Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
18/12/2019 00h34
REQUIEM PARA MATUSALEM

            Na série Star Trek (Jornada nas Estrelas), terceira temporada, episódio 19 (Réquiem para Matusalém), que passa na Netflix, Kirk, o capitão, Spock o primeiro oficial e McCoy o oficial médico, descem a um planeta supostamente desabitado para obter o mineral rietalina e combater uma praga de febre que acomete a população da nave Enterprise.

            Vai encontrar um homem solitário nesse planeta, o Sr. Flint, cujas células se regeneram e ele atinge a imortalidade, na personalidade dos vários gênios da humanidade, artistas, cientistas, eclesiásticos, militares... com o seu gênio desenvolveu uma mulher androide, Rayna, perfeita, mas sem emoções. Os diálogos finais são importantes na característica principal que define o ser humano: o amor. Vejamos esses diálogos para nossa reflexão, que começa Kirk observando a sua nave reduzida sobre a mesa e ele imaginando que sua tripulação havia sido morta:

            -K – Minha tripulação.

            -F – Nosso teste de força. Não teve nenhuma chance. É hora de se juntar à sua tripulação.

            -K – Você dizimou 400 vidas? Por quê?

            -F – Já vi bilhões morrerem. Conheço a morte melhor que ninguém. Joguei inimigos em suas garras, e conheço a compaixão. A tripulação não está morta, apenas suspensa.

            -K – Pior que mortos. Ressuscite-os! Devolva a minha nave.

            -F – No devido tempo. Em 1.000, 2.000 anos. Conhecerá o futuro, Capitão Kirk.

            -M – Você foi todos esses homens. Você conheceu e criou tal beleza. Assistiu sua raça evoluir da crueldade e barbarismo ao longo de toda a sua vida e agora você faria isso conosco?

            -F – As flores do meu passado. Eu mantenho as rédeas do presente. Sou Flint agora, tenho necessidades.

            -K – Quais necessidades?

            -F – Esta noite, vi algo surpreendente. Algo pelo qual esperava, pelo qual trabalhei. Nada deverá estraga-lo. Finalmente, as emoções de Rayna ganharam vida. Agora elas se voltarão para mim, nesta solidão que preservo.

            -R – Não.

            -F – Rayna!

            -R – Não deve fazer isso com eles.

            -F – Eu preciso.

            -S – O que sentirá por ele quando formos embora?

            -M – Todas as emoções estão em jogo, Sr. Flint. Se nos machucar, ela o odiará.

            -K – Devolva minha nave. Seu segredo está seguro conosco

...Kirk se dirige a Rayna...

            -K - Foi por isso que você atrasou o processamento da rietalina.

... se vira para Flint e diz...

            -K – Descobriu o que estava acontecendo. Manteve-nos juntos, Rayna e eu. Porque você sabia que eu poderia avivar suas emoções. E agora você está prestes a tomar posse.

            -F – Devo tomar o que é meu. Quando ela vier a mim. Estamos unidos, capitão. Somos iguais. Imortais. Deve esquecer seus sentimentos, o que é impossível para você.

            -K – Impossível! Impossível. Você me usou desde o início.

... vira-se para Rayna...

            -K – Eu não posso amá-la, mas eu a amo.

... vira-se para Flint...

            -K – E ela me ama.

... entram em briga corporal. Spock segura Kirk pelo braço.

            -S – Capitão, seus impulsos primitivos não mudarão as circunstâncias.

            -K – Não se meta. Estamos brigando por uma mulher.

            -S – Não, não estão, pois isso ela não é.

... continuam brigando enquanto Rayna fica cada vez mais aflita...

            -R – Não posso ser a causa disso. Não serei a causa disso. Por favor, parem! Parem! Parem! Eu escolho para onde desejo ir. O que eu quero fazer.

... os dois param, surpresos, a briga, ao notarem a atitude de Rayna. Ela continua a falar e coloca a mão, aflita, protegendo a cabeça...

            -R – Eu escolho. Eu escolho.

            -F – Rayna.

            -R – Não. Não me dê ordens. Ninguém pode me dar ordens.

            -K – Ela é humana. Até a última célula, ela é humana. Até o último pensamento, esperança, aspiração, emoção, ela é humana. Porque o espírito humano é livre. Você não a possui. Ela é livre para fazer o que quiser.

            -S – Senhores, recomendo que parem. Há um perigo.

            -F – Nenhum homem pode me derrotar.

            -K – Não quero derrotá-lo. Este não é um teste de força. Rayna pertence a si mesma. E ela reivindica o direito humano de escolha. Para ser do jeito que ela quiser. Para fazer o que quiser, para pensar o que quiser.

            -F – Foi para isso que trabalhei.

            -K – Rayna, venha comigo.

            -F – Fique.

... Rayna fica tensa, olhando para os dois oponentes, com o testemunho de Spock e McCoy...

            -R – Eu não era humana. Agora eu amo. Eu amo.

... Ela não resiste e cai morta no chão. Os quatro se acercam dela...

            -F – Você não pode morrer.

            -K – O que aconteceu?

            -S – Ela o amou, capitão. E ao senhor também, Sr. Flint. Como um mentor, mesmo como um pai. Não houve tempo o bastante para ela se ajustar à força terrível e às contradições de suas novas emoções. Ela não suportou ter de magoar um dos dois. As alegrias do amor a tornaram humana e as agonias do amor a destruíram.

... a cena se volta para nave onde todos os tripulantes estão presentes. Spock entra na sala onde Kirk se encontra sozinho, acabrunhado.

            -K – Spock?

            -S – A epidemia foi reduzida, não é mais uma ameaça. A Enterprise está no curso 5-1-3, marco 7, como ordenou.

            -K – Um velho e solitário homem. E um jovem e solitário homem. Provocamos uma situação bem triste, não? Se ao menos eu conseguisse esquecer.

... Kirk baixa a cabeça na mesa, enquanto McCoy entra na sala e Spock faz sinal para ele se conter...

            -M – Kirk... Graças aos céus, finalmente dormiu.

            -S – Seu relatório, doutor?

            -M – As leituras do tricorder sobre o Flint foram finalmente correlacionadas. Está morrendo. O Sr. Flint, ao deixar a Terra, com todos os campos complexos dentro dos quais ele foi formado, sacrificou sua imortalidade. Ele viverá o restante de uma vida normal e então morrerá.

            -S – Lamentarei esse dia. Ele sabe?

            -M – Sim, eu disse a ele. Ele pretende devotar o resto de seus anos e suas grandes habilidades a melhorar a condição humana. E quem sabe o que pode vir daí.

            -S – De fato.

            -M – Bem, acho que é tudo. Posso contar ao Kirk mais tarde ou você poderá fazê-lo. Considerando a longevidade do seu oponente, um verdadeiro eterno triângulo. Você não entenderia isso, entenderia, Sr. Spock? Sinto mais pena do senhor do que dele. Porque nunca saberá o que o amor pode levar um homem a fazer. O êxtase, a penúria, as regras quebradas, as atitudes desesperadas, as derrotas gloriosas e gloriosas vitórias. Você nunca conhecerá essas coisas simplesmente porque a palavra “amor” não consta em seu dicionário. Boa noite, Spock.

            -S – Boa noite, doutor.

            -M – Gostaria que ele pudesse esquecê-la.

... McCoy sai da sala, Spock fica sozinho com Kirk que está adormecido na mesa. Ele se aproxima lentamente, coloca sua mão energética de Vulcano na fronte de Kirk, e fala suavemente...

            -S – Esqueça.

            O foco no final se volta para o amor romântico, um dos mais fortes amores condicionais. Quando a androide adquire a emoção desse amor romântico, condicional, entra em conflito, pois com sua decisão sabe que um dos dois irá sofrer, aquele que se sentir preterido por ela. Não suporta essa pressão mental e a sua mente fragilidade se apaga e o corpo morre.

            Caso o foco do episódio tivesse explorado o amor incondicional, não haveria essa tragédia no final. Ela poderia decidir com tranquilidade com quem iria ficar e o outro, preterido, iria reconhecer que sua amada escolheu o melhor para ela e ficaria mais feliz com a sua felicidade, do que infeliz com a frustração de ter sido preterido.

            Mas um dia atingiremos este nível.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/12/2019 às 00h34
 
17/12/2019 00h22
SEMINÁRIO CTO AA RN

            No dia 15-12-19 participei do VI Seminário de AA, CTO (Comitê Trabalhando com os Outros), realizado no Centro Cultural da Zona Norte. Na ocasião fui convidado a falar sobre a minha experiência no Grupo Ceará Mirim onde participo a cada semana, nos domingos. Foi esta a minha fala.

            Obrigado, amigos de AA, pela acolhida. Desde 1980, tornei-me amigo de AA, quando terminei meu curso médico e descobri que os medicamentos que eu tinha à disposição eram ineficazes para curar a doença do alcoolismo. Descobri que era a Irmandade de AA que dava a solução para o problema que eu tinha nas mãos. A partir daí eu me aproximei e fique sempre perto de AA. Agora, há cerca de dois anos, eu me aproximei mais ainda, pois em Ceará-Mirim-RN, eu estou frequentando semanalmente, aos domingos, o grupo Ceará-Mirim. Participo ativamente e vejo a dinâmica do que está acontecendo, e por isso decidi vir hoje aqui para este Seminário, porque é abordado muitas questões que estou vivenciando lá e que foram discutidas aqui.

            Vou colocar aqui uma das sugestões que eu apresentei antecipadamente no fórum e que acho muito importante. É o que chamo de apadrinhamento mútuo, pois da mesma forma que eu passo informações para orientar a sobriedade de cada membro do grupo, o grupo coloca nos seus depoimentos muita informação importante para o meu desempenho profissional enquanto médico, que não vou encontrar nos livros acadêmicos.

            Mais ainda, há o fortalecimento espiritual, introduzido pela oração da serenidade e pelo Poder Superior que sentimos a sua manifestação quando os depoimentos se iniciam.

            Como o tempo é pouco, vou colocar somente alguns aspectos interessantes. É sabido que o lema de AA é que, “quando qualquer um pedir ajuda a mão de AA ajudará”. O nosso lema enquanto técnico deve ser “quando qualquer alcoólico estiver sofrendo sem condições de sair sozinho da doença, temos que saber motivá-lo para pedir ajuda”. Esta é a parceria entre AA e profissionais.

            Outra questão que foi abordada hoje, foi sobre o acolhimento. Encontrei um alcoólico que motivei para o ingresso no grupo, ele não tinha mais comparecido e perguntei porquê. Ele respondeu que se sentiu humilhado, pois as pessoas que o acolheu no grupo, passam por ele na rua e não cumprimentam, é como se ele não existisse. Fica a orientação, o acolhimento inicia na sala e se expande para a comunidade.

            Outro dado que me chama atenção é o paradoxo. Vivemos numa guerra espiritual entre o bem e o mal. O mal criou uma bomba para nos destruir, o álcool. A doença agora exige o veneno para se manter, a pessoa passa mal quando sente a falta do álcool no organismo. E quanto mais bebe para se aliviar, mais aprofunda a sua doença. O que Deus fez? Proporcionou o encontro de Bill e Bob para conversarem sobre o problema e sentirem sobre eles o Poder Superior capaz de vencer a compulsão. Conclusão: o álcool é o veneno que o alcoólico toma para se sentir melhor e ao mesmo tempo aprofundar sua doença; o alcoólico na ativa é o remédio para que o membro do AA se mantenha na sobriedade. Por isso é importante que cada membro de AA procure trazer para a sala mais um alcoólico que sofre, que ao mesmo tempo paga com a gratidão o benefício que recebeu e fortalece a sua sobriedade.

            Para finalizar, lembramos o despertar espiritual que foi mostrado aqui. Quando o alcoólico está na ativa, ele não está dormindo. Ele está em coma espiritual! É preciso que alguém faça algum esforço para trazê-lo a uma sala de AA e ele possa deixar o álcool. Saindo do coma, ele está apto para o despertar espiritual que vai acontecer no cumprimento dos 12 passos para a recuperação. Atingindo a conscientização da doença, vem o processo da gratidão, reconhece que não foi pago nada para a sua recuperação. O pagamento que ele deve fazer é o serviço.  Onde está o serviço? No grupo de AA que se torna o coração de AA. E qual é o coração do grupo? É o CTO. Assim, o CTO é o coração do grupo, e o grupo é o coração de AA.

            Nesse processo acontece a evolução espiritual, pois esta é uma missão de Deus. E fazendo isso todos estamos evoluindo espiritualmente, não só vocês alcoólicos, e sim, nós, profissionais, também sentimos essa evolução espiritual, o Poder Superior em nossas vidas. Por isso agradeço a todos por essa evolução espiritual em direção ao Pai.

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em 17/12/2019 às 00h22
 
16/12/2019 00h15
PLANO DE ISMAEL

            Cumprindo determinação divina de preparar o Brasil para ser a Pátria do Evangelho e o Coração do Mundo, o Anjo Ismael preparou uma falange para acolher uma nova doutrina, codificada por Allan Kardec, sobre a hierarquia e filosofia do mundo espiritual. Essa doutrina foi publicada em 1857 através de “O Livro dos Espíritos”, expondo os ensinos que os espíritos superiores em ordem moral ministraram, abrindo uma Nova Era para a humanidade.

            Humberto de Campos, uma espécie de jornalista do mundo espiritual, recolheu as tradições do Plano Espiritual, os registros que antecederam a chegada da Doutrina dos Espíritos em terras brasileiras e nos esclareceu que:

            Por volta de 1840, ao influxo das falanges de Ismael, chegavam dois médicos humanitários ao Brasil. Eram Bento Mure e Vicente Martins, que fariam da medicina homeopática verdadeiro apostolado. Muito antes da codificação Kardequiana, conheciam ambos os transes mediúnicos e o elevado alcance da aplicação do magnetismo espiritual. Introduziram vários serviços de beneficência no Brasil e traziam por lema, dentro da sua maravilhosa intuição, a mesma inscrição divina da bandeira de Ismael – “Deus, Cristo e Caridade”. Indescritível foi o devotamento de ambos à coletividade brasileira, à qual se haviam incorporados, sob os altos desígnios do mundo espiritual.

            Nas suas luminosas pegadas, seguiram, mais tarde, outros pioneiros da Homeopatia e do Espiritismo, na pátria do Evangelho. Foram eles, os médicos homeopatas, que iniciaram aqui os passes magnéticos, como imediato auxílio das curas. Hahnemann conhecia a fonte infinita de recursos do magnetismo espiritual e recomendava esses processos psicoterápicos aos seus seguidores.

            Os primeiros fenômenos de Hydesville, na América do Norte, em 1848, não passaram despercebidos à corte do Segundo Reinado. A febre de experimentações que se lhes seguiu nas grandes cidades europeias, incendiou, igualmente, no Rio de Janeiro, alguns cérebros mais destacados no meio social. Em 1853, a cidade já possuía um pequeno grupo de estudiosos, entre os quais se podia notar a presença do Marques de Olinda e do Visconde de Uberaba. Em Salvador, esses núcleos de experimentação também existiam em idênticas circunstâncias.

            Observamos que o plano de Jesus, aplicado através do anjo Ismael, cumprindo a vontade de Deus de preparar o Brasil para o seu grande protagonismo na história, se desenrola há bastante tempo, incluindo a atuação de Allan Kardec na codificação da Doutrina dos Espíritos.

            Cabe agora a nós cristãos, conhecedores desse fato, procurar nos engajar nas hostes do Cristo e colaborar com o esforço de guerra espiritual.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/12/2019 às 00h15
 
15/12/2019 00h14
A CÓLERA DO GREGÓRIO DUVIVIER

            Ainda sobre o texto do Gregório Duvivier, escrito na Folha de São Paulo, ironizando a figura de Jesus Cristo, encontrei a opinião do Carlos Júnior, numa coluna do Renovamídia, revista digital, que vale a pena verificarmos uma das opiniões contrárias ao que foi escrito:

Como diria o outro, o mundo moderno é uma piada diabólica. E sem a menor graça. É o tal período histórico onde o gnosticismo saiu das trevas – literalmente – e passou a atacar o Cristianismo incansavelmente. Diluído o poder da Igreja Católica, seu principal algoz veio a apresentar-se com ideias iluminadas para destruir a civilização ocidental e varrer para baixo do tapete histórico as tradições e os costumes do Ocidente. Para qualquer dúvida a respeito disso, recomendo a leitura do clássico de James H. Billington, Fire in the Minds of Men.

Se as origens do iluminismo, do comunismo, do nazismo, do fascismo e do progressismo estão na ruptura da continuidade histórica da civilização ocidental com a moral cristã, então é lógico e óbvio que todas essas ideologias são inimigas mortais do Cristianismo. Vivemos sob o constante ataque aos valores cristãos, onde católicos e protestantes são achincalhados ao defenderem publicamente sua fé, porque, ora, o Estado é laico. O cristão deve aceitar de bico fechado os adeptos da moral secular atacarem covardemente suas crenças e doutrinas, enquanto que a menor reação é logo tachada de intolerância. Até mesmo ouvir da boca de quem não é cristão como um bom cristão deveria proceder.

Pois é exatamente isso que Gregório Duvivier quis fazer. O dito humorista é o intérprete de Jesus em ‘’A Primeira Tentação de Cristo’’, uma série da Netflix tão blasfêmica que só pode ter agradado ao próprio capeta. Na série, o escárnio a Jesus Cristo é tão grande que ele é retratado como gay, a Virgem Maria como adúltera e São José como homem traído. O leitor que pare a leitura aqui por ter sido obrigado a vomitar está mais que perdoado. Eu próprio embrulhei em mil lençóis o meu estômago quando vi a porcaria de trailer dessa imundice.

Antes de analisar qualquer blasfêmia contra o Cristianismo, é preciso ter em mente um fato objetivo: quem faz qualquer ridicularização com a fé cristã está triplamente errado. Na letra da lei, na doutrina cristã e na própria moral secular.

A Constituição é tão clara como o sol da minha querida Teresina ao não permitir este tipo de acinte. O artigo 208 do Código Penal fala em ‘’Escarnecer alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso, vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso’’. O vilipêndio a Jesus, a Nossa Senhora e a São José foi uma coisa absolutamente ordinária e indefensável. E legalmente é crime.

Em nenhuma vertente cristã os alvos desta série são assim apresentados. Tanto no catolicismo quanto no protestantismo a visão de Jesus Cristo é praticamente a mesma, exceto no mistério da Trindade, que não vem ao caso. Além do mais, nem mesmo os cristãos têm o direito de modificar a trajetória, o papel e a vida de Cristo, quanto mais os seculares, pagãos e ateus. Qualquer um membro de tais grupos não tem a mínima moral de ensinar Cristianismo aos cristãos, quem dirá distorcê-lo.

A coisa também esbarra na própria moral secular do bom senso, pois o fato é carregado de contradições. Se há liberdade para escarnecer o Cristianismo e suas doutrinas, por que negar o mesmo direito aos cristãos de expressarem o que pensam das outras religiões e grupos? Se a reação dos cristãos foi desmedida e histérica, por que os entusiastas da blasfêmia ficam a cuspir abelha africana com qualquer piada com as ditas minorias? A liberdade de expressão não é privilégio de um determinado grupo, e com a liberdade de reação também não é diferente. O bom senso secular foi convenientemente desprezado nesse caso.

Mas Gregório Duvivier é do tipo de sujeito que gosta da estupidez e repete o porre. Publicou na Folha de S. Paulo um texto com uma imagem de Jesus Cristo vestido com uma camisa de Karl Marx e uma saia rosa. O sujeitinho não tem a mínima noção das coisas. Vive em um país majoritariamente cristão e distribui blasfêmias gratuitas. Vive de zombar da fé alheia, mas na primeira alfinetada ao esquerdismo progressista ou piada com as ‘’minorias oprimidas’’, a indignação deste sujeito é proporcional a sua idiotice. Vive a cobrar respeito, mas na primeira oportunidade desrespeita quem pensa diferente e tem um Deus para adorar e seguir. É de uma hipocrisia infame.

Esta besta quadrada não merece um pingo de respeito. Cristão de verdade não deve ser educado com um boçal que vomita bílis a sua fé. A Netflix merece sim ser exposta ao ridículo quando joga no mercado uma porcaria blasfêmica e desrespeitosa. E sim, Gregório Duvivier, Jesus Cristo fica irritado quando o seu nome é profanado, como fez ao purificar o Templo no Evangelho de São João. A imagem de um líder zen e permissivo só é real na cabeça dos insanos.

Georges Bernanos dizia que nada no mundo se compara à cólera dos imbecis.

 

 

– país no qual o saudoso jornalista francês viveu. Em solo tupiniquim, tanta imbecilidade já foi vista, mas eu tenho certeza que nada é comparável à cólera de Gregório Duvivier.

Referências:

1.https://veja.abril.com.br/religiao/porta-dos-fundos-especial-de-natal-revolta-grupos-religiosos/

2.https://www.acidigital.com/noticias/bispo-brasileiro-netflix-da-bofetao-na-cara-dos-cristaos-com-programa-blasfemo-90245

3.https://ndmais.com.br/entretenimento/deputado-se-revolta-contra-jesus-homossexual-e-ataca-a-netflix/

4.https://www.youtube.com/watch?v=XP9lX27D4Vo

5.https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10612290/artigo-208-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940

6.https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2019/12/desculpem-meu-aramaico.shtml

7.https://padrepauloricardo.org/episodios/a-purificacao-do-templo

            Esta é uma opinião que certamente é partilhada por milhões de brasileiros, católicos ou não. O desrespeito a uma figura de adoração como é o Cristo, mexe com o mais profundo de cada indivíduo: sua fé.

            Por outro lado, mesmo quem fez tamanho ato, com a participação e apoio de tantos outros, são nossos irmãos, filhos do mesmo Pai. Seguindo a lição do Cristo, devemos perdoar, pois não sabem o que fazem. Sigamos com nossa caravana do bem e deixemos nas beiras das estradas o latir dos cães disfarçados em textos irônicos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/12/2019 às 00h14
 
14/12/2019 00h27
JESUS AVACALHADO

            Foi publicado no jornal Folha de São Paulo, pelo Gregório Duvivier, ator e escritor, também um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos, um texto com o título “Desculpem meu aramaico”, seguido de “Queridos seguidores, aqui quem fala é Jesus – de novo.” Como posso dizer... avacalharam Jesus!

            Os autores defendem o direito de ironizar quem quer que seja, que isso é uma arte. Será que isso pode ser aplicado a uma figura como Jesus, um ícone divino, motivo da devoção de tanta gente? Será que Ele também possa ser ridicularizado dessa forma?

            Mas vejamos o que diz o texto para que eu possa refletir junto com meus leitores:

            Queridos seguidores, aqui quem fala é Jesus. De novo. É chato ter que repetir as coisas. Achei que bastasse a Bíblia. Pedi para o pessoal contar quatro vezes a minha história, prá ajudar a fixar. Lucas na época achou estranho. “Mateus já contou, depois Marcos repetiu, quando chegar na minha parte o pessoal não vai mais tá aguentando.” Mal sabia ele que depois ainda vinha João, coitado. Na hora percebi que tinha exagerado. Percebi que tinha feito que nem o Coppola com o terceiro “O Poderoso Chefão”: não precisava daquilo. Mas o pior é que no meu caso precisava. Aliás, pelo visto, precisava de um quinto e de um sexto, porque nem repetindo quatro vezes o pessoal entendeu.

            A novidade é que tão fazendo um abaixo-assinado em meu nome pra proibir um especial de comédia “ofensivo”. Se ofende a mim, deixa comigo, pessoal. Eu sou foda. Quando não gosto de alguém eu dou meu jeito. Eu já to adultinho. Aquele 7 a 1 da Alemanha, por exemplo, foi coisa minha. Não aguentava aquela seleção de crente cantando gospel. David Luiz ficava o dia inteiro me perturbando. Meti sete gols para ver se ele ia transar.

            No breve tempo em que estive na Terra, em algum momento, vocês me viram processando humorista? Acho que não. Olha que não faltava palhaço na Galiléia. Malaquias, por exemplo, fazia um stand-up sofrível em Nazaré. Fui dar na cara dele? Não. Sabe por que? Porque no horário do show dele eu tava muito ocupado lavando pé de mendigo. Mas não só.

            Eu sou da galhofa, cacete. Tem algum registro em algum Evangelho de eu ter ficado puto com piada? Nem que seja naqueles não autorizados de revista de fofoca. Tem? Eu era da turma do fundão. Muita coisa que eu disse, inclusive, foi mais pela zoeira. Esse negócio de passar camelo em buraco de agulha, por exemplo, em aramaico o pessoal se escangalhava de rir. Aquela brincadeira de transformar água em vinho era trote.

            Antes que me esqueça: assisti ao especial. Não gostei. Merecia o Emmy? Não. O ator que me interpreta tem meio metro a menos que eu, e uns vinte quilos a mais, praticamente minha versão hobbit. Nesse sentido prefiro mil vezes o da Record, mais alto e mais sequinho. Mas ofender, ofender, não ofendeu.

            “Ah, mas o Jesus deles é gay.”  Gente, o humorista que quiser me irritar vai ter que se esforçar mais um pouquinho. Mas tem gente no Brasil que tá conseguindo. Desempregado pagando INSS? Vai tomar no cu. Desculpa meu aramaico,

            O que senti com o texto? Vontade de rir? Parecia que se eu me sentisse assim, rindo da miséria moral estampada no texto e na charge que acompanha (Jesus vestido com uma camisa com a estampa do comunista Marx, um short cor de rosa, fumando maconha, com trejeito homossexual), eu estaria me associando aqueles que no passado zombavam e escarneciam de Jesus pregado na cruz.

            Que existam pessoas tanto no passado como hoje que tenham essa vertente irônica sobre pessoas as mais diversas, poderosas, políticas ou eclesiásticas. Este é um direito que a liberdade nos dá. Não podemos impedir isso, sob pena de impedir a própria manifestação da liberdade. Assim como cada um tem a liberdade de assassinar quem quiser. Mas a expressão da liberdade de cada um classifica quem assim a pratica, quer seja um criminoso ou um estadista.

            Dessa forma, tenho que respeitar o direito de cada um à liberdade do que queira praticar, mas que cada ação deve ser avaliada por quem dela sofre os efeitos. Do meu  ponto de vista, quanto cristão que tenho o máximo respeito pelo Mestre, sinto-me também avacalhado em minha crença. Não que essa minha forma de pensar traga qualquer ojeriza a quem usa drogas ilícitas ou é homossexual, com todos os seus trejeitos instintivos ou aprendidos, respeito cada um na sua forma de ser. Porém, querer colocar um comportamento diferente em quem não o possui e, pelo contrário, tem um comportamento totalmente diferente, é o extremo de uma falsa narrativa criada para destruir a aura de divindade no principal modelo humano que possuímos.

            O caso serve de exemplo para termos cuidado naquilo que iremos consumir, quer seja de natureza física ou intelectual. Qualquer produto colocado à nossa disposição pode ser útil e construtivo, ou inútil e destrutivo. Cabe a nós termos a sabedoria de nos aproximar dos bons produtores e consumir os bons frutos, e nos afastar dos maus produtores e rejeitar os seus frutos venenosos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/12/2019 às 00h27
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