Temos diversos caminhos a seguir conforme permitidos por Deus. Alguns fáceis, outros difíceis. Cabe à nossa compreensão sobre a vida dentro de nossa consciência, para acionar à vontade de acordo com nosso livre arbítrio.
Lucas escreveu em seu Evangelho uma frase atribuída ao Cristo que eu não concordo muito com ela: “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. (13:24)”
A porta estreita significa entrar num caminho de mais dificuldades, dores, sofrimentos... não é isso que vimos muitos procurarem, pelo contrário, são procurados os caminhos mais fáceis, de prazer, de ociosidade.
Talvez, no momento da reencarnação, sabendo da lei da evolução e do que devemos fazer para conquistar planos mais elevados de vida, de ter que passar pela porta estreita, procuremos fazer assim, mas já encarnados, sofrendo os efeitos da carne em nosso psiquismo, não conseguimos.
Reconheço a necessidade do sofrimento purificador, sei do sacrifício que redime, do obstáculo que ensina; compreendo a dificuldade que enriquece a mente e acho importante a lição que mostrará a luz do entendimento que me elevará nos caminhos infinitos da vida. Mas, que faço eu? Perco muito tempo na ociosidade, em caminhos alternativos que me afastam da porta estreita. Sei que tudo isso é devido este instrumento de carne que o Criador me ofertou para eu seguir minhas lições. Como um fardamento que utilizamos para ir à escola, e que devemos lavar constantemente para tirar a sujeira que absorve, mesmo assim devemos fazer com o corpo. Devo faze-lo passar pela lavagem da Reforma Íntima, tirando a sujeira do egoísmo e me tornando capacitados a evoluir na programação espiritual em direção ao Pai. Só consigo fazer a retificação dos erros e vícios do corpo se eu conseguir passar pela porta estreita em busca do aperfeiçoamento.
O Pai acaba de me mostrar mais uma porta estreita para meu avanço espiritual. Mostrou o marketing de relacionamentos (MMN) da Polishop pelo qual posso criar a maquete do Seu Reino, um tipo de família universal. No entanto, apesar de conhecimentos suficientes já adquiridos, permaneço parado na soleira, resistindo ao sofrimento que esta caminhada irá me levar. Sempre estou procurando uma porta larga por onde transitam as multidões, tentando fugir às dificuldades e me empenhando no menor esforço.
Temendo o sacrifício, vou à procura da vantagem pessoal; sabendo da importância de servir aos semelhantes, procuro o serviço dos outros para mim.
Nas memórias incrustadas do passado, vou indo pelos campos evolutivos oferecidos pelo Pai, perdendo as oportunidades que as portas estreitas me oferecem de fazer algo útil, menosprezando os compromissos que deverei ter assumido.
Será que irei necessitar de uma enfermidade, um acidente que me mutile, para que eu considere com seriedade e força de vontade a transposição pelas portas estreitas? Mas não será tarde? Não terei perdido assim a capacidade de caminhar? Nesse momento, não poderei pensar... Ah! Se fosse possível voltar!...
Então, tendo essa percepção, por que não pratico agora a passagem pela porta estreita, antes que incapacitado fique só no desejo de tornar a viver no mundo com suficiente humildade, paciência, fé e determinação de transpor a porta estreita e procurar fazer a felicidade do próximo, sabendo que assim adquiro a minha felicidade. Pois esta é a proposta do MMN, uma estratégia prática ao meu alcance, que devo transpor a porta estreita antes que seja tarde.
Sei que eu roguei por tal porta estreita e recebi, no entanto, estou parado, com o risco de recuar do serviço justo, porque estou bem acomodado nas portas largas.
Rogo a Deus para que me dê forças para que eu ultrapasse a soleira desta porta estreita, antes que ela se feche e eu não consiga mais.
Nossa origem está sempre impregnada de dúvidas. A Bíblia traz uma boa explicação para isso e lendo o livro de Severino Celestino, ˜Jesus, o Messias das Nações”, fiquei inspirado em fazer este texto.
No prólogo do Evangelho de João, foi escrito: No princípio já existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo estava em comunhão com Deus.
Dito desta forma, as nossas origens têm principio com Deus e com o Verbo. Compreendendo o Verbo ser o Cristo, não entra no mérito da criação do Verbo. É como se o Verbo já existisse com Deus desde o princípio, quer dizer, ambos foram incriados, que têm as características da eternidade.
Essa compreensão vai de encontro aos ensinamentos dos Espíritos, que dizem ser todos os espíritos criados por Deus, simples e ignorantes, inclusive Jesus que se tornaria o Cristo.
Então, onde está a verdade? Com João ou com os Espíritos? Sabemos que João escreveu seu Evangelho inspirado por Deus, pelo Cristo; sabemos que Kardec escreveu “O Livro dos Espíritos” como as respostas dos próprios Espíritos às suas perguntas dirigidas a diversos médiuns. Onde está a maior fidedignidade? Não é que estejamos a encontrar mentiras de um lado ou de outro, mas sim onde se encontra o maior poder de coerência dentro da racionalidade que podemos evocar.
Por mais que João seja honesto e quisesse escrever o que recebia como intuição divina, ele era uma só pessoa, com suas próprias convicções e entendimentos e que isso poderia desviar a intuição divina para as suas convicções pessoais. Dessa forma, observamos uma série de aberrações escritas na Bíblia por várias pessoas intuídas por Deus, como se fosse a vontade de Deus, o Que Deus realmente teria escrito se Ele mesmo pegasse o lápis e escrevesse.
O Livro dos Espíritos, por outro lado, não é uma intuição de Kardec. Pelo contrário, ele usou de toda a racionalidade para fazer perguntas pertinentes a diversos espíritos através de diversos médiuns e só aproveitou aquilo que mostrava coerência. Dessa forma, o texto que mais se aproxima da verdade, pela força da coerência, é aquele decorrente das respostas dos Espíritos, por não está alicerçada numa única pessoa e ser passada pelo crivo da crítica a cada momento.
Entendendo dessa forma, teríamos que fazer um corretivo das palavras de João, da seguinte forma: No princípio existia Deus, o Criador de tudo e de todos. Criou os espíritos simples e ignorantes com potencial de desenvolvimento moral e chegar ao máximo de comunhão com Ele, com capacidade plena de co-criação, como o Cristo que se tornou Verbo de Deus, filho unigênito em nosso universo.
Dessa forma compreenderíamos melhor a distinção de Deus e do Verbo que João queria explicar, mas sem deixar o entendimento de que Deus e o Verbo existia de todo o sempre. Apesar de toda a comunhão que o Verbo possa ter com Deus, ele não deixa de ser mais uma de Suas criações. Abre também a perspectiva que todos nós, espíritos encarnados e desencarnados, estamos numa trajetória evolutiva semelhante aquela experimentada pelo Cristo até chegar na comunhão plena com Deus, capaz de criar novos universos e assim ad infinitum (que não tem fim ou limite).
O site Consciencial publicou um texto divulgado no Jornal Espírita de Setembro de 2007 que relata uma experiência envolvendo o médium Chico Xavier que é muito importante para a prevenção de sentimentos negativos fáceis de serem absorvidos se não estivermos atentos. Vejamos o caso.
Coitadinho de mim
Jerônimo Mendonça nasceu em Ituiutaba (MG), em 1 de novembro de 1939, tendo desencarnado em 25 de novembro de 1989. A vida do médium Jerônimo Mendonça foi um exemplo de superação de limites. Totalmente paralítico há mais de trinta anos, sem mover nem o pescoço, cego há mais de vinte anos, com artrite reumatoide que lhe dava dores terríveis no peito e em todo o corpo, era levado por mãos amigas por todo o Brasil a fora para proferir palestras. Foi tão grande o seu exemplo que foi apelidado “O Gigante Deitado” pelos amigos e pela imprensa.
Houve uma época, em meados de 1960, quando ainda enxergava, que Jerônimo quase desencarnou. Uma hemorragia acentuada, das vias urinárias, o acometeu. Estava internado num hospital de Ituiutaba quando o médico, amigo, chamou seus companheiros espíritas que ali estavam e lhes disse que o caso não tinha solução. A hemorragia não cedia e ele ia desencarnar.
- Doutor, será que podemos pelo menos levá-lo até Uberaba, para despedir-se de Chico Xavier? Eles são muitos amigos.
- Só se for de avião. De carro ele morre no meio do caminho.
Um de seus amigos tinha avião. Levaram-no para Uberaba. O lençol que o cobria era branco. Quando chegaram a Uberaba, estava vermelho, tinto de sangue. Chegaram à Comunhão Espírita, onde o Chico trabalhava então. Naquela hora ele não estava, participava de trabalho de peregrinação, visita fraterna, levando o pão e o evangelho aos pobres e doentes.
Ao chegar, vendo o amigo vermelho de sangue disse o Chico:
- Olha só quem está nos visitando! O Jerônimo! Está parecendo uma rosa vermelha! Vamos todos dar um beijo nessa rosa, mas com muito cuidado para ela não “despetalar”.
Um a um os companheiros passavam e lhe davam um suave beijo no rosto. Ele sentia a vibração da energia fluídica que recebia em cada beijo. Finalmente, Chico deu-lhe um beijo, colocando a mão no seu abdome, permanecendo assim por alguns minutos. Era a sensação de um choque de alta voltagem saindo da mão de Chico, o que Jerônimo percebeu. A hemorragia parou.
Ele que, fraco, havia ido ali se despedir, para desencarnar, acabou fazendo a explanação evangélica, a pedido de Chico, em seguida vem a explicação:
- Você sabe o porquê desta hemorragia, Jerônimo?
- Não, Chico.
- Foi porque você aceitou o “Coitadinho”. Coitadinho do Jerônimo, coitadinho... você desenvolveu a auto piedade. Começou a ter dó de você mesmo. Isso gerou um processo destrutivo. O seu pensamento negativo fluidicamente interferiu no seu corpo físico, gerando a lesão. Doravante, Jerônimo, vença o coitadinho. Tenha bom ânimo, alegre-se, cante, brinque, para que os outros não sintam piedade de você.
Ele seguiu o conselho. A partir de então, após as palestras, ele cantava e contava histórias hilariantes sobre as suas dificuldades. A maioria das pessoas esquecia, nestes momentos, que ele era cego e paralítico. Tornava-se igual aos sadios.
Sobreviveu quase trinta anos após a hemorragia “fatal”. Venceu o “coitadinho”.
Que essa história nos seja um exemplo, para que nos momentos difíceis tenhamos bom ânimo, vencendo a nossa tendência natural de auto piedade e esmorecimento.
Extraído do Jornal Espírita de Setembro de 2007.
Esse conselho é muito útil, pois a tendência de desenvolvermos a auto piedade quando sofremos alguma injúria ou doença, e somos mimados por entes queridos que desejam o nosso bem e se compadecem de nossa situação, é entrarmos nessa vibração e aceitar a condição de coitadinho. Essa aceitação da condição mórbida de um ponto de vista da incapacitação e merecedor da caridade pública, penetra no nosso subconsciente e ele passa a gerenciar o corpo com essa nova visão pessimista, negativa e até catastrófica.
Que evitemos essa condição por mais que os entes queridos e amigos, querendo o nosso bem e sem saber do problema que esteja nos causando, nos coloca em situação de risco.
Este é o sexto e último texto escrito no camping há 24 anos, após eu ter sido expulso de casa pela minha segunda ex-esposa...
11-09-96 (09h02)
Estou de volta à minha base. Após uma noite onde pela talvez primeira vez procurei o sono e não encontrei. Minha cabeça fervilhava procurando encontrar uma solução para sensibilizá-la, sem necessitar a minha transformação, a minha essência.
Ia e vinha num turbilhão de imagens sempre acompanhado por aquela incomoda sensação de aperto no coração que de tão forte parecia estar se espalhando por todo o corpo.
Às 03h30 saí dessa tortura quando fui chamado para ver um paciente portador do Mal de Alzheimer que estava com pressão baixa. Observei que ele estava definhando, em estado de caquexia. Ossos salientes, veias esvaziadas, escaras no corpo, secreção nos pulmões, um olhar perdido no vazio, sem responder aos estímulos que eu provocava. Percebi que sua vida estava se esvaindo lentamente. Afinal, há cerca de quatro anos ele vem se internando em diversos hospitais.
Chamei a sua esposa, falei do seu estado de saúde, e ela me falava ainda com lágrimas nos olhos que aquele era mais um momento, talvez o culminante da perda. Isso porque ao longo de sua doença, foi perdendo um pouquinho dele à cada crise, a cada ameaça de morte.
Seu sofrimento era visível, mas mesmo assim correu em todos os hospitais clínicos para tentar lhe livrar de mais uma ameaça de morte.
Fiquei a refletir e fazer comparações com o nosso caso. Talvez a minha doença seja emocional e ela faz também você sofrer a cada momento, e sentir que me perdia a cada crise mais forte. Mas naquela mulher eu via a luta contra todas as chances de manter por mais um pouco perto dela aquele pedaço de carne, sem alma, sem reações inteligíveis.
O que era aquilo? Gratidão? Solidariedade? Compreensão?... ou quem sabe, amor? Amor por aquele ser miserável, cheio de pústulas e de odor fétido? Que não conseguia sorrir, falar, pedir, nem mesmo olhar? Que as enfermeiras evitavam respirar o mesmo ar e improvisavam luvas para toca-lo?... mas quem sabe, não é amor? Somente esse sentimento consegue superar as maiores barreiras que essa vida nos oferece.
Agora, olhando você e vendo seu comportamento, me mandando para longe de você por causa de aspectos do meu comportamento, e sabendo você, com certeza, com capacidade igual ou maior que aquela mulher, de amar, por um momento senti inveja daquele paciente. E lá no íntimo veio o desejo de ter uma doença semelhante, pois com certeza eu não poderia ter o mesmo comportamento que tenho, e mesmo que ficasse deformado e brutalizado numa cama de hospital, teria você ao meu lado, me confortando, me amando, mesmo que eu não pudesse olhar nos seus olhos e retribuir. Mesmo que você passasse a mão carinhosamente na minha cabeça e beijasse meu corpo asqueroso, e eu não pudesse pelo menos sorrir para você. Mas como o amor está enraizado mais profundamente do lado espiritual, eu me regozijaria por meu amor está sendo plenamente correspondido, apesar dele não poder se expressar.
Mas não tive essa “sorte”. A minha doença é invisível para todos aqueles que me rodeiam, com exceção daqueles que me amam profundamente. É o lado terrível de sua natureza, mais terrível que o Feitiço de Átila, pois nele os amantes apesar de não poderem se tocar enquanto humanos, o amor deles continuava existindo. O meu feitiço ou doença destrói o amor do meu ser amado e me deixa com o meu incólume, sofrendo por mim e por ela.
Não tenho um antídoto para esse mal, nem um bruxo que desfaça o feitiço. Tal qual os personagens de Dante, tenho que sofrer e arder nas chamas da saudade, não depois da morte e sim agora, em pleno uso de minhas razões. Pois essa é a natureza da minha doença.
Este é o quinto texto escrito no camping há 24 anos, após eu ter sido expulso de casa pela minha segunda ex-esposa...
10-09-96 (21h40)
Acabei de ligar para você. Estou com o coração angustiado. Como se uma tranca tivesse lhe fechando e apertando meu fôlego. Tudo isso porque lhe senti tão distante, como se eu fosse um fato já consumado. Enquanto luto por todas as formas vislumbrar uma condição para que possamos viver felizes, do seu lado sinto a confirmação de algo já perdido para sempre.
Sinto vontade de chegar para você e dizer: Pronto Sônia, meu amor, minha paixão, meu tudo (pode ser uma doença amar tanto assim, eu não vejo ao meu lado, exemplos iguais ao meu). Vou me transformar totalmente e ser como seu coração quer que eu seja. Ficar aninhado ao seu lado, abafar minhas motivações, meus instintos de macho e ficar acomodado ao seu lado, vivendo para lhe ver chegar, sofrendo quando lhe vir sair para trabalhar. Até no meu trabalho não teria mais nenhum tesão. Estaria todo voltado para você, lhe enroscando, lhe envolvendo, lhe preenchendo todos os espaços. Sei que isso seria uma forma de suicídio, pois esqueceria totalmente de mim e no meu campo de interesse só veria você. Se é uma forma de suicídio, também vem a calhar, pois a sensação é tão negra que até eliminar a vida para fugir dela seria uma solução de alívio. E por que matar o corpo e deixa-lo entregue aos vermes? Melhor seria deixa-lo escravo de alguém que tanto amamos.
Oh! Deus, por que não fizestes nós, homens e mulheres com as mesmas motivações, os mesmos interesses? Por que colocastes essas diferenças tão dolorosas que nos machucam quanto mais nos amamos? Será que é verdade a lenda que diz que ao nos completarmos com outro ser humano podemos nos igualar aos Deuses, e esses, preventivamente, colocou em nossa cabeça, naquela região mais profunda, que sutilmente controla todo o comportamento, motivações, diferenciações, justamente montadas para quando o amor, o cimento que promove a união de dois seres, ao chegar nessa profundidade, desperte cada vez com mais força esses impulsos incompatíveis.
Ah! Meu amor, se tudo isso é verdade e agora estamos sofrendo essa defesa dos Deuses é porque o nosso amor chegou a um nível de ameaçar os seus poderes divinos. Eles podem se sentirem vitoriosos por terem conseguido nos afastar, mas não conseguirão transformar o meu amor por você por qualquer um outro tipo de sentimento. Eu posso sentir todas as penas do inferno, como estou sentindo agora, mas lá no fundo do meu coração existe um grito que não quer calar...
TE AMO, SÔNIA!