Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
28/09/2013 00h01
UMA LIÇÃO DE PERDÃO

            Este texto de hoje não tem nada a ver com os livros que estou constantemente lendo e tentando aproveitar as lições. Tem a ver com uma observação casual que fiz sobre o machucado do meu dedo polegar direito. Por um momento de desatenção deixei ele na porta do carro e ao fechar machuquei na raiz da unha. A dor foi forte e pensava até que a unha fosse cair. Mas ela se recuperou, apesar de mostrar uma mancha escura que se deslocou ao longo do tempo e hoje está prestes a desaparecer com o contínuo aparar. Então, vendo essa evolução tão natural de células que consideramos não ter uma consciência, fiz uma relação intuitiva com o mecanismo do perdão.

            Todos sabemos que o perdão é uma ação importante no nosso processo evolutivo, e que está intimamente associada à nossa capacidade de amar incondicionalmente. Muitos consideram uma ação muito difícil, outros, impossível. Mas Jesus já ensinava que não podemos deixar de perdoar a quem nos tem ofendido, para sermos dignos do mesmo perdão, já que nós, como espíritos imperfeitos, ainda estamos cometendo erros constantes com o próximo. Dizem que o mal que é feito a nós jamais pode ser esquecido. Isso é verdade, eu até pensava assim, mas a minha unha me deu outra percepção. Tem injúria que pode ser esquecida sim! Do ponto de vista dos ressentimentos. A minha unha está mostrando que logo mais estará saudável e perfeita como antes, sem nenhuma marca da injúria sofrida. Precisou apenas do tempo e de que o fato não mais se repetisse.

            Então eu fiquei a imaginar... Realmente existem injúrias que consigo perdoar e que não fica nenhuma marca na minha memória. Lembro-me das pessoas que por seus diversos motivos me maltrataram e falaram mal de mim. No meu modo de entender eu sou inocente e, portanto, vítima de injúria por quem tem um interesse diverso do meu e não quer considerar outras razões. Poderia procurar uma forma de vingança e aplicar o mesmo tipo de injúria, talvez pior. Mas o Mestre ensina a perdoar e é isso que faço. No começo é mais difícil, mas basta seguir as lições de Jesus, principalmente amar ao próximo como a nós mesmo. Esta é a lição básica para a aplicação do perdão. Se eu vejo o outro como um reflexo de mim, que eu devo o amar como eu amo a mim, então eu devo perdoar o erro que ele está cometendo considerando as razões que ele apresenta. Ao fazer assim, a mancha dessa injúria que sofri vai ao longo do tempo se afastando do campo de minha consciência, até se apagar. Não é que eu esqueça os fatos, isso sempre vai existir, pois é uma função da memória. Mas isso não traz de volta nenhum sentimento, ressentimento... é algo neutro.

            Esta é a lição da unha. Com o perdão a minha mente deixou de apresentar a mancha do ressentimento, a minha memória está limpa. Está capaz de se relacionar com essa pessoa sem sentir o mínimo de necessidade de lembrar do que ocorreu, da injúria que sofreu. Mesmo que a pessoa, por ignorância, volte a injuriar. O machucado novamente vai se fazer sentir e outra mancha irá surgir. Mas a capacidade de perdoar outra vez vai fazer efeito no sentido de dissipar a mancha ao longo do tempo. Mas se a pessoa continuar na ignorância e voltar a ferir, a injuriar... qual será o limite? Jesus já o disse: 70 x 7. Aí vem a pergunta: Será que eu suportarei tanta injúria? E qual o sentido disso? A resposta é de uma beleza exemplar!

            Quando Deus nos colocou no mundo foi com o objetivo de crescermos com o nosso livre arbítrio em direção a ele, em inteligência, sabedoria e principalmente AMOR! Como ele é o Pai de todos, a todos como filhos deseja o sucesso. Acontece que tem filhos que por um motivo ou outro desviaram do caminho, esqueceram do amor e entraram na trilha do egoísmo, dos prazeres e interesses individuais, esqueceram que até possuem um Pai além do biológico. E o Pai não quer que nenhum dos seus filhos se perca. Jesus já dizia que devemos deixar todas as ovelhas no redil e ir à busca da ovelha perdida, quem quer que ela seja, onde quer que ela esteja. Pois bem, esta pessoa que nos injuria, que não tem capacidade de perdoar e consequentemente é muito falha no amor, á a nossa ovelha perdida, tão querida do Pai. A injúria que ela nos faz é a prova inconteste de sua ignorância da Lei do Pai e talvez ela não saiba nem da existência dEle. Mas ela tem dentro de si a semente divina, como todos nós a ganhamos quando fomos criados. E o Pai deseja que quem tem mais dê a quem tem menos. Se eu me considero com muito amor no coração e que recebo mais amor a cada momento diretamente de Deus, é esse amor que devo também distribuir ao meu redor. É esse exemplo de amorosidade através do perdão repetido que vai quebrar as resistências da ovelha perdida e ela encontrar novamente o caminho do redil. Portanto, Jesus foi modesto quando limitou a quantidade de perdão em 70 x 7, pois o Pai deseja que apliquemos o perdão até o momento da recuperação de sua ovelha perdida e isso eu não sei quanto tempo vai durar.

            É preciso alcançar o desejo do Pai sem nos contaminar com os nossos próprios desejos, senão o perdão não conseguirá ser aplicado. Para aplicar o perdão é necessário afastar o ciúme que deseja exclusividade no ato de amar; é necessário afastar a ganância que deseja acumular bens materiais; é necessário servir quando desejamos ser servidos.

 

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27/09/2013 00h01
MENTALIDADE DEMONÍACA

            Esse termo “mentalidade demoníaca” trazida pelo Baghavad Gita apesar de parecer muito pesado de certa forma me atrai, pois serve para identificar com dureza o caminho que não devo trilhar. No Verso 10 do Capítulo 16 ele descreve a mentalidade demoníaca da seguinte forma:

            Os demônios não se fartam de sua luxúria. Eles não param de intensificar seus insaciáveis desejos de prazer material. Embora vivam sempre cheios de ansiedade decorrentes do fato de aceitarem situações impermanentes, mesmo assim eles continuam a se ocupar nessas atividades devido a ilusão. Eles não tem nenhum conhecimento e não podem perceber que estão se dirigindo para o caminho errado. Aceitando as coisas não permanentes, estas pessoas demoníacas criam seu próprio Deus e criam seus próprios hinos que se harmonizam com sua capacidade de cantá-los. O resultado é que eles ficam mais e mais atraídos a duas situações – prazer sexual e bens materiais. “Votos impuros” são muito significativos dentro deste contexto. Essas pessoas demoníacas só se sentem atraídas a vinho, mulheres, jogatina e consumo de carne; estes são seus hábitos sujos. Induzidos pelo orgulho e pelo falso prestígio, estes seres demoníacos criam alguns princípios religiosos que não são aprovados pelos preceitos védicos. Embora eles sejam os mais abomináveis do mundo, através de meios artificiais o mundo lhes presta uma falsa homenagem. Embora estejam deslizando para o inferno, eles se consideram muito avançados.

            Essa força de atração material e ilusória que sofremos através dos desejos do nosso corpo é o grande fator de distorção do caminho que leva o nosso espírito a se perder nesse labirinto de paixões. Vejo ao meu redor quantas pessoas estão totalmente envolvidas nesse campo vibratório de prazeres fugazes e que não tem nenhuma intenção de sair dele. Outras pessoas nem tanto.

            Tomo o exemplo de dois irmãos biológicos que possuo: um é inteiramente ligado as questões materiais e ao prazer dos sentidos, alimento, bebidas e principalmente mulheres, sexo! Vejo ele se aproximar de livros espiritualistas, mas com o interesse secundário. Uma colega de trabalho que ele paquera tem interesse espiritualista e ele para se aproximar procura levar livros nesse sentido. Vejo que ele tem mostrado até certa evolução no sentido de não se deixar dominar completamente por esses prazeres e perder o sentido de responsabilidade, pelo menos a material.

            O outro irmão não é tão aprisionado por esses prazeres da carne. Apesar de seu foco de vida está ainda no campo material, ele já demonstra ações espiritualizadas de controle comportamental, de pensamentos e sentimentos. Está bem mais avançado, apesar de mais jovem.

            Eu me considero com o foco dentro do campo espiritual. Ainda curto os prazeres da carne, das bebidas, do sexo, dos bens materiais, mas tudo isso subordinado aos princípios do Amor Incondicional que é a Lei máxima para a construção do Reino de Deus. Apesar de ter ainda uma mentalidade demoníaca que se delicia com esses prazeres carnais, materiais e fugazes, o que prevalece em mim é o princípio do Amor Incondicional e que pode frear a qualquer momento, qualquer ação que eu considere deletéria aos propósitos espirituais. Demonstro isso com o controle sobre a gula, sobre os prazeres dos alimentos. Consigo passar três meses de jejum e até mais se eu assim determinar. Consigo diminuir ou mesmo eliminar o prazer das bebidas, sejam alcoólicas ou refrigerantes. Consigo desviar o prazer do sexo para a construção da fraternidade, apesar de todas as complicações que isso traz devido as falsas interpretações das parceiras com relação a exclusividade do amor.

            Estas lições são muito úteis para avaliarmos a cada momento o nosso nível evolutivo, chamar a atenção daquilo que devemos evitar e concentrar esforços naquilo que é importante para cumprir nossa missão frente ao Pai.

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em 27/09/2013 às 00h01
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26/09/2013 00h01
FÉ BAHÁ’Í

            A Fé Bahá’í é uma religião monoteísta fundada por Bahá’ulláh na Pérsia do século XIX que enfatiza a unidade espiritual da humanidade. Trata-se de uma religião independente que possui as suas próprias leis, escrituras sagradas e calendário. Mas não possui dogmas, clero nem sacerdócio. Estima-se que existam cinco a seis milhões de bahá’ís espalhados por mais de 200 países e territórios.

            Os ensinamentos bahá-ís atribuem grande importância ao conceito de unidade das religiões. A história religiosa da humanidade é vista como um processo de desenvolvimento gradual, em que surgem Mensageiros Divinos com ensinamentos adequados às necessidades de cada momento e à maturidade de cada povo. Esses mensageiros incluem Krishna, Abraão, Buda, Jesus, Maomé e, mais recentemente , o Báb e Bahá’u’lláh. Segundo os ensinamentos bahá’ís, a humanidade encontra-se num processo de evolução coletiva a caminho de uma civilização mundial, e as suas necessidades atuais centram-se, essencialmente, no estabelecimento gradual da paz, justiça e unidade a uma escala global.

            Mantém coerência dentro da perspectiva evolutiva de que caminhamos para a construção do Reino de Deus, onde cada Mensageiro Divino contribui para o aperfeiçoamento das relações humanas, de acordo com o padrão de conhecimentos e de sabedoria adquiridos.

            Adquiri no dia 11 de setembro um livro intitulado PÉROLAS DE SABEDORIA, “Seleções dos escritos do Báb, Bahá’u’lláh e ‘Abdu’l-Bahá para meditação diária.” Editora Bahá’í, 1988. Pelo calendário Bahá’í o ano começa em 21 de março e o dia começa e termina com o por do sol. Como adquiri o livro no dia 11 de setembro, então comecei a ler essas “pérolas de sabedoria” a partir dessa data. Encontrei o seguinte:

            Ó amigos espirituais! Tal deve ser a vossa constância que, se os malevolentes tirarem a vida de todos os crentes, com exceção de um único, esse remanescente, sozinho e sem auxílio de ninguém, resistirá a todos os povos da Terra e continuará a difundir aos quatro ventos as doces fragrâncias de Deus. Portanto, se alguma notícia alarmante ou algum relato de acontecimentos terríveis vos chegar aos ouvidos da Terra Santa, não vacileis, nem vos aflijais, nem vos deixeis abalar. Antes, erguei-vos prontamente, imbuídos de resolução férrea, e servi ao Reino de Deus.

            Achei interessante, pois essa data foi a mesma do ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos e o texto se aplica bem àqueles acontecimentos. Também faz a convocação de todos os amigos espirituais para que sirvam ao Reino de Deus com vontade férrea.

            Encontro assim em todos os textos sagrados, escritos ou intuídos pelos Mensageiros Divinos, instruções que se adaptam ao projeto que o Pai determinou para mim. Mesmo que exista um detalhe que foge dos padrões culturais e que não são abordados diretamente pelos Mensageiros anteriores, mas que na minha compreensão é a pedra angular da construção do Reino de Deus: o Amor Incondicional, o amor inclusivo, baseado na justiça e na fraternidade.

 

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em 26/09/2013 às 00h01
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25/09/2013 00h01
COMPREENSÃO DEMONÍACA

            Essa compreensão tirada do Baghavad Gita (Cap. 16, Verso 8) pareceu-me muito forte quando aplicado a minha realidade, mas parece bastante pertinente quando aplicado a muita gente que conheço. Vejamos o que diz na íntegra:

            Os demoníacos concluem que o mundo é uma fantasmagoria. Não há causa nem efeito, nenhum controlador, nenhum propósito: tudo é irreal. Eles dizem que essa manifestação cósmica surge devido a ações e reações materiais aleatórias. Eles não aceitam que Deus criou o mundo com um determinado propósito. Eles têm sua própria teoria: que o mundo apareceu por si próprio e que não há razão alguma para acreditar que um Deus por trás dele. Para eles, não há diferença entre matéria e espírito, e não aceitam o Espírito Supremo. Tudo é apenas matéria, e supõe-se que o cosmos inteiro seja uma massa bruta. Segundo eles, tudo é vazio, e qualquer manifestação que exista se deve à nossa percepção ignorante. Eles afirmam que todas as manifestações de diversidade são exibições de ignorância, assim como num sonho podemos criar tantas coisas que de fato não têm existência. Então quando acordamos vemos que tudo não passa de um sonho. Mas na verdade, embora digam que a vida é um sonho, os demônios são muito peritos em desfrutar este sonho. E assim, em vez de adquirir conhecimentos, eles cada vez mais se envolvem com suas fantasias. Eles concluem que, sendo o filho o simples resultado da relação sexual entre um homem e uma mulher, este mundo surgiu sem a presença da alma. Para eles foi apenas uma combinação de matéria que produziu os seres vivos, e a existência da alma fica fora de cogitação. Assim como sem causa aparente muitas criaturas vivas surgem do suor ou de um corpo morto, todo o mundo vivo surgiu das combinações materiais que se processam na manifestação cósmica. Portanto, a natureza material é a causa desta manifestação, e não existe nenhuma outra causa.

            Esta é uma compreensão puramente materialista. É uma compreensão ainda predominante na academia, mesmo que exercita por homens e mulheres de boa conduta e sentimentos. Então por isso eu considero o termo “demoníaco” muito forte para caracterizar essas pessoas que pensam assim, já que demônio pressupõe algum tipo de maldade feita ao próximo. Eu ficaria mais confortável em classificar essa compreensão como divergente, pois não traz em si a conotação da maldade.

            Mas respeito a sabedoria milenar do Baghavad Gita, talvez fazendo assim as pessoas sintam com maior força o impacto dessa falta de sintonia com o Criador e mantenedor do universo.

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em 25/09/2013 às 00h01
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24/09/2013 00h01
ARREBATAMENTO

            O conceito de arrebatamento me trouxe certa estranheza na primeira vez que o vi. Como era então, que Deus tirava os seus filhos mais queridos do meio da coletividade aonde ele viera para aprender e colaborar com o crescimento moral de todos? Não era para os mais aplicados na Lei do Amor permanecerem entre os pecadores para exercerem uma influência positiva no meio da perversidade da humanidade? Essa reflexão se tornou mais urgente quando me deparei com seguinte trecho da Bíblia, no Livro da Sabedoria (Sb 4: 10-20):

            10 Ele agradou a Deus e foi por Ele amado, assim (Deus) o transferiu do meio dos pecadores onde vivia.

            11 Foi arrebatado para que a malícia lhe não corrompesse o sentimento, nem a astúcia lhe pervertesse a alma:

            12 porque a fascinação do vício atira um véu sobre a beleza moral, e o movimento das paixões mina uma alma ingênua.

            13 Tendo chegado rapidamente ao termo, percorreu uma longa carreira.

            14 Sua alma era agradável ao Senhor, e é por isso que Ele o retirou depressa do meio da perversidade. Os povos que veem esse modo de agir não o compreendem, e não refletem nisto:

            15 que o favor de Deus e Sua misericórdia são para seus eleitos, e sua assistência está no meio dos seus fiéis.

            16 O justo, ao morrer, condena os ímpios que sobrevivem, e a juventude, atingindo tão depressa a perfeição, confunde a longa velhice do pecador.

            17 Eles verão o fim do sábio, e não compreenderão os desígnios do Senhor ao seu respeito, nem porque Ele o pôs em segurança.

            18 Eles verão e mostrarão desprezo, mas o Senhor zombará deles.

            19 Depois disso serão cadáveres sem honra, desterrados entre os mortos, numa eterna ignomínia, porque Ele os ferirá e os precipitará sem voz, abatê-los-á nas suas bases e mergulhá-los-á na última desolação. Eles serão entregues a dor, e a memória deles perecerá.

            20 Comparecerão aterrorizados com a lembrança de seus pecados, e suas iniquidades se levantarão contra eles para confundi-los.

            Bem mais confuso fiquei ao ler esse texto. Ficou a impressão que o Deus que reconheço como Pai e quer o bem estar de “todos” os seus filhos, não é este mesmo Deus que está intuindo essas palavras ao escritor deste livro da Bíblia.

            Primeiro, entendo que Deus nos enviou para viver em determinado local, com determinadas pessoas para aprender a amar e aplicar a Lei do Amor, assim como o Mestre Jesus nos ensinou. Então, por que Deus iria nos retirar de determinado local devido a existência nele de pecadores? Não é em função deles que o meu exercício do ato de amar se torna mais importante como objetivo de minha vida? De tentar a conversão do coração pecador através da prática do Amor, como Jesus ensinou?

            Caso eu fosse arrebatado do meio em que vivo, desde que eu entendo que tenho um coração que pretende ser puro e por isso entendo ser “bem amado” por Deus, deveria entender que isso era para a minha proteção, para que a malícia do meu próximo não me corrompesse o sentimento, nem que a astúcia deles me corrompesse a alma? Porque Ele sabe que a fascinação do vício atira um véu sobre a beleza moral, e o movimento das paixões mina uma alma ingênua? Tudo bem, posso até me considerar como uma alma ingênua, afinal muitas pessoas me classificam assim... Posso me considerar realmente no meio da malícia, da astúcia, do vício, das paixões... E por isso o Pai teria motivos para me arrebatar. Mas, onde ficaria o cumprimento de minha missão, que Ele, meu Pai, deu para mim? De colaborar com a construção do Seu Reino, assim como Jesus ensinou? De usar todos os recursos acadêmicos, emocionais, sentimentais e morais que até agora Ele me proporcionou? Não devo mostrar força moral frente a malícia que tenta corromper meus sentimentos? Não devo demonstrar inteligência frente a astúcia que tenta perverter minha alma? Não devo ter resistência espiritual para penetrar no antro mais perverso, da fascinação do vício, perceber o movimento das paixões tentando envolver com o seu véu a beleza moral do Reino de Deus e jogar sombras sobre a luz do esclarecimento divino para a transformação do coração egoísta?

            Sei que Deus tem suas razões por temer por meu fracasso, sabendo que sou ainda uma alma tão frágil, que fica presa a adversários bem menos perigosos, como a gula e a preguiça. Mas não é justo que Ele não me deixe tentar, sendo esse o meu desejo, o meu livre arbítrio. Sei que no caminho já cometi erros severos, mas minha razão acusou e já corrigi essa falha no campo da consciência. Continuo minha jornada sempre sintonizado com Ele e procurando usar todos os recursos que Ele me ofereceu para o cumprimento de minha missão. Sei que se fracassar agora, terei outras oportunidades e cada vez mais com maior maturidade para atingir o propósito que Ele tem para mim. Assim, mesmo que haja um provável fracasso da minha missão, mesmo assim isso irá contribuir para que eu perceba os erros que cometi e tentar evitar os mesmos no futuro.

            Outra questão que me traz dúvidas da identidade desse deus do Livro da Sabedoria não ser o mesmo Deus que Jesus apresentou e que reconheço como Pai, é que lá é dito que o favor dEle e Sua misericórdia são para seus eleitos, e sua assistência está no meio dos fiéis; que o Senhor zombará dos pecadores; que serão desterrados entre os mortos numa eterna ignomínia; que os ferirá e precipitará sem voz; que os abaterá nas suas bases e mergulhá-los-á na última desolação; que serão entregue a dor e a memória deles perecerá; que serão confusos pelas próprias iniquidades.

            Jesus ensinou que todos somos filhos do mesmo Pai, assim como ele, Jesus, que somos os seus irmãos; que Ele foi enviado pelo Pai para nos ensinar essa verdade; que o Pai quer que “todos” os seus filhos saiam da ignorância do pecado e que atinjam a vida eterna com felicidade; que os irmãos mais adiantados ensinem os mais atrasados, os mais sábios ensinem os mais ignorantes; e que, a quem muito for dado a muito será cobrado.

            Então, são condutas totalmente diferentes escritas no mesmo livro sagrado: a Bíblia. A quem seguir? Não podemos servir a dois senhores, também está escrito nesse mesmo livro. Eu já fiz a minha escolha. Escolhi seguir os ensinamentos de Jesus e reconhecer como Pai o Deus do Amor, o Deus que quer o bem estar para todos seus filhos, por mais pecador que sejam; o Deus do perdão 70 x 7 ou mais além...

            É este Deus, meu Pai, que não vai me arrebatar do meio dos meus irmãos só porque eles me ameaçam dentro de suas ignorâncias, com suas malícias, astúcias e paixões. Ele espera que eu cumpra pelo menos alguma parte da missão que Ele me destinou; e eu espero ser digno de sua confiança nos limites das minhas forças e de todos os recursos que Ele envia para mim e eu consiga operacionar.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/09/2013 às 00h01
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