Na leitura de “O livro de Urântia” observo uma relação interessante entre Deus e o Filho. Diz que, o Filho Eterno é o centro espiritual e o administrador divino do governo espiritual do universo dos universos. O Pai Universal é, primeiro, um criador e, então, um controlador; o Filho Eterno é, primeiro, um co-criador e, então, um administrador espiritual. “Deus é espírito”, e o filho é uma revelação pessoal deste espírito.
O Pai Universal nunca funciona pessoalmente como um criador, ele o faz sempre em conjunção com o Filho ou em ação coordenada com o Filho. Tivesse aquele que escreveu o Velho Testamento se referido ao Filho Eterno, e teria sido verdade o que ele proclamou ao escrever: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que se fez teria sido feito.
O Filho Eterno é conhecido por nomes diferentes nos vários universos. Em nosso mundo tem o nome de Michael de Nébadon, encarnado como Jesus Cristo. Embora qualquer uma das criaturas seja consideradas como filhos de Deus, a designação de Filho eterno, ou Único, cabe a esse Filho que mais se aproximou da divindade e com ela se identifica.
O Filho possui não apenas toda a retidão infinita e transcendente do Pai, como reflete também toda a santidade do caráter do Pai. O Filho compartilha da perfeição do Pai e, em conjunto, compartilha da responsabilidade de ajudar a todas as criaturas a sair da imperfeição, em seus esforços espirituais, para alcançarem a perfeição divina.
O Filho Eterno possui todo o caráter de divindade e os atributos de espiritualidade do Pai. O Filho é a plenitude da absolutez de Deus, em personalidade e em espírito; e o Filho revela essas qualidades no seu manejo pessoal do governo espiritual do Universo dos universos.
No amor pela verdade e na criação da beleza, o Pai e o Filho são iguais, exceto pelo fato de que o Filho parece devotar-se mais à realização da beleza exclusivamente espiritual de valores universais.
Quanto a bondade divina, não se pode discernir nenhuma diferença entre o Pai e o Filho. O Pai ama aos filhos do Seu universo como um pai; o Filho Eterno vê todas as criaturas tanto como um pai, quanto como um irmão.
Então, fiquei a imaginar... É como se existisse níveis na condição dos filhos de Deus. O primeiro nível seria aquele que acabamos de discorrer, daquele filho de Deus que por seus próprios esforços se aproximou o máximo da divindade e com ela passa a ser um co-criador de mundos. O segundo nível pode ser considerado este no qual nos encontramos, reconhecemos a paternidade divina, as lições do Filho Eterno (Filho Único de Deus) e nos esforçamos para evoluir espiritualmente, fazendo a reforma íntima a cada momento. O terceiro nível corresponde aqueles irmãos que não reconhecem a paternidade do Deus, ouviram as lições do Cristo, mas não estão dispostos a segui-las, algumas vezes até as utilizam de forma comercial, para conseguirem benefícios materiais.
O escalonamento ficaria dessa forma:
1º - O Pai ama os filhos em qualquer parte dos Universos por Ele criado, como um pai;
2º - O Filho Eterno, de 1º nível, vê todas as criaturas tanto como pai quanto como irmão;
3º - O filho de 2º nível reconhece a paternidade divina e considera o Filho Eterno e demais criaturas como seus irmãos;
4º - O filho de 3º nível, não reconhece a paternidade divina e trata a demais criaturas como objetos a serem utilizados de acordo com as conveniências.
O projeto evolutivo constrói essa graduação, pois nascemos simples e ignorantes, e somente com esforço e sabedoria iremos galgando os níveis até chegarmos próximos do Pai, não importa quanto tempo nossas imperfeiçoes a serem corrigidas exijam.
Sabemos que uma das leis principais da Natureza é a evolução. Todos nós devemos estar na estrada da evolução, qualquer que seja o caminho que tenhamos escolhido, estamos sendo conduzidos pelo maquinismo do tempo. Isso envolve tanto os seres vivos quanto as estruturas ditas inanimadas, como o planeta Terra, nossa moradia, com todas suas estruturas minerais e biológicas.
Sabemos que existe uma orientação dada pelos mentores espirituais, que no futuro, com a Terra regenerada, sejamos o coração do mundo e a pátria do Evangelho. Mas, como somos os habitantes mais inteligentes e criativos deste planeta, devemos ser responsáveis pela criação e sustentação de uma nova moral, longe do egoísmo e atitudes animais.
Para a Terra adquirir essas condições evolutivas e se transformar de um planeta de provas e expiações em um planeta de regeneração, saindo de onde o mal tenha prevalência sobre o bem, é importante que nós consigamos fazer nossa reforma íntima e seguir as lições que Jesus veio nos ensinar há 2000 anos. Porém, observamos a dificuldade para que isso aconteça, pois até as próprias mensagens e lições do Mestre são deturpadas, e ao invés de criar uma sociedade fraterna e justa, fazemos a distorção dessas lições e ao invés de praticar o amor terminamos por aplicar o ódio.
Acredito que, para atenuar essa dificuldade evolutiva, os engenheiros espirituais aprovaram a reencarnação de espíritos bem desenvolvidos, que já chegam na Terra com seus instintos animais devidamente domados. Temos exemplos divulgados pela internet, que crianças aparentemente sem educação espiritual nesse sentido, passam a rejeitar o consumo de carnes dos animais abatidos nos açougues, informam que nós ao invés de comermos esses nossos irmãos, devemos cuidar bem deles.
Para nós que estamos tão envolvidos com os instintos animais, a espiritualidade superior continua nos auxiliando, enviando mensagens de orientação para a nossa prática cotidiana, como vi há poucos dias essa seguinte mensagem de autoria do mentor espiritual André Luiz:
Excesso e nós
Amigo, espiritismo é caridade em movimento.
Não converta o próprio lar em museu.
Utensílio inútil em casa será utilidade na casa alheia.
O desapego começa das pequeninas coisas e o objeto conservado, sem aplicação no recesso da moradia, explora os sentimentos do morador.
A verdadeira morte começa na estagnação.
Quem faz circular os empréstimos de Deus, renova o próprio caminho.
Transfigure os apetrechos, que lhe sejam inúteis, em forças vivas do bem.
Retire da despensa os gêneros alimentícios, que descansam esquecidos, para a distribuição fraterna aos companheiros de estômago atormentado.
Reviste o guarda-roupa, libertando os cabides das vestes que você não use, conduzindo-os aos viajores da estrada.
Estenda os pares de sapatos, que lhe sobram, aos pés descalços que transitam em derredor.
Elimine do mobiliário as peças excedentes, aumentando a alegria das habitações menos felizes.
Revolva os guardados em gavetas ou porões dando aplicação aos objetos parados, de seu uso pessoal.
Transforme em patrimônio alheio os livros empoeirados que você não consulta, endereçando-os ao leitor sem recursos.
Examine a bolsa, dando um pouco mais que o simples compromisso da fraternidade, mostrando gratidão pelos acréscimos da Divina Misericórdia que você recebe.
Ofereça ao irmão comum alguma relíquia ou lembrança afetiva de parentes e amigos, ora na Pátria Espiritual, enviando aos que partiram maior contentamento com tal gesto.
Renovemos a vida constantemente, cada ano, cada mês, cada dia...
Previna-se hoje contra o remorso amanhã.
O excesso de nossa vida, cria a necessidade do semelhante.
Ajude a Casa de Assistência coletiva.
Divulgue o livro nobre.
Medique os enfermos.
Aplaque a fome alheia.
Enxugue lágrimas.
Socorra feridas.
Quando buscamos a intimidade do Senhor, os valores mumificados em nossas mãos ressurgem nas mãos dos outros, em exaltação de Amor e Luz para toda a criatura de Deus.
Percebo que possuo ainda muitos falhas nesses itens enumerados, principalmente no acúmulo de livros e DVDs. Mesmo que eu tenha a intenção da criação de um sebo para comercializá-los, com envolvimento da comunidade na geração de ocupação e renda, mesmo assim tenho que encontrar logo uma solução, pois este obstáculo é uma pedra no meu caminho para Deus.
Meu Pai,
Mais uma vez tiro um tempinho para conversar contigo neste espaço público. Sei que o Mestre Jesus, Teu filho mais evoluído espiritualmente, orientou que fizéssemos nossas orações na intimidade do nosso coração, não precisaria que ninguém visse ou ouvisse (e também lesse) o que estávamos falando contigo. Mas sei que este espaço público onde está hospedado este meu diário, serve como um laboratório do meu comportamento frente a minha decisão de cumprir a Tua vontade, apesar de minhas inúmeras fragilidades. Como sabemos que existem muitos irmãos com dificuldades semelhantes e até maiores do que as minhas, essas minhas experiências do meu cotidiano, inclusive as orações que faço mensalmente neste diário público, podem servir de orientação e estimulação positiva para as pessoas de bom coração. Isso não quer dizer que este seja o único momento que eu me dirija a Vós, pelo contrário, deverei fazer isso todos os dias de minha vida, e mais de uma vez, sempre que for necessário. Mas, da mesma forma que sou falho neste espaço, e em alguns meses não faço a oração que meu livre arbítrio já tinha decidido fazer, isso mostra que também sou muito mais falho no meu cotidiano. Tem dias que eu não faço nenhum contato contigo, meu Pai.
Observas assim, Pai, que tenho muitas imperfeições, a partir do meu relacionamento contigo. O que alivia minha consciência, é porque sei que tenho dentro do meu psiquismo uma fagulha da Tua imensa luz, e é ela que promove os ajustes do meu pensamento e comportamento. Mas isso só acontece quando eu consigo conter as enxurradas de instinto animal, egoísta, que bombardeiam constantemente a minha mente.
Por mais que eu tente fazer a Tua vontade em qualquer momento, em qualquer lugar, sei que prevalece os interesses dos instintos nas pequenas coisas, e, ao chegar no fim do dia, ao fazer uma retrospectiva dentro das minhas orações, quando isso acontece, vejo que poucas vezes estava plenamente envolvido dentro desse propósito.
Sei que nesta presente vida que estou desenvolvendo, não vou corrigir suficientemente este defeito. Deverei voltar ainda algumas vezes, e verei se logo cedo terei a compreensão dessas minhas dificuldades para logo fazer a correção. Acredito que nesta vida, eu perdi muito tempo com a mente envolvida em dúvidas.
Acredito que nas vivências anteriores eu tenha tido algum progresso dentro desse projeto de construção do Reino de Deus através da construção da família ampliada, mas também sei que perdi muito tempo me envolvendo com a formatação do casamento dentro da estrutura do amor romântico, exclusivista.
Portanto, Pai, peço nesta atual vivência, apenas força e coragem para implementar com sabedoria os passos dentro do caminhos que delineastes para mim. Sabes que a minha intenção é de agir assim, e se tal não acontece é devido as fragilidades inerentes a minha imaturidade espiritual, que só com o tempo e esforço eu conseguirei mitigar. Mas se eu tiver a Tua ajuda nesses aspectos que enumerei, os meus esforço serão melhor efetuados dentro do meio social no qual estou inserido.
Mas, Pai, assim eu peço do alto da minha ignorância, e por isso termino dizendo que se faça a Tua vontade de acordo com o que decides ser melhor para a minha maturidade espiritual.
Quando o Reino de Deus estiver formatado em nosso mundo material, iremos observar que o parentesco em todos os Seus filhos se dará da seguinte forma: parente natural, judicial e potencial.
O parentesco pode ser amplo, como observamos hoje em nossas relações: pai, mãe, filho, irmão, tio, avô, avó, sobrinho, neto, etc.. As famílias serão predominantemente ampliadas com mais mulheres que homens na condição de companheiros íntimos, de acordo com as atuais estatísticas onde predominam as mulheres. Podem viver juntos, numa mesma casa, em condomínio, ou mesmo em casas separadas. O que os ligam são os afetos recíprocos. A vantagem de viverem numa só casa ou em condomínio é que as ausências serão atenuadas; a vantagem de viverem em casas separadas, é que o contexto fica mais próximo do Reino de Deus. O importante é que não existe ciúme e o Amor flui entre todos com ampla liberdade, como é de sua natureza.
A família nuclear, exclusivista, não teria espaço consciencial para permanecer assim, mesmo que possam surgir na gênese da família ampliada. Mas, logo que o casal que iniciou a família com a força do amor romântico, dentro de um formato nuclear, perceber com honestidade as outras pessoas que o Pai permite que se aproximem, e que o coração aceita como companheiros íntimos, se quebra qualquer ideia de exclusivismo, de ciúme, e a família passa a se ampliar dentro do critérios do Amor Incondicional. A fraternidade e a justiça imperam nesse reino de amor.
Os parentes naturais serão aqueles que são condicionados pela biologia, e geralmente da relação do pai e da mãe como progenitores. Toda a relação do parentesco segue a mesma denominação do que acontece hoje, com a diferença que os pais que constituem o casal gerador dos filhos, não são limitados pelo casamento formal como acontece hoje. Teremos filhos com abundância sendo irmãos biológicos somente de pai ou somente de mãe. Os filhos irmãos de pai e mãe serão em menor número. Talvez até aconteça hoje isso dessa forma, mas de maneira clandestina. Eu mesmo, tenho apenas dois irmãos de pai e mãe, mas tenho muito mais irmãos apenas pela parte de minha mãe e igual quantidade apenas pela parte de meu pai.
Os parentes judiciais serão aqueles que por desejo próprio eu os adote frente a Justiça, que pode seguir o padrão atual dos filhos adotivos. Porém esse critério poderá ser muito aumentado, e poderá ser possível eu ir num abrigo de idosos e adotar uma pessoa como meu pai ou meu avô; ir num cartório e adotar um amigo muito próximo como meu irmão oficial. E assim por diante.
Os parentes potenciais são a infraestrutura do Reino de Deus. Qualquer pessoa que esteja próxima a mim, por necessidade, se transforma em meu parente imediato. Se eu sei de uma pessoa idosa que vive sozinha, eu chego perto e a considero como mãe ou avó, independentemente de qualquer condição biológica ou documento oficial. Se alguém se acidenta no transito e deixa seu filho órfão de pai e mãe, aquela criança passa automaticamente a ser o meu filho e toda minha atenção passa a ser nesse sentido, pois se não for encontrado nenhum parente biológico ou judicial, ele será meu de fato, e depois é só ir no juiz e o transformar em parente judicial. Os crimes, os moradores de ruas, as crianças em cruzamentos, não podem ser aqui considerados, pois a sociedade está tão evoluída que já não permite isso.
O que acho magnífico nesta sociedade que assim conseguir se estruturar, é que todos os nossos instintos, principalmente os sexuais, que são muito fortes, todos eles serão administrados pela consciência que aplicará em todos os casos a lei do Amor. Aquela mulher, por exemplo, que despertou o meu desejo, e que o desejo é recíproco, serão consideradas, por nós, as diversas circunstâncias de um e do outro, e se tudo obedecer a lei do amor, a intimidade sexual será realizada, a mulher ou o homem será incluído(a) em uma das famílias ampliadas na qual cada um pertença. Não existirá a possibilidade do uso da pessoa humana como objeto sexual, de usar e abandonar, desprezar, humilhar e muitas vezes chega a matar como acontece hoje.
Podemos ver que esse tipo de sociedade ainda está muito longe da realização, mas já possuímos as lições do Amor Incondicional, ensinadas por Jesus e por outros grandes avatares da humanidade, para começar a sua construção. Só depende de nós, de usar a inteligência para descobrir os caminhos, usar a justiça para escolher a porta mais coerente, do livre arbítrio para seguir a vontade de Deus, e da coragem para enfrentar os obstáculos mais severos.
Nas compilações e florilégios/Compilação de Assis, “Fontes Franciscanas e Clarianas” observei um diálogo, perto do fim da vida encarnada de Francisco de Assis, quando um dos irmãos chega perto dele e faz a seguinte indagação, que gera a explicação sobre quem deverá ser o Ministro Geral da Ordem, na ausência do santo:
- Pai, tu passarás, e a família que te seguiu ficará abandonada no vale de lágrimas. Indica alguém, se o conheces na Ordem, em quem teu espírito repouse. Ao qual se possa impor com segurança o peso do ministério geral.
Respondeu São Francisco, revestindo todas as palavras em suspiros:
- Filho, não vejo ninguém suficientemente capaz de ser comandante de tão variado exército e pastor de tão amplo rebanho. Mas quero descrever para vós um que reluza, como deva ser o pai desta família.
Disse:
- Ele deve ser um homem de vida muito austera, de grande discernimento, de reputação louvável. Homem que não tenha amizades particulares para que não cause escândalo ao todo, por amar mais uma parte. Homem que tenha por amigo o empenho da santa oração, que distribua horas certas à sua alma e outras ao rebanho que lhe foi confiado. Pois, bem de manhã, deve colocar antes de tudo os mistérios da missa e com grande devoção recomendar-se a si mesmo e o rebanho à proteção divina. E depois da oração – disse -, coloque-se em público para ser investigado por todos, para responder a todos, para prover a todos com mansidão. Homem que, por preferência de pessoas, não faça a sórdida discriminação, diante de quem não vigore menos o cuidado dos menores e simples do que dos sábios e maiores. Homem que, se lhe foi concedido sobressair pelo dom das letras, traga em seus costumes mais a imagem da piedosa simplicidade e fomente a virtude. Homem que execre o dinheiro, principal corruptor de nossa profissão e perfeição, e que, como cabeça de nossa religião, oferecendo-se aos outros para ser imitado, nunca abuse de bolsa alguma.
- Deveriam ser-lhe suficientes, para si próprio – disse – o hábito e o caderno, e para os irmãos o estojo de penas e o selo. Não seja ele acumulador de livros nem muito dedicado à leitura, para que não subtraia do ofício o que fornece ao estudo. Homem que console os aflitos, pois que é o último refúgio para os atribulados, para que, se junto dele faltarem os remédios da saúde, não prevaleça nos enfermos a doença do desespero. A fim de dobrar os violentos à mansidão, prosterne-se e modere alguma coisa do seu direito, para lucrar a alma para Cristo. Não feche as entranhas da piedade aos que fugiram da Ordem, - como as ovelhas que pereceram -, sabendo que muito fortes são as tentações que podem impelir a grande queda.
- Eu gostaria que ele fosse honrado por todos no lugar de Cristo e que fosse provido em tudo com toda a benevolência de Cristo. Mas é necessário que ele não sorria para as honras nem se deleite mais com os favores do que com as injúrias. Se alguma vez precisar de alimento mais forte, tomá-lo-á não às escondidas, mas em lugares públicos, para que os outros possam suportar a vergonha de cuidar de seus corpos fracos; compete-lhe principalmente distinguir as consciências que se escondem e extrair a verdade de veias ocultas, de forma alguma prejudique o aspecto viril da justiça e sinta que tão grande ofício lhe causará mais peso do que honra. E de supérflua mansidão não nasça a moleza, nem de indulgência relaxada a dissolução da disciplina, de modo que seja amado por todos e não menos temido por aqueles que fazem o mal.
- Eu gostaria que ele tivesse companheiros dotados de honestidade, os quais se apresentassem a si mesmos – juntamente com ele – como exemplo de todas as boas obras; que fossem inflexíveis diante das angústias, e tão convenientemente afáveis, que acolhessem com santa jovialidade a todos os que chegassem. Eis – disse – como deveria ser o Ministro Geral da Ordem.
Esta declaração de Francisco calou fundo em minha consciência. Assim como ele, eu também tenho a intenção de criar uma família obedecendo a vontade de Deus. Não é semelhante a que ele criou, pois no caso dele, foi a partir do casamento dele com a senhora Pobreza que tudo começou. No meu caso o casamento se deu com o Senhor Amor Incondicional. As característica que ele descreveu, foi em cima do comportamento que ele procurava cumprir, e acredito que ele desenvolveu muito bem suas responsabilidades, mas não via ninguém ao seu redor que fosse capaz de levar adiante essas mesmas atitudes. Eu, particularmente, me considero ainda muito distante de alguns itens e isso me torna um “pastor” ainda muito imperfeito, para as “ovelhas” que giram em torno de mim. Pretendo fazer as correções e considero todas importantes, mas sei que a maior dificuldade que irei encontrar será na acumulação de livros, pois ainda dou grande importância a esse fato, ao estudo sequencial.
Sei que a transformação de Francisco de Assis foi quase de imediata, passou pelo sofrimento da cadeia dentro e fora de casa e por doença física demorada. Tudo isso contribuiu para sua emersão do mundo egoísta para o mundo espiritual. No meu caso a transformação é muito lenta. Há mais de três décadas essa transformação vem lentamente ocorrendo e junto com muitos erros de decisão. Sei que o Pai tolera, pois sabe de minhas dificuldades e de minhas intenções. Essa descrição de como deverá ser um Ministro Geral de uma Ordem Familiar, ajudou-me a diagnosticar com mais segurança os principais erros que devo ajustar. Depende agora da minha atenção e força de vontade. Também, se chegasse a desaparecer hoje, não saberia nem a quem dizer tais características para manter a família nos propósitos do Pai.