É muito mais fácil viver pela vida e colocar a maioria de nossas ações e intenções na caixa preta de nosso comportamento, uma área onde ninguém tem acesso. Mas não, o meu paradigma de vida implica em ser transparente ao máximo, colocando minhas ações e até intenções à descoberto, principalmente para aquelas pessoas que tem um relacionamento mais próximo comigo. Foi assim que aconteceu no dia anterior na rodoviária, quando eu expus o meu pensamento, mais do que minhas ações, no texto da SIMPATIA. Dentro da minha perspectiva do amor não-exclusivo, incondicional, nada foi feito ou pensado com incoerência. Mas para quem tem relacionamento comigo e deseja um relacionamento exclusivo, essa forma de pensar é um grande perigo, uma grande ameaça. Uma outra pessoa pode entrar no meu campo de relacionamento e roubar tempo e interesse de si. Por isso o meu paradigma de vida, os limites de até onde pode ir meu comportamento, devem ficar bem esclarecidos para que ninguém desenvolva perspectivas falsas ao meu respeito.
A grande meta da minha vida é o desenvolvimento espiritual e dentro desse objetivo não excluo o aspecto material, biológico, sexual. Reconheço que ela é uma força importante que rege o nosso corpo e pode até mesmo dominar nossas ações em detrimento ao compromisso espiritual que possamos ter. Veja só os exemplos dos padres pedófilos, pastores egoístas, espíritas vaidosos, entre outros. É um risco que corro deixando associado aos meus interesses espirituais os prazeres sexuais. Mas considero que o sexo saudável, responsável, honesto, é uma ferramenta importante para energizar o amor que somos capazes de experimentar e distribuir. Interessante que distribuir esse amor espiritual, que é o maior objetivo de nossa vida, ao nosso redor não causa tanto problema, enquanto dividir os prazeres sexuais com outra pessoa, que deveria ser um aspecto secundário causa tanto distúrbio emocional. É um sinal que a pessoa que assim age, sente e se comporta, dá mais valor aos prazeres carnais do que os valores espirituais. Eu preciso de companheiras na minha vida que tenham a prioridade máxima nos valores espirituais, caso não tenham condições de terem sexo comigo, isso não tem o menor problema para mim. Rogo a Deus que as pessoas que querem caminhar comigo nessa direção, que se livrem da força material que o corpo exerce sobre o espírito, pois só assim podem caminhar comigo em harmonia. Eu não posso deixar de ser transparente para evitar crises de relacionamento, agindo assim eu sinto que não estou sendo honesto. O espaço para o amor que existe em minha vida é enorme, e o ato que pode haver ou não entre mim e qualquer pessoa é da menor importância. Quanto eu comentei na SIMPATIA aquela série de pensamentos, foi para mostrar como pode surgir um novo relacionamento, suas facilidades e dificuldades; uma forma de instruir, de falar a verdade e assim deixar mais segura as pessoas que estão dentro do meu relacionamento. É como já dizia o mestre Jesus: A verdade vos libertará. A verdade que coloco dessa forma tem o objetivo de libertar minhas parceiras do medo do que possa acontecer no futuro, sem saber como funciona os escaninhos da mente.
Estava na rodoviária quando passa por mim uma moça de capacete na mão. Senti uma simpatia automática por ela, trocamos olhares rápidos e ela subiu para o 1º andar onde estava havendo almoço com música ao vivo. Depois ela desceu e novamente fiz questão de olhar para ela com mais atenção, mas ela passou por mim sem notar a minha presença. Notei que ela era formosa, uma beleza trigueira, sem exageros, vestia uma bermuda curta, sensual, que destacava suas curvas vitalizadas pela juventude. Fiquei torcendo que ela voltasse pelo meu espaço mais uma vez. Como se atendesse ao meu pedido silencioso, ela surge mais uma vez e agora seguida por um homem da minha idade aproximada, o dobro da sua, que poderia ser o seu pai. Subiram para o 1º andar onde as músicas românticas, sertanejas de tonalidade brega se sucediam, acompanhadas do som do violão e do burburinho das pessoas que se encontravam por lá. Ela subiu com alegria no rosto e o meu olhar a acompanhou, sedento de receber um sorriso de sua parte. Mas ela novamente não deu nenhum sinal que notara a minha presença. Torci para que ela descesse mais uma vez e dessa vez notasse a minha existência. Enquanto isso a música prosseguia lá por cima:
...Eu tive um amor
Amor tão bonito
Aquele que nasce
Com sabor de saudade
Meu ex-amor
Tem coisas que a gente não esquece...
E aconteceu! Ela desceu mais uma vez e dessa vez acompanhada por um rapaz da sua idade com o qual conversava animadamente. Mais uma vez não deu a mínima atenção ao meu olhar que perseguia os seus movimentos, seu jeito de falar, de rir, o seu humor.
Fiquei a refletir sobre isso. A importância da simpatia para iniciar um novo relacionamento. Se as condições fosse m favoráveis, poderia acontecer: uma idade mais aproximada; a atenção dela ter sido despertada por uma simpatia recíproca comigo; um motivo externo párea o contato apesar de nós sermos desconhecidos; um caráter mais ostensivo da minha personalidade e tomar a iniciativa do contato... ultrapassado a barreira do primeiro contato, ainda viria a história e perspectivas de vida de cada, a compatibilidade e a sintonia para que o primeiro contato se transformasse num relacionamento. Daí a relação seria construída ou desconstruída de acordo com as coerências e incoerências que cada um tivesse no cotidiano da vida.
Mas o meu ônibus chegou e eu tinha que embarcar...
Estava dirigindo meu carro numa estrada conhecida. De repente em uma subida, tudo parece muito estranho, não reconheço o caminho. Diminuo a velocidade do carro e tento forçar a memória para fazer o reconhecimento do meu destino. O carro continua a subir e eu continuo confuso sem saber onde estou. Numa curva sinto que o carro se dirige perigosamente para o precipício, mas não consigo desviar. Sei que a queda é fatal, é preciso frear o carro e evitar o desastre, mas não consigo. O carro desaba no abismo e enquanto espero o choque fatal, explosão e morte, vem na minha mente tudo o que eu poderia ter feito de certo, o que fiz de errado, até mesmo evitar esta queda que estava acontecendo. Antes do choque, acordei!
Interpreto tudo isso como reflexos intuitivos que emergem do meu inconsciente para sinalizar prováveis eventos futuros. Foi assim que aconteceu num sonho que tive antes, onde o mundo que eu vivia desabava, as estrelas caiam e eu me sentia perdido no Universo. Na mesma semana a minha mulher, em reação ao meu comportamento, me expulsa de casa de forma definitiva.
Neste sonho de hoje, imagino que a estrada ascendente em que eu viajava é o caminho espiritual que eu procuro seguir de acordo com as instruções do Mestre Jesus e demais seres iluminados do seu nível. A estranheza é que não consigo prever o que vai acontecer, nem mesmo a curto e médio prazo, a estrada fica confusa. Sei que ela me traz perigos sociais já que caminho contra a cultura estabelecida. Posso ser vítima de reações por demais fortes que levariam a minha destruição acadêmica, social, financeira, religiosa... Os paradigmas de uma família ampliada em contraponto à família nuclear, deve ser o estopim dessas ameaças ou transformações como aconteceu no sonho anterior. Só espero que eu adquira a sabedoria para reconhecer a estrada por onde caminho, que se eu acabe caindo no abismo da intolerância ou da incompreensão, que não seja por desorientação. Serve de consolo e esperança para mim, que acordei com o Evangelho de Tomé e a Biografia de São Francisco ao meu lado. Acredito que eles estejam perto de mim para ajudar nessa compreensão da vida, reforçar minhas boas intenções relacionadas com a verdade e coragem para a sua aplicação.
Em toda família existe a hierarquia natural da idade, do mais novo para o mais velho. Atualmente, com a morte da minha mãe, já que fui o seu primogênito, assumi a condição de mais velho. Sempre procurei reunir a família e discutirmos juntos aspectos da vida e devido a esse fato de ser o mais velho, existe uma aura de respeito às minhas palavras. Considerava isso natural, mas sem qualquer tipo de obrigatoriedade. Mas lendo um dos capítulos do Baghavad Gita, descobri que é obrigação do membro mais velho da família reunir seus integrantes e passar para todos a sabedoria da vida. Então aquilo que eu fazia sem qualquer compromisso, passei a considerar da minha responsabilidade. E mais ainda, como sei que a vida é efêmera, logo mais não estarei neste mundo material e outro elemento da família atingirá a posição do mais velho. É importante que ele tenha essa consciência, essa responsabilidade e continue a instruir os membros da família com as verdades da vida. Os livros religiosos nos dão grande ajuda nesse sentido, afinal foi através de um deles que atingi essa consciência. Não quero direcionar religião para ninguém, acredito que cada um tenha um perfil psicológico diferente e portanto deve procurar nas diversas religiões aquela que melhor se adéqüe ao seu perfil. Pode até que não encontre nenhuma, mas espero que considere a existência do Pai extra-fisíco, que não pense que é um órfão dentro do macrocosmo da Natureza, pois sei que será um grande prejuízo que ele terá. Mas enfim, prejuízo será dele e continuará a cumprir o seu papel de membro mais velho se procurar divulgar a verdade e respeitar a vontade de cada um no caminho espiritual que queira seguir. Afinal, a verdade nunca pode estar errada!
Todos possuímos uma luz interna que é a fagulha do Criador dentro de nós. Pode ser que nunca a percebamos e morramos como um animal que é nossa característica material. Porém chega um momento que uma força interior começa a atingir nossa consciência e, apesar de todo o condicionamento material que possa ter sido incutido em nossa mente, passamos a procurar algo mais para nos deixar confortáveis perante a vida. Depois de muito procurar esse “que” longe de nós e não encontrarmos, passamos a conhecer os livros divinos, a filosofia universal, e passarmos a dirigir a nossa atenção para o nosso interior. Essa foi também aminha trajetória. Depois de certo tempo de tanto adquirir conhecimentos e nunca chegar a me sentir pelo menos caminhando em direção a algum objetivo, passei a considerar a procura dentro de mim. Foi ai que encontrei o meu foco. De repente todo o meu conhecimento teórico, a minha experiência prática, passou a fazer um sentido lógico. Reconheci a existência de um Pai extra-físico e que, como criador de todo o Universo e estrategista da evolução, percebi na consciência uma compreensão perfeita do que eu teria de fazer para me encaixar nessa Natureza da qual sou uma partícula insignificante, mas de grande responsabilidade nesse projeto evolutivo, pois possuo a inteligência privilegiado capaz de altos alcances cognitivos. Então a minha caminhada adquiriu a orientação para dentro de mim mesmo e em decorrência disso influir ao meu redor da maneira que o Criador deseja. A cada dia reconheço um melhor conhecimento da minha missão e dos obstáculos que tenho para sua realização. Sei que ainda não sou completamente o que sou, mas desejo com todas as forças atingir o meu potencial. Peço ao Pai todo momento, que Ele me dê forças para eu dirigir a minha consciência a mim mesmo e fazer o caminhar espalhando o amor que vou acumulando com essas descobertas.