Considero agora neste início de mês, com base em todo o esforço que tenho feito até o momento da construção de relacionamentos na base do amor inclusivo, que a melhor fórmula de colocá-los em prática é ficar o menor tempo possível com cada uma de minhas companheiras. Não sei ainda se essa premissa de ficar mais tempo sozinho se adequará melhor a uma proposta de amor inclusivo do que viver com companhias mais constantes. Tudo ainda está muito confuso, a única orientação forte que possuo é a bússola comportamental que Jesus nos deixou: amar a próximo como a si mesmo, fazendo sempre ao outro o que desejaríamos fosse feito conosco. Então, se percebo sofrimento intenso nas pessoas que se aproximam mais de mim, e por esse motivo, devo afastar essas pessoas do contato constante e talvez seja conveniente que elas procurem o relacionamento tradicional ao qual estão mais fortemente condicionadas. Digo ainda que elas não permaneçam comigo preocupadas com o meu bem estar. Já estou devidamente fortalecido intelectual e espiritualmente para colocar em prática a vontade do Pai que Ele colocou em minha consciência, e que se a premissa de viver sozinho é necessária, estou disposto a assumir com todos os riscos de solidão que dela advir.
Meu comportamento por ter se tornado tão diferente dos comportamentos das pessoas da minha comunidade, mesmo não querendo e não agindo para fazer mal a ninguém, se tornou um estranho no ninho do status quo. Por não querer nem fazer o mal a ninguém pode ser tolerado e até contemplado como “interessante”. Mas quando se volta para estruturar um relacionamento, percebo o sofrimento que passa a existir nas pessoas que assim decidem, por incapacidade de colocarem em prática as ações que justificam o amor inclusivo, que é a base desse relacionamento tão diferente. O que justifica que eu, mesmo percebendo esse sofrimento ainda permaneça o mantendo, é porque eu também percebo que o bem que eu trago a essas pessoas é bem maior do que o mal que é causado. Mas não deixa de existir sofrimento e isso me incomoda. Quanto mais perto de mim, por mais prazer e bem que isso cause, mais forte é o sofrimento que se instala. A percepção desse sofrimento no outro, também causa sofrimento em mim. Então, estou sendo obrigado a chegar a uma conclusão: viver sozinho!
Percebo agora que esse comportamento de viver sozinho sem uma companhia afetiva do sexo feminino, que é observado nos grandes Avatares da humanidade, como Jesus Cristo, pode ter essa razão. A proximidade afetiva, a intimidade sexual, desperta com muita força todos os instintos animais que dormem em nós e exigem a exclusividade afetiva que é próprio de sua natureza. Quando se bloqueia esses instintos com base na razão intelectual e espiritual, o sofrimento é grande para aqueles que não se prepararam para isso ao longo do tempo, como eu. Então os Avatares, percebendo esse núcleo de conflito tão doloroso nesse tipo de relacionamento com base no amor inclusivo, o evitaram em todas suas experiências. Sempre fiquei curioso com esse comportamento, era como de dissessem, “faça o que digo, mas não façam o que eu faço.” E diziam suas fórmulas de Amor Incondicional para que formássemos os relacionamentos, e nós, com nossa “sapiência” e “sintonia com a vontade de Deus” criamos a estrutura do casamento tradicional baseado no amor exclusivo para fazer a sua prática. Verifico essa incoerência e tento estruturar os relacionamentos na sintonia com o amor incondicional e me vejo agora dentro de outra incoerência: as pessoas que decidem participar dessa construção não deixam de sentir os condicionamentos culturais de séculos e sofrem tanto quanto mais perto ficam de mim. Então chego a conclusão que devo assumir a postura dos Avatares e também viver sozinho, sem nenhum tipo de ligação afetiva que tenha nas suas origens instintivas o exclusivismo afetivo. Continuarei sim, a tentar colocar na prática o relacionamento inclusivo com quantas queiram dele participar, mas sem caracterizar um companheirismo constante e sim ocasional de acordo com as circunstâncias. Esse será um novo padrão que tentarei implementar a partir do próximo mês, padrão comportamental que está mais próximo do comportamento dos Avatares. Peço a Deus que continue a iluminar sempre a minha consciência e de todas minhas companheiras, que nos dê a sabedoria de construir a Sua vontade sem trazer tanto sofrimento ao nosso redor.
O amor é o outro prato da balança, em oposição ao egoísmo. Nasci sem saber da existência do amor. Meu comportamento era determinado pelos instintos que de forma egoísta lutavam pela sobrevivência do meu corpo. A medida que fui crescendo, me fortalecendo, e amadureci todas as estruturas biológicas e psicológicas, aprendi da prevalência do mundo espiritual sobre o mundo material, da evolução do espírito sobre a evolução do corpo. Então passei a limitar as ações egoístas e aprendi que a melhor forma de fazer isso é desenvolver dentro de mim o amor em sua forma mais sublime: O AMOR INCONDICIONAL. É ele que está a serviço da minha evolução espiritual em nome de Deus, Pai e Criador, que com Ele chega a se confundir. Sigo para isso o modelo mais completo de ser humano que já veio do plano espiritual ao material, Jesus Cristo. Procuro entender as diversas religiões que nos ajudam a fazer a conexão com Deus, não importando o nome que a cultura local ofereça. Aprendo a cada momento, dentro dos relacionamentos, a olhar o próximo também como um filho de Deus, que é o meu irmão, não importa a cor da pele que possua, a forma de religião que pratique, a ideologia social que defenda. Quando esse próximo é do sexo feminino entra em cena outra força poderosíssima que é o romantismo, o erótico, o sexual, que é de máximo interesse para o corpo material, pois é a partir dessa força que é possível a reprodução dos corpos e a manutenção da vida dentro da matéria. Mesmo sendo invadido por essa força erótica tão poderosa, não devo esquecer dos princípios do amor incondicional, para não decair para a prevalência do amor erótico, que no romantismo tem um caráter exclusivista. À duras penas aprendi a colocar sob o cabresto essa forma erótica, romântica do amor se expressar e a deixo a serviço do amor incondicional. Não vou negar a força do romantismo e a beleza sentimental que ele nos traz. O exclusivismo que está em sua essência deve ser tolerado nos momentos de intimidade a dois, a sós ou em público. Mas logo que esse momento de intimidade deixe de existir, deverá prevalecer o amor incondicional, principalmente pelos companheiros de jornada, as pessoas que comungam conosco os mesmos princípios, jamais deixar nenhum companheiro constrangido, mostrar superioridade perversa, ou ações exclusivistas que são incompatíveis.
Assim, ponderando os dois pratos da balança, acredito que o amor seja favorável, tenha maior peso que o egoísmo. Fico confortável com essa avaliação feita por minha consciência, espero não ter sido tão otimista como fui quando tratei do perdão, que esta seja uma condição real.
O egoísmo á a origem de todos os pecados e vícios. Está presente desde o nascimento. É a herança que todos os animais recebemos como forma de garantir a sobrevivência. Não há nenhuma preocupação com o bem estar do outro e na fase mais tenra da vida, tudo isso é inconsciente. A medida que fui crescendo, fui adquirindo consciência, sabendo da existência do meu eu e dos “eus” de todos os seres vivos, principalmente os que pertencem a minha espécie. Aprendi com a lição dos livros espirituais da existência alem da matéria, que os semelhantes da minha espécie devo considerar como irmãos, já que temos uma mesma origem criativa, um mesmo Pai.
Agora na idade adulta, tenho posse de todas as informações básicas, mas mesmo sabendo disso, mantenho a consciência atenta ao que se passa ao meu redor, interessada a qualquer chance que surja que possa ampliar os meus conhecimentos. Aprendi também nos livros espirituais que a verdade é libertadora, que amplia os horizontes, que posso a cada momento ir aperfeiçoando a minha bússola consciencial, o meu paradigma de vida, a minha cosmovisão.
Sei dessa necessidade do corpo aos princípios egoístas, pois ele é exercido para o bem estar e a sobrevivência do corpo. Este nos oferece ume “moeda”, o prazer, para que eu procure as ações egoístas e nela permaneça. Sabendo dessa estratégia que a verdade nos oferece, posso me livrar da escravidão do egoísmo. Sei agora que existe outra dimensão onde o corpo material não tem ingresso, e é o espaço onde a vida se manifesta com prioridade, que o material existe em função da hierarquia maior do espiritual. Assim, tenho que aproveitar todos os meus dias, que são efêmeros, nessa experiência material e aprender a me livrar dos aspectos egoístas. O esforço é grande para fazer isso acontecer, pois todas as células do meu corpo exigem a ação contrária. Não devo ter a ousadia de vencer esse grandioso obstáculo de uma só vez. Agora mesmo, sei dos dois grande obstáculos que estão a impedir minha caminhada, que á a gula e a preguiça, como já abordei acima. Sei de toda a urgência em vencê-las, mas o meu espírito não consegue energia suficiente para que isso aconteça. É como se eu tivesse numa queda de braço com um oponente muito mais forte. Sei que vou ser derrotado, mas continuo a lutar até o foi, até o momento que retorno ao mundo espiritual. Quando chego lá observo o que foi que aconteceu para que eu não pudesse avançar mais e volto novamente ao cenário material para corrigir os meus erros passados e avançar cada vez mais na poda dessa arvore do egoísmo. É como se eu fosse derrotado na queda de braço pelo meu oponente muito mais forte, mais a cada momento eu adquiro mais músculo e chegará o momento que a vitória será minha.
Não dei muita atenção até agora a esse sentimento, porém com a dificuldade que tenho de consolidar a caridade em minhas ações, percebo que a compaixão pode ajudar. Quando me deparo com a situação dos meninos que limpam para-brisas para ganhar moedinhas, sempre chega primeiro o sentimento de que vou ser ludibriado, talvez até extorquido. Aqueles menores usam drogas em quase totalidade, a minha pratinha vai colaborar com os traficantes e com a destruição daqueles que penso ajudar. Com isso na cabeça, aplicar a caridade no sentido de desconsiderar esses pensamentos é muito penoso. Porém, se eu olhar com compaixão aquelas pobres criaturas, que mesmo sendo drogados e esperam ajuda para desviar na manutenção dos seus vícios, a resistência que tenho ao meu ato de caridade fica mais atenuado. Não elimina por completo a resistência, pois o racional informa que há verdade nos meus pensamentos, que posso estar prejudicando mais do que ajudando.
A compaixão oferece outra alternativa de compreensão, para todos nós. Para eles, que nasceram em situação precária, sem educação, sem confiança na sobrevivência, sem oportunidade de trabalho... para mim, que alcancei uma posição invejável na vida, que agora posso dar uma pratinha e isso não fazer falta, que tenho conhecimento e educação suficiente para elaborar e viabilizar projetos que consigam mudar essa realidade. A compaixão ajuda a ser solidário com o outro, não na sua parte doente, e sim na parte sadia que perdida no abandono da vida espera que aconteça algo há cada dia que acorda e estende a mão a que se aproxima; a compaixão ajuda também no alívio de minha culpa que termina sendo gerada na consciência. Por que eu, que tenho tanto potencial acumulado de fazer o bem, não fiz até o momento algo significativo nesse sentido.