Tentando fazer a imitação do Cristo, devo imitar os movimentos do amor que Ele realizava. Vou procurar centrar em dois aspectos da Sua vida e da Sua missão e tentar fazer uma correspondência com a minha vida, com a minha missão.
Primeiro, a presença localizada. Jesus estava com os seus discípulos e isso era muito bom para eles, pois estavam ao lado da fonte do amor, desfrutavam dEle em comunhão ininterrupta. Acontece que se isso permanecesse assim, as lições de Jesus não tinham tido a capacidade de se espalhar pelo planeta e fertilizar o coração de quantos pudessem lhe escutar. Se Ele não tivesse partido para o mundo espiritual, todos os navios e aviões estariam lotados de peregrinos cristãos. Com muita dificuldade se chegaria até lá.
O segundo aspecto é que, enquanto Jesus estava com os apóstolos, sua presença não era somente local como externa. Ele não podia entrar em suas personalidades e mudá-las de dentro para fora, alcançando a fonte de seus pensamentos, motivações e desejos. Com a Sua partida o Seu espírito pode se internalizar, em nossos corações e nos transformar à sua imagem.
São esses os movimentos do coração do Cristo em função do cumprimento da sua missão, o ensinamento do amor. Os seus apóstolos eram as pessoas mais próximas e que deveriam dar continuidade de sua missão, que passaria a ser agora a deles. Então, Ele sai de perto deles, vai para o mundo espiritual para deixar de ser local, de só existir naquele lugar onde Ele estava materialmente. Agora, não! Na forma de espírito Ele pode muito bem estar onde dois ou três se reunirem em Seu nome. Enquanto Ele estava aqui, eram somente suas palavras que podiam estimular a quem o escutava. Do lado de lá, Ele pode penetrar no coração de quantas pessoas o evocarem e daí efetuar a mudança de cada um de dentro para fora.
Como posso fazer a imitação de Cristo nesse aspecto? Eu que tenho como missão desenvolver o Amor Incondicional na prática das relações humanas em qualquer nível? Também como Ele, estou cercado de pessoas que convivem comigo com mais intimidade. Para todas pretendo passar os meus sentimentos, emoções e intenções. Confesso que sou filho obediente a Deus e que sigo as lições do Mestre Jesus na intenção de criar o Reino de Deus na terra, como diz o Pai Nosso: “assim na terra como no céu”. A minha missão agora é partir para efetuar na prática esse Reino. Então, não devo ficar localizado num só ponto, com uma só pessoa. Meu coração deve se dirigir em outra direção, e adiante criar novo relacionamento, sem abandonar os primeiros. Com a minha partida ou ausência momentânea da presença de uma pessoa sensibilizada pelo Amor Incondicional, esta pessoa poderá internalizar o meu sentimento, sem a minha presença e dessa forma passar a agir de forma incondicional no meio em que vive, de dentro para fora, sem necessitar ouvir minha voz, pois agora sente em seu coração a minha essência, que é a essência de Jesus, que é a vontade de Deus.
Pretendia acordar hoje às 4 horas, mas esqueci de ajustar o despertador e acordei às 5 horas, dentro da minha rotina. Então resolvi fazer exercício dentro de casa, correr no mesmo lugar, principalmente. Como eu moro em apartamento à beira do mar, já pensei em descer uma vez na semana pelo menos e tomar banho de mar e de sol, como os essênios faziam, a comunidade do deserto onde Jesus possivelmente tenha vivido parte de Sua vida. Mas não seria hoje que eu começaria isso.
Coloquei um CD com temática espiritual para ouvir enquanto corria. O CD falava da mãe de Jesus, das bem aventuranças, do Bom Pastor... e enquanto eu ouvia e corria, sentia a mensagem ir tomando conta do meu espírito. Eu continuava a correr e não sentia o cansaço. Passou a hora correspondente ao tempo do CD e eu continuava a correr e sem sentir o cansaço. Então resolvi colocar um CD do Padre Zezinho para terminar o exercício com canções. Mas foi aí que atingi maior profundidade espiritual. Cada canção que eu ouvia eu me aprofundava no meu passado, nas minhas experiências com Deus, do que já havia feito, das intenções e ações...
Foi mais uma hora de duração do CD e eu continuava a correr nesse estado de êxtase. Os pés já doíam e eu não podia mais intercalar a corrida com os saltos como sempre faço. Mas lembrei de São Francisco andando descalço no deserto em busca da paz entre os cristãos e mulçumanos, e pensei que esse simples incomodo no pé não era motivo prá mim parar. As intuições que vinham a cabeça eu logo ia escrever pelo menos um título para que eu não esquecesse mais tarde. Fui em seguida fazer um artigo dando as boas vindas ao Papa, com o título: BEM VINDO, FRANCISCO! Enviei em seguida para o Jornal de Hoje que sai na parte da tarde. Quando cheguei agora a noite no apartamento que recebi o meu exemplar, fiquei muito satisfeito em ver que o Jornal havia publicado e ainda em lugar de destaque, no centro e acima de todos os outros artigos. Senti que perdi esta manhã para o mundo, mas para o lado espiritual foi totalmente aproveitado. Senti como nunca a presença de Deus perto de mim e que fiz uma boa comunicação com Ele. Hoje estou fechando esse relato com muita satisfação com Deus e tenho certeza, que Ele comigo também está satisfeito por minha atuação hoje. Tenho ainda na memória diversos textos que publicarei ao longo da semana.
Esta é uma data muito significativa para mim do ponto de vista espiritual. Continuo no deserto quaresmal há quatro semanas, 28 dias. É a minha primeira vez que fico nessa espécie de deserto quaresmal que é representado por minha solidão no apartamento onde moro e redução ao máximo dos relacionamentos afetivos externos.
Hoje pela manhã foi dia da plenária do departamento onde trabalho, na academia, na Universidade, apresentei pela primeira vez o piloto de um projeto de pesquisa, a avaliação de um texto adaptado da Bíblia, o Salmo 65, que fala da existência de Deus. Falei aos colegas do objetivo do trabalho, que seria avaliar do ponto de vista cognitivo, racional, à luz da ciência, se os argumentos colocados pelos livros sagrados apresentam alguma distorção de coerência com a realidade e como podemos fazer nova interpretação, se for o caso. Orientei que todos não eram obrigados a participar, mas agradeceria bastante a opinião de quem se interessasse, pois isso seria de grande colaboração para a academia que usa de forma generalizada os conceitos e aplicações espirituais, inclusive com capelas e ministros religiosos em seu meio e no entanto no campo teórico existir tanta resistência e até descrença. Durante a reunião, o colega chefe do departamento e que se considera ateu informava em tom jocoso como andava a eleição do Papa que ocorria naquele momento no Vaticano. Senti que a proposta foi bem acolhida por todos e espero agora como vai ser o retorno.
Logo mais a tarde tive a feliz notícia que o novo Papa havia sido eleito e que havia escolhido o nome de Francisco I, e que já indicava de início que o caminho para a humanidade seria o Amor. Isso me deixou muito alegre e até comprometido, pois o Papa é conterrâneo do meu continente, do pais vizinho, a Argentina, recebeu o nome do Santo que, segundo minha família deixou eu vir à luz do mundo, por isso me dedicaram a ele com o nome Francisco das Chagas. Até ressaltaram as chagas que o afligiram nos seus últimos dias de vida e que o aproximou tanto de Jesus, pois eram estigmas, chagas nas mãos e pés que lembravam as mesmas feridas que Jesus sofreu na cruz.
E tudo isso aconteceu no dia que privilegia o número de minha predileção, o número 3: 13-03-13. Recebo tudo isso, neste momento do deserto, como o sinal que o Pai aceita a minha oferta de ser o Seu instrumento e sinaliza em todo o orbe, desde o Vaticano, passando pela história, a sua unção na minha consciência. Pode até parecer tamanha prepotência, Deus se ocupar e dar sinais tão grandiosos a uma simples ovelhinha cheia de vícios e pecados, mas como tenho comigo o dever da transparência, não poderia deixar de colocar essas intuições que chegam ao meu coração e que devem afetar o meu comportamento.
A alma limpa não teme ficar desnuda. O exemplo vem desde o início da criação. Adão e Eva andavam nus, pois não conheciam o pecado, não tinham erros nas suas consciências, não cometeram o pecado. No momento que isso aconteceu, passaram a se esconder do Senhor, mostrando a vergonha da sua alma desnuda, suja, contaminada. A maioria das pessoas evitam ler e refletir sobre a palavra divina, pois tem medo de serem confrontados pela luz. As palavras divinas são bastante simples (não matarás, não mentirás, não adulterarás, não roubarás, etc.) mas ninguém quer se sentir culpado. Então preferem ignorar os livros sagrados ou mesmo os ironizar. Podem chegar até a ser muito cultos, academicamente elevados, terem a leituras de dezenas de livros por ano, mas não inclui a leitura de nenhum dos livros sagrados (Bíblia, Alcorão, Baghavad Gita, etc) em sua totalidade. Nos próprios livros sagrados existem explicações para esse tipo de comportamento: Os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. (João 3:19-20).
Quando erramos fugimos de Deus e escondemos nossa nudez moral. Se for levantada uma pedra do chão será visto uma série de insetos no lado em que estava apoiada, que geralmente é escuro. Quando a luz os atinge, logo eles correm para se esconder dela. Irão procurar outro local escuro. Esse é exatamente o mesmo comportamento de alguém com a consciência culpada. Só é possível suportar a luz mediante um sincero arrependimento e o desejo de voltar a Deus.
Por outro lado, não adianta exibir apenas uma imagem de obediência exterior aos princípios divinos, porque Deus olha para além das palavras, olha também para a motivação: Eu sei o que vocês estão fazendo. Vocês dizem que estão vivos, mas, de fato, estão mortos. (Apocalipse 3:1-6).
Nossos motivos são importantes para Deus. Praticamos obras para parecer bem aos olhos dos outros, para vencer nossos sentimentos de culpa, ou por um senso de dever? A demonstração exterior de nossas ações pode levar as pessoas a pensar que estamos comprometidos, vivos e vibrantes no justo caminho, mas essas ações não enganarão a Deus que conhece os nossos corações. Não devemos esquecer o que está escrito em 1 Samuel 16:7 – Eu o rejeitei porque não julgo como as pessoas julgam. Elas olham para a aparência, mas eu vejo o coração.
Portanto, eis o motivo de eu procurar ser tão transparente em minhas ações, para que a luz possa incidir sobre meus erros. Evito ao máximo a aparência do justo, do perfeito, pois ainda reconheço graves defeitos na minha alma e somente a luz da verdade pode queimar esse insetos daninhos que se escondem na obscuridade do meu coração. Sei que as pessoas que amo e que me amam pela aparência do que pretendo ser, e que não conhecem a sujeira interna que ainda existe em meu coração, se assustam e sofrem quando percebem algo que me expõe como pecador, ou mesmo o reflexo da luz em minha vida atinge a obscuridade dos seus corações. Ah, como é difícil está sempre exposto à luz, por isso Deus permite em sua extrema bondade, que permitamos ter uma “caixa preta” para guardarmos aquilo tão sujo e que ainda não é conveniente expor, e que sua ocultação não prejudique ninguém próximo. Mas para Deus nada está oculto. Ele tem todos os seus planos delineados e coloca na consciência de cada um a missão que a cada um pode cumprir, associados ou não uns aos outros. Cabe a nós com o livre arbítrio, seguir ou não.
É muito justo o amor que dedico aos meus pais biológicos, mas ao Pai Universal eu devo amor muito mais, pois Ele é Pai das diversas famílias e não de uma só. Seguindo esse mesmo raciocínio, se é justo o amor entre os irmãos biológicos, justo é que os irmãos da família universal sejam amados acima dos irmãos biológicos. Isso parece uma incoerência, mas estou apoiado na pura lógica. A família universal é permanente, o Pai universal é também permanente e os irmãos desta família universal são também para toda a eternidade. Ao passo que na família humana, biológica, nuclear, e a tudo que a ela se refere é transitório, como todo ser humano é transitório. A família humana deve servir como campo de estágio para eu educar meus sentimentos, pois é muito mais fácil amar minha mãe e meu pai do que ao próximo.
Eu sou filho de Deus antes que tivesse sido filho de meu pai biológico. Meu amor a Deus inspira o amor às criaturas que são suas obras. O amor há de ser a base de uma sociedade bem constituída. Os laços da família carnal devo deixar de lado quando se trate dos interesses de toda a família humana, a família universal, para qual a todos me liga o dever amplo associado ao Pai. Enquanto isso, a cada membro somente de minha família biológica, me liga um dever particular no seio da mesma, jamais comparável ao dever que tenho com a família universal.
A condição do meu espírito que tomou um corpo e constituiu-se em uma família carnal aprende com mais facilidade entre seus membros a formação de laços espirituais, que são os laços do amor. Esses laços persistem após a morte do corpo físico e isso me liga melhor dentro da família espiritual que é o objetivo, enquanto que a carnal constitui apenas um meio. Nas condições da família carnal encerram os altos propósitos do Pai, donde sabiamente fazem brotar os mais belos sentimentos, entre companheiros, entre pais e filhos, entre irmãos e irmãos, construindo os laços de afeto que vão entrelaçar os membros da família espiritual.
Sigo a lei do amor universal como a minha religião universal que a todos alcança e a todos está destinada a elevar para o Pai. Amor esse que é germinado na família carnal e que se eleva pelo desprendimento dos interesses materiais, do amor romântico, para vivificar no espírito o desejo do bem coletivo, universal. Uma aspiração para a verdade e o domínio absoluto sobre tudo que é da carne, conduzindo o meu corpo como instrumento e jamais como senhor da minha vontade, que segue a vontade do Pai.