Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
09/01/2017 07h19
DSM E SOFRIMENTO (I) – VALENTIM GENTIL FILHO (07)

            - (M) Estamos de volta para o último bloco da entrevista com o psiquiatra Valentim Gentil Filho.

            - (E) É intrigante, depois de 20 anos da reforma psiquiátrica, e as reformas entre aspas, como o senhor diz, e as coisas estarem tão evidenciadas em diferentes países, você tem aqui no Brasil um grupo tão diferentemente posicionado em relação ao mesmo tema, quando na verdade o que se quer é o bem do paciente e da família. Por que essa divisão tão atávica?

            - (V) Eu acho que são concepções diferentes, são concepções político-ideológicas, às vezes técnicas diferentes. Quando eu converso com algumas dessas pessoas que são responsáveis pelo que está acontecendo no Brasil, porque elas fazem parte dos assessores do ministério da saúde desde o início, eu acho que boa parte delas são muito bem intencionadas, e acho que a gente concorda em algumas coisas. Eu concordo que a gente não deve ter hospitais manicomiais. Eu acho que asilo é uma necessidade, em vez de deixar a pessoa morar na rua, não é porque ela é doente mental que ela não tem o direito do asilo. Assim como o velhinho tem o direito ao asilo, uma pessoa com limitação de autonomia que não tenha aonde morar e que a família não tem mais como receber, e as famílias não tem como receber boa parte dessas pessoas, elas precisam de algum tipo de assistência asilar. Asilar no bom sentido, de proteção.

            - (E) Isso não existe.

            - (V) Não, porque se confundiu hospital, asilo, manicômio, ficou uma confusão. O que tem, no entanto, são algumas pessoas que são um pouco radicais demais para o meu gosto. Que são essas pessoas que são mais ideólogas do que atuam na prática. Então, por exemplo, quando se diz assim, a luta é antimanicomial pra dizer que não existe diferença entre manicômio e um hospital psiquiátrico qualquer, essa pessoa está tomando uma postura anti-psiquiátrica, anti-médica, porque o hospital é um equipamento médico. Então, manicômio judicial não é um bom termo também porque manicômio quer dizer hospital de loucos, essa é a definição da palavra, manicômio, hospital de loucos, do grego. Então, você tinha que ter um hospital para doentes com determinadas patologias, pois boa parte das pessoas que estão internadas em hospitais psiquiátricos não são loucas, não estão loucas. E uma parte dessas pessoas que entram sendo loucas, saem recuperadas. Então, você precisa de internação aguda. Como é que você faz isso na cabeça de alguém que está comprometida há 30 anos com um projeto enlatado, que veio diretamente da Itália trazido por alguém que supostamente é um grande amigo e defensor do Brasil, que fez a experiência dele primeiro na Nicarágua, depois fez uma reunião em Caracas, depois escreveu um livro chamado biblioteca de identidades, depois dirigiu a Organização Mundial de Saúde nessa área, e que veio para o Brasil inúmeras vezes, que treinou nossas equipes e depois é obrigado a dizer que não, na verdade não devia ter fechado os hospitais antes de ter criado outras alternativas. Então, tem uma questão político-ideológica que é difícil vencer com a técnica.

            - (E) Professor, eu queria voltar um pouquinho na questão do sofrimento, porque o luto causa um sofrimento. A nova bíblia da psiquiatria, que foi publicada agora em maio, a atualização dela, ela inclui o luto ali como uma possibilidade de sintomas de depressão depois de duas semanas se a pessoa mantiver o sintoma por duas semanas. A minha dúvida é, a gente não estaria aí de novo medicalizando o sofrimento? Porque antes o luto não entrava no manual.

            - (V) Eu acho que as pessoas religiosas vão se ressentir de comparar DMS-5 com bíblia. Eu tenho enorme respeito pela Bíblia e não tenho tanto respeito assim pela DMS-5. A DMS-5 é Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders, um manual, 5ª edição, que é feito como um manual estatístico de cada uma catalogação de diagnósticos para fins de seguro saúde, para determinadas pesquisas epidemiológicas, para facilitar a comunicação dentro do sistema de saúde americano, que se tornou um ganha-pão também para a sociedade psiquiátrica americana porque eles vendem isso ao mundo inteiro como se fosse a bíblia da psiquiatria, que não é. É um livro onde são tomadas decisões por tarefas a um grupo de pessoas que são decisões políticas...

            - (E) É seguida no mundo todo...

            - (V) Não, não é. Não deve ser seguido. Eu não tenho, não recomendo, meus alunos não leem se depender de mim, porque aquilo tem finalidade específica. Tem livros para aprender psiquiatria que são muito melhores que aquilo. Então, eu sou obrigado a reconhecer, no entanto, a influência que o DMS-5 tem, e que nessa necessidade de catalogar comportamentos humanos, as pessoas extrapolam e acabam fazendo besteiras. Tinha uma época que homossexualismo era catalogado como transtorno psiquiátrico e deixou de ser catalogado porque os psiquiatras homossexuais conseguiram fazer um movimento para que isso não fosse aceito. Você chega numa situação em que depende de qual a pressão interna que você tem política, para você ter um diagnóstico ou tirar um diagnóstico. Então, tem uma porção de enganos. Ela teve algumas vantagens. Ela facilitou que os psiquiatras americanos, que não acreditavam em nenhum diagnóstico, pudessem se comunicar, porque a história da DSM começa numa época que nos Estados Unidos tudo era muito com reações emocionais. E aí, no tempo da Menninger, você não fazia diagnóstico psiquiátrico. Você fazia diagnóstico da dinâmica daquele paciente. E aí, haja capacidade de abstração para você poder fazer um estudo epidemiológico. Mas, vamos falar a verdade, existem lutos e lutos. Se você começa com uma reação de luto, essa reação de luto se torna prolongada demais, ou incapacitante demais, talvez não seja só luto, talvez o luto tenha sido o desencadeante de alguma coisa. As pessoas falam de luto patológico.

            - (E) Mas duas semanas é um tempo...

            - (V) Porque duas semanas e não duas semanas e meia, ou quatro semanas, ou uma semana e meia... porque essas decisões são tomadas por um comitê. Agora, pega por exemplo, depressão pós parto. A partir de quando você vai dizer que aquilo é uma depressão pós-parto? Por quanto tempo ainda você pode fazer o diagnóstico de depressão pós-parto, sabendo que no pós-parto, a mulher tem 20 vezes mais risco de ter depressão do que em qualquer outra fase da vida dela. E se não atendida, ela e o filho correm risco, e tem tratamento. Então, tem algumas coisas que são arbitrárias demais, algumas são arbitrárias de menos, no fundo tudo é arbitrário. O diagnóstico do médico é arbitrário. Depende do arbítrio de uma profissão médica.

            - (M) A gente vai chegando ao fim do programa, queria passar a palavra ao entrevistador.

            - (E) Queria aproveitar essa última chance para fazer uma pergunta muito rápida. Você falou muito que a maconha numa fase de estabelecer sinapses atrapalha. E os fatores de proteicos? Existe programação fetal da doença mental?

            - (V) A gente conversando com geneticistas, e você deve conversar bastante com eles, a gente está chegando à conclusão que a coisa é complexa demais, e que o ambiente parece ser determinante para a vulnerabilidade constitucional, não é? Então, gêmeos idênticos com supostamente o mesmo DNA, expressam diferentemente os seus gens e portanto não tem nada de idênticos. Mas se você pega pessoas com transtorno bipolar você tem uma concordância de 180%. Já quando você pega outras patologias, você vai tendo cada vez menos concordância. São fatores epigenéticos decorrente do ambiente? É alguma coisa que aconteceu na situação intrauterina? Provavelmente tudo isso... Quanto tempo a gente vai levar para entender isso tudo. Quando eu vejo os meus ídolos de genética agora dizendo, baixe a bola que nós estamos longe de entender como isso funciona, é tudo muito maravilhoso, mas vamos baixar a bola e vamos tentar reconhecer que a nossa ignorância ainda é grande demais. Quando você pega, no entanto, questões de anóxia, mal formação e outras agressões intrauterinas, por exemplo, gripe, viroses fortes no terceiro trimestre, aumentam o risco de esquizofrenia no adulto. Então, se vírus pode fazer isso, que mais pode fazer uma coisa dessa? Ainda mais quando a gente pensa que as nossas doenças são afinal comum de muitos agravantes.

            -(E) Queria fazer uma pergunta um pouco na questão do DSM. A grande crítica que se faz ao DSM é que ele meio que expulsou o sujeito, fazendo com que o homem, paciente ou doente mental, seja alguém que só tem sintomas, e aí vai o médico e ele vai tratar sintomas... como é que você ver isso?

            - (V) Eu acho isso uma lástima, eu acho que médico devia recuperar, principalmente os jovens, eles devem aprender a arte médica, que é milenar. Por exemplo, você como psicanalista usa o conceito de angústia. A maior parte dos residentes não vai usar o conceito de angústia seguindo o DSM-5 porque não tem a palavra na DSM.

            - (E) Não tem angústia.

            - (V) Não tem a palavra. Então ele perde o conceito, e essas questões, elas são transmitidas por gerações. Você tem a palavra para angústia em chinês, hebraico, em árabe, em húngaro, em japonês, em todas as línguas germânicas, uma opressão precordial, com sofrimento presente, que não pode ser substituída por “anxiety”, ansiedade, só que no DSM tem anxiety, não tem “anguish”, angústia. Então, esse é só um exemplo de como você perde a arte, você perde a capacidade de diagnosticar e ajudar pessoas, se você vai muito por coisas excessivamente padronizadas. Lembrando, o DSM tem o seu papel, ele ajuda catalogar, as seguradoras não saberiam como fazer se não tivesse o DSM.

            - (E) Mas o psiquiatra é ensinado a ver de forma crítica o DSM?

            - (V) Eu não entendi.

            - (E) O psiquiatra é ensinado ver de forma crítica?

            - (V) Eu tento fazer isso toda vez que aparece. Por isso que não gosto nem de pensar que isso pode ser chamado de bíblia da psiquiatria.

            - (M) Temos apenas um minuto para pergunta e resposta.

            - (E) Nós falamos de sofrimento humano, falamos do universos das drogas, de extensas plantações de maconha... tem outro submundo? Gostaria de ouvir uma consideração rápida do senhor da indústria farmacêutica. O que o senhor pode contar de assustador nesse território?

            - (V) Eu não chamaria de submundo, porque senão eu teria de chamar a atividade econômica da humanidade toda de submundo. Ela segue exatamente os mesmos princípios de todo o resto. São grandes acionistas, grandes corporações, grandes fundos de pensão que colocam o dinheiro esperando o retorno. Há uns 30 anos atrás, a União Soviética, na época, tinha que importar haloperidol para usar nos prisioneiros políticos, que eram quadros psiquiátricos. E a questão é, como? Eles estão tendo que importar isso da Bélgica para poder usar? Então, a indústria farmacêutica somos nós, os acionistas que esperam retorno dessa coisa toda. Isso funciona na lógica como uma indústria qualquer. Eles não são da universidade, não são humanitários necessariamente, a gente espera que eles sejam éticos.

            - (M) Doutor Valentim, nosso tempo infelizmente se esgotou. Eu agradeço a presença dos entrevistadores, agradeço também ao cartunista convidado e aos telespectadores que nos acompanharam. Agradeço em especial ao doutor Valentim Gentil Filho por essa aula que acaba por nos conceder. Boa semana a todos e até a próxima segunda.

            Assim fica concluída a entrevista com o Dr. Valentim, cujas posições são coerentes com as minhas, principalmente com relação à assistência psiquiátrica brasileira e o uso de drogas e suas consequências. Servirá esses longos textos para respaldar projetos universitários que eu possa fazer no corrente ano.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 09/01/2017 às 07h19
 
08/01/2017 02h54
ESQUIZOFRENIA E ASSISTÊNCIA (I) – VALENTIM GENTIL FILHO (06)

            - (M) Voltamos ao vivo com o psiquiatra Valentim Gentil Filho. Antes da pergunta da entrevistadora, eu queria saber o seguinte: o senhor disse que todos os distúrbios mentais causam sofrimento, mas quem mais sofre é o portador de esquizofrenia. Por que?

            - (V) Não, eu acho que quem mais sofre é quem tem aquele diagnóstico seja qual for. Depressão é muito sofrida. Esquizofrenia, algumas formas de esquizofrenia são compatíveis com uma vida razoavelmente normal. As pessoas se adaptam e algumas pessoas com esquizofrenia sabem que tem esquizofrenia, mas ou é uma forma atenuada ou elas convivem com isso de uma forma menos sofrida. Esquizofrenia não quer dizer nada, na verdade, provavelmente sejam várias doenças,

            - (M) Então esta frase foi indevidamente atribuída ao senhor, não é assim...

            - (V) De que quem mais sofre é quem tem esquizofrenia?

            - (M) É.

            - (V) Não, eu não devia ter falado isso. O que eu realmente vejo é que a gente usa essa palavra, que é uma palavras pesada, que as vezes o paciente não quer, inclusive receber este diagnóstico, porque tem toda uma conotação, mas basicamente eu quero dizer, é uma doença mental grave, para a qual não sabemos nem a causa nem temos a cura.

            - (E) Eu queria saber a partir dessas experiências do sofrimento psíquico, porque os homens sofrem? Que motivo levam eles a sofrer? É por amor que se sofre, por vaidade, por desamparo...

            - (V) Tem muito mais, né? Faz parte da experiência humana sofrer... você como psicanalista tem muito melhor condição de utilizar os conhecimentos que a gente tem a respeito disso. Eu entendo que o sofrimento não é problema psiquiátrico, que é problema da humanidade, e nem todo sofrimento tem a ver com questões médicas. Então, eu fico muito restrito ao falar de sofrimento decorrente de doença mental, dos transtornos mentais. Mas eu tenho certeza que as pessoas sofrem por verem outras pessoas sofrendo, por não conseguirem realizar seus projetos de vida, por sentirem frustrações por questões afetivas, por perceberem iniquidades e ao longo da história perceberem o quanto de injustiça foi cometida, sofrer por solidariedade... eu não diria que sofrer é um problema médico nem psiquiátrico, eu acho que é uma coisa de empatia, de solidariedade, e quem não sofre é que eu acho que é o problema. Na verdade, se é que existe o psicopata frio, insensível, que não sofre... eu não sei se existe, porque eu acho que no fundo, no fundo, até os indivíduos que a gente cataloga como psicopata, algum grau de sofrimento eles têm.

            - (E) Dr. Valentim, mas o sofrimento é também quase que um convite para a criação, e a criação é uma forma de enfrentar, de superar o sofrimento, não?

            - (V) Então, se tiver um limite esse sofrimento, né? Pra mim, por exemplo, escrever um artigo científico é um enorme sofrimento. Eu não entendo vocês jornalistas, por exemplo. Pra mim sentar na frente de uma telinha e ficar digitando um texto é um sofrimento que...

            - (E) Que pra nós escrever é uma forma de se livrar de certo sofrimento fazendo isso...

            - (V) Vocês sabem como fazer isso eu por exemplo quando sento para escrever eu sofro até o fim.

            - (M) Vinícius de Morais é quem dizia que ele... o bom poeta é capaz de sofrer e que ele tinha deixado a poesia porque ele era muito feliz. Faz um pouco de sentido. Poetas sofrem mais.

            - (V) Mas sofrer e felicidade são coisas diferentes.

            - (E) Sim, mas são parentes.

            - (M) Segundo o que diz, o poeta é a figura mais sofrida...

            - (V) E quem nunca sofreu por amor, nunca viveu.

            - (M) Exatamente.

            - (E) Mas as pessoas que lhe procuram não estão ali porque sofreram por amor, porque elas tiveram perdas...

            - (V) Se tiverem esse tipo de queixa, e elas não tiverem uma síndrome médica, eu provavelmente vou encaminhar para terapia, ou vou encaminhar para outras formas de lidar com o sofrimento.

            - (E) Que tipo de terapia o senhor...

            - (V) Aí depende do que eu sentir que a pessoa tem potencial de psicanálise, de terapia cognitiva, eventualmente até terapia de apoio...

            - (E) Quais os critérios que você utiliza para encaminhar para uma análise, para uma terapia cognitiva.

            - (V) Para terapia cognitiva são coisas mais objetivas, análise é um potencial que a pessoa tem de se conhecer mais profundamente para investir e ter a curiosidade, inclusive, o desejo de se aprofundar. Eu encaminho rotineiramente para análise quem eu acho que pode se beneficiar desse investimento de tempo, dinheiro e de desafio intelectual.

            - (E) O senhor não considera o transtorno mental, o resultado de uma doença social, um problema social.

            - (V) Alguns sim...

            - (E) Com a origem da reforma da assistência psiquiátrica com a qual o senhor não concorda, tem as suas divergências... o senhor acha que o transtorno mental deve ser tratado com o médico, não com a assistente social.

            - (V) Eu acho que nem os assistentes sociais acham que os transtornos psiquiátricos devem ser tratados por assistentes sociais. Pelo menos os assistentes sociais que eu conheço. Eu não estou dizendo que não existem componentes sociais, nem que não existem componentes psicológicos. Eu estou dizendo que se configura uma síndrome médica, em que a gente tem a capacidade de prever mais ou menos a evolução e tem recursos terapêuticos... para aliviar o sofrimento da pessoa, para trazê-la de volta para o funcionamento razoável, próximo do que seria possível para ela, não fazer isso é omissão de socorro. Reforma Psiquiátrica é um nome infeliz, porque reforma urológica, cardiológica, ginecológica, não cabe né? Reforma do modelo assistencial... o Brasil é desde mil novecentos e oitenta e poucos, vítima de um experimento social.

            - (E) O senhor considera assim.

            - (V) Não só eu considero assim. Este experimento social aconteceu nos Estados Unidos, na Inglaterra, aconteceu na França, aconteceu na Itália e foi importada diretamente da Nicarágua para o Brasil em mil novecentos e oitenta e pouco. Isso está escrito nos livros da luta antimanicomial, que não é antimanicomial, porque eu sou antimanicomial. A luta não é antimanicomial, a luta é anti-psiquiatra, também está escrito nos livros deles, que essa reforma é uma libertação da identidade, é uma forma de tirar o arcabouço teórico da psiquiatria.

            - (M) O que propõe os autores dessa tese? Desativação?

            - (V) Isso tem uma história longa que vem da reforma sanitária do pós guerra. E a psiquiatria como a prima pobre da medicina na ocasião, tinha pouquíssima eficácia, foi a cabeça de ponte de um ataque a medicina. Isso é uma coisa muito bem documentada na reunião de almahaten, na antiga União Soviética, pelo pessoal da reforma sanitária, voltada para cuidados primários, isto está acontecendo agora com os médicos de Cuba pra fazer o atendimento em cuidados básicos de saúde... faz parte de uma visão da saúde de uma coisa que é muito mais ampla que a medicina, que a medicina é uma coisa de elite, onde os médicos são agentes da normalização, quando, sabe, é toda uma posição político-ideológica que vocês conhecem...

            - (E) Que determina a política oficial, governamental.

            - (V) Determina a política implantada no Brasil desde 1.985. o problema é que essa reforma psiquiátrica, entre aspas, ela veio com uma cartilha pronta, coordenada por um indivíduo da OMS, da OPAS e implantada por uma equipe que está no ministério da saúde até hoje, 1.985. Que fazia parte dos trabalhadores em saúde mental. Eu não estou falando nada que eu não tenha documentos para corroborar. Isso não é o que a população precisa em termos de uma reforma do modelo assistencial. Precisamos de cuidados primários? Claro. Precisamos qualificar os médicos generalistas para fazer o diagnóstico psiquiátrico? Claro! Nós temos que treinar os enfermeiros, os psicólogos, os assistentes sociais, os terapeutas ocupacionais, os fisioterapeutas para atender as necessidades das pessoas com transtornos psiquiátricos? Certamente! Agora não podemos acabar com o ambulatório psiquiátrico dizendo que o ambulatório é concentrador de recursos, não podemos pagar 10 reais a consulta no SUS por um atendimento psiquiátrico, que o prefeito não pode contratar atendimento psiquiátrico, nós não podemos fechar 85 mil leitos psiquiátricos e não colocar nada no lugar e nós temos 40 pessoas em pronto socorro ou esperando vaga para internação, nós não podemos pensar que os Centros de Atenção Psicossociais vão substituir os ambulatórios, pronto socorro, hospitalização, porque o CAPS III que seria o que poderia fazer isso, existe em quantidade ínfima perto dos milhares de leitos que foram fechados... não podemos fazer a distribuição de recursos exíguos da saúde mental que é feito a décadas com critérios que absolutamente são ridículos, de gastar fortunas com determinado produto em detrimento de todo armamentário terapêutico... tem um monte de coisas nisso na reforma da assistência a saúde mental no Brasil que precisaria de uma auditoria e de uma reformulação.

            - (E) Os números que o governo apresenta, que o ministério da saúde apresenta, são positivos, qual o sentido disso?

            - (V) Vamos falar só de saúde mental...

            - (E) Os números de atendimentos, os números de internação...

            - (V) Não tem o que enganar, hoje quando eu chamo uma ambulância na rua para ver a dona Maria que fica gritando a noite, debaixo de chuva na rua que moro, nos Jardins, e vem uma ambulância e dois carros da rádio patrulha da polícia, e eu falo, olha essa moça, essa senhora está aqui na chuva, ela vai pegar uma pneumonia, ela está gritando, ela pode ser atropelada, ela está obviamente psicótica, eu posso ver que ela está precisando de uma internação para sair da fase aguda, não para ficar morando em manicômio... o moço da ambulância, os policiais, dizem: olha doutor, não adianta, essa é a Maria, ela está brigando porque roubaram o cobertor dela. Se eu levar no pronto socorro eles não vão ter o que fazer com ela, eles provavelmente vão dar um remedinho pra ela e devolvem e de novo ela vai voltar pra cá. Tem 500 dessas Marias nas ruas de São Paulo. Esse é o sucesso do nosso modelo assistencial. Todos os 60% de pessoas com doenças graves de depressão e outras coisas assim sem atendimento, esse é o sucesso. Se você ao longo de 30 anos aumentou bastante o número de atendimentos, não fez mais do que sua obrigação, a população aumentou de 145 para 200 milhões. O que você tem hoje é... eu não sei quais são os dados hoje da prefeitura de São Paulo, mas é assim, você tem gente no chão do pronto socorro por falta de leito para internar, você tem os hospitais continuando a ser fechados, você tem agora a prefeitura de São Paulo fechando mais leitos... quer dizer, o que as pessoas pensam que... eu estou falando de leitos psiquiátricos para internar o sujeito para deixar no manicômio como nos anos 60? Não! Eu conheço o livro da Daniela, “O Holocausto”, um ótimo livro. Eu conheço o livro de fotografias que deu origem a esse de Barbacena... isso não tem nada de psiquiatria. Isso é uma falta de solidariedade da sociedade. O que tem é uma desassistência fenomenal e a gente tem recursos terapêuticos.

            - (M) Preciso interromper e depois vou passar a palavra ao entrevistador. Vamos para mais um intervalo e voltamos em seguida para o último bloco da entrevista com o psiquiatra Valentim Gentil Filho.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/01/2017 às 02h54
 
07/01/2017 01h35
QUALIDADES DA REALIDADE UNIVERSAL

            Segundo o livro “Urântia”, as qualidades da realidade universal estão manifestadas na experiência humana, na Terra/Urântia, nos seguintes níveis:

  1. Corpo – Organismo material ou físico do homem. O mecanismo eletroquímico vivo de natureza e origem animal;
  2. Mente – O mecanismo de pensar, perceber e sentir do organismo humano. A experiência total, consciente e inconsciente. A inteligência associada à vida emocional, buscando, por meio da adoração e da sabedoria, alcançar o nível acima, do espírito;
  3. Espírito – O espírito divino que reside na mente do homem – o Ajustador do Pensamento. Este espírito imortal é pré-pessoal – não é uma personalidade, se bem que esteja destinado a transformar-se em uma parte da personalidade da criatura mortal, quando da sua sobrevivência; e
  4. Alma – É uma aquisição experiencial. À medida que uma criatura mortal escolhe “cumprir a vontade do Pai dos céus”, assim o espírito que reside no homem torna-se o pai de uma nova realidade na experiência humana. A mente mortal e material é a mãe dessa mesma realidade emergente. A substância dessa nova realidade não é nem material, nem espiritual – é moroncial, isto é, um nível que se interpola entre o material e o espiritual, que pode designar realidades pessoais ou impessoais, energias vivas ou não viventes, cujos elos do tecido são espirituais e a trama é física. Essa é a alma emergente e imortal que está destinada a sobreviver à morte física e iniciar a ascensão ao Paraíso.

A doutrina dos espíritos traz uma conceituação ligeiramente diferente. Diz que a realidade universal manifestada na experiência humana em qualquer planeta habitado, é formado pelo corpo e espírito, existindo um terceiro elemento de interface entre um e outro, o perispírito, que é formado da substância do espírito e da natureza material do planeta habitado. Quando ocorre a morte física, sobrevive o espírito que pode ser identificado na forma do perispírito, e que continua sua ascensão em direção ao Paraíso/Deus, sempre no processo educativo e se exercitando na prática do Amor Incondicional. O termo alma é usado para designar o espírito que está ligado ao corpo físico pelo Cordão de Prata. Quando ocorre o desencarne, que o espírito se livra do cordão de prata, então ele recebe o nome de espírito. Quando a pessoa dorme e o seu perispírito/alma se desloca pelo astral, muitas vezes se aliando em atividades a espíritos desencarnados, o que vai identificar um e outro é a presença do cordão de prata no espírito encarnado, na alma.

O livro “Urântia” ainda afirma que a personalidade do homem mortal não é corpo, nem mente, nem espírito; e também não é a alma. A personalidade é a única realidade invariável em meio a uma experiência constantemente mutável da criatura; e ela unifica todos os outros fatores associado da individualidade. A personalidade é o único dom que o Pai Universal confere às energias vivas e associadas de matéria, mente e espírito, e que sobrevive junto com a sobrevivência da alma moroncial. Na personalidade, a mente intervém continuamente, entre o espírito e a matéria, e desse modo, o universo é iluminado por três espécies de luz: a luz material, a luz do discernimento intuitivo-intelectual e a luminosidade do espírito.

As informações trazidas pelos espíritos e essas trazidas pelo livro “Urântia”, podem ser conciliadas. Esse único dom associado à personalidade que o Pai Universal confere às energias vivas da matéria, mente, espírito, pode ser identificado pelo “Livre Arbítrio”, que todos possuímos e Deus não interfere. Esses aspectos conscienciais sobrevivem à morte física junto a alma moroncial, o perispírito. A vontade atuando como gerador acionado pelo livre arbítrio, irá produzir a luz do discernimento intuitivo-intelectual e moral, que associado a luz do espírito dado pelo Pai, irá compor com a luz material, a luminosidade capaz de dissolver as sombras da ignorância e da ausência do Amor.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/01/2017 às 01h35
 
06/01/2017 01h06
ABORDAGEM DAS DROGAS (II) – VALENTIM GENTIL FILHO (05)

            - (E) Dr. Valentim, qual seria essa linha que chega para você diagnosticar e dizer que essa pessoa está em risco de vida. Como o promotor, que vai pedir essa internação dessa pessoa viciada, onde ele identifica que ela está correndo risco de vida?

            - (V) Ele tem que ouvir alguém técnico.

            - (E) Recorre ao especialista

            - (V) Tem que ouvir alguém técnico. Está consciente? Está sabendo onde está? Está sabendo quem é? Do ponto de vista da saúde geral, em ordem? Está com sinais evidentes de que está com graves infecções, toxemiado... sabe, se você chegar na rua e tiver alguém tendo uma convulsão, você não terá muita dúvida que essa pessoa está precisando de atendimento de urgência. Eu não estou falando de internação em hospital psiquiátrico. Eu estou falando de internação em serviço de saúde que tenha condições de lidar com a emergência.

            - (E) Então, nessa linha, lá na Faculdade de Medicina, para quem está assistindo, nós temos o Serviço de Verificação de Óbitos, que são as pessoas que morrem de morte natural e não tem ninguém que ateste o óbito. Então, a gente tem a interface entre a assistência da saúde pública e as consequências letais da falta de assistência. E no caso de doença mental, temos visto famílias, porque todas vezes nos fazemos autópsia, não tem história nenhuma e se pergunta para a família o que aconteceu. E há uma notável faltas de compreensão sobre o que é doença mental. Se você cair na rua e for atropelado, o resgate vem e te pega. Se você tiver falando com uma entidade invisível, isso é considerado exótico. E a gente percebe as marcas dessa desassistência, as consequências da doença mental, o indivíduo primeiro perde o emprego, depois ele vai para casa e arranja um conflito familiar que no final diz que é amor. Como é que o senhor acha que a gente pode melhorar a percepção das pessoas que isso é uma doença e não... que aquilo de fato é uma doença tanto quanto uma apendicite e que merece um atendimento. E segundo, como é que a gente vai fazer de novo... eu já presenciei uma vez, estando no Jornal de Cultura, uma pessoa que estava meio... uma convulsão, e a polícia não queria por porque ele era um mendigo, cheirava mal, com todo um estigma em cima da doença mental que vem desde a Nau dos Insensatos. Como é que a gente faz, como é que o senhor acredita a gente pode quebrar isso, como é que a gente faz pode fazer com que a sociedade abra o olho para esse quadro, onde eu pego só uma parte disso, que são aqueles casos que não foram beneficiados com uma internação, corriam risco de vida e não conseguiram ser protegidos pelo sistema de saúde.

            - (V) A primeira descrição de um caso psiquiátrico bem caracterizado, está em Samuel 16:23, Livro dos Juízes, Velho Testamento. A proposta de um grupo de psiquiatras de Israel, publicada numa revista, é que o rei Saul tinha transtorno bipolar tipo I. então, primeiro, doença mental não é modismo. Tirando abuso de substâncias, desde Noé, a humanidade tem história de doença mental em pessoas ilustríssimas. A gente tem a Nau dos Insensatos, a gente tem histórias desde 1.250 de atendimento comunitário. A gente só tem tratamento eficaz de 1.930 prá cá. O que as pessoas continuam pensando a respeito da doença mental, é realmente, de estigma, de vergonha, até pouco tempo atrás as pessoas atribuíam isso às famílias, eram taras, quando não era a mãe esquizofrenogênica, a mãe a grande culpada, pois dava a mensagem do duplo vínculo, que tornava o filho esquizofrênico. Quer dizer, com esse tipo de coisa, e sabendo que tem um componente familiar genético em algumas dessas coisas, você está lidando com famílias vulneráveis, alguns dos antepassados já tiveram esses problemas, um sofrimento enorme de ver alguém muito gravemente doente, que tem comportamentos que são desagradáveis... Essa história que doente mental não é perigoso, é muito bonita para a gente tentar diminuir o estigma, mas a verdade é que não é perigoso se ele estiver sendo tratado, porque se ele não estiver sendo tratado, estiver delirante, ele pode sim, ser perigoso. Então, a própria classe médica fica meio perdida no que faz. Nossos colegas, quando você fala que vai ser psiquiatra, eles já te começam a olhar meio estranho, “parecia que você queria ser médico” ou coisa assim. Então, o estigma, medo, preconceito, dependeriam de nós termos educação. A única forma de lidar com isso seria educar. Mas trem uma história que as pessoas acham que ficar doente é fraqueza, e doença mental, então, é mais fraqueza ainda. Nós vamos levar muito tempo, e a única preocupação que eu tenho nesse sentido, e é a preocupação do Entrevistador com a maconha, é que nós estamos fazendo uma fábrica de esquizofrênicos. E se a coisa no Uruguai pegar do jeito que eles querem, e se o Brasil for seguir o belo exemplo, de ter a indústria da maconha toda oficializada... eu não estou falando da liberdade individual da pessoa usar qualquer substância, eu estou falando que se a gente deixar os adolescentes expostos a isso, é prejuízo a nível intelectual, é prejuízo para a estruturação da personalidade, é risco de esquizofrenia incurável, é deflagração de depressão e transtorno bipolar, sem falar de...

            - (E) Estas são cenas que passam na sua cabeça quando você a põe no travesseiro à noite? A perspectiva de uma parcela significativa da população jovem correr esse risco e dá a guinada de uma dimensão mais...

            - (V) É... quando algumas pessoas são muito importantes e muito responsáveis passam a mensagem que a maconha é mais segura do que álcool e tabaco.

            - (E) Esse risco se restringe aos adolescentes ou não?

            - (E) Tem a maioridade para o uso da maconha?

            - (V) A gente sabe que no adolescente isso é muito grave por causa desses estudos desde 1.969. Esse é um estudo que no início nós pensávamos que tivesse problemas metodológicos, e hoje a gente sabe que não, está comprovado que é isso mesmo. Não é a causa, não é que todo mundo que fuma maconha vai ficar esquizofrênico, mas existem vulnerabilidades que a gente não consegue detectar. Então, não é que 50% dos jovens vão ficar esquizofrênicos, mas é 3,1 em termos de risco relativo, 210%. É muito! Tem alguns estudos epidemiológicos, estudos genéticos que encontraram alguns marcadores. Um dos marcadores aumenta em sete vezes o risco daquele grupo que tem aquele gen de desenvolver um quadro psicótico. Outra vez, se fosse uma psicose que nossos maravilhosos medicamentos revertessem, mas não revertem. É uma forma que é uma interferência com a reprogramação das conexões sinápticas.

            - (E) Existem distúrbios incuráveis.

            - (V) Esquizofrenia é incurável por definição. Tem gente que acha que não, que é bonito falar isso, mas não tem nada de beleza nessa história. É o tipo da doença que a gente consegue controlar, a pessoa tem uma vida boa, pode ter uma vida praticamente normal, mas vão ficar algumas sequelas. Mas não é só a esquizofrenia. Redução de 8 pontos no QI... você já viu alguém fazer, ao lado dessa história toda, de louvar a liberdade do indivíduo fazer o que quiser, pense livre, regulamentar, não liberar, mas regulamentar e coisas assim. Já viu alguém falar para os jovens dos riscos que eles estão correndo? A gente sabe disso desde 1.987. Você já viu o Ministério da Saúde falar alguma coisa a respeito?

            Parece que houve um corte neste ponto.

            Achei estranho esse corte, pois justamente no momento que estava sendo criticado o Ministério da saúde, o poder público

- (E) ...Essa que a gente chamaria de recreativa e que é mais imediata, é um problema das grandes cidades, de ansiedade, uma série de problemas. Nós não temos em escala global, uma dificuldade de distinguir uma coisa da outra?

- (V) Veja, nada do que a gente usa e funciona no sistema nervoso atua sem que haja algum componente do sistema nervoso que reconheça. Você sabe que toda vez que você tem uma liberação de um determinado neurotransmissor, você tem um freio para isso, para esse neurotransmissor não ser liberado demais. E uma das coisas que acontece em algumas dessas neurotransmissões é que você tem a produção dos canabinóides endógenos. E a função da amida e outros canabinóides endógenos, aparentemente, é justamente de atuar no receptor pré-sináptico, CB1, que é um dos receptores de maconha, para impedir que seja um excesso de passagem de informação, excesso de influxo de cálcio e uma perda da conexão sináptica. Quer dizer, é um mecanismo de auto-regulação. Então, a maconha, o THC, o Tetrahidrocanabinol, estão interferindo com o CB1. O problema é quando você interfere com o CB1 no período de reprogramação sináptica, aparentemente na puberdade, quando você tem uma poda das sinapses irrelevantes. Quer dizer, a criança tem um monte de conexões e quando ela chega na puberdade precisam ser adequadas para que ela possa funcionar com um cérebro adulto. Quando você aparentemente entra com essas interferências com o CB1, você tem um excesso de poda, e é como se você tivesse criando um cérebro menos capaz de processar.

- (M) Você já experimentou maconha, doutor?

- (V) Não. Esse é um dos... não que eu não tivesse acesso, como professor de psicofarmacologia, tinha acesso a LSD, maconha, cocaína, mas eu não tinha essa cultura. No meu tempo o pessoal que fumava maconha não era bem visto, diferente da geração imediatamente a minha. Aí eu virei um caretão, e os meus amigos que antigamente eu chamava de maconheiros ficaram como os caras legais da história. Eu não tenho nada contra  as pessoas usarem recreativamente, desde que elas não estejam se prejudicando, que elas sabem o que estão fazendo. Eu acho que as pessoas tem direito de abrir as portas da percepção. Um dos livros que eu mais gostei de ler quando eu era adolescente foi de Aldous Huxley, gostava de ler aquele mexicano...

- (E) Castaneda.

- (V) Castaneda! Eu lia todas essas coisas, achava maravilhoso, e uma parte da psicofarmacologia que me interessava era essa. Essa é a minha preocupação. Eu não acho que garoto que esteja fumando maconha deva ser preso, eu acho que o traficante, coitado, miserável, que está dando uma pedra de crack não é o problema. Eu acho duro é o sujeito ter um maconhal fenomenal e caminhões de maconha, e não pagar nada por isso. E a polícia federal não fazer nada... pega o motorista do caminhão. Tem alguma coisa errada com essa política da polícia fazer esse tipo de coisa. Do meu ponto de vista, quem são os grandes produtores de maconha no Brasil? Todo mundo sabe onde essas coisas são plantadas, até eu sei! Será que os satélites não mostraram ainda? Plantação fenomenal para encher toneladas de maconha. Então, eu acho que a sociedade está omissa, a sociedade está tapando o sol com uma peneira, quando fala em relação ao jovem. Eu como médico, que as pessoas não tenham uma coisa irreversível. Daí pra frente, eu discordo do ex-presidente Fernando Henrique quando ele diz que o problema da maconha é um problema da saúde. Não é um problema da saúde! Vira um problema da saúde depois que as pessoas são prejudicadas. Mas, imagina se a saúde pode dar uma resposta para esse comportamento social, de usar tantas substâncias. Não é só maconha, é um monte de outras coisas. Então, eu não sou um radical que acha que tem que acabar com as drogas, porque eu acho que não vai acontecer. Mas é diferente de eu ir pedir para regulamentar a maconha, coisa que, para ser regulamentada ela tem que ser legalizada, e eu sei que os pais deixam os filhos tomarem bebidas alcoólicas nas festinhas de 15 anos, e eu sei que os pais que tiverem a informação distorcida de que maconha não faz mal, vão deixar os filhos fumarem maconha em casa, e eu sei que isso vai provocar coisas que podem ser muito prejudiciais. Essa é a posição.

- (M) Nós termos que fazer agora um breve intervalo. Voltaremos logo, ao vivo, com o psiquiatra Valentim Gentil Filho.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/01/2017 às 01h06
 
06/01/2017 00h12
SÍTIO JERICÓ

            Pelos caminhos de Deus, surgiu uma oportunidade da compra de uma propriedade no distrito de Capela, município de Ceará-Mirim, que pode ser viabilizada com a participação da poupança conjunta. O mais importante é saber o que Deus quer que façamos com esse passo dado, uma vez que tudo apontou que essa era a sua vontade. Fui até o Google, e na Wikipédia encontrei os dados abaixo que deverão servir para ajudar nesse esclarecimento.

            Jericó é uma antiga cidade bíblica da Palestina, situada às margens do Rio Jordão, a 27 km de Jerusalém, foi uma importante cidade no Vale do Jordão. Descrita no Velho Testamento como a “Cidade das Palmeiras”, com abundantes campos ao redor, tem um forte atrativo para a habitação humana por milhares de anos.

            Ela é conhecida na tradição judaico-cristã como o lugar do retorno dos israelitas da escravidão no Egito, liderados por Josué, o sucessor de Moisés.

            Arqueólogos tem escavado os remanescentes dos últimos 20 sucessivos assentamentos em Jericó, o primeiro que data de antes de 11.000 anos atrás (9.000 aC). É considerada a cidade mais antiga ainda existente, com mais de 11.000 anos.

            O nome Jericó é conhecido pelos seus habitantes locais Arihã, o qual significa “perfumado” e deriva da palavra cananeia Reah, de mesmo significado. Jericó também é pronunciado Yariho, e uma teoria alternativa fortalece que ela é derivada da palavra “lua” (Yareah) em cananeu e hebraico, sendo que a cidade foi um antigo centro de adoração a deuses lunares.

            Desde o início Jericó foi um centro administrativo sob domínio persa, serviu como um estado particular a Alexandre o Grande, cerca de 336 a 323 aC, após a conquista da região. Em meados do século II aC, Jericó ficou sob domínio helenista, o general sírio Báquides construiu alguns fortes para fortalecer as defesas da área ao seu redor, contra a invasão dos macabeus.

            Heródes inicialmente arrendou Jericó a Cleópatra depois de Marco Antônio tê-la dado a ela como um presente. Após o suicídio de ambos, em 30 aC, Otaviano assumiu o controle do império romano e deixou Heródes reinando sobre Jericó

            A cidade, desde a construção de seus palácios, não funcionou apenas como um centro agrícola e nem como um cruzamento, mas como uma estação de inverno à aristocracia de Jerusalém.

            Heródes foi sucedido pelo seu filho, Arquelau, o qual construiu uma vila adjacente a Jericó em seu nome, Archelais, casa de operários da sua plantação.

            Mas, por trás dessas informações históricas, existe um simbolismo espiritual que pode se refletir até os dias atuais. Afinal, Josué, sucessor de Moisés, foi quem atravessou o Jordão em busca da Terra Prometida por Deus. Assim, Josué inicia o seu Ministério às ribeiras do Rio Jordão, onde Jesus foi batizado e também entra no exercício público do seu Ofício Profético. O nome Josué é o derivado hebraico que no Grego é Jesus. A batalha espiritual tem início de forma confusa, em torno do ano 1.300 aC, com Josué usando a força das armas para derrotar a cidade de Jericó, cujo único pecado anunciado era adorar outros deuses. Isso foi o suficiente para Josué receber ordem do seu Deus dos exércitos para destruir tudo o que havia na cidade; homens e mulheres, jovens e velhos, até os bois, ovelhas e jumentos, ao fio da espada. Foi a esse Deus que Josué obedeceu, muito diferente daquele Deus que Jesus ensinou, o Deus do Amor, capaz de sempre perdoar ao pecador, 70 vezes 7, e respeitar a liberdade de cada um conforme o seu livre arbítrio. Agora, quase 2.000 anos das lições do Cristo, a Batalha Espiritual simbolizada na área de Jericó e hoje alcançando todo o planeta, tem que considerar o Deus que Jesus ensinou e encontrando-O em cada aspecto da Natureza. Toda a Sua criação deve ser respeitada, mesmo que na ignorância adore deuses subalternos, representados por um animal ou qualquer outro aspecto da natureza. Somos agora os responsáveis pela aplicação prática das lições do Mestre Jesus, de construir o Reino de Deus com base na família Universal, e isso jamais poderia ser possível com a orientação que aquele Deus dos exércitos deu a Josué.

            Jericó fica hoje como a lembrança de um passado onde se deu início a batalha espiritual e que equívocos pode acontecer com a destruição de inocentes. Que esta lembrança sirva para absorver dentro dela a essência de Deus, e perdoar os seus algozes do passado, mostrando que o povo eleito de Deus é a espécie humana e que tem por dever vencer a ignorância, reconhecer a paternidade divina e ajudar todos os membros da família universal, deslocando do poder o mal com a força do Bem, dissipando as trevas com a força da Luz.  

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em 06/01/2017 às 00h12
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