Todos na vida passam por problemas, alguns verdadeiras crises, catástrofes... assim encontrei uma pessoa nessa situação. Abandonada pelo marido, sem ajuda financeira, sozinha com dois filhos menores, desempregada, sem nenhum outro familiar para lhe dar apoio. Em depressão, o pensamento de morte é uma constante. A situação dos filhos passam a não ter prioridade, a não ser o seu sofrimento que procura alívio. Já ensaiou tomando vários comprimidos. Todos tem seus problemas e geralmente os nossos parecem ser maior do que os dos outros. Mas não tem como, aquela mulher tem um problema muito maior do que os meus. Estou na posição de ajudar, mesmo que minhas limitações impeçam de dar uma resposta definitiva. Orientar, apoiar, encaminhar, atestar e motivar para fazer o enfrentamento do problema por maior que ele seja. É o que posso fazer. Ficar torcendo para que ela volte no próximo mês com algum apoio mais sólido. De quem? Do Estado? Da sociedade organizada? Onde estou depois que deixo meu papel profissional neste campo da solidariedade humana. Tenho atividades voluntárias, bem sei, mas parece tão pouco quando vejo situações tão extremas e que precisam de resposta tão profunda e imediata... a crise também é minha?
Na reunião de hoje no Centro o tema em destaque foi a vergonha. Foi colocado pelos dependentes a vergonha que tinham de estarem naquela reunião na condição de dependente químico, do quanto destruíram as suas vidas, da incapacidade que tinham até o momento de tomarem as rédeas de suas vidas. Coloquei que todos nós, dependentes ou não, temos vergonha de alguma situação ou ação que devíamos ter realizado ou evitado e não conseguimos. Na lição que foi lida, Jesus chama a atenção para essa questão, da falibilidade humana em qualquer situação que o homem esteja, escravo ou senhor, rico ou pobre, instruído ou analfabeto... coloquei o exemplo de que também tinha motivos para me sentir envergonhado, pois hoje sendo um técnico bem qualificado, e na minha área de especialização, a psicofarmacologia, talvez eu seja o único que possua o grau de doutor e por esse motivo devo ser o mais capacitado em dependência química. No entanto não consegui salvar a vida do meu primo das garras do alcoolismo, ele que foi o causador de eu ter me matriculado no curso de segundo grau que foi o início da minha caminhada para atingir o nível acadêmico em que me encontro. Dessa forma todos estamos irmanados ao redor dessa mesa em situações vergonhosas, que nos leva à situação de culpa e a sentir a dor desses sentimentos. Mas devemos seguir as lições do Mestre. Que todos nos esforcemos para nos apoiar mutuamente, sabendo que a união de nossas consciências conhecedoras de nossas fragilidades, podemos ir lentamente corrigindo os nossos erros.
As consequências do período do carnaval na biologia forçou a entrada nas atividades somente a partir de hoje, mesmo assim sofrendo ainda efeitos dos exageros da gula. Mas com todo o desconforto que a biologia ainda está provocando, assumo todas as minhas atividades programadas para o dia de hoje. Recebi mensagem de uma amiga pedindo para que eu reavalie as minhas convicções, principalmente na forma de encarar o amor incondicional e o de incluir o aspecto sexual. Confesso que a cada dia faço uma reavaliação dessas minhas convicções e daquilo que considero minha missão, divulgar o amor incondicional tal como penso, e alicerçado nos textos acadêmicos e livros sagrados. Aqui mesmo neste diário estou sempre a citar uma passagem religiosa, espiritual e fazendo o contraponto com essa visão que Deus permitiu que eu tivesse da aplicação do Amor Incondicional, sem qualquer tipo de barreira, dentro de nossas relações interpessoais, principalmente entre os gêneros e que viabiliza a permanência da vida na terra.
Acaba a folia. Alguns grupos ainda recalcitrantes procura estender a farra até à noite. A maioria procura se refazer da energia gasta. Eu procuro fazer uma reflexão, já que fiquei dentro da folia, mas não gastei tanta energia com ela. Os prazeres da carne que a folia facilita, principalmente no sexo, bebida e comida, não foi integralmente aproveitados por mim. Sexo foi nulo, bebidas insignificante, mas a comida não pude evitar. Tanto no meu flat junto com os amigos, tanto na casa de outros amigos, os prazeres da gula foram atendidos plenamente, até mesmo com o beneplácito da cortesia. Mas logo a cobrança virá, como acontece com qualquer exagero que fazemos. Pode ser a médio ou longo prazo com o acúmulos de gordura, predisposição à hipertensão, diabetes com todas as conseqüências. Pode ser a curto prazo com vômitos e diarréia. No meu caso o pagamento foi imediato. Uma diarréia liquida, felizmente sem cólicas, me perseguiu desde o início dos exageros na mesa. Poderia ter aceito como um aviso para bloquear os excessos, mais preferi alimentar a minha gula. Como não veio com o aguilhão da dor e somente com o inconveniente de ir mais freqüente ao sanitário, eu satisfazia a cada oportunidade comendo até sentir a dilatação do estômago.
Agora que já me afastei dos amigos e parentes que me acompanharam nesse período, a consciência faz essa análise e procura aprender as lições para que em outro momento possa influir no comportamento de forma mais eficaz no direcionamento mais útil aos projetos do meu espírito. Não vou tomar remédio para bloquear a diarréia, vou deixar que o processo purgatório desencadeado pelo organismo seja efetuado até o cumprimento de sua missão, de retirar o excesso de alimento e as toxinas absorvidas. Dessa forma também purgo o meu espírito por se deixar levar tão facilmente pela busca do prazer material nessa área da gula.
Tive a oportunidade neste carnaval de ter sido recebido junto com meus parentes por duas famílias de classes sociais diferentes. A primeira de classe sócio-financeira mais baixa, fez todo um esforço para cumprir a promessa de nos receber para o almoço. A segunda de classe social mais favorecida, também nos deu toda a assistência. Não é as condições sociais que fazem do homem um ser considerado amigável. Pode até ajudar, mas a essência sempre prevalecerá sobre as condições em que o homem esteja envolvido.