mas se o Trabalho não se impor para realiza-las, nenhuma sairá do papel.

            O adversário que se contrapões ao Trabalho é a Preguiça. Como fazer para vencer essa força associada ao poder do Behemot? Sei que neste próximo ano de 2016 que está chegando, tenho que focar minhas energias na realização do trabalho.

            Não sei bem como irei iniciar essa ação, pois tudo ao redor implica em trabalho, e eu já realizo uma boa quantidade, mas relacionado com a vida material. O que eu pretendo investir agora é no trabalho associado à vida espiritual.

            Com relação ao outro adversário, a Gula, eu tenho uma boa estratégia para vencê-la, pelo menos em algum momento significativo. É com relação ao período da Quaresma. Eu faço uma relação com o esforço que Jesus fez, passar 40 dias no deserto, em jejum, e agora que eu vim a saber que Joaquim, pai de Maria, a mãe de Jesus, também passou 40 dias no deserto, pedindo a Deus que lhe favorecesse e tirasse a pecha da indignidade de não gerar filhos, então, eu pego esses exemplos e tento associar o meu comportamento de querer seguir a vontade do Pai, ao exemplo do Mestre, mesmo que não seja com toda a energia que ele despendeu naquele período. Mesmo assim é uma boa estratégia, consigo reunir forças ancoradas no exemplo do mestre e realizar um jejum suficiente para conter a energia da gula do Behemot.

            Mas com relação ao Trabalho eu não tenho algo semelhante. Estou pensando em associar o trabalho material, acadêmico, com o trabalho espiritual. Talvez essa seja uma saída para o meu dilema. O curso de Medicina, Saúde e Espiritualidade que eu coordeno pode ser a ponte. Acabei de receber o congresso do MEDNESP 2015 que foi realizado em Goiânia, muito bem produzido e gravado em pendrive. Já fiz toda a programação do que foi realizado nesse congresso e pretendo apresentar aos colegas da AME-RN um projeto de fazer um seminário usando esse material, colocando um debatedor a cada dia, de preferência um professor ligado à academia e que necessariamente não tenha nenhuma religião. Essa atividade servirá para mostrar aos colegas a importância de conhecer a espiritualidade no cuidado com os pacientes, e ao mesmo tempo servirá de caixa de ressonância para as atividades realizadas em Goiânia.

            Com a realização deste trabalho eu consigo vencer um pouco da minha inercia espiritual, na questão de realizar trabalhos diretamente relacionados com a espiritualidade. Certamente isso irá me ocupar mais de 40 dias, aqueles que eu pretendo passar na quaresma, e talvez até esse tempo do trabalho seja concomitante com o jejum; seria então a dupla, jejum e trabalho, vencendo a dupla gula e preguiça, respectivamente.

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em 30/12/2015 às 00h59
 
28/12/2015 12h29
CIÊNCIA PÓS-MATERIALISTA

           Em março de 2015 mais de 70 cientista de diferentes áreas assinaram um manifesto para uma ciência pós-materialista, que foi publicada na revista “Explore”.

            Para Dave Pruett, ex-pesquisador da NASA, professor emérito de matemática da Universidade James Madison, este documento significa uma revolução conceitual e representa algo comparável na ciência ao que significaram para a religião cristã as 95 teses de Martinho Lutero.

            Os redatores do manifesto foram Mario Beauregard, Gary E. Schwartz e Lisa Miller, em colaboração com Larry Dossey, Alexander Moreira-Almeida, Marilyn Schlitz, Rupert Sheldrake e Charles Tart. Todos são considerados cientistas heterodoxos (e em alguns casos hereges) pelos setores dominantes da ciência, mas assim também o foram Copérnico, Galileu, Kepler ou Einstein, diz Pruett.

            O Manifesto pós materialista pós materialista foi a conclusão do encontro sobre Ciência, Espiritualidade e da Sociedade, realizado no Canyon Ranch, em fevereiro de 2014 e organizado por Schwartz e Beauregard, da Universidade do Arizona, e Lisa Miller, da Universidade de Colúmbia. Até agora, mais de 70 cientistas de todo o mundo juntaram-se ao manifesto com suas assinaturas.

            Eis o que diz o manifesto:

MANIFESTO PARA UMA CIÊNCIA PÓS-MATERIALISTA

01 – A visão de mundo da ciência moderna é essencialmente o resultado de pressupostos intimamente associados com a física clássica. O materialismo – a ideia de que a matéria é a única realidade – é um desses pressupostos. Outro pressuposto relacionado é o reducionismo, a noção de que as coisas complexas podem ser entendidas, reduzindo-as para interação entre suas partes ou a coisas mais simples, mais fundamentais, como as minúsculas partículas materiais.

02 – Durante o século XIX, estes pressupostos se estreitaram tornando-se em dogmas e levando a um sistema de crença de que a mente não é nada mais do que a atividade física do cérebro e que nossos pensamentos não podem ter nenhum efeito sobre o nosso próprio cérebro ou corpo, sobre nossas ações ou sobre o mundo físico.

03 – A ideologia do materialismo científico tornou-se dominante na academia durante o século XX. Tão dominante que uma maioria de cientistas começou a acreditar que ele estava baseado em evidências empíricas bem estabelecidas e representavam a única maneira racional para se ver o mundo.

04 – Os métodos científicos baseados na filosofia materialista foram muito bem sucedidos, não só para aumentar a nossa compreensão da natureza, mas, permitindo maior controle e liberdade através de avanços tecnológicos.

05 – No entanto, o domínio absoluto do materialismo prático na academia restringiu e prejudicou seriamente o desenvolvimento do estudo científico da mente e da espiritualidade. A fé nesta ideologia científica como o único quadro explicativo da realidade levou a se negar a dimensão subjetiva da experiência humana. Isto levou a uma compreensão gravemente distorcida e empobrecida de nós mesmos e de nosso lugar na natureza. O materialismo tem dificultado o estudo científico da mente e espiritualidade. A mudança de uma ciência materialista para uma pós-materialista pode ser de importância vital para a evolução da civilização humana. Pode ser mais relevante do que a transição do geocentrismo para o heliocentrismo.

06 – A ciência é essencialmente uma abordagem não-dogmática e de mente aberta para se adquirir conhecimento sobre a natureza através da observação, investigação experimental e explicação teórica de fenômenos. Sua metodologia não é sinônimo de materialismo e não deve comprometer-se com qualquer conjunto particular de crenças, dogmas e ideologias.

07 – No final do século XIX, os físicos descobriram fenômenos empíricos que não podiam ser explicados pela física clássica. Isto levou ao desenvolvimento durante os anos 1920 e início dos anos 1930 de um revolucionário novo ramo da física chamado mecânica quântica (MC). A MC tem questionado os fundamentos materiais do mundo, mostrando que os átomos e partículas subatômicas não são realmente objetos sólidos e que não existem com certeza em um lugar e tempo definidos. Mais importante, a MC explicitamente introduziu a mente em sua estrutura conceitual básica para descobrir que as partículas observadas e o observador – o físico e o método utilizado para a observação – estavam vinculados. De acordo com uma interpretação da MC, este fenômeno implica que a consciência do observador é vital para a existência de eventos físicos observados e que eventos mentais podem afetar o mundo físico. Os resultados de experiências recentes suportam esta interpretação. Estes resultados sugerem que o mundo físico não é o componente único ou principal da realidade e não pode ser plenamente compreendido sem relacioná-lo com a mente.

08 – Os estudos psicológicos têm mostrado que a atividade mental consciente pode influenciar causalmente o comportamento e que os valores explicativos e preditivos dos agentes causais (por exemplo, crenças, objetivos, desejos e expectativas) são muito elevados. Além disso, pesquisas em Psiconeuroimunologia indicam que nossos pensamentos e emoções podem afetar significativamente a atividade dos sistemas fisiológicos (por exemplo, imunológico, endócrino e cardiovascular) conectados ao cérebro. Além disso, exames de neuroimagem de auto-regulação emocional, a psicoterapia e o efeito placebo mostram que os eventos mentais influenciam significativamente a atividade cerebral.

09 – Os estudos dos chamados “fenômenos psi” indicam que, por vezes, pode-se receber informações significativas sem a mediação dos sentidos ordinários, de modo que transcendam as fronteiras espaciais e temporais habituais. Além disso, a pesquisa mostra que podemos influenciar – à distância – mentalmente em dispositivos físicos e organismos vivos (incluindo outros seres humanos). A pesquisa psi também mostra que as mentes separadas podem se comportar de maneiras que não são correlacionadas localmente, por exemplo, as correlações entre mentes separadas, hipoteticamente, não mediadas (não vinculadas a qualquer energia do sinal conhecido), absolutas (não degradadas como a distância) e imediatas (parecem ser simultâneas). Estes eventos são tão comuns que não podem ser vistos como anômalos ou como exceções às leis naturais, mas como indicadores da necessidade de um quadro explicativo mais amplo que não pode contar com o materialismo.

10 – A atividade mental consciente pode ser experimentada durante a morte clínica devido a uma parada cardíaca (isto é o que tem sido chamado de “experiência de quase morte” (ECM). Algumas ECM provaram experimentar percepções verídicas da realidade externa (percepções correspondentes à realidade) que ocorreram durante a parada cardíaca. Pessoas que sofreram ECMs também tem sofrido profundas experiências espirituais durante a parada cardíaca. Note-se que a atividade elétrica do cérebro cessa alguns segundos após a parada cardíaca. Os fenômenos psi e as ECMs apoiam a conclusão de que a mente pode existir separadamente do cérebro.

11 – Os experimentos controlados em laboratório têm documentado que pesquisadores com habilidades mediúnicas (pessoas que asseguram poder se comunicar com a mente das pessoas que morreram fisicamente) podem às vezes obter informações muito precisas sobre as pessoas falecidas. Isto permite concluir que a mente pode existir separadamente do cérebro.

12 – Alguns cientistas e filósofos especialmente imbuídos do materialismo rejeitam o reconhecimento desses fenômenos, porque eles não são consistentes com a sua exclusiva visão de mundo. A rejeição das investigações pós-materialistas são contraditórias com o verdadeiro espírito de investigação científica, de acordo com o qual os dados empíricos devem ser sempre tratados de forma adequada. Os dados que não se encaixam nas teorias e crenças favoritas não podem ser negligenciados a priori. Esse desprezo é do domínio da ideologia, não da ciência.

13 – É importante entender que os fenômenos psi, as ECM em paradas cardíacas e as evidências replicáveis de investigadores médiuns credíveis parecem anômalas somente quando vistas através da lente do materialismo.

14 – Além disso, as teorias materialistas não conseguem explicar como o cérebro cria a mente e não podem explicar as evidências empíricas mencionadas neste manifesto. Esta falha nos diz que é hora de nos libertarmos dos grilhões e viseiras da velha ideologia materialista, para ampliar nossa compreensão do mundo natural e aderirmos a um novo paradigma pós-materialista.

15 – De acordo com o paradigma pós-materialista:

  1. A mente é um aspecto da realidade tão essencial como o mundo físico. A mente é fundamental no universo e não pode ser derivada da matéria ou reduzida a algo mais básico
  2. Há ligações profundas entre a mente e o mundo físico.
  3. Os cientistas não devem temer a investigar espiritualidade e experiência espirituais, porque eles representam um aspecto central da existência humana.
  4. A mente (vontade/intenção) pode influenciar o estado do mundo físico e agir de maneiras não-locais, nem limitar-se a pontos específicos no espaço, como o cérebro e o corpo, ou pontos específicos no tempo, como o presente. Como a mente pode influenciar não localmente sobre o mundo físico, as intenções, emoções e desejos de um experimentador não estão completamente isolados dos seus resultados experimentais, mesmo em modelos experimentais controlados e às cegas. As mentes são aparentemente ilimitadas e podem ser vistas de modo a que sugerem a existência de uma única mente que inclui todas as mentes individuais.
  5. As ECMs em parada cardíaca sugerem que o cérebro funciona como um receptor da atividade mental, ou seja, a mente pode funcionar através do cérebro, mas não é produzida por este. A ECM ocorrendo em parada cardíaca, junto com a evidência de pesquisadores médiuns, sugerem a sobrevivência da consciência após a morte do corpo, bem como a existência de outros níveis da realidade que são imateriais.
  6. Os cientistas não devem temer investigar a espiritualidade e as experiências espirituais, porque elas representam um aspecto central da existência humana.

16 – A ciência pós-materialista não rejeita as observações empíricas nem o grande valor das realizações científicas feitas até agora. Busca ampliar a capacidade humana de compreender melhor as maravilhas da natureza e, no processo, redescobrir a importância da mente e do espírito, como partes do tecido central do universo. O pós-materialismo inclui a matéria que é considerada como um constituinte básico do universo.

17 – O paradigma pós-materialista tem implicações de longo alcance. Altera fundamentalmente a visão que temos de nós mesmos, restaura-nos a dignidade e poder, como seres humanos e como cientistas. Este paradigma cultiva valores positivos como o respeito, a compaixão e a paz. Ao enfatizar a profunda ligação entre nós e toda a natureza, o paradigma pós-materialista promove a conscientização ambiental e preservação de nossa biosfera. Além disso, não é novo, mas tem sido esquecido durante 400 anos, que uma compreensão viva e transmaterial pode ser a pedra angular da saúde e bem-estar, como tem sido sustentado e preservado na prática antiga do corpo-mente-espírito, tradições religiosas e abordagens contemplativas.

18 – A mudança de uma ciência materialista para uma pós-materialista pode ser de importância vital para a evolução da civilização humana. Pode ser mais relevante do que a transição do geocentrismo para o heliocentrismo.

            Enfim, eis um manifesto importante para a academia, para a sociedade e para o futuro da humanidade. Temos assim uma base mais sólida onde podemos nos apoiar sem correr tanto riscos de sermos “queimados vivos” pela força da ideologia, dos preconceitos e da conjuntura de “normalidade” que nos rodeia.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/12/2015 às 12h29
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