Comentei com a companheira espiritual com a qual tenho mais convivência, sobre a reunião, motivo da última postagem neste blog. Apesar de ambas saberem qual o objetivo de nosso relacionamento, da construção na prática de uma família ampliada com base no Amor Incondicional e não-esclusivo como preparação para a família universal que constituirá o Reino de Deus, o demônio do ciúme ainda atormenta a mente de cada uma delas. O ciúme é um dos principais monstros infernais que guarda a hegemonia da família nuclear. Não é a toa que constitui um dos sete pecados capitais. Dou graças a Deus por ter me livrado das suas garras, mas sei que é um processo difícil. Por isso sou tão tolerante com minhas companheiras espirituais quanto a essas investidas do monstro dos olhos verdes, como é apelidado o ciúme. Portanto, senti nas perguntas que ela me fez a influência do “perverso”.
- Então você está bem próximo da família dela, não é?
- Quando é que você vai me apresentar a família dela?
- Voce fala tudo o que nós pensamos e tentamos fazer?
Depois que eu a adverti que essas perguntas não eram adequadas para o clima de harmonia que pretendíamos criar no relacionamento, que havia nas entrelinhas muita raiva, medo, provocação... Ela não reconheceu isso que eu percebi. Preferiu dizer que eu estava interpretando o que ela estava perguntando e que não iria me perguntar mais nada. Que ela tinha feito as perguntas querendo apenas saber do relacionamento.
Acredito que na sua consciência não tenha realmente aquilo que eu vi, de ciúme, de raiva, de ressentimento. Mas para mim está bem claro. Não vi nas perguntas dela nenhuma preocupação com a outra, com a harmonização na família dela... vi apenas preocupação consigo mesma! Sei que isso não é maldade da parte dela, mas sentimentos que estão profundamente arraigados dentro de cada ser humano com sua parte animal. A extirpação disso com o pensamento espiritual é muito duro e temos que ficar atentos a todo instante para não recair nas armadilhas do egoísmo, principalmente do ciúme neste caso de relacionamentos. As perguntas poderiam ser de outra forma:
- Como estava a mãe dela?
- A família dela foi educada com você?
- Nossa companheira ficou muito nervosa com a situação?
São perguntas que procurariam focar e conhecer os sentimentos de pessoas importantes para a construção do que queremos realizar. Seria bem mais construtivo e harmônico.
Participei de uma reunião familiar em condições sui-generis. Toda a família queria me conhecer e ao mesmo tempo oferecia grandes resistências. Por compreender minha missão nesta vida com o principal foco na construção do Reino de Deus, aplicando o Amor Incondicional e com a ferramenta do Amor Não-exclusivo, terminei por compreender que a relação familiar nuclear deve ser ultrapassada para se caminhar nessa direção. A família nuclear tem por base o amor romântico, exclusivo, o sentimento de posse, de pertencimento das pessoas. Isso alimenta o egoísmo, o ciúme e engessa a capacidade de difusão que o amor deve ter. Quando retiramos desse contexto a exclusividade do amor e damos a ele total liberdade de ação, quebramos a estrutura básica da família nuclear e abre a possibilidade de uma família ampliada, mis próxima da família universal proposta por Jesus.
Então, essa era a natureza do clima sui-generis que me deparei na reunião e que me fazia sentir como “o estranho”. Todos os membros daquela família tem total envolvimento com os critérios da família nuclear, talvez nunca tenham ouvido nem falar da possibilidade da minha missão, mesmo que sejam religiosos e aceitam o ensinamento de Jesus que devemos construir aqui na terra o Reino de Deus com base na família universal. A minha companheira espiritual também presente na reunião, talvez seja a que também mais sofria com a situação, pois sabia do meu pensamento, mas nenhum dos seus parentes tem esse conhecimento. Felizmente o clima de animosidade que poderia ser muito grande nesse primeiro encontro, foi bastante atenuado pelo clima de solidariedade que foi formado sobre o sofrimento que Deus permitiu. Assim, Deus permitiu que eu estivesse na reunião com a aura do “anjo protetor” e não do “demônio destruidor” como tudo apontava que assim aconteceria.
A reunião teve início com um formato religioso. Eu era o único homem presente, com exceção do rapaz que tocava violão e coordenava os passos religiosos da igreja católica, com preces e canções. Eu não conhecia a letra das canções, mas procurava me associar ao coro. Estava sentado ao lado da dona da casa, pessoa da família que fora acidentada, quebrou o braço direito num acidente e estava voltando neste mesmo dia da operação que realizara. Mesmo com a sensação de estranho, senti que todos procuravam me acolher e incluir dentro das atividades da reunião. Com exceção da mãe da minha companheira e principal opositora, que me cumprimentou de forma fria e indiferente, mais como gesto de educação. Minha companheira permanecia à distância de mim, do outro lado da roda que havia se formado. Sentia que o seu coração fervilhava de ansiedade, de medo daquelas circunstâncias e para o projeto que tínhamos para o futuro.
No final da reunião o rapaz do violão facultou a palavra na condição de amigo da família. Agradeci antes de tudo a permissão que Deus nos dera de estarmos ali e de mim, particularmente, por ter sido acolhido com tanto carinho pela família. Falei da importância da família em nossas vidas, e esta reunião era uma prova disso. Outra prova da importância da família foi o próprio Jesus que a valorizava tanto que inclusive associava a construção do Reino de Deus a transformação da sociedade em uma grande Família Universal, onde todos seriam na verdade considerados como irmãos, filhos do mesmo Pai. Disse também que eu pensava assim como Jesus e procuro seguir todas as suas lições principalmente na aplicação do Amor Incondicional como a principal ferramenta na construção desse Reino. Disse também que sabia que a minha aproximação da família através da minha companheira foi motivo de muita apreensão e sofrimento para todos, principalmente para sua mãe, e por isso eu pedia desculpas. Disse que teríamos oportunidade de colocar com mais clareza o que pensamos da missão que Deus nos colocou nas mãos e esperamos ter a compreensão e solidariedade de todos. Pedi desculpas a todos por ter que me retirar de imediato, pois eu tinha uma entrevista marcada num programa de televisão e já estava na hora de eu comparecer. Minha companheira me acompanhou até o carro e achamos que Deus nos ofertou a melhor forma de apresentação longe das falsas interpretações.
Participei hoje do programa da TV-União comandado por um colega. O foco da entrevista foi sobre a Esquizofrenia. Falei de diversas interpretações que podem ser classificado. Falei das relações com outras doenças como é o caso da depressão e do transtorno afetivo bipolar. Respondi as questões feitas no ar e o apresentador considerou como muito bom o programa. Também achei que fui útil à comunidade.
Cada pessoa tem uma missão nesta vida. Pode ser que ela não tenha ainda a consciência de sua missão, talvez nem pensar que isso pode existir e que é importante. São seres primários que geralmente lutam pela sobrevivência num contexto de profunda ignorância. Quando estamos um pouco mais adiantados, percebemos que a vida não se limita apenas a sobrevivência do corpo, que o pequeno espaço de tempo que usufruímos nesse momento não é o nosso objetivo, é o meio. O objetivo da vida um dia surgirá em nossa consciência, então viveremos com um sentido, uma missão. Isso deixará nossa vida preenchida, já caminhamos em direção a uma meta. Os cuidados sempre deverão existir, pois os rumos que decidimos em um momento podem se mostrar equivocados mais adiante. Devemos ter a humildade de sempre estar checando a propriedade dos nossos pensamentos, a coerência com a verdade que percebemos. Caso percebamos que o próximo tem uma explicação mais lógica da vida, mais perto da verdade do que o nosso entendimento, então devemos ter a coragem de mudar de rumo. Não é vergonha reconhecer o erro, não é fraqueza o corrigir; pelo contrário, é preciso muita coragem. Sempre que ouço o conselho de procurar corrigir os meus pensamentos pois eles estão equivocados, procuro mesmo fazer isso. Revejo tudo que estou fazendo, a lógica do comportamento e do pensamento, procurando saber se aquela opinião que recebi é correta. Já fiz mudanças radicais no meu modo de pensar por ter acolhido outras opiniões que achei mais coerente. Mas será que todos fazem isso? Principalmente aquelas pessoas que sempre estão aconselhando os outros mudarem o comportamento e os pensamentos? Acredito que sim, senão seria um autoritarismo da parte deles, do faça o que digo, pois tenho comigo a verdade universal.
Pai, ouve os meus pedidos com tolerância e compaixão. Dai-me força, compreensão e disposição para eu colocar em prática a Tua vontade e que colocastes como missão em minha consciência. Mantém a minha mente sempre alerta para os erros do caminho, dos enganos da interpretação. Sei da dimensão do trabalho que tenho pela frente, do enfrentamento do egoísmo material para viabilizar a construção do Vosso reino espiritual aqui na terra, ao lado de todos como irmãos e de Vós como o Pai único, acolhedor e disciplinador. Sei que sou frágil e cheio de pecados, mas que fui escolhido por não duvidar de Vossa vontade, de ter a fé como a certeza de Vossa existência, de procurar seguir os Teus conselhos apesar da minha fragilidade manifesta. Perdão pelos erros que reconheço e não tenho coragem nem sabedoria para corrigi-los... ensina-me Senhor, tanto o caminho da resolução dos problemas externos quanto a fonte de energia interna que dorme dentro de mim e eu não a encontro. Ajuda-me a compreender, tolerar e amar a todos os irmãos que colocastes em meu caminho com o intuito de me ensinar, ajudar e até mesmo me acompanhar nos intricados caminhos da intimidade.