As mulheres conseguiram com muito esforço serem respeitadas e consideradas um pouco acima da linha de tolerância. Apesar de tudo que foi feito as mulheres ainda são dobradas na sua dignidade na competição em nossa civilização e cultura. Minha contribuição para colaborar no esforço que elas ainda hoje continuam fazendo para atingir um patamar de respeito que os homens já conquistaram, é de ser honesto com todas elas, até o máximo da transparência, que seja tão profundo que chega até a doer em algumas circunstâncias; não as considerar como um objeto para o um prazer exclusivo e sim de uma simbiose de interesse entre nós em busca da felicidade no cotidiano de nossas vidas.
Durante o estudo espiritual que faço todas as quintas feiras, dentro da temática da ciência de amar que foi abordada, uma frase me chamou muito a atenção: “quando o amor não sabe dividir-se, a felicidade não consegue multiplicar-se”. Logo pensei no Reino de Deus onde todos saberão dividir o amor desde a mais tenra idade; pensei também que para atingirmos esse patamar do ponto egoístico onde nos encontramos, o primeiro passo é valorizar a família ampliada, onde o amor não-exclusivo prevalece sobre o exclusivo. Vejo que a família nuclear que prevalece na sociedade é totalmente apoiada no egoísmo dos seus membros e que contagia a sociedade. É quase impossível aceitar a divisão do amor dentro de uma estrutura assim exclusivista. Interessante, todos os livros sagrados apontam nessa direção, de uma forma ou outra: o amor incondicional, a divisão do amor, a distribuição do amor... no entanto na prática prevalece o insulamento do amor, o pertencimento individual, o ciúme da partilha. Até quando nossos olhos lerão esses textos sagrados sem os compreender na essência? Até quando o amor servirá apenas como moeda de troca, um amor condicional? A ciência de amar começa com a tabuada de saber dividir para alcançar a multiplicação. É o paradoxo que Jesus já apontava: quem perder a sua vida por mim, conquistará a vida eterna; quem dividir os amores que tem, receberá de volta a felicidade!
Jesus foi um dos principais arautos da humanidade no que diz respeito ao Reino de Deus como uma obrigação e uma destinação de nosso futuro enquanto relações ideais dentro da comunidade. A terra é muito extensa e as coletividades humanas são extremamente dispersas pelos continentes. Hoje existe até facilidade de comunicação entre os rincões mais distantes e isolados, mas antes poucos grupamentos tinham conhecimento de que outros que existiam. Então é compreensível que o Deus único, existente para todos os povos, para a humanidade inteira, tivesse interesse em levar compreensão nesse aspecto espiritual para o homem, desde a sua infância cognitiva. Assim, em todos os grupamentos humanos sempre surgiram os feiticeiros, os profetas, os pajés que tinham a função de ligar o Deus ao homem; surgiram as religiões. Na índia com o Baghavad Gita, temos um dos textos sagrados mais antigos da humanidade. De acordo com cada cultura e com a forma de apresentação da divindade, vamos encontrar um aspecto plástico diferente de um para outro, mas todos tem a mesma essência, pois todos derivam da fonte universal do Criador. Defendem o amor como o principal atributo do processo evolutivo e que no decorrer de seu aprendizado temos oportunidade de desenvolver a justiça, a solidariedade, a tolerância, caridade, compaixão, enfim todos os elementos sem os quais a aplicação do Amor Incondicional não seria possível. Seria muito injusto pensarmos que o nosso Deus é o único e verdadeiro e que os povos que não tiveram oportunidade de O conhecer estariam fadados a algum tipo de punição. É mais compreensível que todos tenham tido os seus profetas e que com o nosso aperfeiçoamento moral, intelectual, científico e tecnológico façamos as devidas aproximações com os respeitos que cada indivíduo e cada povo merece. Compreendo que Jesus seja o modelo mais perfeito de homem que Deus enviou para nos ensinar o caminho, a verdade e a vida, é tanto que não ficou somente no meio dos judeus como os seus compatriotas entendiam que devia ser o Messias que eles esperavam. Abriu o Reino de Deus para todos aqueles que tivessem a fé suficiente para quebrar os seus preconceitos de qualquer natureza e tivessem dispostos a lhe seguir.
Arjuna é um personagem do Baghavad Gita, o livro sagrado dos hindus. É um devoto do Deus Krshna e faz um grande esforço para seguir suas lições. Uma dessas lições é que os princípios espirituais, ligados à eternidade, devem estar acima dos interesses materiais, ligados a temporalidade, mesmo que seja interesses familiares. Arjuna está num dilema, pois está pronto para a batalha e tendo ao seu lado o Deus Krshna, com certeza irá vencer. Mas do outro lado existe os membros de sua família e com certeza serão mortos. Arjuna quer desistir da batalha e até pagar um ônus por isso, mas krshna lhe chama a atenção. A fuga do campo de batalha será uma derrota do seu espírito, que sabe que está defendendo o que é certo. Seus parentes do lado oposto estão defendendo os seus interesses materiais e terão seus corpos destruídos assim como todos os bens materiais e cargos cobiçados. Mas todos os espíritos são eternos e mesmo os que lutam do lado errado terão suas chances de recuperação.
O que não podemos é deixar o campo de batalha da vida, mesmo que tenhamos que nos defrontar com o sangue de nosso sangue. Se temos a consciência que estamos do lado de Deus, então teremos que cumprir nosso dever espiritual.
Todas as imagens da vida real, das coisas, objetos e seres, para serem percebidas tem ser processadas no cérebro. Assim acontecendo as imagens vão sofrer as distorções que nossos sentimentos e emoções têm ou criam no momento que nossa visão as vêem. Isso é mais pronunciado nas relações humanas, interpessoais, principalmente nas relações entre homem e mulher. Como são estas relações as que são fundamentais para a vida, pois é a partir delas que são gerados os novos corpos que perpetuam a vida e os gens de cada indivíduo. Existe uma verdadeira luta intensa para cada indivíduo se mostrar competente na condição de gerar filhos sadios e aptos, com todas as condições de também se tornarem competentes na perpetuação da vida.
O ciúme entre os casais nada mais é do que o reflexo dessa luta que se processa no inconsciente e se reflete cotidianamente na vida de relação. A perspectiva do Reino de Deus anunciado por Jesus, baseado na família universal é a forma básica de quebrar essa hegemonia do egoísmo, do ciúme que campeia nas relações e até certo ponto é incentivado e respeitado. Então é comum quando uma pessoa olha para outra e a considera adversária, pintar o seu retrato negativo no cérebro. Uma série de detalhes reais e imaginados são evocados e o quadro desenhado logo é transmitido para quem está por perto. Chega próximo da maledicência. A pessoa não é isso que foi pintada. Claro que tem os seus defeitos, como todos nós, mas esses estão deformados como uma caricatura do mal. Sua imagem está marcada por ignorância, medo e até ódio.
O verdadeiro retrato de uma pessoa somente o amor poderá desenhar. E o amor diz: Nenhuma pessoa pode ser condenada. Toda pessoa é digna de amor. Toda pessoa foi criada a semelhança de Deus, sem penduricalhos do mal. O mal que ela tem em si é devido a sua própria ignorância, assim como quem está pintando o falso retrato com as tintas do ódio ou desamor está cometendo.
Vamos nos esforçar para ser retratistas verdadeiros, saber olhar no meio do cipoal de comportamentos grosseiros e perversos das pessoas, o que existe de bom, de positivo, de saudável, pois é ali que existe a verdadeira essência do ser.